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quarta-feira, novembro 22

sem pedir autorização ao professor doutor? sem uma justificação que o professor doutor aprove? sem outra motivação para além da sua própria decisão?

no conta natura, publica-se um comentário de um professor de bioética da universidade católica, walter osswald, também membro (ou ex-membro?) do conselho nacional de ética para as ciências da vida, em que se lê, entre outras coisas:

'o que está em causa e o SIM autorizará, é que a grávida possa decidir, sem qualquer justificação ou outra motivação, abortar'

uma pessoa põe-se a pensar (quer dizer, uma pessoa que não seja mulher e não esteja grávida, faz favor) e realmente. como é que passa pela cabeça de alguém que uma grávida possa decidir? com justificações que só ela conhece? sem outra motivação que não a da sua decisão? sem um professor doutor em ética que decida, justifique e motive por ela?

uma mulher é uma grávida em potência. uma mãe à espera de se realizar. está farta de saber isso. era o que faltava que se esquecesse desse facto fundamental, ontológico. de cada vez que uma mulher faz aquilo que foi superiormente desenhado com o único propósito de a engravidar, tem de estar conscientemente preparada para essa possibilidade e aceitá-la.

uma grávida é por natureza uma grávida. ou seja, uma mãe. ser mãe não deve ser uma decisão, nem ter qualquer justificação, nem qualquer motivação a não ser estar grávida. qualquer grávida normal quer estar grávida, só uma grávida que não é boa da cabeça, que é uma aberração, quer decidir deixar de estar grávida, e se não é boa da cabeça como é que a podemos deixar decidir seja o que for?

a não ser, claro, que o facto de estar grávida tenha resultado de sexo forçado. ou que a grávida esteja grávida de um ser completamente humano mas com problemas, tipo um anão ou um mongolóide. aí já a podemos deixar decidir, desde que sejamos sempre nós, os professores doutores, a caucionar a decisão dela. nunca por nunca deixem uma grávida decidir sózinha ou lá com quem a engravidou se ela ou eles os dois querem ou não continuar grávidos e criar uma criança.

(aliás, se calhar devia-se era nomear uma comissão parlamentar para decidir, em nome do povo, cada direito de decidir de cada grávida. e as audições deviam passar na tv, para 'os portugueses' poderem votar, a 1 euro cada voto, que depois revertia para o enxoval da criança e para os leites em pó e as fraldas. enquanto a comissão parlamentar estivesse a decidir, a grávida era filmada 24 horas por dia, para se ter a certeza de que não se punha a decidir nada sozinha. isso é que era.)

aliás, como toda a gente sabe, quando se obriga uma grávida a levar a gravidez a termo e a ter a criança ela fica muito agradecida e arrependida e cheia de remorsos por algum dia ter querido abortar. chora muito e pede muito perdão e há até casos em que se lança aos pés de quem não a deixou abortar, nomeadamente os professores doutores e lhes diz, com a voz a tremer, 'ainda bem que a lei e os senhores doutores não me deixaram decidir', e depois vai-se embora muito contente na sua humildade de pessoa que reconhece não ter qualquer tino, para criar a criança que não queria, num momento de loucura -- só podia ser loucura -- ter.

isto é tudo tão evidente, cristalino e bom que não se percebe como há quem discorde.
|| f., 17:17

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