Quando um jornalista leva uma ruptura com o seu empregador ao ponto de afirmar publicamente que a respectiva administração é permeável a pressões políticas e que as reencaminha para baixo, eu fico, evidentemente, com vontade de saber tudo. Peço, como toda a gente - e agora desculpem-me o lugar-comum - que tudo seja esclarecido até às últimas consequências por alguém independente, ainda por cima porque aquela televisão é paga (também) com o meu dinheiro.
Mas nesta história do José Rodrigues dos Santos há algo que me confunde - e é o próprio Rodrigues dos Santos. Como é que ele aceita, depois das denúncias que fez e que o levaram a demitir-se da direcção de informação, como é que ele aceita, dizia eu, voltar a ser pivot do principal noticiário da RTP. E, ainda por cima, fazendo questão de não o editar, ou seja, operando apenas como simples papagaio de notícias selecionadas e preparadas por outros? Não entendo. E não entendo porque na escolas de jornalismo televisivo que Rodrigues dos Santos reclama como sendo as suas - a americana e a inglesa - isto não acontece. Para mártires não tenho pachorra.
Isto, é claro, fragilizou-lhe a credibilidade para agora voltar à carga. Mais grave só mesmo o facto de
o processo interno já anunciado - e cuja condução, tudo o indica, será tudo menos independente - ter apenas fins punitivos (por mais que queiram dizer que não os tem). Isto vai acabar em match nulo? Pois, parece. Em Portugal, não é nada costume, não é não senhor.