1. Sócrates voltou a dizer, ontem à noite, na RTP-1, que baixar os impostos "é uma aventura". Minutos depois anunciava que ia aumentar as deduções no IRS e baixar o IMI. Ora isto é baixar os impostos. Não nos tente fazer de parvos. Está a baixar os impostos, de facto. Ou seja: a abandonar as políticas de contenção orçamental. Chegou a campanha eleitoral.
2. As medidas têm mérito? Sei lá. Só conhecendo os pormenores (que Sócrates recusou revelar). O conceito de pobreza de Sócrates não é bem pobreza - é indigência. Ele acha que quem ganha mais de 1000 euros/mês já está por cima da carne seca. Não está. Nem, na maior parte das vezes, com 1500 euros/mês. Dentro de dias anunciará que estas medidas vão custar menos ao erário público do que se pensa. É natural: irão abranger minorias. Parecem medidas para exclusivo consumo mediático. Mas admito, claro, poder estar enganado. Uma coisa é certa: são medidas de risco. Quem criar expectativas sentirá o embuste. E irá penalizá-lo. Podem ser muitos ou podem ser poucos. A ver vamos.
4. Manuela Ferreira Leite enfiou-se num beco sem saída. Diz: "Não temos dinheiro para nada". E ao mesmo tempo "exige" os estudos custo-benefício do pacote das obras públicas (aeroporto, tgv, auto-estradas, barragens). Então se "não temos dinheiro para nada" para quê os estudos? Lamento informar: não bate a bota com a perdigota.
5. A entrevista da TVI foi bem conduzida. A da RTP não. José Alberto Carvalho mostrou nalguns momentos uma confrangedora ignorância (no dossier das barragens, por exemplo). Para a próxima deixem Judite de Sousa tratar sozinha do assunto. A não ser que não queiram, claro.
No que se refere à cobertura que a imprensa fez hoje da libertação de Ingrid Betencourt, pergunto-me porque razão a TSF dizia hoje que a senadora havia saído do avião amparada... É que todas as imagens desmentem esta observação marginal e mentirosa.
Porque mentiu a TSF? Por pura ignorância ou vontade de dramatizar ainda mais a situação?