Li o livro de Agee (encontrado a preço módico na Barateira do Chiado) quando, em 1999-2000, andava a fazer uma investigação sobre as relações EUA-Portugal nos anos da revolução e que resultou em vários artigos para o jornal em que trabalhava, o DN.
Agee interessou-me. Um ex-agente com historial da CIA... Informação sobre as “acções” da “secreta” norte-americana eram ingredientes capazes de fazer salivar qualquer um. Engano. Agee expunha métodos usados noutros países que estariam a ser utilizados em Portugal.
Procurei um contacto do homem que, entretanto, “reapareceu” em Cuba – ia para lá, para o país de Fidel, apanhar sol. O antigo agente da Agência tinha agora uma agência… mas de viagens. Em Cuba. Era tentador. E o e-mail estava ali mesmo à mão.
Lá lhe escrevi. Disse ao que ia: perguntei o que sabia de missões “encobertas” e outros métodos da CIA? Poderíamos falar pelo telefone?
A resposta veio, horas depois, também por mail em que recusava o contacto telefónico numa linha: “Too many ears”.
Respondi de volta, sugerindo uma lista de perguntas a enviar (e responder) por mail. Resposta de Agee, um par de horas depois: “Too many people ‘reading’…” (As aspas e as reticências são dele…)
Sugeriu, por fim, que fosse a Cuba. Teria o maior prazer em falar comigo. Pessoalmente. “It´s sunny this time of the year”, sugeria ele.
Nunca fui.
O que ele lhe disse, e todos verificamos quando tentamos entrevistar alguém, deve ser revisto oralmente. Até porque a adopção "de um país, dois sistemas" parece estar a vergar Cuba, devido à paralisante crise económica. Continua a fazer bom tempo em Havana. Boa viagem.