Não me espantou a teimosia com que algumas pessoas que conheço - e admiro - se mantiveram até ao fim leais ao legado W. Bush. Dão mau nome à coerência, como Cunhal deu - mas não deixa de ser coerência.
O que me espanta, verdadeiramente, é como algumas figuras de direita deram agora uma cambalhota 180 graus e encaram agora Obama com o mesmo entusiasmo com que encararam W. Bush. Gente da direita que insistiu em apoiar W. Bush no momento em mais sentido fazia que fossem capazes de o olhar com olhos de ver (no Iraque).
Aderiram exclusiva e emocionalmente a W. Bush e agora, repetindo ponto por ponto a mesma asneira, aderem exactamente da mesma maneira (emocional) a Obama. Vão unicamente pelos discursos, pela musiquinha das palavras, com a maré maioritária, como se não lhes fosse possível dirigir a razão noutro sentido que não aquele em que o vento sopra. Voltam, novamente, a pôr a racionalidade entre parêntesis. Na verdade nunca deixaram de o fazer - confirma-se agora.
Mas se calhar também nestes há coerência. A dos "bushistas" de ontem-hoje-e-sempre tem a ver com carácter; na dos novos obamistas de direita é mais meteorologia.