a propósito da discussão sobre a exclusão automática dos homens que fazem sexo com homens da dádiva de sangue,não posso deixar de me espantar com a quantidade de especialistas instantâneos que, após uns minutos no google, se acham em condições de rebater doutamente os argumentos que lhes apetece rebater.
a caixa de comentários do blasfémias, em vários posts sobre o assunto -- além de alguns, ou mesmo todos, os posts do blasfémias sobre o assunto -- são disto um exemplo esclarecedor.
deixo pois aqui um comentário que eu própria deixei no blasfémias, a propósito dos testes usados nos bancos de sangue e sobre os quais, de acordo com os tais doutos comentadores, eu deveria informar-me melhor:
'bom, já comentei isto uma vez e o spam anti-politicamente correcto mandou o meu comentário para o espaço. espero que desta vez deixe passar.
à tina e ao penafirmense (ou lá como se chama), quero dizer o seguinte: as informações que julgam ter sobre os testes usados nos bancos de sangue estão erradas. havia um período de meses de 'silêncio serológico' há uns anos, porque os testes usados pesquisavam anticorpos e o organismo humano leva tempo a produzir anticorpos para o hiv em número suficiente para serem detectáveis pelos testes que eam usados (elisa e western blot).
actualmente, segundo informações dadas pelo anterior presidente do instituto português do sangue em janeiro de 2006 ao dn, os testes usados, os TAN, têm uma fiabilidade muito mais elevada porque pesquisam o próprio vírus e o período de janela (aquele em que o teste dá negativo mesmo quando a pessoa está infectada) foi reduzido para cerca de uma semana no caso do hiv.
esta informação não é do conhecimento geral, claro, e percebo que a tina e o penafirmense não a detenham. percebo pior que, sendo claramente pessoas mal informadas sobre estas questões, se achem em condições de chamar ignorantes aos outros depois de fazerem uma pesquisa no google.'
não sou imuno-hemoterapeuta nem epidemiologista nem tenho qualquer formação científica. já fiz, porém, vários trabalhos jornalísticos sobre segurança transfusional, e não apenas a propósito dos critérios de selecção de dadores, pelo que detenho alguma informação sobre a matéria. não caí nesta discussão de pára-quedas e com vontade de encontrar argumentos técnicos para consubstanciar as minhas ideias apriorísticas. lamento que tanta gente se funde na sua própria atitude em relação a esta matéria (e tantas outras) para avaliar as dos outros.
adenda: a informação dada pelo presidente do ips (então almeida gonçalves, hoje gabriel olim) a que faço referência foi prestada a mim, comojornalista do dn, e publicada no início de 2006 com o título 'os homossexuais já podem dar sangue'.