Para felicidade de muita gente,, os jornalistas portugueses estão a ter alguma dificuldade em juntar-se à volta de uma mesa e conversar sobre um assunto difícil: auto-regulação.
No Verão passado, quando se tentou mobilizar a classe (sim, isto é uma classe, uma classe profissional, como várias outras) para contestar o novo Estatuto dos Jornalistas a resposta foi, algo surpreendemente - para mim, pelo menos, que participei nesse esforço - positiva. Mobilizaram-se centenas de assinaturas em pouco tempo, fez-se chegar o protesto onde devia ter chegado e isso teve um resultado: a lei aprovada acabou por não ser exactamente aquela que o Governo queria aprovar. Um pequenino passo que prova que às vezes as mobilizações de conjunto têm algum efeito.
Mas, vendo à distância, percebe-se a razão da adesão: é relativamente fácil estar contra. Acontece que esse estar contra da altura impõe, agora, que se construa uma solução alternativa à que vigora. A que vigora é muito simples: um órgão político-administrativo chamado Comissão da Carteira tem a possibilidade de sancionar jornalistas por incumprimentos deontológicos.
O tema é, portanto, muito chato:
queremos ou não ser um bocadinho responsáveis por nós mesmos? E, além do mais, divide. Divide muito, divide à séria, expõe quem acha A ou quem acha B. Para muitos de nós, jornalistas, se calhar o melhor mesmo é estar quieto e ficar à espera. A pergunta é esta que o Francisco José Viegas
aqui fez:
como será a democracia sem jornalismo?
Estão à espera de quê? Que seja o Governo a promover a discussão? Ou a ERC?