Glória Fácil...

...para Ana Sá Lopes (asl), Nuno Simas (ns) e João Pedro Henriques (JPH). Sobre tudo.[Correio para gfacil@gmail.com]

quarta-feira, junho 30

O pior cego é...

"A manifestação não teve de 400 a 500 pessoas. Quando eu lá estive, às 8.20, tinha, como já escrevi num comentário, cerca de 1.800 pessoas. Fui jornalista e sei como os jornalistas contam pessoas. Adivinham. Não usam nenhuma técnica. Eu usei. A polícia contou, na anterior, 2.500 pessoas. Fiz a comparação".

Este comentário do Daniel Oliveira é um verdadeiro mimo.
|| Anônimo, 18:22 || link || (2) comments |

Notas sobre a "crise"

1. Então parece agora que vamos ter um governo de iniciativa presidencial. O Presidente reservou-se o direito de escolher (pela positiva ou pela negativa) os ministros da Defesa, Negócios Estrangeiros, Justiça (e Administração Interna, presume-se) e Finanças/Economia. Tem graça, por acaso. O Presidente, a dois anos do fim do seu último mandato, será portanto co-responsável pela governação. Será? Não, não será. Ou melhor: será responsável mas não responsabilizável. Um achado, esta solução.

2. E agora, parece, vamos mesmo ter Santana Lopes a primeiro-ministro. Escolhido pelo Conselho Nacional do PSD, com a colaboração do Presidente. Pode-se presumir o seguinte, sem má-fé: nos próximos dois anos, até às legislativas, Santana tudo fará para conquistar a legitimidade nacional que lhe falta. Por outras palavras: fará tudo para ganhar as eleições. Arriscamo-nos, portanto, a ter dois anos de campanha eleitoral, à pala do Orçamento do Estado, claro. É um absurdo esta hipótese? Não, não é.
|| JPH, 11:52 || link || (0) comments |

terça-feira, junho 29

O encanto do sistema

É este: a Constituição permite tudo. Que se convoquem eleições antecipadas ou que não se convoquem. Ou até, como propõe Jorge Miranda, que se faça tudo: nomear novo Governo (com Santana a PM) e convocar eleições antecipadas.

O tempo é de política. Política pura, política da melhor - política da razão, da sensibilidade, do bom-senso, do senso comum. Política do interesse comum. É uma política que define quem a pratica. Uma política para gente que sabe enfrentar a solidão. Uma política para solitários. Para gente com nervos de aço.

O encanto do sistema é este: elegemos - o país todo, mesmo o que não votaram nele - alguém que tem de ser assim: solitário, forte, racional, imune aos interesses particulares. Elegemo-lo. Foi eleito. Não chegou lá por ser filho do rei; nem por ter comprado a eleição; chegou lá, exclusivamente, pelos méritos próprios.

É isto o essencial: poder decidir porque foi eleito para isso. Agrada-me viver num país em que pude votar para escolher quem decide. É só isto - tão só isto.
|| JPH, 16:43 || link || (0) comments |

segunda-feira, junho 28

"Argumentos contra Santana"

João Marques de Almeida (JMA) ironiza contra os argumentos dos que se opõe à ascenção de Santana Lopes a PM. E pergunta:

"Onde é que estavam as vozes indignadas quando João Soares subiu a presidente da Câmara de Lisboa sem ir a votos por Jorge Sampaio ir para Presidente? Ou quando Nuno Cardoso passou a presidente da Câmara do Porto, quando Fernando Gomes foi para ministro? Tinham 'legitimidade democrática'?"

Resposta: Tanto João Soares como Nuno Cardoso eram vereadores de Sampaio e Gomes nas respectivas câmaras municipais. Eram os respectivos números dois. Por outras palavras: na sua pressa de defender Santana, JMA acaba por argumentar em defesa de Manuela Ferreira Leite a primeira-ministra. Foi sem querer, certamente.
|| JPH, 18:10 || link || (0) comments |

Lenine não faria melhor

1. O Presidente pode decidir tendo em conta a sua própria legitimidade eleitoral (para variar). Ou então pode decidir tendo em conta, apenas, a legitimidade parlamentar (sobre a qual, aliás, as últimas eleições europeias permitem legítimas dúvidas). Na eventualidade deste segundo caminho pergunta-se: porque não um Presidente eleito somente pelo Parlamento? Na presente situação, qual seria a diferença? Se repararem bem, nenhuma.

2. Os militantes do PSD recusaram, por várias vezes, dar a liderança do partido a Santana Lopes. Isso aconteceu logo na sucessão de Cavaco e, depois, em vários congressos (contra Marcelo, contra o próprio Durão). Ou seja, o partido recusou, por várias vezes, indicá-lo como candidato a primeiro-ministro. A certa altura, Santana escolheu um caminho alternativo, o autárquico: primeiro a Figueira, depois Lisboa. Foi tudo o que o partido lhe ofereceu. Agora prepara-se para ascender, em simultâneo, à liderança do partido e do país, sem ir a votos nem no partido nem no país. Lenine não faria melhor.

3. É claríssimo o que leva Santana a recusar um congresso do PSD: receia perder (ou ganhar apenas por escassa margem). A mesma razão leva-o a recear eleições antecipadas. O voto não interessa. O que interessa é o poder. E depois logo se vê. Primeiro o poder; depois a legitimidade do voto. Isto é a inversão total do procedimento democrático. E “só” isso que está em causa.
|| JPH, 17:43 || link || (0) comments |

É tão triste...

O provincianismo latente dos portugueses (não de todos, só de alguns...) volta a dar um ar da sua graça.
|| Anônimo, 13:33 || link || (0) comments |

sábado, junho 26

Luís

O Luís estava preso quando eu e uns amigos meus descobrimos a Natureza do Mal e começámos a ler tudo o que o preso escrevia. Como é que o preso tinha entrado na blogosfera? Havia uma data de aspectos técnico-jurídicos que nos escapavam. Era um preso de luxo e eu imaginava-o magrinho, novinho, mirrado pela heroína. Aquele preso, na minha cabeça, era traficante de droga. A Sofia, que escrevia peças preciosas (ler em espanhol, p.f.) era, numa lindíssima comunhão, a ponte do preso com o exterior.
A dada altura, o preso saiu em liberdade, mas continuou a escrever maravilhosa e torrencialmente. Comecei a ler livros porque o Luís dizia que eram bons – e eram sempre. Quase tudo o que o Luís gostava eu gostava e, rapidamente, o Luís tornou-se o meu blogger preferido.
Não fazia, até dada altura, a mínima ideia de quem era o Luís. Deve ter sido em Dezembro que um amigo de Coimbra me deu umas coordenadas e afastou a ideia de ser ele um traficante de droga.
Nunca vi o Luís na vida. Uma vez tivemos para nos conhecer, ao vivo e a cores, mas não calhou. Hoje penso que foi bom e o destino providenciou: eu gosto tanto do Luís que é enorme o risco de perturbar, com o real a impor-se ao virtual, esta afinidade perfeita. Não, o Luís é o “blogger” que eu não quero conhecer.
A Natureza do Mal está a fazer um ano. Parabéns ao Luís, à Sofia, ao André e ao PC.
|| asl, 01:19 || link || (0) comments |

sexta-feira, junho 25

Os jornalistas da selecção (III)

Um dia destes – depois do jogo com a Rússia, antes do jogo com a Espanha – a “esmagadora maioria” (TSF dixit) dos jornalistas portugueses que acompanham a selecção decidiu autografar uma camisola da equipa e oferecê-la a Scolari. Um gesto (televisionado, fotografado, em suma, noticiado, portanto público) que o próprio muito apreciou, evidentemente.

Discordei e discordo. A minha opinião é certamente, irrelevante – e, por isso mesmo, não me custa nada emiti-la. Tinha-a prometido, ei-la.

1. Este tipo de iniciativas permite pôr em causa, muito legitimamente, o distanciamento crítico dos jornalistas face ao seleccionador. Nem eu nem ninguém no universo dos consumidores de informações quer isto, suponho. Os jornalistas não fazem parte da selecção. Estão de fora e é aí que devem estar. A credibilidade do trabalho jornalístico passa também por cuidar da aparência dessa credibilidade – e não só do seu conteúdo. A história da mulher de César também se nos aplica.

2. Serei eu pela manutenção de uma relação de hostilidade permanente entre os jornalistas e os seus interlocutores? Não sou. Acho até contraproducente, na maior parte dos casos. Mas entre isto (a hostilidade) e o que se passou (a aparência de um excesso de companheirismo) há um ponto de equilíbrio, que me parece ter sido ultrapassado.

3. Por mais difícil que seja, os jornalistas não têm de se associar ao fervor nacional que rodeia a selecção. Retratam esse fervor – não fazem parte dele, pelo menos enquanto desempenham funções profissionais de cobertura das actividades da selecção (o que era o caso). Admito que seja mais confortável ir com a maré. Que até dê mais audiências. Mas isso já está para lá do jornalismo. Já só é “infotainment”. É nisso que se transformaram os relatos de rádio, por exemplo (o que não é de hoje, muito pelo contrário). Mas convém que o exemplo não se alastre aos outros “media”. Chegado aqui, deixem-me perguntar: teria a oferta sido feita se Scolari tivesse na mó de baixo? Resposta: Sei apenas que não foi.

4. Um gesto destes tem outro problema: uma manobra de grupo desta dimensão torna os jornalistas menos independentes não só em relação ao visado (Scolari) como, sobretudo, em relação uns aos outros. Ou seja, dilui a concorrência “inter pares”, que é uma das melhores garantias da qualidade do jornalismo. Além do mais, coloca na posição de ostracizados (maus da fita, ovelhas negras, o que se queira) os que decidiram, com todo a legitimidade, não alinhar. É injusto.

5. Enfim, numa palavra: não havia necessidade.
|| JPH, 16:00 || link || (0) comments |

Ei-la: a análise de jogo que todos esperavam

Scolari Esteve bem, muito bem, completamente bem. A equipa venceu com as decisões que ele tomou. Parece agora claro que a equipa está com ele. Quanto ao país, já não restam dúvidas. Queira o destino que fique à frente da selecção depois do Euro. É preciso alguém assim para levar a rapaziada até ao Mundial.

Figo Jogou bem, mas já o vi muito melhor. Esfalfou-se. Porém, ao ser substituído portou-se mal. Amuou, foi para o balneário - são assim, as divas. Teve azar: quem o substituiu (Postiga) marcou. Scolari, que não quer mais guerras, teve o cuidado de dizer que o viu no balneário "com a Nossa Senhora de Fátima na mão, escutando os penaltis". É possível. Mas por quem estaria a rezar? Por ele ou pela equipa? Figo parece estar a lidar mal com o princípio do fim da sua carreira. É melhor que se comece a habituar à ideia de que já não tem pernas para um jogo inteiro (sobretudo um jogo como este). Prefere o quê? Entrar ao princípio e ser substituído a meio? Ou esperar e substituir alguém e, eventualmente, até ajudar a salvar o jogo, como Rui Costa já fez por duas vezes?

RTP Porque carga de água não conseguiam filmar a baliza toda durante os penaltis? O problema é este: um tele-espectador só percebe a maior parte dos golos no momento em que a bola toca nas redes. Mas, na RTP, o fundo da baliza (do lado esquerdo de quem rematava) não se via. Resultado: por fracções de segundo ficávamos sem saber se a bola tinha entrado ou não. Resolvam lá o problema rapazes. De resto tudo quase excelente (enfim, falta o Mourinho, mas não se pode ter tudo).

Postiga Teve o mérito de não falhar um golo óbvio, o que, na selecção, é raro. Depois elogiaram-lhe muito a forma como marcou o seu penalti. Para mim, foi pura criancice. Que vá aprender com o Ricardo. Força e pontaria - assim é que se marcam penaltis. Mas, no cômputo geral, esteve muito bem. Talvez tenha conquistado o seu lugar no campo, retirando-o a Pauleta. Por mim, tenho pena do Pauleta (aquele sotaque micaelense mata-me). O que interessa, porém, são os superiores interesses da Nação. Tudo pela Nação, nada contra a Nação - essa é que essa.

Ricardo Ainda não sofreu nenhum golo por culpa sua. Durante os penaltis, passei o tempo todo a gritar-lhe para se atirar para o seu lado esquerdo. Quando me ouviu, defendeu. Cumpriu, com excelência, a aposta de altíssimo risco de Scolari que foi deixá-lo marcar um penalti, por sinal decisivo. Se tivésse falhado, bem teríamos que ouvir o sr. Pinto da Costa e os seus lacaios. Acabou-se o drama Baía?

Jorge Andrade, Ricardo Carvalho, Maniche, Nuno Valente, Miguel Todos muito bem, como de costume. O primeiro golo inglês resulta de uma fífia de Costinha. O segundo do próprio mérito de quem o marcou, mais do que do demérito da defesa. Rui Jorge e Beto (que ainda não entrou) não deixam saudades. É a vida.

Rui Costa Faltam adjectivos para o golo que marcou: assombroso, luminoso, maravilhoso. Tanto que se lhe perdoa o penalti falhado. Terá já percebido que é melhor (para si e para a equipa) ser utilizado assim do que entrar no "onze" inicial?

C. Ronaldo Teve de se haver durante todo o jogo com um infernal Ashley Cole. Nunca desistiu. E, além de assustar a defesa inglesa, ainda conseguiu, bastantes vezes, ir lá abaixo dar uma ajuda à sua própria defesa. Um puro-sangue! Oxalá a fama não lhe suba (excessivamente) à cabeça.

Árbitro Só um adjectivo: não gostei.

Durão Elogiou a "remodelação" que Scolari fez na equipa do primeiro jogo para o segundo. Pois...

O futuro? Sei lá! Uma certeza só: os pobres não serão menos pobres se a selecção for campeã.
|| JPH, 13:09 || link || (0) comments |

Ao João

Parabéns a você
nesta data feliz
muitas felicidades
muitos anos de vida

Hoje é dia de festa
cantam as nossas almas
pró menino João
Uma salva de palmas!


(Clap, clap, clap, clap, clap)

PS - Parabéns João! Continua, qu'a gente merece-te. Mas volta ao template anterior (o do farol). Embora ligeiramente efeminado, era mais giro. Abraços do Glória Fácil.
|| JPH, 12:42 || link || (0) comments |

quinta-feira, junho 24

Now I'm addicted

Converteram-me à vertigem deste fado: futebol, felicidade
|| asl, 23:29 || link || (0) comments |

Disseram "patriotismo moderno"?

Até ver, é o golpe publicitário do ano! A tradução "marqueteira" do famoso "patriotismo moderno" defendido pelo Presidente da República. Terá sido a ideia dos artistas que congeminaram a campanha da "Força Portugal!"? É que parece. Hoje o DN distribui umas orelhas de burro com as cores da bandeira portuguesa. Um golpe de génio, não há dúvida. Só espero não me sentir obrigado a usar aquilo - depois do jogo, claro.
|| JPH, 12:53 || link || (0) comments |

Passes sociais

Aposto que a ideia da discriminação nos preços dos passes sociais consoante os rendimentos dos utentes é mesmo - só pode ser! - baixar os preços para os mais pobres. Ou não?
|| JPH, 12:45 || link || (2) comments |

quarta-feira, junho 23

Ai comandante, comandante...

Que um grupo de terrorista degole um refém, filmando e tudo, indigna-me - mas não me espanta. Que uma democracia torture presos, indigna-me - e espanta-me.

Percebeu a diferença, comandante? Como é que, ao fim deste tempo todo, depois de tantas e tantas discussões, ainda lhe leio estes disparates, caro Nuno? É falta de assunto? Como, com tanta bola à solta?

PS - Ando há que tempos para dizer isto. Aproveito agora a oportunidade, visto estar a dirigir-me ao Mar Salgado. E é assim: registaram-se nos últimos dias vários abandonos (totais ou parciais) da blogosfera. De todos, o que mais lamento, verdadeiramente lamento, é o de FNV, do Mar Salgado. As suas prosas, como ele as escrevia no blogue, fazem falta ao espaço público português. Na blogosfera ou noutro lado qualquer. Que regresse assim que possa. Ou então que mude de ideias - e não saia. Está a tempo, acho eu.
|| JPH, 18:02 || link || (2) comments |

Momento de poesia lux

...E o mais charmoso blogger português derramava o seu encanto, qual Prestige a espalhar crude nos mares da Galiza, pela causa...
(Digo? Não digo? Não digo. Isto é um blogue, mas há que manter o mínimo de 'gravitas')
|| asl, 17:28 || link || (0) comments |

Um ano de Avatares

Parabéns ao Bruno, do Avatares de um Desejo, pelo aniversário.
|| asl, 15:57 || link || (0) comments |

Os jornalistas da selecção (II)

Não me esqueci da promessa de voltar a este tema. Com tempo, com tempo
|| JPH, 15:56 || link || (0) comments |

A festa

Partilho, palavra a palavra, do que a Ana disse sobre o Prof. Vital Moreira. Foi muito agradável a conversa de ontem e ouvi-lo falar de "uploads" e censurar-me veladamente por em tempos ter aqui gritado contra a "esquerda burra" que censurava o assassinato do sheik Hassin (líder do Hamas) pelas tropas israelitas.

No entanto, devo dizer que ontem voltei a prevenir quem que me quis ouvir - o prof. Vital Moreira foi um deles - que estes alegres convívios não nos podem tornar excessivamente moles uns com os outros. Assim não tem graça. Como alguém já disse, o que faz falta "uma certa atmosfera de ódio" (isto não é para levar à letra mas creio que percebem a ideia).

Eu, a Ana e a MJO - o Simas baldou-se, claro - chegamos atrasados, como de costume. Puseram logo a circular a ideia de que nos atrasamos de propósito para não assistir ao número de "stand up comedy" do Luís Filipe Borges. Especulação, pura especulação.

PS - Eu, que já não era grande apreciador do Chico Buarque, fiquei ontem a odiá-lo definitivamente. A culpa não é minha, juro: é do Daniel Oliveira, que cantou a longuíssima "Geni e o Zeppellin" do princípio ao fim, sem falhar um verso sequer. O Abramovich, atracado ali ao pé, não percebeu que o Daniel se estava a meter com ele.
|| JPH, 15:35 || link || (0) comments |

Açores em São Bento

Quem gosta do clima açoriano é ir até ao Parlamento. Os ares condicionados estão desligados. O tempo lá dentro está quentinho e ligeiramente húmido. Só falta mesmo uma ligeira brisa e mar à volta. Há quem suspeite que a culpa é de um micaelense chamado João Bosco Mota Amaral, presidente daquela casa. Eu, que nem sou de más línguas, limito-me a dar conta da ocorrência
|| JPH, 15:31 || link || (0) comments |

Como eu perdi o medo do prof. Vital Moreira

O prof. Vital Moreira é um mito vivo há trinta anos. O prof. Vital Moreira é um “histórico” – um “histórico” da Constituinte, um “histórico” dos renovadores do PCP, um “histórico” da história recente. O prof. Vital Moreira tem a sua imagem associada a estruturas com excesso de “gravitas” (o Tribunal Constitucional, por exemplo) e sempre, na televisão, aparecia “très grave, excèssivement grave”. E depois, pertence à Universidade de Coimbra, vive na famosa Lusa Atenas, cujos rituais tribalísticos são, para mim, de longe mais incompreensíveis que os de Atenas. Eu sempre tive medo do prof. Vital Moreira, com quem nunca tinha falado na vida.
Quando o “Causa Nossa” começou, rapidamente o prof. Vital Moreira se tornou a revelação “blogger” do ano – atento, rápido, eficaz, intercomunicante. Foi no “Causa Nossa” que se começou a descobrir um “outro Vital Moreira”, despojado de “gravitas”. Ontem, pela primeira vez na vida, falei com o prof. Vital Moreira. No Lux, na festa dos seis meses do Causa Nossa. O que estou a escrever neste post disse-lho ontem, meia basbaque. O prof. Vital Moreira que estava à minha frente no Lux não tinha às costas o peso da Lusa Atenas e do Tribunal Constitucional – parecia aquilo que, numa linguagem talvez demasiadamente desprovida de “gravitas” se chama “um tipo porreiro”. Não sei se isto é a mística dos blogues ou o que é, mas o que seja é muito bom.
|| asl, 14:14 || link || (0) comments |

terça-feira, junho 22

Os jornalistas e a selecção (ou melhor: os jornalistas da selecção)

Ouvi dizer, na TSF, que a "esmagadora maioria" dos jornalistas portugueses que cobrem as actividades da selecção nacional autografaram uma camisola (da dita selecção), oferecendo-a depois a Scolari, que gostou muito da iniciativa.

Este é o tipo de gestos "jornalísticos" sobre os quais há uma imensidão de coisas para dizer. Muitas coisas - e todas muito simples. Talvez o faça, eu próprio, em percebendo algo mais do que o niquinho de informação que a TSF disponibilizou.

Para já, estou contra. Radicalmente contra. E dispenso-me de adjectivos.
|| JPH, 19:23 || link || (0) comments |

segunda-feira, junho 21

(De) Tanto amar (o Chico)

Filipe, não ligue ao que o JPH escreveu aí em baixo a propósito dos nossos delírios buarqueanos. O JPH é mesmo assim e, o infeliz, não pode dizer como nós: "Amo-o tanto/e de tanto amar/acho que ele é bonito".
(Só há bocado vi o Tanto Amar, e os beijinhos, agradecidos tarde e a más horas)
|| asl, 22:42 || link || (0) comments |

Festa do solstício

Seis meses de Causa Nossa e o solstício de Verão são comemorados amanhã à noite no Lux. Uma festa, como dizem os organizadores, para que a blogosfera, por um dia, deixe de ser virtual. Mais uma festa, portanto, com diálogos assim:
- Ah você é que é o tal, o do blogue tal? Mas não tem cara disso!
|| asl, 22:31 || link || (1) comments |

Sex, lies and weapons of mass destruction

Nã... não vou escrever sobre o sr. Jorge Dabliu!
Pronto, afinal, vou!

Esta tese não é minha. É de um eurodeputado espanhol, Miguel Angel Martinez, que esteve este fim-de-semana em Lisboa. Defende ele que se Bill Clinton enfrentou um impeachment por ter mentido sobre as suas relações com a Monica Lewinski – não entremos em pormenores técnicos -, por que não acontece o mesmo com as mentiras do sr. Jorge Dabliu? Não mentiu ele aos americanos e ao mundo sobre as armas-de-destruição-maçica-do-sr.-Saddam-que-afinal-ainda-não-apareceram-à-luz-do-dia?
Bem visto!
|| portugalclassificado, 18:48 || link || (0) comments |

Portugal-Espanha 1-0 (III)

(…) É só para dizer que quando o Nuno Gomes marcou o golo, os espanhóis que ocupavam uma mesa enorme na taberna espanhola, bateram palmas e gritaram: “Portugal! Portugal”. Finalmente, chegava a hora do “bom exemplo”. De seguida, mandámos vir uma tortilha.
|| asl, 15:41 || link || (0) comments |

Análise política de jogo

1. Teve uma virtude, esta vitória da selecção: interrompeu essa imensa pastilhada chico-buarquiana que percorria a blogosfera. Obrigado rapazes!

2. Sim, meti o pé na poça: achava impossível que Portugal vencesse a Espanha. Enganei-me. Na verdade, o que me apetecia era ver não sei quantas bandeiras a arder. Isso tinha graça. Fica prá próxima.

3. Os moços esgadanharam-se. Mesmo se perdessem ou empatassem mereceriam uma palmadinha na costas. Scolari esteve bem. Arquivou uma geração e meteu a seguinte jogar. Só Figo é que - merecidamente - sobra. É a vida.

4. Agora a sério: porque é estrangeiro, porque tem autoridade própria, porque tem um currículo impressionante, Scolari conseguiu desmembrar a facção Baía/Couto/Figo/R.Costa. O momento decisivo é a não-convocação de Baía. Imagine-se a intrigalhada que não semearia face à (excelente) decisão de tirar a titularidade a Rui Costa. Scolari fez política - e fez bem.

5. A equipa deixou de jogar exclusivamente para Figo. Agora joga para Figo e para Deco e para Cristiano Ronaldo. Torna muito mais difícil o jogo do adversário. Esta é a chave do sucesso.

6. Cristiano Ronaldo é o futuro. Mas o moço, se repararem bem, tem um problema: excesso de velocidade. Passa o primeiro mas já não passa o segundo - adianta demasiado a bola. Quando resolver este problema, será melhor do que Figo.

7. Nuno "Gomes" marcou um golo miraculoso. Tudo bem, gostei. Mas chateia-me que se falhem golos óbvios. Ontem isso aconteceu com um cabeceamento estupidamente displicente do Costinha, que nos iria dar a tranquilidade do 2-0. Já no jogo com a Grécia, Rui Costa tinha feito o mesmo. Quando se falha o óbvio, só nos restam milagres. E Nuno "Gomes", como se sabe, só faz destas de quatro em quatro anos.

8. A TVI marcou imensos pontos ao ter José Mourinho a comentar. Por um lado, é daqueles que, naquele papel, pensa o que diz. Por outro, não disse tudo o que pensava. Por exemplo, que aquela era, no fundo, a "sua" selecção - embora fosse.

9. O futuro? Prefiro a Inglaterra. É giro esmigalhar bifes. E se, por vingança, eles destruirem o que resta da Oura, é pró lado que durmo melhor (desde que ninguém se magoe, claro). Seria um óptimo gesto de sanidade turística-ambiental.
|| JPH, 13:29 || link || (0) comments |

As bandeiras no Marquês

E pronto... comprei as minhas 10 bandeiras de Portugal para decorar as dez janelas lá de casa. Se a festa foi como foi ontem - por «passarmos» aos quartos de final do Euro 2004 - imagino o que será a selecção for à final!? Imagino que posso emprestar as minhas 10 bandeiras aos meus vizinhos para eles secarem o mar de lágrimas (de alegria, claro) que inundará Lisboa e o nosso lindo Portugal!

Ontem, no Marquês de Pombal, depois da vitória de Portugal sobre a Espanha, assisti a cenas de comovedora convivência ibérica... Um grupo de adeptos espanhóis, vestidos a rigor, acenava, com ar cabisbaixo, é certo, para a esfuziante multidão que parou o trânsito em Lisboa. Um deles agitava uma pequena bandeira das quinas. Foram breves momentos de comunhão ibérica. Ao meu lado, uma senhora, vestida com a camisola do Figo, não conseguiu segurar as lágrimas.

Depois, apanhei o Metro e fui para casa.


|| portugalclassificado, 13:28 || link || (0) comments |

Portugal-Espanha 1-0 (II)

Éramos para ir até ao Fun Parque, na Expo, mas desisti a tempo. Telefonei a X, que tinha combinado com Y e Z ver o jogo num alegado “café” algures no Chiado. Não sabia o nome, mas subia-se à esquerda, virava-se à direita, descia-se um degrau e era em frente.
Quando chegámos, ainda não havia sombra de X, Y ou Z. A coisa, o “café”, tinha muito bom ar e um écran gigante. Olhei para a lista das comidas, afixada na parede:
- Calamares
- Chouriço assado
- Queijo manchego
- Pimentos de Padrón
- Tortilhas
- Tapas variadas
Estávamos numa taberna espanhola. Estúpida e subitamente, o efeito Scolari abateu-se sobre a minha cansada cabeça. Era, acima de tudo, urgente evitar que o miúdo percebesse que aquilo era uma taberna espanhola.
Apetecia-me queijo manchego, mas com queijo manchego na mesa ainda tinha que explicar o que era a Mancha, processo naquela hora totalmente evitável. Mandámos vir chouriço assado.
|| asl, 11:55 || link || (0) comments |

Portugal-Espanha 1-0 (I)

Lá em casa a educação é politicamente correcta e os espanhóis são nossos amigos. O sr. Scolari estragou tudo, com aquela enormidade de que não falava com espanhóis, porque era “português” e isto era uma “guerra”. Ontem, algumas horas antes do jogo, eu estava a ler a entrevista que o prof. Samuel Huntington deu ao “El Pais” de ontem, onde diz e não diz que os hispânicos vão destruir a grande nação americana.
- Um jornal espanhol, no dia de hoje?
Adriana Calcanhotto cantava o “Clandestino”, de Manu Chao.
- E ainda por cima música espanhola!
A criança cedera à mensagem do sr. Scolari, deitando ao lixo dez anos de educação ibericamente correcta. Suspirei a minha impotência desgraçada.
|| asl, 11:31 || link || (0) comments |

domingo, junho 20

Impressões acerca de Nuno Simas antes de saber que estava perante o Nuno Simas

Ontem de manhã, subo as escadas do Palácio Foz, e vejo um jornalista, na antecâmara do salão nobre. Topo logo que é um jornalista da imprensa escrita: mesmo que não tivesse reparado no bloco que tinha nas mãos (havia ainda os óculos e a mala a tiracolo), seria fácil ver que não foi ali para ouvir os maçons do Grande Oriente Lusitano. Até porque não usava o conjunto (cinzento) fato e gravata.
O jornalista vai tirando algumas notas, deambula entre o salão e a varanda do pátio interior do Palácio, fuma um cigarro, observa as pessoas que vão entrando. Aguarda-se a chegada de Santana Lopes. Da varanda, pergunto-lhe se a conferência já começou. Acena que não. Agradeço. Chega o presidente da câmara de Lisboa e agora é a vez de ele me perguntar as horas, que anota no seu caderninho. Depois, cada um vai ao seu trabalho. Volto a vê-lo à porta do Palácio Foz, vou eu dentro de um táxi a caminho da redacção.
Hoje, chego ao jornal, começo a ler o Diário de Notícias e fico espantada: então não é que estive com o Nuno sem saber que ele era o Nuno?! Telefono à Ana, para contar o episódio. Ela ri. Telefono ao João Pedro. Ele diz que estas coisas só me acontecem a mim…
|| Anônimo, 17:32 || link || (0) comments |

sábado, junho 19

Chico homem

Chico Buarque consegue escrever como se fosse uma mulher, coisas maravilhosas mas sempre sofridas, torturadas (à excepção, talvez, de "O meu amor"). Mas o Chico também é muito bom a falar como homem, nas rupturas amorosas, como "A Rita" ou "Trocando em miúdos" (quando Chico fala como homem, as rupturas amorosas são dilaceradas mas nunca tanto como quando fala como mulher, há sempre uma fresta de humor, vá lá saber-se porquê...).
Este "Moto-contínuo", de 1981, é Chico-homem.
(Leiam o que o Ivan escreve na Praia. Eu, se tiver que me situar de um lado, e felizmente ninguém me obriga, mas se tivesse que me "situar", escolhia o Vinicius/Chico. O Pedro Adão e Silva também tem um texto muito bom no País Relativo: ele percebe o que o Chico Buarque provoca nas mulheres).



Moto-contínuo

Um homem pode ir ao fundo do fundo do fundo se for por você
Um homem pode tapar os buracos do mundo se for por você
Pode inventar qualquer mundo, como um vagabundo se for por você
Basta sonhar com você
Juntar o suco dos sonhos e encher um açude se for por você
A fonte da juventude correndo nas bicas se for por você
Bocas passando saúde com beijos nas bocas se for por você
Homem também pode amar e abraçar e afagar seu ofício porque
Vai habitar o edifício que faz pra você
E no aconchego da pele na pele, da carne na carne, entender
Que homem foi feito direito, do jeito que é feito o prazer
Homem constrói sete usinas usando a energia que vem de você
Homem conduz a alegria que sai das turbinas de volta a você
E cria o moto-contínuo da noite pro dia se for por você
E quando um homem já está de partida, da curva da vida ele vê
Que o seu caminho não foi um caminho sozinho porque
Sabe que um homem vai fundo e vai fundo e vai fundo se for por você
|| asl, 20:19 || link || (0) comments |

Não, não citamos a Bíblia, mas citamos o Estradas Perdidas

Isto de andar afastada das lides bloguísticas dá nisto: só hoje descobri que o Nuno Ferreira tem um blogue (desculpa Nuno) e que é uma delícia ler o que ele escreve.
|| Anônimo, 19:54 || link || (0) comments |

Nos 60 anos do Chico

Como o João, eu gosto de tudo do Chico Buarque. Olho para o site do Chico, à procura de uma coisa para gravar aqui no blogue e perco-me. Por agora, fica o Fado Tropical, tão lindo, tão lindo, tão hiper-realista.




Fado tropical Chico Buarque - Ruy Guerra/1972-1973
Para a peça Calabar de Chico Buarque e Ruy Guerra


Oh, musa do meu fado
Oh, minha mãe gentil
Te deixo consternado
No primeiro abril
Mas não sê tão ingrata
Não esquece quem te amou
E em tua densa mata
Se perdeu e se encontrou
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal

"Sabe, no fundo eu sou um sentimental
Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dose de lirismo...(além da
sífilis, é claro)*
Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar
Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."


Com avencas na caatinga
Alecrins no canavial
Licores na moringa
Um vinho tropical
E a linda mulata
Com rendas do Alentejo
De quem numa bravata
Arrebato um beijo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal


"Meu coração tem um sereno jeito
E as minhas mãos o golpe duro e presto
De tal maneira que, depois de feito
Desencontrado, eu mesmo me contesto


Se trago as mãos distantes do meu peito
É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito
Me assombra a súbita impressão de incesto


Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadora à proa
Mas o meu peito se desabotoa


E se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa
Pois que senão o coração perdoa..."


Guitarras e sanfonas
Jasmins, coqueiros, fontes
Sardinhas, mandioca
Num suave azulejo
E o rio Amazonas
Que corre Trás-os-Montes
E numa pororoca
Deságua no Tejo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um império colonial


|| asl, 16:16 || link || (0) comments |

sexta-feira, junho 18

Eduardo, ex-português

Eduardo nasceu no mesmo ano e no mesmo país que eu: o Portugal do Minho a Timor. Ele, na Cidade da Praia, eu por aí na metrópole. Vivemos nesse país, os dois, até à terceira classe.
Eu só conhecia a Inês, e mal. Nenhuma de nós conhecia o Eduardo, o António, Catarina e Tâmara. No Mindelo, aconteceu-nos aquilo a que se chama um “encontro excepcional”, que Abraham Moles dizia ser a coisa por que valia a pena andar neste mundo. Quando largamos o aeroporto, a Inês dizia o que eu não era capaz: “Nos últimos dois dias fui feliz”.
Passei a trocar “mails” com o Eduardo, textos onde partilhamos uma obsessão comum: o império, o fim do império, o colonialismo, e a nacionalidade em trânsito. Se lhe pergunto quando vem a Lisboa, responde lá mais para o Verão e junta: “À metrópole não se escapa”. Ontem, disse-me que quando for o Portugal-Espanha, “como ex-português”, vai torcer “pelo óbvio”. E o “ex-português”, assim meio a brincar, mandou logo um impropério contra a “detestável” Espanha – tudo isto foi o que nos ensinaram até à terceira classe, e depois. E percebi como o complexo português de “ex-colonizado” por Espanha tinha colonizado o meu “ex-português”.
|| asl, 22:31 || link || (0) comments |

Rivas lê blogues portugueses

Só ontem à noite li com atenção a bela reportagem que o Manuel Rivas escreveu para a revista dominical do "El País" e devo dizer que fiquei surpreendida com a quantidade de alusões que ele fez aos blogues portugueses. Falou com o Pedro (Dicionário do Diabo) e com os autores da "Periférica" (A Oeste Nada de Novo), fez referências ao Blogue de Esquerda, ao Causa Nossa e ao Barnabé, tentou perceber a relação Portugal=Depressão (totalmente desconstruída, aliás, pelos depoimentos que recolheu) e pediu que lhe oferecessem lugares secretos.

Num momento em que o país preenche muitas páginas da imprensa europeia, a pretexto do Euro 2004, faltava ler uma reportagem como aquela que Rivas escreveu, polvilhada de palavras em português, expurgada de lugares-comuns e cheia de toques de originalidade.

Gostei muito Manolo.
|| Anônimo, 15:37 || link || (0) comments |

quinta-feira, junho 17

Sophia

Naquele Tempo

Sob o caramachão de glicínia lilaz
As abelhas e eu
Tontas de perfume

Lá no alto as abelhas
Doiradas e pequenas
Não se ocupavam de mim
Iam de flor em flor
E cá em baixo eu
Sentada no banco de azulejos
Entre penumbra e luz
Flor e perfume
Tão ávida como as abelhas

(Abril 1998)
|| Anônimo, 19:14 || link || (1) comments |

Chico

O Filipe Moura, do BDE, inaugurou a semana buarqueana: Chico Buarque, o músico perfeito, faz sábado 60 anos. O Bruno do Avatares e o Ivan d'a Praia já falaram do homem. Tarde e a más horas, o Glória Fácil associa-se à semana buarqueana, com uma pérola de 1973, a Joana Francesa, feita para um filme de Cacá Diegues, com o mesmo nome. Isto sem música e sem as fotografias do homem mais bonito do mundo (desde que morreu o Sérgio Vieira de Mello) não vale nada, mas o Glória Fácil, tecnologicamente, é um desastre.



Joana Francesa



Tu ris, tu mens trop
Tu pleures, tu meurs trop
Tu as le tropique
Dans le sang et sur la peau
Geme de loucura e de torpor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda

Mata-me de rir
Fala-me de amor
Songes et mensonges
Sei de longe e sei de cor
Geme de prazer e de pavor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda


Vem molhar meu colo
Vou te consolar
Vem, mulato mole
Dançar dans mes bras
Vem, moleque me dizer
Onde é que está
Ton soleil, ta braise


Quem me enfeitiçou
O mar, marée, bateau
Tu as le parfum
De la cachaça e de suor
Geme de preguiça e de calor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda




|| asl, 13:34 || link || (0) comments |

No fim

No fim do amor, os desamantes deviam ficar afónicos - para evitar que, imóveis e imbecis, pasmassem na rebentação das palavras inúteis
|| asl, 10:51 || link || (0) comments |

quarta-feira, junho 16

... nem eu

Preferia Boston, a cidade mais cabo-verdiana dos Estados Unidos (disseram-me há bocado)...
|| asl, 21:00 || link || (0) comments |
Ups... enganei-me. não era aqui que eu queria estar
|| Anônimo, 19:36 || link || (0) comments |

Como o milho

Na segunda-feira, ao atravessar um lugar habitual - o Campo Grande - a uma hora habitual - ainda não eram seis da tarde - apanho pela frente um grupo alegre e cantante de patriotas suecos. Eu estava com muita pressa e os alegres patriotas, gritando irreproduzíveis cantorias, pisavam ovos. Na emergência de os ultrapassar (à direita, a estrada; à esquerda, prédios) não havia alternativa se não a de abrir caminho por entre a turbazinha aparentemente afável.
E, de súbito, um "flashback" - um "flashback" poderoso, que se impôs na violência da memória intacta.
No quintal da minha avó havia um campo de milho, um enorme campo de milho. Só quem na infância brincou num campo de milho conhece a vertigem: o gigantismo do milho provoca num miúdo a ilusão de que desbrava a floresta amazónica. Mas não se tem medo, as folhas são doces, flexíveis, cedem sem dificuldade.
E então, ao ultrapassar o grupo de patriotas suecos, o meu metro e setenta irrompeu no campo de milho. Gigantes, calorosos, com braços flexíveis que cederam sem dificuldade quando os afastei para abrir caminho, o grupo patriótico, transformado em "flashback",que é como quem diz em milho, deu-me imensa vontade de rir.
Quando, mais à noite, a Suécia ganhou por 5 a 0 à Bulgária, fiquei contente. Por mim, mereciam.
|| asl, 11:03 || link || (4) comments |

terça-feira, junho 15

É importante...

...ler o que Alexandre Monteiro escreveu sobre o caso do arqueólogo náutico Francisco Alves, há tempos inocentado de envolvimento no "processo Casa Pia".
|| JPH, 17:04 || link || (0) comments |

Digo, não digo, digo, não digo,

Digo! (Que se lixe!)

Folheei na "Visão", há semanas, uma reportagem sobre os artíficies das diversas campanhas eleitorais. Algumas pessoas reconheci, outras não. Disseram-me que na fotografia relativa à campanha da "Força Portugal!" figurava Paulo Pinto de Mascarenhas (PPM), com quem julgo nunca me ter cruzado (se isso já aconteceu peço desculpa por não me lembrar).

Concluo, portanto, que PPM é um dos artíficies da "banhada" (Marcelo dixit) de domingo passado. À luz desta evidência - que o próprio não recusará - interpreto a superior inteligência (e sobriedade) que PPM tem revelado nos seus comentários aos resultados de domingo.

A mim dizem-me que há no PS e no BE quem faça figas para que PPM continue a deter responsabilidades no "marketing" da coligação. Por mim desconfio, como de costume.
|| JPH, 14:34 || link || (0) comments |

domingo, junho 13

A culpa do Santo António

N. acabou por não votar. Quando passou pela mesa de voto, às seis e meia da manhã, ainda havia trancas na porta. Quando se levantou, o dia eleitoral estava no fim. O Santo António na Bica provocou esta abstenção, evitável se o decreto de convocação das eleições tivesse previsto as consequências do Santo António.
|| asl, 20:53 || link || (0) comments |

Boas razões ou razões nenhumas

No ano passado, tinha uma boa razão para faltar ao Santo António. Nos outros, não me lembro de uma válida - aquela patetice do costume, a do "não ter paciência", pode deitar ao lixo um sem-fim de coisas.
|| asl, 18:38 || link || (1) comments |

Santo António na Bica forever

Não sei se a massa humana e aparentemente feliz que se juntou no Santo António "alternativo" da Bica e viu nascer o sol a dançar na rua ou nas varandas arranjou forças para ir votar. Eu saí antes de o elevador, parado no cimo da calçada da Bica Duarte Belo, entrar ao serviço. Mas imagino o "maquinista" hesitando entre o mar de gente. Não houve marchas, os balões rebentaram de manhã.
|| asl, 18:25 || link || (0) comments |

O post foi published

A sério, andei aqui à luta sem conseguir abrir o "blogger". Mas sim, acho que sim, que agora já não me vou esquecer mais da "password".
|| asl, 18:21 || link || (5) comments |

Bom dia

Vou ver se ainda sei mexer nisto.
|| asl, 18:18 || link || (1) comments |

Futebóis

Então, já começaram a pegar fogo às bandeirinhas? Eu, por mim, declaro-me espanhol. Ou melhor: como diria Luís Figo, cidadão desse "país conjunto" que é a Península Ibérica.

PS - Como é evidente, a passagem da selecção pelo Euro acabou. Ou acham que é possível vencer a Espanha? Estareis doidinhos?
|| JPH, 17:07 || link || (0) comments |

sexta-feira, junho 11

A lota continua

O tribunal decretou a perda de mandato a Avelino Ferreira Torres. E uma pena de prisão de três anos mas com pena suspensa (quer dizer: não vai preso). A lota continua, portanto. Mais uma razão para não pendurar bandeirinhas na janela.
|| JPH, 16:30 || link || (0) comments |

quinta-feira, junho 10

Uma certeza

Regressado do país das campanhas eleitorais - dos mercados, das lotas e das mortes - resta-me uma certeza: nas janelas de minha casa não verão nenhuma bandeira de Portugal. O país desinteressa-me.
|| JPH, 18:15 || link || (1) comments |

sábado, junho 5

Um génio criador (III)

O primeiro grande projecto para PortoGaia (ou PortuGaia?) poderia ser a construção de um túnel debaixo do Douro a unir as duas margens da(s) cidade(s). Como o Governo está a fazer um estudo técnico para fazer um túnel no Tejo, em Lis Boa (ou será Liz Boa), fica aqui a ideia!
...
Não tem de quê...
|| portugalclassificado, 17:09 || link || (1) comments |

Bem visto, sr. Rumsfeld!

Iraque: Risco de guerra civil em caso de fracasso dos EUA, Rumsfeld

Singapura, 05 Jun (Lusa) - O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, afirmou hoje em Singapura que um fracasso dos EUA no Iraque teria como alternativas a guerra civil, um desmembramento do território ou o regresso de uma "versão reduzida" de Saddam Hussein.


Muito bem, sr. Donaldo, tem razão: é evidente que hoje os iraquianos vivem em «paz civil»...
|| portugalclassificado, 17:03 || link || (0) comments |

Um génio criador (II)

Já sei. O dr. Luís Filipe deve ter ido recentemente a Buda Peste...
|| portugalclassificado, 16:54 || link || (0) comments |

Um génio criador

Luís Filipe Menezes é um génio na criação de factóides, de pseudo-factos políticos!!!

Porto, 04 Jun (Lusa) - O presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes, admitiu hoje demitir-se para facilitar a transformação de Porto e Gaia numa só cidade.

"Se os obstáculos para que Porto e Gaia se transformem numa só cidade estão relacionados comigo, abandono, já hoje, o meu cargo", afirmou Luís Filipe Menezes, à margem da apresentação do balanço do seu trabalho na autarquia desde 1998.

Luís Filipe Menezes afirmou que a união das duas cidades vizinhas "é um grande projecto que valia a pena concretizar pela região e pelo País".

Agora as cidades também se abatem?
Simplesmente inovador! O dr. Luís Filipe é um vanguardista! PIM!



|| portugalclassificado, 14:09 || link || (1) comments |