Philip Agee, o espião que traiu a CIA, morreu. Tinha 72 anos. José Cutileiro, no Expresso, traçou-lhe o perfil: “Ex-agente da CIA, em 1975 publicou um livro onde expunha a identidade de informadores e empresas de fachada [da CIA]. Demitira-se em 1969, declarando indignação moral”.
O artigo de Cutileiro é certeiro. A escrita tem música, como sempre, e revela sem rodeios o lado negro de Agee, acusado de ter sido o responsável pela “denúncia” do agente Richard Welsh, da secção da CIA em Atenas, assassinado pelo grupo “17 de Novembro”. Em 1969, ao deixar a “companhia”, Philip Agee justificou a saída com “indignação moral” com os processos da agência, envolvendo-se depois com serviços “inimigos”, como revelaram documentos da ex-URSS, embora o próprio tivesse negado esse “nevoeiro moral” (expressão de José Cutileiro). Para a CIA, Agee era o traidor, responsável pela divulgação do nome de agentes em várias partes do mundo.
Foi isso que fez quanto a Portugal, na famosa “A CIA em Portugal: Carta ao Povo Português”. Agee revelava moradas, por exemplo, da maioria, se não todos, dos funcionários norte-americanos e civis em Portugal – e eram, segundo dizia, quase 300... Na sua maioria militares. “Carta” e livro (traduzido e editado pela Moraes Editora, hoje esgotado) foram publicados em 1975, no meio da ebulição revolucionária. A “esquerda revolucionária” – Diniz de Almeida fê-lo – ou oficiais revolucionários como Varela Gomes, próximo de Vasco Gonçalves, utilizaram esses panfletos, antes e depois da "revolução" à portuguesa.
No livro, Agee pedia ao “povo português” que, uma vez identificados os “agentes” da CIA, estivesse preparado “para tomar a acção necessária para expulsá-los de Portugal”. “O ‘slogan’ FORA COM A CIA precisa de ser tornar uma realidade”. Logo a seguir, dava a receita do antídoto: “A estarrecedora presença militar americana em Portugal poderia bem acabar de vez. A única ‘ajuda’ e ‘assistência’ que um grupo militar americano pode dar agora a Portugal é como fazer uma contra-revolução”. Uma “contra-revolução”, entenda-se, contra a ofensiva da “reacção” (aspas minhas) da direita, dos militares e dos partidos à direita do PS e de Mário Soares.
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