Sou dado a pudores. Basta ler o que aqui
escrevi sobre os os últimos livros de Maria Filomena Mónica e António Lobo Antunes para o confirmar. Educações, é o que é. Lá em casa não se falava de sexo. E quando isso tinha de acontecer, os adultos cochichavam em francês. Só para aí no ciclo preparatório comecei a perceber porquê. "Os Maias" estavam escondidos na prateleira mais alta da biblioteca familiar. E do "Crime do Padre Amaro" nem se fala - não existia, nem sequer tinha sido escrito. E isto não foi assim há muito tempo, trinta anos, vá lá.
Acontece que um tipo cresce. E quando cresce - cresce o mundo à volta dele. O pudor, esse, ficou, epidérmico, mas o crescer implicou domesticá-lo. Crescendo se chegou ao adorado Morrison, a "sítios" chamados Rimbaud e Verlaine, dois insuportáveis exibicionistas que se amaram a tiro.
Aprender foi também saber que no próximo dia 1 de Dezembro se poderá celebrar o 50º aniversário sobre um outro gesto ultrajante - exibicionista! - protagonizado, em Montgomery, Alabama, EUA, por uma negra farta e cansada de 42 anos chamada Rosa. Ela entrou num autocarro e sentou-se num lugar reservado a brancos. Pediram-lhe para sair e recusou - já disse: estava farta e cansada. Foi julgada e punida. Mas outros negros do seu país - como um reverendo de apenas 26 anos chamado Martin Luther King Jr. - perceberam o que estavam em causa. Foram preciso nove anos de luta para que o Civil Rights Act proibisse qualquer espécie de segregação racial no espaço público. Isto foi em 1964. Quatro anos depois o tal jovem reverendo era assassinado. Rosa morreu de velha,
há poucas semanas.
Mas muito antes disso já outros lutavam por novos direitos. Houve o caso, por exemplo, da família britânica Pankhurst (mãe e duas filhas). A mãe, Emelline, nasceu em 1858, em Manchester, fundando em 1903, com as filhas, Christabel e Sylvia, a WSPU (Women’s Social and Political Union), que exigia o direito de voto para as mulheres. Christabel (1890-1958) era a mais radical. Ela e o seu grupo acorrentavam-se às grades do Palácio de Buckingham. Iam presas e lá faziam greves de fomes e adoeciam, por isso e pela falta de condições de higiene. Depois, quando a greve de fome ia até aos limites, eram libertas. E voltam a acorrentar-se às grades e tudo se repetia. Christabel - exibicionista! - dizia: "
Se as coisas não vão a bem vão a mal!" Em 1928 a Inglaterra acabou por consagrar o voto feminino. Tarde demais para a mãe Emelline, que morrera poucos meses antes.
Volto ao princípio: sou dado a pudores. Se um casal "gay" ou lésbico se beija e apalpa à minha frente fico incomodado. Viro costas. Vou rosnar para outra freguesia. Depois passa e chego aqui e até os incentivo e lhes digo: "Vá, beijem-se mais em público, apalpem-se mais, façam o que tiver de ser feito, paradas "gay pride", o que for preciso, estou convosco." Estou, estou mesmo. Nenhum direito novo se conquista sem ultraje. Quer dizer: sem exibicionismo.
PS. - Sobre o famoso
artigo 175º do Código Penal, está aqui o
acórdão 247/2005 do Tribunal Constitucional e aqui o
acórdão 351/2005, do mesmo tribunal.
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