...para Ana Sá Lopes (asl), Nuno Simas (ns) e João Pedro Henriques (JPH). Sobre tudo.[Correio para gfacil@gmail.com]
sábado, dezembro 30
Bom ano, pidezinho
O pidezinho das fontes volta à carga. Tinha prometido, meia dúzia de posts antes, que "nada a dizer, portanto". Mas não resistiu - incoerências que se perdoam a um muito produtivo opinador (que só ainda não foi contratado por nenhum jornal devido a uma evidentíssima acção concertada entre todos). Às minhas três frases (I, II, III) respondeu com uma enchurrada de caracteres - está preocupado, o pidezinho, fica-lhe bem.
Parece, no entanto, que o pidezinho (sim, eu sei, irrita-o a parte do "zinho") não quer perceber porque é que eu lhe chamo assim. Explico: como toda a gente que acompanha o seu blogue já reparou, a sua preocupação em relação à maior parte das notícias que criticou foi perguntar "quem é a fonte?". Por várias vezes o pidezinho pediu a jornais que revelassem a fonte das suas notícias. Isto ele sabe que é verdade, indesmentível.
Ora isto só revela que o país mental do pidezinho é um país muito velho, o país dos bufos. Um país que espreita pelo buraco da fechadura. Um país que gostava, se pudesse, de ouvir as confissões ao padre. Um país que se assoa na gravata. Nesse país antigo ficava bem perguntar "quem é a fonte?". E também denunciá-las. É neste país que os pidezinhos da vida ainda vivem - mas esse não é o meu país.
Com gentinha assim não discuto opiniões. E muito menos notícias.
A sua preocupação em relação a várias notícias tem sido só uma: saber quem é a fonte. Sabe tão bem como eu que é assim. Agora pergunto-lhe: por conta de quem é essa curiosidade?
se a cada vez que os tipos (e tipas, pronto) do NÃO dizem o meu nome e lhe derramam insultos e impropérios em volta ganhasse um eurozito, já estava consideravelmente mais rica.
bem sei que tenho um nome lindo e isso e não me importo nada que o usem -- já dizia o outro que mal ou bem o que importa é que falem de nós ou, em versão original, 'there's only one thing worse than being talked about, and that's not being talked about' -- mas eu se fosse a certas pessoas tentava disfarçar melhor a piedosa raiva que as move, não vá a gente começar a suspeitar de recalcamentos. não conseguem, pelo menos, fazer um esforçozito para moderar as caretas e a baba? a continuar assim, ainda vamos ter de comprar um ecrã anti-perdigoto.
O pidezinho das fontes rejubila. Como sempre só vê para um lado. O outro passa-lhe ao lado. O caso é patológico. Só lá vai com ajuda profissional. Não posso fazer nada, lamento.
A Rádio Renascença, a rádio da Igreja, joga claro: é a favor do “não” no referendo sobre o aborto, a 11 de Fevereiro de 2007. Normal! A página da RR na Net também “faz” campanha. Através da Campanha Natal da Renascença, em que se mostra a imagem de um bebé recém-nascido e são pedidas fraldas, lençóis, biberões. Isto é fazer campanha! Subliminar, mas é um acto inteligente de campanha!
Do lado do “sim”, a campanha vai de vento em popa. Uma historiadora, Fina d’Armada, deu-lhe para citar a Bíblia e para dizer que "Deus atribui um mero valor pecuniário ao feto e deixa claro que a vida da mãe é mais importante".
Com frases destas – a jogar no campo dos argumentos (?) do “não” – mais vale estar calado. Sim, porque a senhora - vencedora em 2005 do Prémio Mulher Investigação Carolina Michaelis Vasconcelos e autor de uma obra sobre Nossa Senhora de Fátima e os fenómenos OVNI - pertence e é mandatária do Movimento Cidadania e Responsabilidade pelo Sim.
Se a campanha continua assim e se os “moderados” do “não” levarem avante a ameaça de mostrar imagens tridimensionais de fetos com dez semanas de gestação, lá se vai a serenidade que o Presidente tanto defendia.
haveria muito a dizer sobre muitas e variegadas cousas, mas a transparência quieta do dia é mais propícia ao silêncio. e a ler os outros, entre o encantamento (a dolorosa de tão bela citação de lispector no da literatura), o aplauso (a crónica de rui tavares para o público no pobre e mal agradecido, sobre a 'campanha' contra o cristianismo), o riso (os valorosos mickeys de luís m. jorge no franco atirador) e algum enfado (escusado dizer com quê, demasiados e na maioria pouco recomendáveis -- e portanto não linquáveis -- os exemplos).
agora é contar os dias, um dois três quatro cinco, até ao fim. de 2006.
encontrei isto num blogue. achei que devia partilhar isto com quem tem tido a santa paciência de me ler.
'São João Câncio nasceu em Kety, pequena localidade da Polônia, no ano 1390. Em Cracóvia fez os seus estudos, laureou-se e foi ordenado sacerdote. Obteve a cátedra universitária no momento em que a controvérsia hussita se tornava mais acesa. João discutiu com vários opositores, recebendo nestas disputas mais insultos que argumentações objetivas. Quando a sua humildade e a sua paciência eram postas à prova, sem perder a costumeira serenidade de espírito, se limitava a responder: "Graças a Deus!"
Durante uma das suas peregrinações a Roma, a diligência em que viajava foi assaltada e depredada por um grupo de bandidos, que infestavam os arredores de Roma. Também, João foi roubado mais percebendo que no fundo de um bolso tinha ficado uma moeda de prata, correu atrás dos bandidos, dizendo: "Vocês esqueceram esta". O biógrafo, que conta o episódio, afirma que os bandidos, comovidos, restituíram todo o dinheiro do assalto.
São João Câncio morreu em Cracóvia, com a idade de oitenta e três anos, na noite de Natal de 1473 e foi canonizado em 1767. A memória do santo, celebrada a 20 de outubro, foi agora trazida para mais perto da data de sua morte.'
há muito que sabia da existência deste, enfim, santo, com quem partilho o apelido. nunca percebi nem para dizer a verdade me esforcei muito para perceber como é que um polaco se chamava câncio (ou seja, de que nome polaco vem esta óbvia -- ou não? -- corruptela). não percebo por que raio foi canonizado (não deve ser por causa da história do assalto, presumo); por fim, não entendo como pode o destino ser tão cruel para um homem tão bom, fazendo-lhe caber em sorte uma homónima tão pouco piedosa.
se alguém me souber elucidar, faça o favor. respostas para o mail do glória fácil.
escreve uma gaja uma cena sobre o amor e deixam-me aqui isto três mil anos à vista? querem dar-me cabo da reputação ou quê?
eu não sou assim. eu sou um monstro abortista sem coração, uma feminista delirante com cinquenta setas luminosas a apontar para todo o lado do corpo (não só a barriga, era o que faltava) a gritar, a berrar, a trovejar 'aqui mando eu', uma exibicionista de afirmativismos, enfim, uma pessoa insuportável, posta na terra, nesta terreola em particular, para contribuir para a canonização acelerada dos pobres adeptos do NÃO.
eu e mais umas tipas e tipos que andam aqui pela blogosfera, como a shyznogud e o luís. leiam e espumem, mui caritativos e ainda mais honestos e sérios e abnegados obrigacionistas da gravidez acidental.
uma vez perguntei a um cego como se apaixona quem não vê.
há na paixão dos que vêem um predomínio do olhar: é na inflexão de um gesto, no desenho de um sorriso, no movimento de um corpo que se intuem empatias e se formulam desejos. é no investimento de olhares que se tece o primeiro discurso amoroso.
como desejar então o que não se vê? é a voz? o perfume que conscientemente se sente e o que não se consciencializa, o tal cocktail de feromonas que, dizem, nos acende a atenção? é o que se diz e como se diz? é, antes ainda do toque, o quê?
se é possível uma paixão que não vê -- e talvez a paixão nunca veja de mesmo ver, como se suspeita --, podem os que vêem apaixonar-se por quem nunca viram?
das trocas de olhares às de epístolas dos romances do século xviii aos dias da internet, dos blogues, dos messengers, do email e dos chats o tecido das paixões mantém a mesma opacidade, o mesmo carácter obtuso. impossível saber o que no outro operou o sortilégio -- foi o olhar ou a palavra? a voz ou a maneira como puxa o fumo do cigarro? a escrita ou a fotografia de férias enviada no meio das folhas manuscritas a esferográfica azul ou como attachment de um mail que diz 'nunca passa disto'?
não se sabe, nunca se saberá. só que, de súbito, se sabe outra coisa: que mudou tudo, que o mundo passou a ser um lugar outra vez habitado pelo fulgor. que há outra vez alguém que nos salva pela vontade que descobrimos de salvar. outra vez.
Ironia era quando se dizia o contrário do que se queria significar. Esta foi a primeira definição de ironia que apanhei, numa aula de português. Se bem que a ironia possa ter muitos mais matizes, essa primeira definição é a boa para o Ágrafo, que se chama assim mas que escreve e muito num dos lugares mais habitáveis do mundo dos blogs. Ah, e sobre a campanha do aborto, 100 por cento de acordo (arrumar as ditas t-shirts seria, só por si, um gigantesco acto de campanha)
Desculpem. Eles, os verdadeiros detentores deste blog, andam na balda miserável. O JPH tem três drafts para aqui guardados e não publica nenhum. A f. paira não sei onde, sem drafts acessíveis. Do Simas não sei, e isso é a única coisa normal. Por favor, não desistam.
parece que não penso em mais nada -- mas garanto-vos que não é verdade, muito muito longe disso.
porém, parece que toda a gente anda a pensar e a escrever sobre isto, talvez porque já andam aí na rua os outdoors do não (tanto dinheirinho que tendes, senhorias, para gastar em cartazes e sondagens em vez de em papas cerelac, fraldas e casinhas para as crianças desvalidas, hã? olhem que há uns bons milhares delas, completamente formadas, nos orfanatos)e nos jornais as proclamações eclesiásticas sortidas. paulo pedroso pensa (e muito bem) sobre o assunto.
o miguel (que quase sempre me parece uma alma gémea, seja lá isso o que for) escreveu aquilo que eu pensei quando me narraram o conteúdo do dito cartaz. lapsos linguae, escorregadelas de sentido.
acontece muito quando não somos capazes de virar os assuntos ao contrário, de perceber o lugar do outro, este tipo de erro de formulação em que se dão munições ao adversário. copiar o velho slogan esquerdista-ecológico do anti nuclear pode ter parecido demasiado atractivo para parar para pensar. but then again, parar para pensar não é o forte ali para aqueles lados, pois não?
A direita do respeitinho está um bocadinho escandalizada com as manifestações de alegria chilenas com a morte de Pinochet. Mas o problema não é a alegria; é que ela nasce da morte daquele homem, daquele preciso homem, o general Augusto Pinochet Ugarte.
Se nas ruas de Havana fosse possível celebrar (não será, infelizmente) a morte do ditador Fidel, obviamente que a nossa direita do respeitinho só lamentaria uma coisa: não poder estar lá, a celebrar também.
É muito lindo, o respeitinho. E selectivo, também.
na sexta-feira, a sic notícias passou o dia a pôr no ar uma peça sobre uma operação stop ocorrida, creio, na noite anterior. ao longo da peça, vários condutores, sobretudo condutoras, eram entrevistados.
uma das entrevistadas, que tinha acusado 0,23 na leitura do balão, confessou à jornalista, entre risos, ter bebido um whisky. a seguir, a jornalista, em off, acrescentou: depois da câmara desligada, ela confessou ter afinal bebido 3 whiskys.
esta peça passou, passou e tornou a passar. não me consta que a entidade reguladora para a comunicação social tenha mandado tirá-la do ar ou sequer enviado uma recomendação. o mesmo vale para o conselho deontológico do sindicato dos jornalistas. o mesmo vale para a comissão da carteira profissional (é de crer que a senhora que fez a reportagem tenha uma, se calhar em dia e tudo).
já considero duvidoso que haja equipas de tv a filmar operações stop -- as pessoas que são mandadas parar não têm de se defrontar com a curiosidade das câmaras numa situação como essa e esta simbiose entre polícias e tvs só funciona num sentido, nunca no outro. mas que uma jornalista ache que pode revelar o que alguém lhe disse 'depois das câmaras desligadas' ultrapassa um bocado -- só um bocadinho -- as marcas.
claro que nos dias que correm, com a profusão de revelações, sobretudo em forma de livro, de conversas e outras cenas privadas, isto não choca ninguém. é, digamos, da normalidade.
não admirará, pois, que as pessoas comecem a ter cada vez mais uma atitude de desconfiança em relação aos jornalistas. a era da inocência mediática já veio e já passou. habituem-se
Margaret Thatcher, farol do liberalismo internacional, manifestou-se "profundamente entristecida" com a morte de Pinochet. A ex-PM britânica (1979-1990) apoiou o ditador quando este foi detido em Londres, em 1998. O Chile de Pinochet apoiou o Reino Unido na guerra contra a Argentina pela posse das Falkland.
There are Jews in the world. There are Buddhists. There are Hindus and Mormons, and then There are those that follow Mohammed, but I've never been one of them.
I'm a Roman Catholic, And have been since before I was born, And the one thing they say about Catholics is: They'll take you as soon as you're warm.
You don't have to be a six-footer. You don't have to have a great brain. You don't have to have any clothes on. You're A Catholic the moment Dad came,
Because
Every sperm is sacred. Every sperm is great. If a sperm is wasted, God gets quite irate.
Every sperm is sacred. Every sperm is great. If a sperm is wasted, God gets quite irate.
Let the heathen spill theirs On the dusty ground. God shall make them pay for Each sperm that can't be found.
Every sperm is wanted. Every sperm is good. Every sperm is needed In your neighbourhood.
Hindu, Taoist, Mormon, Spill theirs just anywhere, But God loves those who treat their Semen with more care.
Every sperm is sacred. Every sperm is great. If a sperm is wasted,... ...God get quite irate.
Every sperm is sacred. Every sperm is good. Every sperm is needed... ...In your neighbourhood!
Every sperm is useful. Every sperm is fine.
God needs everybody's.
Mine!
And mine!
And mine!
Let the Pagan spill theirs O'er mountain, hill, and plain.
God shall strike them down for Each sperm that's spilt in vain.
Every sperm is sacred. Every sperm is good. Every sperm is needed In your neighbourhood.
Every sperm is sacred. Every sperm is great. If a sperm is wasted, God gets quite iraaaaaate! Every Sperm Is Sacred, Monty Python
a ana, aí em baixo (o mac não deixa fazer links, ou então eu não os sei fazer no mac, o que vai dar ao mesmo, e deixem de me chatear com isso, irra) cita o filipe moura, do avesso do avesso, sobre a altura dos bloggers. eu por acaso fiquei com curiosidade sobre uma coisa: que altura terá o filipe moura? e outra ainda: só os bloggers são baixos? e as bloggers?
de qualquer modo, aquela ideia do jmf (frenchkissing) de passarmos a pôr a foto de corpo inteiro no full profile pode ser uma ideia. ou isso ou, para os mais privados, as medidas. e a idade. embora aquela coisa dos 'interesses', para quem a preenche, seja em si todo um retrato. como o simples facto de a preencher.
se calhar temos todos óculos e borbulhas e dentes de coelho, mesmo se não parece.
no seguimento dos posts feitos com mails da teresa, um mail da maloud, ainda sobre O assunto:
Em 81, era eu uma jovem divorciada com duas filhas, uma vizinha quarentona perguntou-me se conhecia algum médico que fizesse abortos, porque, vá-se lá saber porquê, descuidadamente tinha engravidado dentro do seu matrimónio abençoado pela Igreja Católica e acrescentou, sem eu lhe ter perguntado, que os dois filhos já eram adolescentes, a idade também não ajudava à maternidade e o patati patata habitual. Pressurosamente lá me informei junto de médicos amigos que me indicaram o dr. Dantas {nome verídico} que, pelos vistos, toda a gente conhecia. A dita senhora lá foi no dia aprazado tratar do assunto e eu, embora mal a conhecesse, visitei-a em casa para o sacramental ramo de flores. A vida foi correndo, casei de novo e em Agosto de 83 fiquei grávida do meu terceiro e último filho {nasceu em Maio de 84}. A AR resolveu legislar nessa altura sobre a IVG. Casualmente encontrei a já referida senhora que estava chocadíssima e queria à fina força que eu também estivesse, atendendo ao tamanho da minha barriga, com os senhores deputados {um deles era o Guterres} que iam aprovar o “infanticídio”. Dispenso-me de relatar o diálogo que tive com ela. Nunca mais falámos.
Na mesma época tomava todos os dias café, a seguir ao almoço, no Bom-Dia {ainda hoje existe} na Pç Velásquez, com algumas mães de colegas das minhas filhas no Colégio das Escravas do Sagrado Coração de Jesus {as miúdas não eram baptizadas, mas as freiras que dirigiam este excelente colégio eram especiais}. A maior parte destas minhas “amigas”, das Antas, eram católicas praticantes. Relativamente ao aborto, sempre as ouvi dizer, durante o período quente do processo legislativo, que era difícil tomar posição, porque havia casos e casos. A única que se manifestava indignada fazia do aborto {e todas sabíamos} prática contraceptiva, porque coitadinha não se dava com a pílula. Foi o processo que escolheu para ter um único filho. Também me dispenso de relatar o diálogo que mantivemos.
É esta gente que em Fev. vai votar Não, em consciência, com pena dos pobres embriões. Das outras, é claro.
Se isto lhe servir para um post, pode usar. Se, por absurdo alguém a quisesse levar a tribunal, eu testemunharia a veracidade dos factos. Nessa altura poria o nome às duas santas criaturas
O Filipe Moura tem razão. Na blogosfera todos somos altos, bonitos e loiros - era isto que dizia Manuel Vásquez Montalbán quando lhe perguntavam por que raio se tinha dedicado à escrita.
Má sorte ser bonita e vestir-se bem. Não há macho que não insinue que ela só é o que é por ser bonita e cuidar de o não esconder. Está bem de ver: na visão destes senhores (e também senhoras), mulheres da política só assim tipo cavalo do John Wayne. As outras ficam para o calor da noite.
Má sorte ter sido...descoberta numa casa de alterne. O que homem mandou espancar políticos? O homem compra árbritos? O homem foge da polícia? Não interessa nada. O que interessa é que ele a conheceu no calor da noite. É má rês, só pode ser, vingativa, canalha, o que diz não interessa nada. E o homem, coitado, foi um ingénuo. É o que sempre tem sido, como todos sabemos.
Graças à queridíssima Diana, de quem um dia serei padrinho (exigo beijinho no cachucho, vou arranjar um só para isso). Entretanto continuam a faltar estes:
Reina nacionalmente uma enorme indiferença face ao caso dos "vôos da CIA". A maioria "rosa" (Governo+presidente da Assembleia) reage com a maior pesporrência à visita de uma delegação do Parlamento Europeu e quase ninguém se indigna.
Ninguém - ou quase ninguém - se indigna com o que estes vôos representam de aniquilamento de direitos, liberdades e garantias. Ninguém - ou quase ninguém - percebe que quando se permite que o que o rule of law deixe de funcionar para os outros (os nossos inimigos ou suspeitos disso) se está a abrir a porta para que um dia se deixe de aplicar a nós próprios.
Isto diz muito sofre o triunfo do medo sobre a democracia. E diz mais: diz quem está a ganhar a a guerra. São os terroristas. Lá, na "pátria" deles, ninguém se importa com isso de direitos ou de liberdades ou de garantias.
A revista americana Vanity Fair, da qual sou fiel leitora (quando a apanho), tem como colunista o escritor Dominick Dunne, que se especializou nos últimos anos naquilo que ele chama "os crimes dos ricos e famosos". Na verdade, Dunne, que Gore Vidal já caracterizou como um escalador social com complexos de origem e obcecado pelo mundo da fama e da riqueza, conta tudo o que vem à rede sobre esse tal de mundo, utilizando um método muito particular: anda sempre com um caderninho (verde, se bem me lembro) onde toma notas de tudo o que lhe dizem (em jantares, almoços, recepções, festas, o que for).
Conta Dunne numa das suas crónicas que vai a correr para a casa de banho anotar as conversas "para não se esquecer". Em Portugal, não havendo assim tantos - que se saiba - crimes de ricos e famosos para inspirar alcoviteiros com a obsessão das grandezas e da ascensão social, os especialistas em divulgação de conversas privadas dedicam-se, sem prejuízo do calibre de devassa e deslealdade, a manigâncias de outra espécie. Nomeadamente, a decisões de administrações de empresas sobre sucessões directoriais e almoços com políticos, que dão origem não só a crónicas mas a livros inteiros, não um mas dois, no caso de José António Saraiva, o arquitecto que dirigiu o Expresso e agora idealizou o Sol. A descrição das ocorrências é tão detalhada (descontando os desvios narrativos de auto-lisonja) que se suspeita que, das duas uma: ou haverá muitas corridas à casa de banho para tomar notas ou recurso a sofisticadas técnicas de espionagem. O que não há, de certeza, é vergonha.
(texto publicado hoje no dn, na coluna contra os canhões)
Em 24 de Novembro passado, a nossa f. publicou aqui no Glória Fácil uma carta de uma nossa leitora, a Teresa. Tema: o aborto. A carta fez o seu caminho, de que se foi dandoconta.
Entretanto, João Gonçalves meteu-se na conversa. E escreveu: "É pena que a Fernanda dê guarida à insolência gratuita e ofensiva só porque a "Teresa", coitadinha, conta a sua história maternal relativamente à qual não fez mais do que cumprir a sua obrigação, como ser humano, e porque se coloca, graças ao "coitadinha" explorado demagogicamente, do lado do "sim". Em minúscula. Isto além de fazer considerações sobre quem é e quem não é um "péssimo católico".
Ora bem. João Gonçalves (JG) tem o direito de escrever tudo o que lhe apetece. Assina por baixo e faz muito bem. Por mim reclamo o direito de considerar que JG se passou. O problema já não é estarmos apenas em desacordo sobre o aborto. O problema é que ele revelou, quando a discussão aqueceu, problemas graves de carácter. Há algo de muito doente em quem tantas certezas sobre as "obrigações" morais dos outros. E em quem acha ter credenciais para passar atestados de bom catolicismo.
JG pede todos os dias no seu blogue - no seu estilo de clone pobre de VPV - que lhe prestem atenção (o que se agravou desde que deixou de ter um jornal para despejar o azedume). Não mando no que escrevem os membros do Glória Fácil nem com quem se correspondem. Mas, por mim, muito sinceramente, estava na altura de, em relação a JG, dar a conversa mesmo por acabada. Manifestamente, o senhor não presta. Agradecia-lhe que doravante ignorasse a existência do Glória Fácil. Há leitores que preferimos não ter.
PS. Pode ser até que JG acate o meu humilde pedido e desista de comentar o que se for publicando no Glória Fácil. Mas, tendo em conta o grave problema de carácter que já revelou, temos a certeza que o comentará indirectamente, reforçando os ataques, por exemplo - mas é só um exemplo, outros haverá, certamente - ao jornal onde três de nós trabalham. Nada de novo. O jornal tem as costas largas para o ressentimento blogosférico. Nos últimos tempos é o que não tem faltado.
o joão ainda um dia me há-de (ou nos há-de, a todos, já agora) contar que 'obrigações como ser humano' é que costuma cumprir, habitualmente. é por assinatura, ou sistema de quotas?
sei lá, tou curiosa. pode ser em maiúsculas, se preferir, para não parecer tão pequenino. ou em inglês, como diria o vasco pulido valente, que tanto se esforça por emular.
particularmente interessante (hoje deu-me para a delicadeza) a insinuação/acusação de que a teresa enviou a sua história para ser 'publicitada'. tanto que há sob o céu e sobre a terra que a sua filosofia não alcança, sr fernando alves... se se esforçar um bocadinho mais na baixeza (olha, gastei a delicadeza toda, afinal -- tenho de ir comprar mais), talvez lhe ocorra que a teresa é uma invenção minha, ou assim.
(ah, e um esclarecimento, pela enésima centésima vez: eu escrevo posts em dois computadores. um faz links e outro não. além disso, de vez em quando não faço links por preguiça ou por escolha. eu decido, desculpem lá. nisso e no resto. mandem-me prender, ou assim).
Teresa disse... Bom dia Fernando Alves que não é o Fernando Alves da TSF tal como eu não sou a Teresa do Amor de Perdição,
"Não teve sorte na relação", "infortunio","escolheu por amor","exemplo para quem defende a vida", "duelo"... Tudo isto é demasiado camiliano para mim. Não gosto de dramas, muito menos de servir de exemplo para o que quer que seja. Repito o que disse no outro comentário que você não publicou - espero, sinceramente, que passe a ter muito mais cuidado nas conclusões que tira. A leitura que fez do que escrevi foi desastrosa - não conseguiu perceber o que estava tão bem explicadinho. Aventurar-se a espreitar para lá das palavras e atirar-me com infortunios e má sorte é, no mínimo, de mau gosto. Espero que tenha um bom fim de semana e que goze bem o feriado de nossa senhora da imaculada conceição, padroeira de portugal, mãe solteira e que não conheceu homem, mas que levou até ao fim uma gravidez não planeada, não desejada e com muito poucas condições físicas e psicológicas.
Um exemplo muito melhor para usar. Fico-lhe desde já agradecida.
12/07/2006 11:54 AM
fernando alves disse... Ora, a Teresa "não gosta de dramas, muito menos de servir de exemplo para o que quer que seja." mas enviou a sua história para que ela fosse publicitada num blogue e pudesse servir de exemplo para muita gente defensora do sim. Estamos conversados então. Não se falará mais do seu exemplo neste blogue, seja descansada. Não me venha dizer que que interpretei mal as suas palavras porque o que aconteceu é que não as interpretei como você desejaria. No entanto, volto a afirmar: o seu caso é um exemplo para todos nós, e digo todos, sem excepção.
Fique bem e bom feriado para si também, Teresa (não a do amor de perdição).
Teresa said... Bom dia. Vi hoje que tinha comentado um email meu que a Fernanda postou no Glória Fácil. Sem, mais uma vez, querer entrar em discussões, não me parece que tenha lido com o devido cuidado o que escrevi. Sim, tenho duas crianças e somos felizes. Sim, há quem tenha uma, sete, quatro e seja feliz também. Claro que não abortei, tal como as outras mães das outras crianças não abortaram, afinal nasceram, não foi? Pois, La Palisse não diria isto melhor. O que quis dizer - e você percebeu, pois até se dá ao luxo de catalogar a minha decisão como boa(!!) - foi que é exactamente isso que quero - DECIDIR. Também digo que perante a iminência de ter de o fazer me vi perante todas as inseguranças que imaginar possa ( e sim, pode bem, pelo que li tem uma imaginação muito fértil, o que não deixa de ter piada quando se fala de aborto). Tenho muita pena de o "desiludir" mas defendo, com unhas, dentes, cabeça e ventre a alteração da lei e o sim no referendo. Saber como cada um de nós decide, se tiver, se quiser e sobretudo se o puder fazer, aí já não sei nem pretendo saber. Para terminar, posso contar-lhe mais uma história. Quando a minha filha mais velha nasceu e a trissomia nos apanhou a todos de surpresa, as reacções na família foram várias, o que até é compreensível.Quando, dois meses depois, eu chorava baba e ranho num corredor de hospital porque ela estava a morrer, a minha mãe - que espero não leia isto - tentava acalmar-me explicando que talvez até fosse melhor assim, coitadinha da menina que era deficiente... Pois, a minha mãe, boa católica, vota NÃO e ter-se-ia oposto a um aborto, se me tivesse sido dada a oportunidade de decidir e se eu lhe tivesse pedido a opinião. Sim, esté bem, pomos o tal Deus a fazer o nosso trabalho sujo não é?? Óbvio que depois da minha filha nascer não quero pensar que tal podia não ter acontecido, mas se vamos por aí também posso pensar que, naquela outra noite, se tivesse ido com o tipo podiamos ter feito aquela pessoinha fantástica que descobriria anos mais tarde a fusão a frio... Estamos conversados, como diria a minha avó. E fica sempre bem terminar assim, com a citação de uma avó, também muito católica e que só teve dois filhos. Designios do Senhor ou pequenos truques caseiros? Vá-se lá agora saber... Teresa 12/06/2006 10:41 AM
fernando alves said... Cara Teresa, Já tinha referido que a considerava uma mulher de coragem e volto a afirmá-lo agora pessoalmente. Compreendo as suas palavras, acredite, se bem que a Teresa sempre poderá afirmar que nunca na vida saberei o que vai o que é ser mãe. A Teresa foca nas suas palavras a vertente religiosa do problema. Sei que as contradições dos fiéis são muitas e, pelo que me diz, tem exemplos disso na sua família. Mas pelo que li, não decidiu dar vida à sua filha por razões de fé mas sim e somente por amor. Acredito que assim seja também com a maioria das mulheres e penso que se tiverem todas as condições físicas e emocionais nenhuma delas abdicará desse acto de amor. A Teresa lutou sozinha e conseguiu. A sociedade deve dar todas as condições que as mães que não o conseguem fazer sozinhas necessitam, sem olhar a credos mas sim com base na ética e no amor pelos mais desprotegidos. Sou católico mas não defendo a vida porque algum padre ou bispo me dizem para o fazer. Defendo-a porque é essa a minha convicção e porque casos como o seu me convencem mais ainda a fazê-lo. Felicidades para si e para a sua filha. 12/06/2006 2:51 PM
Teresa said... E lá estou eu a fazer o que não queria - entrar em "debate". Peço-lhe imensa desculpa, mas parece-me que continua a ler mal o que escrevi. Eu não escolhi nada. Só soube da trissomia da minha filha quando ela nasceu. Na segunda gravidez, e depois de ter feito uma amniocentese, verificou-se que estava tudo bem com o feto. Não tive de escolher. O que digo, e disse, é que se tivesse que escolher teria sido muito complicado. Não, não lhe vou dizer que nunca na vida saberá o que é ser mãe, tal como não lhe diria que nunca na vida saberá o que é ser um gato. Mas posso dizer-lhe que eu também nunca na vida vou saber quais são as condições físicas e emocionais necessárias e suficientes para se ter um filho. Não sei como se pesa, por onde passa a linha, quem decide, quando decide e já agora como se afere. Isso mesmo, segundo o dicionário, conferir pesos ou medidas por um padrão legal.Talvez fosse demasiado difícil esse padrão, ou demasiado perigoso, não acha? Talvez seja preferivel mudar a tal lei. Talvez não seja mau de todo estabelecer um prazo e dizer, sem vergonhas ou culpas, que até aí cada um de nós pode medir, com medidas que são só nossas, se tem ou não a tal estabilidade física e emocional que poderá permitir ter um filho. Mas podemos até falar de ética, valores, opções do legislador penal.A pena prevista para o homicídio simples vai de 8 a 16 anos na nossa lei. Valor da vida a ser protegido com uma moldura penal que, para a nossa lei, é "pesada". Pois é, se for um feto já não é assim. Quem abortar ou fizer abortar é punido até 3 anos. Quem fizer abortar, sem o consentimento da mulher, é punido de 2 a 8.... Qualquer coisa aqui é estranha. O valor da vida de um feto vale, no máximo, 3 anos de cadeia, mesmo que seja um feto de oito meses.O que poderá agravar este crime, e muito, é a falta de consentimento da mulher. Engraçado como afinal o nosso legislador, sem grandes referendos, debates e consultas populares, já há muito que decidiu que a vida de um feto, mesmo que perfeitinho, pronto a nascer e fruto de uma decisão cheia de boas condições físicas e emocionais, é bastante diferente do valor que essa mesma vida teria depois do nascimento. E também já há muito que decidiu que o corpo da mãe - não a vida, tão só a integridade física e psicologica, é muito mais importante que a vida do feto. Assim se explica que a falta de consentimento dela eleve as penas de aborto para um máximo de 8 anos e um minimo de 2. Esta opção foi por acaso discutida? Não implica uma decisão ética na valoração da tal vida que, defendem agora, é igual desde o zigoto até ao bébé nestlé? Contradiçoes não são só as dos fiéis, como refere e bem, são também as de todos nós quando começamos a discutir valores e tentamos dar alguns como certos sem, por vezes, fazermos mais e mais perguntas e compararmos os resultados. E para acabar, e mais uma vez,falar de aborto não é falar de mães e filhos. Basta ir a uma qualquer maternidade para se notar a diferença - grávidas, puérperas e mães.E é assim que somos tratadas quando lá estamos
12/06/2006 5:45 PM
fernando alves said... Ok, admito que falhei na interpetação dos seus textos. Pensava, efectivamente, que tinha tido conhecimento da trissomia 21 durante a gravidez. Já reli o texto e não compreendo como fui capaz de não ter reparado. Quanto às suas dúvidas acerca da variação das penas de prisão entre os homicídios e o aborto por livre vontade ou imposto, compreendo o que pensa, mas esse intervalo existe porque nem todos os crimes são iguais. Alguns, os revestidos de especial crueldade, por exemplo, merecem uma pena maior. A diferença de penas entre as aplicadas aos abortos impostos e aos de livre vontade parece-me lógica. Não me parece tanto a diferença existente entre a pena atribuída a quem mata um feto com 8 meses e a pena atribuída a quem mata uma criança de dois anos. São ambos seres humanos indefesos.
Compreendo que não lhe agrade o debate acerca da questão do aborto mas entendo que o seu exemplo e a sua opinião, mesmo que seja a favor do aborto, são bem vindos e necessários a esse mesmo debate.
12/06/2006 6:56 PM
ah, é verdade: este fernando alves não é o fernando alves da tsf. nada de confusões.
não sei se já tinha dito isto -- acho que sim -- mas apetece-me dizer outra vez. eu, descontadas todas as variegadas diferenças de opinião e irritações avulsas, adoro o pacheco pereira. por várias razões. e esta é uma delas.
De um leitor recebemos um pequeno conto de Natal. Tão bonito e poético que não resistimos a publicá-lo:
O menino escreve uma carta ao Pai Natal: "Oh! seu barrigudo do caralho, seu cegueta, todos os anos te escrevo uma carta a dizer que quero um camião dos bombeiros e tu ofereces-me meias e cuecas...Vou-te foder! Quando passares à frente da minha porta com as renas, vou partir-te os cornos à pedrada..."
O Pai Natal manda-lhe então uma carta: "Meu filho, este Natal vou-te compensar. Vou-te pôr fogo à casa, filho-da-puta, o que não te vai faltar são camiões dos bombeiros..."
Bonito, não é. Vieram-me as lágrimas aos olhos, confesso. Estas coisas comovem-me.
ler a helena matos, no blasfémias (http://ablasfemia.blogspot.com/2006/12/pedido-da-mulher.html), sobre O assunto. a essência da questão, mas sem ironias nem piadas (parece que ironias e piadas sobre isto não tá a dar, é, diz-se, contraproducente e assim, temos de ser sérias e humildes no rogo, olhos no chão e mãos unidas no regaço e sempre sempre muito pacientes e resignadas).
E, confesso, quando escrevi o post abaixo ainda nem tinha lido as últimas, a começar por uma inanidade chamada "questões de transparência"!!!! Tenho sempre dúvidas se os tontinhos merecem resposta. Vou pensar no assunto
... é o Natal que fica bem detestar: o do consumo; das prendas; da gastação de dinheiro; da inevitabilidade dos centros comerciais atulhados de gente e do gingle bells; dos míudos sorridentes com os brinquedos que lhes damos. Do bacalhau, do azeite e da família à volta da mesa - e da trabalheira e arreliação que isto tudo dá. É do Natal que existe que eu gosto. O outro, o da concórdia e da paz e amor, enfim, que fique para quem o compre. Não é o meu caso. O que eu quero é dar e receber. Prendas.
No ano passado pus aqui uma lista de prendinhas que desejaria receber. A "matilha" que frequenta uma determinada cozinha ribatejana não se organizou e o resultado foi miserável: da lista pedida nem um décimo foi recebida. Está na altura de a actualizar, acompanhando-a de um modesto apelo: organizem-se!
Para mim foi atentado. É atentado. Cada vez mais. Atentato à inteligência, ao bom senso, à pachorra. Se há alturas em que me apetece cometer atentados é quando me falam de Camarate.
Nesta discussão sobre o fim da Caixa de Previdência dos Jornalistas, já muitos jornalistas disseram várias coisas, todas para gostos diferentes: uns a favor, outros contra (os que subscreveram o abaixo-assinado do Sindicato dos Jornalistas), outros nem a favor nem contra (eu, e já disse porquê: ainda ninguém me explicou os benefícios da medida para o interesse geral).
No entanto, apesar disso, há sempre gente a falar do "corporativismo" dos jornalismo. O mecanismo é o mesmo de sempre: automatismo pavloviano, ausência de pensamento próprio, disparar mais depressa do a própria sombra. É pedir muito aos leitores e comentadores do Glória Fácil que pensem um bocadinho antes de opinarem?
Com a divina excepção do dr. Marques Mendes, sabe Deus como, o dr. Vasco Pulido Valente necessita de derramar a sua bílis sobre todas as coisas do mundo, incluindo várias das que apoia e defende. O texto de hoje no Público é arquetípico da doença do dr. VPV. Para já, VPV acha que o aborto é uma "questão residual" (como escreveu o Miguel, alguém que o leve a um serviço de ginecologia). Adiante. Contudo, o insigne VPV é da opinião que a despenalização é "obrigatória e tardia". Tem, porém, uma "gravidade" (a que, insiste, é "favorável") de um "ponto que ninguém fala" [VPV descobriu agora um ponto com que há anos não se calam muitos apoiantes do "não"] que é do aborto vir a ser sustentado pelo serviço nacional de saúde. Segundo VPV, se o Estado protege aquela "cultura de morte" (com a qual ele concorda), tem que proteger uma "cultura de vida", ou seja sustentar os bebés de quem não quer abortar. "Convinha que em Portugal a despenalização evitasse este corolário perverso. Infelizmente, não se vê bem como". Claro que não se vê, porque é impossível, quase tão impossível como ao mesmo tempo ser pela despenalização e escrever assim PS. E já agora, eu não falo a título pessoal porque fumo, mas a Fernanda, que nunca fumou, devia exigir ao Estado os "royalties" para sustentar a sua vida saudável (muito produto caro da agricultura biológica, muito ginásio com mensalidades razoáveis), já que o Estado ao tratar tantos problemas de coração e cancros de pulmão - que ela desde pequenina evita - protege uma espécie de "cultura de morte" dos palonços suicidários que não ganham juízo. Suponho que a malta liberalóide até já se lembrou disto.
vital moreira (http://aba-da-causa.blogspot.com/2006/11/o-imprio-dos-automveis.html) fala do que os automóveis têm feito às cidades e do que é preciso fazer aos automóveis (mais propriamente a quem os conduz e é deles dependente).