Descia esta manhã a imperialista Av. Estados Unidos da América a caminho do metro, mais ou menos irritada com o atraso, mais ou menos irritada com a manhã, mais ou menos irritada com a insónia de ontem (noite, o que é esta chatice?).
E, no caminho, a ocupar todo o largo passeio, os velhos. Velhos, velhos, não como eu - isto é para os 'teenagers' - nem como o meu pai. Velhos, mesmo velhos, velhos acima dos 75 anos. Dois velhos, um homem e uma mulher, ocupavam o passeio inteiro, de mãos dadas, com os braços esticados, imperialistas como a avenida.
Tentei atravessar-me, seguir em frente, pensei que os albarroava e que haveriam de cair, sem largar as mãos, atrapalhando-me ainda mais o passo e a manhã. Quando, depois de algum esforço, consegui ultrapassar os seus corpos velhos e a sua arrogância amorosa, não me comovi nem nada.