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Rodrigo tem razão. Dias Loureiro já devia ter-se demitido de conselheiro de Estado.
É uma questão de tempo.
E foi a questão que o Presidente não esclareceu no dominical comunicado - se mantinha a confiança em DL...
|| portugalclassificado, 14:16
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|| portugalclassificado, 23:58
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Não me espantou a teimosia com que algumas pessoas que conheço - e admiro - se mantiveram até ao fim leais ao legado W. Bush. Dão mau nome à coerência, como Cunhal deu - mas não deixa de ser coerência.
O que me espanta, verdadeiramente, é como algumas figuras de direita deram agora uma cambalhota 180 graus e encaram agora Obama com o mesmo entusiasmo com que encararam W. Bush. Gente da direita que insistiu em apoiar W. Bush no momento em mais sentido fazia que fossem capazes de o olhar com olhos de ver (no Iraque).
Aderiram exclusiva e emocionalmente a W. Bush e agora, repetindo ponto por ponto a mesma asneira, aderem exactamente da mesma maneira (emocional) a Obama. Vão unicamente pelos discursos, pela musiquinha das palavras, com a maré maioritária, como se não lhes fosse possível dirigir a razão noutro sentido que não aquele em que o vento sopra. Voltam, novamente, a pôr a racionalidade entre parêntesis. Na verdade nunca deixaram de o fazer - confirma-se agora.
Mas se calhar também nestes há coerência. A dos "bushistas" de ontem-hoje-e-sempre tem a ver com carácter; na dos novos obamistas de direita é mais meteorologia.
1. Os que criticam as lógicas comunicacionais que se deixam arrastar pela permanente exigência de "novidades" não tardarão a desvalorizar a vitória de Obama dizendo que era "previsível" (ou seja, que não é "novidade", ou seja não provoca "entusiasmo").
2. José Pacheco Pereira está prestes a reeditar pela enésima vez o enésimo post sobre o mau perder e o mau ganhar.
O que me deixa maravilhado nos EUA é o facto de, sete anos depois do 11 de Setembro, poder eleger um tipo que tem como nome do meio o mais islâmico de todos os nomes, Hussein. Só faltava mesmo o homem chamar-se também Muhamed para o escândalo ser absolutamente total.
O país dá mostras de uma vitalidade democrática que me deixa espantado. E com uma certeza: a merda toda que W. Bush e a sua cáfila "neo-con" fizeram não foi suficiente para destruir o país. Mas, seja quem vier a seguir, terá muita porcaria para varrer, a começar pelas lógicas que permitiram Guantánamo e Abu Grahib.
Só não sei se será melhor responsabilizar criminalmente (ou não) os autores da tentativa que de facto existiu para destruir o
rule of law da América, marca primordial da sua grandeza e do seu poderio. Nixon foi indultado e não veio daí nenhum mal ao mundo. Responsabilizar Pinochet pelos crimes que cometeu poderia ter levado o Exército chileno a sublevar-se novamente e, portanto, a causar um sério retrocesso na democratização chilena. Compensará? Não sei. Duvido, além do mais, da justiça dos vencedores. Se o
rule of law americano voltar a funcionar em pleno, será o Direito a decidir disso e não a política.
Se fosse americano, hoje votaria Obama. Mas devo dizer que seria uma segunda escolha. A minha candidata era Hillary Clinton. Embora possa não parecer, estava uns pontinhos à esquerda do senador do Illinois. Por exemplo, em matéria de
health care. Francisco Louçã disse, um dia destes, que nos EUA há "pensamento de esquerda mas não há políticas de esquerda". Concordo. Hillary era o que de mais próximo existia em relação à possibilidade de uma política de esquerda.
E Obama preocupa-me precisamente pelo lado que mais fascina: o tom encantatório da sua retórica. Não é preciso conhecer muito de História para ter a noção de que os talentos discursivos electrizantes podem ter tanto de sedutor como de perigoso.
Última nota: espero, como espera o mundo inteiro, que o vencedor varra sem hesitações para um cantinho esconço das nossas piores memórias o desastre que foi a governação W. Bush. Acho que isso será possível tanto com Obama como com McCain.