Ora bem. Uma notícia recente do Público tratava o cabo António Costa, da GNR de Santa Comba Dão, por "homicida". Um leitor queixou-se ao
provedor dos leitores do jornal. Achava, visto que o processo está em recurso, que a notícia violava o princípio constitucional da presunção da inocência até ao trânsito em julgado. E até ameaçava, o dito leitor, passar-se para o Correio da Manhã (CM): "
No seu género é, pelo menos, um jornal competente e em que não se lêem coisas destas". Azar dos Távoras:
nesse mesmo dia o CM não só tratava o cabo Costa por "assassino" como até lhe acrescentava um carinhoso "serial killer". A carta foi publicada na íntegra. E não admira: a manteiga que o leitor passou no provedor dos leitores do Público foi ao ponto de dizer esta insanidade: "
O provedor é a última esperança de que [adoro este de que] ainda seja possível evitar que o eng.º Belmiro de Azevedo perca definitivamente a paciência com o seu jornal e lhe feche as portas."
Ora bem. O cabo António Costa foi condenado em primeira instância a 25 anos de prisão por ter morto três pessoas. Confessou à polícia o crime e confessou à família. E de tal forma confessou que foi ele quem indicou à PJ o local onde tinha enterrado uma das pessoas que assassinou. Depois da sentença recorreu.
Às queixas do leitor, o director do PÚBLICO respondeu, notoriamente enfastiado, reconhecendo o "erro". E o provedor rejubilou: "
O director reconhece o erro. O provedor concorda com o director e, logo e por maioria de razão, com o leitor."
Portanto, jornalistas do PÚBLICO, tomem nota: um tipo que indica à PJ onde enterrou um dos seus cadáveres não é um "
homicida". É um "
alegado homicida" ou alguém "
suspeito de ser homicida" ou alguém "
condenado por homicídio". E, em última instância, para que não haja dúvidas, quem decreta o trânsito em julgado é...Deus.
Há quem dê mau nome à autoregulação. É o caso. O Público não precisa de despedir urgentemente este provedor. Precisa é de contratar mais um. Um provedor exclusivamente dedicado ao provedor.