...para Ana Sá Lopes (asl), Nuno Simas (ns) e João Pedro Henriques (JPH). Sobre tudo.[Correio para gfacil@gmail.com]
sexta-feira, junho 29
Abaixo-assinado
Um conjunto de jornalistas reuniu quarta-feira à noite em Lisboa e decidiu promover um abaixo-assinado de contestação a todo o pacote legislativo sobre comunicação social que tem vindo a ser aprovado, com particular destaque para o novo Estatuto dos Jornalistas, agora prestes a ser sujeito ao escrutínio do Presidente da República.
Este movimento já tem um nome -
Movimento Informação é Liberdade (
MIL) - e também um
blogue. Estão todos convidados a participar.
|| JPH, 17:48
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quarta-feira, junho 27
CIA: “jóias da família” (ii)
Uma amiga, a Matilde, pergunta, por e-mail: "Mas... há algum lado da CIA ... que não seja negro?"
Fica a pergunta.
Agora vou ali a uma acção de campanha e já volto.
|| portugalclassificado, 14:21
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Defender e matar, sim… mas com estilo!
O Público tem a notícia (não linkável): “Glock 9 mm – Polícias portuguesas vão usar o “Rolls-Royce” das pistolas”.
Há esquadras em zonas mais problemáticas, como a Amadora, que já usam esta pistola.
O meu comentário é o que está em título.
|| portugalclassificado, 14:17
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segunda-feira, junho 25
CIA: “jóias da família”
Em Langley, os esqueletos começam a sair dos armários, as famosas
"jóias da família". É o lado negro da CIA: as tentativas de assassínio de chefes de Estado como Fidel Castro, a abertura ilegal de correspondência vinda da URSS e China...
É pena os documentos não abarcarem 1975 e os “dossiers” europeus - independentemente da tese segundo a qual a CIA, durante a revolução portuguesa, estava "apertada" devido aos escândalos do Chile e tinha menos margem de acção.
|| portugalclassificado, 14:38
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Portela+100
A política portuguesa não é hoje dominada pela política. É dominada pelas obras públicas - o novo aeroporto, o TGV. Não estou a dizer que seja mau. [O debate, por muito que exaspere algumas pessoas, nunca fez mal a ninguém].
Realmente inovadora era a proposta de terraplanar o país, de Norte a Sul, para fazer uma MONUMENTAL pista de aviação. [ou muitas... 100, pronto, que é um número redondo].
O entulho poderia ser vendido a Espanha para fazer barragens, por exemplo.
Assim, até podíamos mudar o nome do país AeroPortugal.
Já imaginaram o título? “Portela+100 avança em 2047”!!!
Isso sim, 101 aeroportos é que era ambição!!!
Seriamos uma espécie de país-Schipoll.
|| portugalclassificado, 14:30
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domingo, junho 24
Não percebo como é que não está tudo a falar disto
É que não percebo mesmo - embora admita que o facto deste acontecimento só ser transmitido no cabo e em canal por assinatura (a SportTV) ajude qualquer coisinha.
Hoje a regata da
Americas Cup foi simplesmente espectacular. Os kiwis do Team New Zeland partiram à frente (três segundos) mas rapidamente o Allinghi (que ontem, na primeira regata, venceu) lhes passou à frente. Foram à frente até mais ou menos meio da regata e aí os Kiwis passaram outra vez à frente. Estávamos no penúltimo percurso, à bolina, que, explicando aos ignorantes, significa velejar quase com o vento de frente ("quase", digo eu, e digo bem, porque ao contrário do que nos explicaram na escola, os descobridores portugueses não inventaram nenhuma maneira de navegar contra o vento. É de todo impossível. Se um percurso de um ponto a outro tem de ser feito contra o vento, a única maneira de o fazer é aos zigue-zagues. O que contou nas invenção portuguesas foi a vela triangular, isso sim dá a possibilidade de velejar com ângulos fechados em relação à direcção do vento, é por isso que os barcos adornam comó caraças e por isso têm debaixo de água uma coisa chamada patilhão, que os impede de andarem de lado, e, sobretudo, um contrapeso pesadíssimo, que, funcionando como o sistema dos bonequinhos sempre-em-pé, evita que cambalhotem quando adornam demais).
Adiante.
Há aqui um mistério, amiguinhos. Que é: como é o Allinghi vai à frente aí uns cem metros e depois é ultrapassado? Pois, não sei, aguardo a conferência de imprensa. Pode ter sido um golpe de sorte, os kiwis terem apanhado uma rajada que lhes deu uma velocidade adicional sobre o concorrente. O facto é que andavam sempre com um gajo no topo do mastro à procura do vento (que vê na superfície do mar, hoje muito "chão") e o Allinghi não. Ou então foi excesso de confiança da rapaziada do Allinghi.
Os kiwis deram a volta à corrida. Chegaram à última bóia com uma vantagem aí de uns 15 metros e acabaram quase cem à frente. E note-se que consolidaram a vantagem navegando à popa (com o vento por detrás), o que, aparentemente, contraria o pensamento oficial, segundo o qual o Allinghi tem vantagem nestas condições. E agora está 1-1 (ganha a taça quem ganhar primeiro cinco regatas). A próxima é terça-feira. Estou um bocadito ansioso.
|| JPH, 16:06
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sexta-feira, junho 22
e essa outra grande fonte de prazer, a grunhice mais genuína e iletrada
a 'expanção da homossexualidade', esse grande flagelo da humanidade,
aqui.
a propósito, já estão a escolher as roupinhas para a marcha do orgulho gay e para o arraial pride no terreiro do paço? não se esqueçam das tshirts e dos banners com 'sodomitas will rule the earth'.
|| f., 15:00
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mas é uma besta sua conhecida, dr francisco mendes da silva?
francisco mendes da silva
ensimesmou-se, e bastante, com
um post que escrevi depois de ver na tv o candidato do pp à câmara de lisboa telmo correia a fingir que limpava umas paredes lisboetas conspurcadas por grafitties enquanto paulo portas o olhava ternamente e explicava aos jornalistas que 'uma imagem vale mil palavras'.
longe de mim objectar a ensimesmamentos alheios. longe, longe. mas não posso deixar de comentar que as dúvidas de francisco mendes da silva sobre o que eu efectivamente queria dizer me fizeram até a mim duvidar. afinal, por que motivo não chamei eu besta a quem chamou nomes (que tive o cuidado, achando-me nisso até muito delicada, de não reproduzir, mas nesse pormenor o francisco não reparou) a paulo portas e apenas a quem escreveu 'morte aos pretos' no meu prédio? afinal por que carga de água pediria a telmo correia que viesse limpar aquilo do meu prédio, logo do meu prédio, com tantos prédios onde não moro, e onde não empatei um ror de dinheiro e não são perto do largo do caldas, por limpar em lisboa?
o atentíssimo francisco acha que eu no fundo no fundo -- na verdade, à superfície, porque ele deu logo por isso -- quero é dizer que chamar nomes a paulo portas não faz de ninguém uma besta e que telmo correia concorda com o slogan 'morte aos pretos'. mais, o francisco acha que é muito provável que tenha sido a mesma besta que pintou aquelas palermices todas.
pois, francisco, não sei que lhe diga. eu só queria mesmo escrever um post sobre uma cena ridícula de campanha enquanto frisava a minha irritação com os grafitties. fico verdadeiramente lisonjeada por lhe merecer tal esforço de decifração e por me imputar tais abismos de maquiavelismo, mas temo que esteja a confundir as suas perspectivas e ideias, quiçá até fixações, com as minhas. imagens podem valer mil palavras, francisco. mas nem todas as palavras valem mil imagens. e é escusado repetir a palavra besta duas vezes no mesmo post -- a não ser que seja mesmo mesmo preciso, como desta vez, repeti-la à exaustão, para certificar que o francisco não vai achar pouco.
|| f., 02:00
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quinta-feira, junho 21
Separados à nascença
Haverá uma imensidão de coisas a dizer sobre
o processo que José Sócrates moveu contra António Balbino Caldeira. Por exemplo, que José Pacheco Pereira tem absoluta razão quando diz, no
Abrupto, que há no primeiro-ministro, "
uma indiferença face à honestidade e à verdade, uma política feita de trapalhices e trapacices, um vale tudo para manter o poder, ganhar uns pontinhos, esmagar um adversário, um autoritarismo com os fracos e subserviência para com os fortes, um parecer mais que ser".
Este "
autoritarismo com os fracos e subserviência para com os fortes" prova-se, aliás, no facto de de Sócrates ter processado Balbino Caldeira e não ter processado o próprio Pacheco, que considerou Sócrates a atreito a "
trapacices" e "
indiferente face à honestidade", coisa que nunca vi escrita no
Portugal Profundo.
Haverá, volto ao princípio, uma imensidão de coisas a dizer. Uma delas, para já, é que se prova, no fim de contas, que Sócrates e a srª drª DREN Margarida Moreira são personagens feitos da mesma massa: gente burra a quem alguém não deu chá em criancinha.
|| JPH, 16:52
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algumas notas sobre a regulamentação da nova lei do aborto
acabei de ler a regulamentação da nova lei do aborto. depois de ter ouvido o ministro correia de campos certificar que 'tinham sido acolhidas todas as recomendações do sr presidente da república' à excepção de uma, que o ministro certificou ser ilegal (a participação de médicos objectores no processo, nomeadamente na consulta à mulher) estava já a hiperventilar, antecipando ver a obrigatoriedade de mostrar à mulher a ecografia do embrião, desejada por cavaco, plasmada no documento legal. mas não. nem uma vírgula sobre o assunto, o que demonstra que venceu o bom senso e a deontologia médica.
(antes que saltem das suas grutas os do costume -- que saltam na mesma, mas com menos desculpa para dizer disparates e tresler o que escrevo, ainda que seja uma inevitabilidade -- é óbvio, ou devia ser óbvio, que há uma diferença entre obrigar uma pessoa a ver uma ecografia e mostrar-lhe a ecografia se ela assim o desejar. a obrigatoriedade seria abusiva e, parece-me, impensável do ponto de vista do respeito que o médico deve à paciente).
ainda a propósito de deontologia, friso que uma dúvida de que havia já dado conta
num texto do dn e noutro
no cinco dias é dirimida na regulamentação (embora desdobrando-se noutras). assim, os médicos que se declarem objectores em relação à interrupção da gravidez terão de especificar qual o tipo de interrupção a que objectam. a regulamentação elenca as diferentes circunstâncias, tal como estão na lei, por alíneas. a primeira diz respeito ao perigo para a vida ou risco de grave lesão para a mulher (sem prazo); a segunda, a risco para a saúde física ou psíquica da mulher (até às 12 semanas); a terceira respeita a gravidez resultante de crime contra a autodeterminação sexual (16 semanas), a quarta diz respeito às malformações fetais e doenças congénitas do feto (até às 24 semanas, excepto quando o feto for inviável, caso em que o aborto pode ser feito a todo o tempo) e, por fim, a nova alínea: até às 10 semanas, a pedido da mulher.
vamos finalmente saber quantos médicos objectores de consciência quanto à interrupção da gravidez temos e a que tipo de interrupção objectam. interessante será constatar qual a alínea que reúne mais objecções.
a regulamentação inclui também referência às comissões técnicas de certificação de interrupção da gravidez para os casos fetais -- que já haviam sido criadas em regulamentação, salvo erro, de 1998 ou 99, posterior à alteração da lei efectuada em 1997, para alargamento dos prazos para esse tipo de aborto e para o resultante de violação --, especificando que tipo de especialidades médicas devem estar nelas representadas. nem uma linha, porém, quanto à necessidade de uniformização de critérios nesta matéria (que são, de acordo com o pouco que se sabe, muito díspares de comissão para comissão). nem uma palavra, igualmente, para o critério de interrupção em caso de crime de violação (a lei não diz se é necessária existência de queixa nem dá qualquer pista quanto à forma como se deve 'certificar' esse tipo de interrupção).
outra ausência clara é a de garantia de transparência no que respeita aos números das insterrupções. apesar de se especificar o tipo de informação que deverá ser recolhida, e que é bastante completa, não se diz que será feito com essa informação. em espanha, por exemplo, a regulamentação da lei especifica a necessidade de publicitação dos dados. os números relativos à interrupção da gravidez estão disponíveis ao público no site do ministério e são objecto de um relatório anual, em que se encontra informação detalhada sobre a idade das mulheres, o número de semanas de gestação, o tipo de aborto e a distribuição geográfica das intervenções. em portugal, os únicos números que a direcção geral de saúde disponibiliza anualmente, até agora, dizem respeito ao número total de abortos legais, sem qualquer outro desdobramento. apesar de existirem, na dgs, os números de aborto legal por hospital, esses dados nunca são disponibilizados. nem aos media nem sequer aos deputados -- quando, em 2004, se estava a preparar um estudo no parlamento sobre a situação do aborto em portugal, os dados que chegaram aos parlamentares e ao instituto público que foi encarregue do caderno de encargos eram apenas os do número total de abortos, por grosso. uma situação incompreensível que a nova regulamentação não dá mostras de vir modificar.
|| f., 14:14
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dr telmo, por obséquio, é aqui mais abaixo
vi há pouco telmo correia a limpar graffities numa parede qualquer de lisboa. aplaudo de mãos e pés -- eis finalmente um candidato útil, pelo menos marginalmente útil. de tal modo assim o vi que queria solicitar-lhe que, por obséquio, descesse uma rua ou duas a partir do caldas e viesse aqui limpar o 'morte aos pretos' que uma besta qualquer grafitou na parede do meu prédio. de caminho, pode aproveitar para limpar os 'portas isto' e 'portas aquilo' que ficaram por estas imediações, como testemunho do consulado ministerial do seu presidente.
|| f., 14:06
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quarta-feira, junho 20
opiniães
uma das coisas que me maravilha é a facilidade com que as pessoas opinam sobre tudo, nomeadamente sobre coisas das quais nada sabem. parece que
o pedro magalhães (aqui via womenage) também acha. e naturalmente, dado o particular ramo de negócio em que ganha a vida, agradece. eu, como jornalista, faço coro com ele -- que seria de mim sem aquelas pessoas que falam interminável e indignadamente sobre n'importe quoi?
aqui pela bloga, todos passamos a vida a ver exemplos verdadeiramente homéricos desta característica das gentes. já nos habituámos, embora às vezes a coisa ainda enerve um bocadinho.
a propósito, por exemplo, da entrada em vigor da nova lei do aborto, é assistir à forma como se fala de 'condições' dos hospitais para a pôr em prática e da objecção de consciência dos médicos, como se não existisse em portugal, em vigor, uma lei que permite o aborto em várias circunstâncias há 23 anos. agora até parece que é impossível fazer abortos sem recurso à pílula abortiva -- a ru486 --, e como só 14 hospitais a encomendaram, ai jesus que não há condições para aplicar a lei. quanto à objecção de consciência, parece que há muito boa gente que acha que só diz respeito à interrupção de gravidez até às 10 semanas por vontade da mulher, e nada tem a ver com as outras interrupções de gravidez. o cúmulo é usar-se a expressão 'interrupção voluntária da gravidez' como sinónimo de interrupção no quadro da nova lei, como se as interrupções de gravidez previstas pela lei anterior fossem 'involuntárias'.
enfim.
muito bom, e com um sabor de outro género, foi ouvir, na recta final do debate na sic-not dos candidatos à câmara de lisboa, fernando negrão defender 'a criação de mais parques de estacionamento na baixa' para 'atrair os jovens'. creio que foi o que lhe ocorreu dizer sobre a baixa -- pelo menos foi o que eu ouvi, já que só assisti ao fim do debate, e aos bocados. isto enquanto no outro dia, na tsf, afirmava que era preciso reforçar os lugares de estacionamento nos parques à entrada de lx, para dissuadir a entrada de carros na cidade. fabulous. claro que não ocorreu a fernando negrão inquirir sobre a taxa de ocupação dos parques da baixa ou até consultar o plano para a zona apresentado por maria josé nogueira pinto. se o tivesse feito, teria concluído que dois dos principais parques da baixa, o da figueira e do martim moniz, nunca estão cheios (segundo mne certificou a sua concessionária, a braga parques). em contrapartida, os passeios à volta estão, como muitas vezes a faixa de rodagem. e no plano citado está claramente dito que os lugares de superfície existentes na zona chegam -- e sobram largamente -- para os residentes actuais. mas fernando negrão, se bem percebi, nem sequer estava a falar de atrair residentes, mas da atracção de clientes para o comércio da baixa, já que insistia que 'os outros centros comerciais estão cheios porque têm estacionamento'.
fernando negrão, cá para mim, não deve passar muitas vezes na baixa, e se calhar nunca entrou no centro comercial dos armazéns do chiado, sempre cheio e sem um parque de estacionamento próprio -- mas com uma estação de metro ao lado. também não deve enfiar o nariz nas zaras da rua augusta ou na hm, senão concluíria que se dão muito bem.
eu, que vivo na baixa, e todos os dias atravesso a rua augusta, posso asseverar que há poucas zonas de lx com tanta gente. e mesmo ao fim de semana, com as lojas fechadas, a baixa está cheia de pessoas na rua. basta haver bom tempo.o mesmo se passa com imensos centros comerciais de cidades europeias, onde toda a gente vai de transportes públicos ou de táxi. é asim no mundo civilizado. as pessoas não vão de carro para todo o lado nem tal lhes passa pela cabeça.
devo aliás dizer que o pouco que ouvi do debate me fez concluir que ainda se reproduzem, sem vergonha, discursos assim, completamente cansados, desajustados e de plástico sobre a cidade, discursos de gente que não conhece nem vive lx, que passeia de carro pela cidade e que só lhe conhece os colombos e os vascos da gama e as amoreiras, para uma ida ao cinema, os parques de estacionamento de ministérios e de repartições e meia dúzia de restaurantes.
não quero ser injusta porque não ouvi quase nada, mas o pouco que ouvi deixou-me estupefacta. telmo correia a falar de programas contra a droga com exclusão das salas de chuto -- como quem acredita que ganha votos a acenar com esse 'fantasma' da direita ignara e caceteira -- e da 'segurança' e das câmaras de vigilância, como se a segurança dos lisboetas fosse apenas um problema de criminalidade clássica e dependesse de serem vigiados por vídeo e não estivesse muito mais ameaçada diariamente pelo descalabro que é o estado do edificado, o caos que é circular na cidade, pelos passeios esburacados e cheios de carros. negrão -- desculpem, não é perseguição, é que tive o azar de o apanhar sobretudo a ele --, inquirido sobre uma ideia para lx, sai-se com 'o problema do ambiente' e o 'controlo do ambiente', para depois explicar: 'quando digo ambiente, refiro-me ao ruído' (que, suponho, nada deve ter a ver com o ruído de carros, que ele quer trazer aos molhos para o centro da cidade), para acrescentar: e porque quero uma cidade com muitos jovens, proponho que toda a cidade tenha cobertura de net. suponho que ele disse, ou queria dizer, wireless. é óptimo, sim senhor, wireless na cidade toda. mas é isto, 'a ideia' de negrão para a cidade? ó valha-nos santo antónio.
não ouvi costa (a não ser a repetir 'sem-abrigos', really), roseta, sá fernandes nem carmona (que nem sequer vi lá -- estava?). de ruben de carvalho ouvi um bocado, a falar sobre a necessidade de impedir a entrada de carros em lx, que me pareceu bem. espero que a impressão seja falsa e que tenham sido trocadas ideias interessantíssimas e inovadoras. a sério: esta cidade não aguenta mais 2 anos de governo igual aos 10 (ou 20) anteriores.
|| f., 00:38
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terça-feira, junho 19
querem destruir a família
Tenho uma amiga que tem uma namorada. Tem uma namorada há dois anos. A namorada tem três filhas. A minha amiga descobriu há muito que, do ponto de vista, digamos, romântico e sexual, prefere as mulheres aos homens. A namorada dela não descobriu nada disso. Apaixonou-se por uma mulher ao fim de duas décadas de relacionamentos com homens. Custa a imaginar a coragem necessária para que alguém na situação dela assuma uma relação assim. Perante os outros, mas antes de mais perante ela própria. É uma experiência tanto mais radical quanto se mantém sólida em quase todas as cabeças a ideia de que a nossa identidade se estabelece a partir de uma espécie de ditotomia sexual e desejante inabalável.
“Agora és fufa, é?”, perguntaram-lhe alguns amigos, amigos que deixaram de ser. Por essas e por outras, a namorada da minha amiga não assumiu ainda a sua relação perante a maior parte das pessoas. Em dois anos, não considerou poder correr esse risco. A minha amiga sofre com isso. A namorada, decerto, também. Têm uma relação estável e exclusiva, mas vivem como amantes clandestinas. Penso sempre nelas quando oiço as pessoas estranhar, por exemplo, que “os homossexuais queiram casar”. Ou quando me dizem que “já não há discriminação”, que “não se percebe o que ‘eles’ querem mais”. Penso nelas quando vejo, como há dias, uma manifestação a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo na Roménia, onde a homossexualidade deixou de ser crime há seis anos, ser atacada à pedrada e a gritos de “querem destruir a família”.
Não faço ideia se a minha amiga e a namorada quereriam casar. Sei que gostariam de poder fazer uma série de coisas que são normais num casal, mas que no caso delas seriam consideradas “exibicionismo” ou “provocação”. Andar na rua de mão dada, trocar um beijo quando apetece. Coisas que os apaixonados fazem. Sei que gostariam de não morrer de medo da reacção das crianças à assunção da verdade.
Nunca percebi de que falam as pessoas que defendem ser a aceitação social e cultural plena dos casais do mesmo sexo -- que simbolicamente tem um passo essencial na alteração dos artigos do Código Civil que só permitem o casamento de pessoas de sexo diferente -- um “ataque à família”. Família, para mim, é um núcleo fundado a partir da ideia do afecto e da comunhão de vida – e não creio que a história, ou mesmo essa coisa chamada “tradição”, digam outra coisa. Mas, mesmo que desse de barato que existe uma “família tradicional” que corresponde à imagem de um casal de sexo diferente que se une com a ideia de ter um rancho de filhos, não se entende em que é que ela é afectada pela existência de outro tipo de uniões. Em que é que o casamento de pessoas do mesmo sexo diminui ou prejudica o casamento de pessoas de sexo diferente? Será que há quem pense que, mal seja possível “oficializar” uma relação entre pessoas do mesmo sexo, não haverá quem queira outra coisa? Ou é mesmo aquilo que parece, a determinação em perseguir e invisibilizar aquilo que se considera “uma aberração”, a determinação de destruir, de fazer sofrer, as pessoas que vivem de uma forma que se não aprova?
“Querem acabar com a família”? Querem. Querem acabar com a família que a minha amiga e a namorada dela gostariam de ser. É essa a família que está sob ataque diário, milimétrico, acerado e sem piedade. Tão perseguida e tão cercada que às vezes não lhe vejo hipótese. Aberração é haver quem ache que precisa, para ser feliz, de fazer outros sofrer assim.
(texto publicado na notícias magazine de domingo passado, na coluna 'sermões impossíveis')
|| f., 13:30
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segunda-feira, junho 18
objecções, abjecções, pavlovices e parvoíces
aqui,
outra vez sobre a aplicação da nova lei do aborto -- e outra vez sobre as pavlovices blogosféricas.
|| f., 12:58
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em busca do que se perdeu ou do que ainda se não encontrou
|| f., 04:09
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olha olha, amiguismo blogosférico
não querendo deixar de dar razão ao dr pacheco pereira, por quem, como já fiz questão de tornar público e notório, nutro a mais elevada admiração (com pequenas interrupções e derivas, como não poderia deixar de ser, até porque de contrário ainda se pensariaque somos amiguistas), aproveito
o ensejo para dedicar uma citação de roth ao paulo pinto mascarenhas, que andou lá fora, mais concretamente em israel/palestina, a lutar pra vida, como dizia a mui saudosa hermínia silva.
'why does everybody around here hate isarel so much? can you explain that to me? i have an argument every time i go out now. and i come home in a fury and can't sleep at night. i am allied, in one way or another, with the planet's two greayest scourges, israel and america. let's grant that israel is a terrible country --
but i won't.
but let's grant it. still, there are many countries that are far more terrible. yet the hostility to israel is almost universal among the people i meet.
i have never been able to understand it myself. it seems to me one of the most curious freaks of modern history. because it's just an article of faith among left and left of center, insn't it?
but why?
i simply don't understand it.
do you ever ask people?
yes, often.
and what do they say? because of the way they treat arabs. that is the greatest crime in all of human history.
oh, sure, that's what they say. i don't believe a word of it. i think it's one of the most extraordinaries pieces of hipocrisy in human history.
(...)
what do you think is at the root of it?
i don't think it's anti-semitism.
no?
not in the main, no. it's just the fashionable left. they're very depressing. i can only come to the conclusion that some people are so wedded to certain unrealistic ideas of human justice and human rights that they can't make concessions to necessity of any kind. in other words, if you're an israeli you must live by the highest standards and therefore you can't do anything really, just go back and turn the other cheek, like j.c. said. nut also it seems to me an unspoken corollary that you criticize most harshly the people who actually behave best, or the least badly. it's quite banal, isn't it? i think it has to do with the last gasp of romantic hatred of the twentieth century.'
(deception, philip roth)
|| f., 02:43
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domingo e todos os dias
eduardo pitta, absolutely right. righteous mesmo, diria eu, se a palavra não andasse frequentemente tão mal acompanhada.
enfim, ser da literatura tem destas vantagens.
|| f., 02:30
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domingo, junho 17
the fight in us and what you look for, like
'i'm in a terrible mood. i'm feeling terrible at the moment.
well, at least you haven't, lost your looks.
haven't i?
nope. the fight's still in you, you look pretty good.
it's funny, that sensation that you're loosing it, it's very odd.
losing what, the fight or the looks?
both. i think they're all connected.
you mustn't loose the fight.
it's not entirely in one's control, i don't think.'
(deception, philip roth)
|| f., 22:36
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sexta-feira, junho 15
|| JPH, 15:50
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"Manjerico dourado"?
|| JPH, 15:35
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quinta-feira, junho 14
se ao menos aprendessemos alguma coisa com o que sabemos (com dedicatória)
|| f., 21:08
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se ao menos aprendessemos alguma coisa com o que sabemos
|| f., 21:00
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more deception
'why aren't you happy with your wife? why isn't it enough?
why isn't your husband enough?
i told you a great deal about him. i want to hear about you. i've told you plenty about myself. i want to know why she isn't enough.
you're asking the wrong question.
what's the right question?
i don't know.
why am i here?
because i followed temptation where it led me. i do that now that i'm older.
all of this sounds like a popular song.
that's why they're so popular'.
(deception, philip roth)
|| f., 15:13
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O que me preocupa exactamente agora
[Imagem retirada daqui]O que fazer com uma dúzia de sardinhas assadas que sobraram? Sim, o que fazer?
[Sugestões para o mail]
|| JPH, 12:12
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quarta-feira, junho 13
deception. or not.
'i might lie in court in some circumstances. but not necessarily.
do we know what those circumstances are?
no.
then maybe you oughtn't come. i'd love to see you. i'm dying to see you. i'm really really very confused by you at this moment.
sorry. i don't want to be tiresome.
don't be silly. but i'm telling you i'm confused by you. of course i missed you. terribly this afternoon, in fact.
what do you miss?
laughter.
oh, come on. i don't want any dirty talk.
i'm afraid some of it would be dirty talk.
well, i suppose that has its place.
yes, well, then come around. sure, come around, my little liar.'
(deception, philip roth)
|| f., 22:04
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terça-feira, junho 12
ah, o amor
Isto em inglês, um inglês perfeito, com a imperial petulância e requinte do inglês upper class: ah, love. O tom, entre a ironia, a mofa e a mais romântica e desesperada melancolia. Ando há anos a tentar reproduzi-lo e a tentar lembrar-me em que filme o ouvi, pela boca de que vilão – porque era um vilão, e dos muito maus, ou seja, portanto, dos muito bons. Há outras entoações quase perfeitas: as de Nick Cave quando repete “Love, love, love”, a de Ian Curtis, dos Joy Division, em Love will tear us apart, por exemplo. Mas nenhuma como essa a fazer a síntese perfeita da ideia e do sentimento, dessa noção de algo tão deslumbrante e arrebatador quão improvável e fugaz, algo em que se consegue, ao mesmo tempo, acreditar e descrer em igual e furiosa intensidade.
Não há mais nada assim. E é provável ser necessário ter chegado a uma certa altura da vida – a idade do tal vilão, para lá dos cinquentas, ou um bocadinho menos -- , para sopesar e decantar da palavra todo o sortilégio e toda a amargura.
A altura em que afinal se percebe, por exemplo, por que raio choram certas pessoas nos casamentos dos outros. A altura em que aquela jura eterna, de “para o bem e para o mal, na alegria e na doença” e mais não sei o quê, deixa de soar oca e irrealista, até um pouco ridícula, e passa a ser apenas comovente na sua impossível certeza.
A graça disto é que o amor, a ideia do amor, é apenas uma espécie de supremo símbolo da vida humana. Estamos condenados, por incapacidade de funcionar de outro modo, a viver como se aquilo que sabemos ser impossível fosse a coisa mais certa que há. A pensar e planear e passar o tempo como se o tempo não nos faltasse, a crer que tudo vai correr bem como se não fosse óbvio que grande parte das coisas só pode, mais tarde ou mais cedo, correr mal.
Isto aplica-se desde as situações mais cómicas e comezinhas, como crer-se todas as primaveras que é desta que apareceu o anti-celulítico que funciona (e as marcas sabem que todos os anos têm de apresentar um produto novo, ou pelo menos a aparência da novidade, porque a renovação da fé assim o exige), até aos cumes da tragédia, como o que sucedeu aos pais de Madeleine McCann. Ouve-se agora discutir idas para o Algarve na base de “Eu tenho medo de levar para lá os meus filhos, porque dizem que há lá uma série de pedófilos ingleses referenciados”. A ideia de que haveria uma espécie de zona demarcada para os pedófilos ou para o rapto de crianças, ideia que não sobrevive a um micro-segundo de raciocínio, não é, obviamente, o que parece. O que está em causa é estabelecer um perímetro de segurança, certificar que o mal, o perigo, está ali, num lugar onde podemos escolher não ir, e não em todo o lado, a toda a volta, incluindo na nossa rua e, às vezes, vezes de mais (a maioria dos abusos sexuais de crianças, é incontroverso, sucedem no círculo familiar ou da vizinhança mais próxima), na nossa casa. Que podemos controlar, manter o horror à distância do retrato robot de um criminoso desconhecido, de preferência estrangeiro. Que casos como o do alegado serial killer de Santa Comba Dão, acusado da morte de três vizinhas adolescentes, e cujo julgamento se iniciou a 4 de Junho, são impensáveis (e é ouvir os vizinhos e amigos do ex-cabo da GNR repetir que não pode ter sido ele).
Que aquilo em que queremos acreditar, em que precisamos de acreditar, é verdade. Que o amor, para além de estar garantido para todos, é – ou pode ser – eterno. De tal modo se quis crer nisso que chegou a estar certificado por lei: as pessoas que juravam amor não podiam desdizer a promessa. Ah, o amor. Ah, a nossa espantosa e deslumbrante capacidade de negação.
(texto publicado na coluna 'sermões impossíveis' da notícias magazine de domingo)
|| f., 14:27
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domingo, junho 10
stop the press
desculpem, mas tenho de partilhar isto. afinal, nunca tinha visto uma destas no sitemeter:
Iran, Islamic Republic of
Iran, Chahar Mahall va Bakhtiari
foi ontem, às 10 da noite. página de entrada,
um texto sobre dua khalil aswad.
esperei que a identificação do ip desaparecesse do sitemeter para postar. never too careful with these guys.
|| f., 22:13
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indeed
o vasco tem razão (quase sempre, de resto -- ou não fosse ele quem me ensinou a fazer linques). eu também não conheço muita daquela gente. claro que eu cheguei à blogosfera em 2005 e sou imensamente distraída -- embora gostasse de ser ainda mais -- e portanto não me considero uma expert em bloggers presentes, passados e futuros. mas, por exemplo, e só para referir a autora do texto postado por mim há bocado, onde está a carla naquele puzzle? será que está lá e não a vislumbrei?
o rui tavares, o caa e o joão miranda (dois dos quais ausências referidas pelo vasco) são outras faltas óbvias. como paulo pinto mascarenhas (desculpem, se calhar está lá e não o reconheci -- já disse que sou distraída?). isto só para falar de pessoas cujas fotos são relativamente fáceis de encontrar e cuja presença na blogosfera é muito mais relevante (de vários pontos de vista, incluindo o cronológico) que, por exemplo, a minha. e não, não é falsa modéstia, môris. é mesmo essa coisa chamada lucidez.
|| f., 14:44
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e chapeau, by bomba
'Entretanto, no meio de uma série de considerações misóginas - só uma pausa para dizer que as mulheres que não admitem a existência da misoginia viveram muito pouco, conhecem quase nada e vão ter uma surpresa desagradável quando decidirem sair de casa das bonecas - ora, dizia eu que no meio de considerações misóginas - palavra que significa ódio às mulheres e que não é aplicável a mulheres que odeiam mulheres porque há uma palavra para isso e que é simplesmente estúpidas - ai, que nunca mais chego lá! Dizia eu então que no meio de considerações misóginas, Bernardo Soares, no Livro do Desassossego, escreve o seguinte: "A maior indisciplina interior junta à máxima disciplina exterior compõe a perfeita sensualidade". Não é curioso? E depois esta exclamação: "(...) oh, mulheres superiores, ó minhas misteriosas Cerebrais". Não é engraçado, e logo com uma maiúscula? Mas acaba por resvalar para uma conversa habitual, quando diz que o homem superior não tem necessidade de nenhuma mulher e que "não precisa de posse sexual para a sua volúpia. Ora, a mulher, mesmo superior, não aceita isto: a mulher é essencialmente sexual". Cá está, cheio de medo. Apavorado, diria mesmo.'
|| f., 14:19
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pedro mexia
|| f., 01:25
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esta, tenho de admitir, doeu
um leitor devidamente identificado do glória mandou-me uma foto de um cão embalsamado (coitado) do museu do pavlov. o sacaninha do cão NÃO É um dálmata. not by a long shot.
em todo o caso, isso não significa que os outros cães todos não fossem dálmatas, pois não? se calhar os dálmatas embalsamam mal. aquilo das pintinhas e assim.
nem pensem que me dou por derrotada assim tão depressa. nooooooooo, sir. ainda não desisti de encontrar um dálmata sobrevivente do grupo que baba como um perdido mal ouve uma campainha, apesar dos seus 100 anitos (que em anos-de-cão, segundo o que me ensinaram em miúda, hão-de ser uns setecentos). um dálmata mesmo. um cão-cão, i mean.
(adenda: e quando toca a gozar, podemos sempre contar com
a little help from neighbours)
|| f., 00:49
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sábado, junho 9
pequenas grandes ironias
é fascinante assistir ao espectáculo dos grandes defensores da liberdade de expressão e da democracia a carregar em manada, fúria, baba e insulto à discrição sobre quem não pensa como eles. fascinante. e pensar que esta gente acha mesmo que está do lado dos justos e dos impolutos. dos 'resistentes'.
tão previsíveis como os dálmatas do pavlov.
|| f., 17:03
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sexta-feira, junho 8
tambem eu tou cor de ameixa de tanto rir
eh pá, têm de ler
isto . e
isto .
estes chumos são de mais.
|| f., 02:39
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a propósito ainda do feriado que se finou e assim
o
bruno revela que na caixa de comentários do avatares alguém lhe chamou 'esquerda erótica'.
qu'horror, qu'horror. as coisas tenebrosas que se escrevem, a coberto do anonimato, nas caixas de comentários. só falsidades, mentiras, boatos, eheh. estou-me a rir mas é dos nervos. do choque, do escândalo. da revolta.
'esquerda erótica'? há tanta baba em certos 'insultos' que o insultador escorrega e acaba por acertar no elogio. ou isso ou é aquela cena das linhas tortas divinamente endireitadas. um deus erótico e de esquerda, é o que é.
|| f., 01:27
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quinta-feira, junho 7
mudando de assunto, sem na verdade mudar de assunto
estou a ver o walk the line pela segunda vez, no premium. adoro o joaquin phoenix, aquela cara e aqueles olhos e aquela cicatriz de filho da puta mau e triste. mais a camisa preta e a voz, pas mal. e depois, uma bela e desesperada história de amor (e sexo, dr picoito, muito sexo) é sempre uma bela e desesperada história de amor. i'm partial to that.
|| f., 23:41
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corpo de deus, 3
correndo o risco de fazer o dr pedro picoito entrar em combustão espontânea (espero que haja lá em casa um regador ao pé do computador, just in case), devo acrescentar que 'corpo de deus' me faz sempre pensar naquilo. para o caso de ainda não me ter explicado bem.
|| f., 22:33
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corpo de deus, 2
o pedro picoito, coitado, não se cansa de
zurzir nos apóstatas . eu e o
pedro marques lopes somos, parece, os favoritos. não posso negar que o pedro picoito até tem bom gosto (eu também me aprecio muito assim como ao pedro marques lopes) e manifesta algumas obsessões semelhantes às minhas -- nomeadamente, eu.
mas essa de confundir falar de sexo com falar de direitos e perseguições é, digamos, um bocadinho too far fetched (as minhas desculpas ao
paulo tunhas , i couldn't help it -- é para que saiba que também me lembro de si às vezes) e, pronto, vou dizer, demasiado disparatada, mesmo para alguém como o dr (é, não é?) picoito, que tem pergaminhos em misturar tudo com a sua inesgotável e nunca demasiado propagandeada fé em deus.
por outro lado, se o humor dependesse dos tabus, os torquemadas deste mundo eram uns comediantes do melhor -- pena aquela cena da tocha não ter muita graça, especialmente para quem arde.
quanto às expressões que cita como fazendo parte do meu léxico e do do pedro marques lopes quando falamos, imagine-se, 'sobre sexo' (e falamos 'muito', garante o dr picoito -- ó dr, tem andado a ouvir as minhas conversas com o pedro? ou isso é tudo imaginação?) pois não sei em qual dos seus livros de cabeceira as encontrou e que sonho estrambólico as colocou nos nossos posts e logo nos nossos posts 'sobre sexo', mas começo a preocupar-me consigo. homem, você está a ficar obcecado. veja se espairece. o verão, dizem, é bom para isso.
|| f., 21:47
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world peace, world peace, world peace
é com
cenas destas que me levam. sempre.
|| f., 18:46
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corpo de deus
entre muitas coisas boas de viver na sé, nas costas da igreja de santo antónio, está o facto de nos dias como o de hoje ouvir os cânticos da missa como se ocorressem na sala dos fundos. é uma sensação curiosa, quase comovente, que me recorda os dias de infância em que a minha avó materna, católica fervorosa, levava os netos à igreja e tentava explicar-lhes os mistérios da fé ('mistério da fé' é daquelas frases que trago desde essa altura na pronunciação viseense do detestável padre de alhandra, como uma clara chave, na sua metafísica declinada em tacanhez, da ideia religiosa).
gosto do nome deste feriado. é um paradoxo sublime, de um erotismo cujo carácter involuntário o faz mais deslumbrante.
|| f., 16:07
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terça-feira, junho 5
é o fim da blogosfera as i know it and i feel fine
estava aqui a tentar arranjar desculpas para esta longa ausência, tipo: estive a ler o último do cormac. ou: andei a comer figos com presunto como uma demente. ou, ainda, para melhor: fui de férias.
mas na verdade, apesar de ter lido o the road, foi nas últimas duas noites. sim, é fabuloso e recomendável e genial -- but then again, tudo o que ele escreve é. so far.
e andei a comer os meus primeiros figos com presunto (figos pretos, bah, e espanhóis, bah, foi o que se arranjou, ali no corte inglês, e decerto a preço inominável, mas nem reparei para não me enervar) mas não foi isso. nem férias: não estive de férias.
não me tem apetecido. até dei umas voltinhas na blogada e vi umas coisas daquelas que normalmente me poriam a rosnar tipo mutley mas limitei-me a suspirar de enfado.
estou muito preocupada comigo. comigo e com
o maradona, que para desenjoar agora deu em ter comentários. estou mesmo extremamente (ou outro advérbio de modo à escolha) apreensiva com tal modificação da causa. eu sem repentes raivosos e o maradona com comentários? não sei não.
|| f., 21:11
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sexta-feira, junho 1
sem titulo, sobre lap top
uma vez instalado o silêncio, o silêncio instala-se. nada do que surge parece urgente. nada do que se pensa dizer parece suficiente. nada vale o fim do silêncio. e, no entanto, ao fim de algum tempo, qualquer coisa serve. até falar sobre o silêncio para acabar com o silêncio.
|| f., 00:59
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