...para Ana Sá Lopes (asl), Nuno Simas (ns) e João Pedro Henriques (JPH). Sobre tudo.[Correio para gfacil@gmail.com]
sábado, setembro 30
o bebé portas e o bebé marcelo
quando em 1998 marcelo e portas fizeram campanha pelo NÃO, então como líderes do psd e do pp, juravam que a criminalização que a lei de 1984 (que está ainda em vigor) impõe às mulheres grávidas que decidem abortar sem pedir a um médico que decida por elas não interessava porque nunca se aplicava. nove anos e vários julgamentos depois, querem que se aplique a suspensão dos julgamentos.
note-se que marcelo e portas (este último membro de um governo de 2002 a 2005, altura em que decorreram vários julgamentos por aborto) não consideraram que até agora, 'às portas' do prometido novo referendo, a sua consciência moral e cristã lhes impusesse a proposta que agora se preparam para 'dinamizar' no parlamento. nem lhes terá ocorrido em 1998, quando festejavam algo atónitos uma vitória que até ao último momento lhes parecera impossível (marcelo chegou a admitir a derrota e clamar pela 'não validade' do referendo devido ao reduzido número de votantes) que a partir daí os actores judiciais iriam ter motivos acrescidos para cumprir a lei tal como é. não. nessa noite, o que se ouviu de um portas impante de sorridente beatitude foi 'ganharam os bebés'.
alegar que se pretende suspender a criminalização das mulheres que abortam é, mais uma vez, querer varrer o assunto aborto para debaixo do tapete. haverá abortos, claro, de todos os géneros -- os do citotec feitos em casa por adolescentes com cinco meses de gravidez que vão parar ao hospital a esvair-se em sangue e com o feto dentro de um saco de plástico e os das clínicas de 700 euros e os das enfermeiras de 500 euros -- e criminalização, claro (suspender processos não é 'descriminalizar') mas espectáculo de julgamentos, não. ficará tudo nos corredores da pj e do ministério público e nos gabinetes de um juiz magnânimo, que decidirá a 'injunção' a aplicar à arrependida criminosa (casos houve em que processos de aborto foram suspensos e a abortada obrigada a prestar serviço numa daquelas associações de ajuda às grávidas sem recursos, tipo ajuda de mãe, género 'vê bem como estas são melhores que tu, esfrega o chão que elas pisam').
não era que houvesse dúvidas, mas com esta proposta portas e marcelo e demais beatos das aparências demonstram bem, no seu afã de mais uma vez varrer a questão do aborto para debaixo do tapete, qual a única vitória que lhes interessa. não é a tal 'dos bebés', de certeza. essa nunca esteve em causa -- nem podia: a lei que há, se impede algum aborto, é por miséria ou desorientação extrema. não foi, até hoje, o medo da prisão ou do julgamento, nem sequer da dor e da morte, que impediu as mulheres de abortarem. e se até há uns anos a pobreza podia impedi-lo (nem todas conseguiam arranjar 400 ou 500 euros para pagar o 'serviço') agora, com os comprimidos de citotec, quaisquer 50 euros pagam um aborto feito em casa.
não é impedir abortos nem 'salvar bebés' que portas e marcelo querem -- mas salvar a face. a deles e a daqueles que, com eles e muitos séculos antes deles crêem que o seu mundo acaba no dia em que uma mulher puder decidir por si se leva uma gravidez a termo ou não. e acaba mesmo.
|| f., 12:17
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quinta-feira, setembro 28
é isso mesmo, augusto
augusto m seabra em grande hoje no público, com 'idomeneo e a emancipação da liberdade':
'o aggiornamento democrático da igreja católica está de há muito feito. mas acho deveras extraordinário que se queira confundir a igreja com liberalismo, quando ela como corpo doutrinário e institucional lhe é por natureza estranha. e o que verifico, é que instaurada a self-fulfilling promise do 'choque de civilizações' sob a mais inaudita forma, a de 'uerra de religiões', tudo o que é considerado um ataque 'islâmico' -- 'islâmico, note-se, não necessariamente 'islamista' -- faz retomar imediatamente a lógica do 'nós' contra 'eles', levando em última instância, como nas sequelas de ratisbona, a que se oblitera que, se nos podemos reconhecer numa noção de 'ocidente', essa é a das sociedades democráticas fundadas na emancipação das liberdades e também das tutelas eclesiásticas.'
|| f., 18:14
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factos e valores e seus juízos
e não é que o problema é mesmo esse, caro joão miranda? desde o iniciozinho.
|| f., 17:44
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é mais ou menos isto
ler a
shiznogud (but she is) sobre a tal de ivg. ou de aborto, mesmo.
|| f., 16:56
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a explicaçao nº 346
entre os ecos da entrevista que em 1994 fiz a pedro arroja para a grande reportagem (
republicada abaixo) e que
o blasfémias fez o favor de investigar e juntar em ramalhete, surgiu agora (ou já tinha surgido e eu, distraída, não não dei por nada) a ideia de que a entrevista teria sido 'martelada'. quem o sugere é um anónimo (e como não?) que se diz amigo do senhor economista. muito interessante: então aquilo não são, afinal, as ideias de arroja, mas umas elucubrações delirantes aqui da je (e que carreira no show biz que se perdeu -- ou não).
só não se percebe por que motivo o dr (ou prof ou prof dr) arroja não fez o favor ao país em geral e aos seus amigos em particular de desmascarar a impenitente armada em jornalista que ainda por cima, imagine-se, gravou a entrevista, com um competente processo em tribunal, daquele género dos que recomenda a quem experimentar medicamentos que não prestam.
hum?
bem me parecia.
|| f., 13:19
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apre
já não chegava a desgraça do que aconteceu na ópera de berlim, ainda tinhamos de ouvir gente como o vasco graça moura (esta manhã na tsf) a jorrar disparates sortidos sobre o assunto.
dizia o excelso deputado europeu e poeta e cronista e, aparentemente, homem de cultura, que a culpa é do politicamente correcto.
se há coisa de que eu estou verdadeiramente farta é de ouvir gente que tem a obrigação de saber usar as palavras usar a expressão 'politicamente correcto' a propósito de tudo e de nada. politicamente correcto, sr dr prof poeta deputado vasco graça moura, é exactamente o que o encenador fez: usou cabeças degoladas de figuras religiosas variadas e não só a de jesus ou só a de maomé ou só a de buda.
a decisão de suspender a peça é pura e simplesmente estúpida e pusilânime. e, como o vasco graça moura (também) disse, atraiçoa o espírito da europa.
misturar isso com o protesto de durão barroso sobre o facto de os líderes europeus não terem 'defendido' o papa é outro disparate. o papa é um líder religioso, disse o que quis dizer (ninguém me venha convencer que não sabia o que estava a dizer, não o tenho na conta de tontinho), e depois resolveu dizer que não era bem aquilo. ok, problema dele. a europa não é uma entidade religiosa. não tem de acorrer em socorro de nenhum líder religioso. só tem de se opor a reacções violentas e inanes, venham elas donde vierem, e defender a liberdade de pensamento e de expressão. era o que faltava que os governos europeus tivessem agora que andar a interpretar -- da forma mais benigna, claro, que há outras, como é evidente e foi bem frisado por rui tavares na sua crónica de sábado no público (
'o paleólogo', ler no pobre e mal agradecido) -- discursos de líderes religiosos para explicar a outros líderes religiosos.
a europa não tem uma questão religiosa com o islão. e se o islão tem uma questão religiosa com a europa, não é por causa do cristianismo de certeza -- é por causa da laicidade. e não é por haver quem queira, de propósito ou por azar, frisar dicotomias religiosas, que vamos todos agora, de espada na mão, travar-lhe as batalhas. era mesmo só o que faltava.
|| f., 12:24
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deve DE ter caído na impressão
aquilo do direito à Vida deve DE ser da vida privada, não acham?
|| f., 12:16
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nao sao causas, senhor, nao senhor
o correio da manhã tem. parece, um estatuto editorial. e ontem, vá-se saber porquê, espetou com ele na página 48.
entre 14 pontos do mais variado que se possa imaginar -- da certificação de que o jornal respeita a constituição da república (e tinha escolha?) até à exigência 'aos seus profissionais' de 'obediência empenhada a todos os códigos deontológicos que regem a actividade jornalística' (são quantos, afinal?), e à 'luta pela construção de uma opinião pública informada, interveniente, instrumento fundamental de um Democracia adulta', passando pelo 'apoio intransigente à Paz entre os povos' (maiúsculas do correio da manhã, of course) e ao 'reconhecimento dos esforços das Nações Unidas em diversos campos da actividade humana' e ao estar 'sem hesitações ao lado do combate ao terrorismo e ao crime', o correio da manhã afirma que 'apoiará de forma firme a instituição Família, o direito à Vida e assume o seu apreço pelas raízes cristãs da sociedade portuguesa'.
|| f., 12:05
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faz todo o sentido, 2
os bancos portugueses, passamos a vida a ler e ouvir dizer, são entre os europeus aqueles que mais exploram os clientes. é nas taxas de juro, no spread, eu sei lá. agora, parece, é também nos multibancos. depois daquela discussão toda, há uns anos, sobre os custos do cartão -- que como toda a gente sabe permitiu aos bancos baixar astronomicamente os seus custos de pessoal e balcão e cobrar aos comerciantes qualquer coisinha pelas maquinetas que permitem pagar com multibanco (coisa pouca, não deve dar para as despesas, coitados) -- e de não sei quantos séculos a usar cartões de não sei quantos bancos sem pagar por eles um tusto furado, aterrou-me no descritivo de movimentos de uma conta da caixa geral de depósitos a primeira 'anuidade' do cartão multibanco. 7 euros e tal. do balcão dizem que não sabem o porquê da coisa ter sido assim, inopinada. que vão investigar. que também não percebem. fiquei muito mais feliz.
|| f., 11:54
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faz todo o sentido
a novis, com a qual eu passei a ter um contrato de email quando o meu servidor de email foi comprado, diz-me que para cancelar o contrato só por fax ou carta. email nem pensar.
|| f., 11:50
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quarta-feira, setembro 27
Nas trincheiras
Na recruta do meu Serviço Militar Obrigatório, até mesmo em plena semana de campo - quatro ou cinco dias a brincar aos soldados nos pinhais e pistas de combate na Carregueira, com saltos no escuro de quatro metros de altura para lagos de pedreiras às quatro da madrugada, e tudo terminando com uma maratona de praí uns 30 quilómetros até à Ajuda em que, além de carregarmos as mochilas, o cantil e a puta da G-3 tivémos de dividir entre nós um mastronço transmontano de 90 quilos que se começou a vomitar todo de exaustão nos primeiros 500 metros - dizia eu que na minha recruta do SMO (três mesitos, cousa pouca, apesar de tudo) a única maneira que arranjei que manter a saúde mental no meio daquele disparate todo foi lendo todos os dias, disciplinadamente, bocadinhos de uma edição do
Expresso que tinha para lá levado quanto entrei. Perguntam-me: o
Expresso? Respondo: sim, o
Expresso. Para já na altura era o único jornal verdadeiramente decente.
E eu, na minha falta de informação face ao que me esperava, tinha-me esquecido de pôr livros no saco. Calhou ser o
Expresso. Além disso o jornal dizia-me que havia que havia uma realidade fora do quartel(quem passou por quartéis sabe bem que são sítios fora do mundo, tanto fazendo que sejam no meio da baixa de Lisboa como no meio da serra da Gardunha) e era isso exactamente que eu queria saber: havia mundo lá fora. A ficção ou a poesia nisso não me ajudariam nada, pelo contrário.
Ora isto de ler jornais era muito mal visto entre os
brothers in arms. Calhou-me um pelotão lúmpen, de ciganos de Setúbal a pastores da Serra da Estrela passando por toxicodependentes de Chaves e trolhas dos Açores (grandes soldados, devo dizer, e não ironizo: inteligentes, fortes, organizados, tipos cinco estrelas). Os camaradinhas achavam portanto que aquilo de ler jornais uma coisa muito parva - muitos mal sabiam o abecedário -, arrogante, para não dizer completamente abichanada (eu vinha de Carcavelos, já imaginam o que é ser betinho no meio destes grunhos todos - a excepção, repito, foram os açorianos). Mas enfim: não desisti e a coisa ajudou-me a sobreviver, falo muito a sério.
Via
maradona chega-se a este extraordinário blogue: um soldado mantém no Iraque o passatempo mais improvável, a
ornitologia. Haja naquelas bandas quem se esforce por continuar saudável.
|| JPH, 11:16
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terça-feira, setembro 26
eu, jornalista de causas, para não variar
a cena do jornalismo de causas, o tal que eu supostamente pratico -- mas só quando estou a entrevistar o pedro arroja, a escrever sobre o aborto e o casamento das pessoas do mesmo sexo, os crucifixos nas escolas e a laicidade do estado e os direitos das mulheres e mais umas coisas de que agora não me lembro (é tanta causa que até eu me baralho), nunca quando faço reportagens ou posts sobre cuba, sobre a ponte aérea de 1975 das ex-colónias para portugal ou sobre a defesa da liberdade ocidental face aos fundamentalistas islâmicos ou, ainda, sobre a guerra do iraque e respectiva ocupação (aí estou só a ser 'séria' e 'isenta', claro)-- voltou a agitar os senhores (são sobretudo senhores, que querem?) sérios e isentos e 'preparados' da blogosfera.
não se preocupem: como o mercado resolve tudo, vai daí o assunto resolve-se em ninguém me lendo. ou acreditam nisso ou não são liberais não são nada. e já agora deixem de fazer tão liberalmente linques aqui para o glória e para o meu horroroso e escandaloso e fogoso (em 1994, claro, que, como estou cansada de dizer, cough, cough, isto já não é o que era) jornalismo e bloguismo de causas. se continuam assim, ainda alguém vai pensar que eu vos pago. e fiquem sabendo, se estavam a contar com isso, que não. (se isto não vos servir de
deterrence, resta-me desejar-vos que vos ides entreter a tomar medicamentos não testados previamente e assim. prometo que farei boas reportagens de causas sobre os processos que as vossas inconsoláveis famílias colocarão às farmacêuticas).
quem não sabe do que é que eu estou para aqui a falar, leia a entrevista feita ao economista pedro arroja há mais de dez anos que está postada abaixo e de um modo geral os blogues liberais do costume, aqueles em que há sempre um espertalhão que pergunta 'se ela lhe perguntou sobre o fascismo, porque é que não lhe perguntou sobre o comunismo?', sem obviamente perceber que aquilo a que se refere -- o sistema em vigor para lá daquilo a que se chamava 'a cortina de ferro' -- é uma forma de fascismo entendido como regime não democrático e totalitário e está subentendido na pergunta. apre, gentinha, informem-se um bocadinho antes de fazerem figuras dessas: a malta não é, claramente, desses lados.
|| f., 19:40
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rendimento turístico garantido
ultimamente, sempre que passo no rossio (que é quase todos os dias) reparo em duas coisas. as estátuas das fontes têm um saco preto enfiado na cabeça (pelo menos desde sexta da semana passada, e parece não haver serviço da câmara que repare naquilo -- valha-nos o mercado) e no meio dos pombos há uma gaivota. só uma. mas o mais giro é que não é sempre a mesma (sim, a malta consegue distingui-las. pela cor e assim).
anda para ali, a gaivota, a fazer-se aos bocados de pão ou lá o que é que os turistas deitam à pombalhada. tipo gaivota do rendimento mínimo: em vez de ir pescar peixe e porcarias no rio, como deus nosso senhor ou qualquer outro power to be determinou, ei-la para ali, a viver de expedientes. tss, tss. os blasfémicos, ou pelo menos alguns entre eles, deviam debruçar-se sobre este assunto. daqui a nada a gaivota ainda está a pedir um subsídio -- e a recebê-lo, por toutatis.
|| f., 17:46
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rectificação extremamente amável e sem intenção de apoquentar
o extremamente atencioso -- e atento -- maradona, graças a quem me lembrei da
entrevista a pedro arroja que se encontra postada mais abaixo, cita um excerto que pode induzir o leitor desprevenido em erro (não consigo fazer link directo para esse post, pelo que vão à
causa e procurem o título 'Ganham a acção e depois recebem milhares e milhares de contos!') : não se trata, na pergunta citada, de um medicamento, mas de um médico -- daí falar-se de 'você', dirigido a pedro arroja, enquanto 'médico não licenciado/acreditado pelo estado'. a entrevista é um pouco, como dizer, 'viva' (sim, eu às vezes sou um bocadinho agressiva, e há mais de uma década era-o bastante mais -- ai a idade, etc), mas não chegou ao ponto de dizer (e publicar), com todas as letras, que o pedro arroja enquanto remédio não presta.
o excerto em causa, em que se fala de medicamentos e médicos e da regulação estatal que arroja reputa de desnecessária, aqui vai (a repetir-me assim, ainda começo a suspeitar de alzheimer):
na sua cruzada pela liberalização você defende que não devia haver controle dos medicamentos que entram no mercado, que mesmo a Food and Drug Administration do EUA devia desaparecer. E dá o exemplo da lixívia, que é uma coisa altamente perigosa mas com a qual toda a gente sabe lidar... Claro. Porque me deram a liberdade, a mim e aos meus antepassados, de aprender lidar com lixívia.
Portanto você propõe que as pessoas tirem cursos acelerados de Quimíca e Biologia, e se munam de um microscópio electrónico, um laboratório e uma gaiola de cobaias...Não. Eu também não sou especialista em tecidos e compro calças, sei distinguir... E há os farmacêuticos, para me informarem.
E como é que eles sabem? Fazem experiências na família? A sua máxima é que "nenhuma empresa prospera a matar pessoas." A História recente está cheia de exemplos contrários... E só das que foram apanhadas.Dê-me exemplos.
Nunca mais acabava. Lembra-se da talidomida? E o mais interessante é que a maioria dos medicamentos e outros produtos, como pesticidas, que são "chumbados" pela Health and Food Administration dos EUA, são depois postos à venda noutros países, geralmente do Terceiro Mundo, incluindo Portugal. O que é que chama às empresas que o fazem?Não ponha a questão assim, porque todo o medicamento tem efeitos negativos. Tudo na vida tem benefícios e custos... O que é importante é saber quem está mais habilitado para reconhecer o que prepondera, se é uma burocracia distante do Estado ou o cidadão.
O objectivo das empresas é o lucro, o do Estado é presumivelmente o bem público. E o cidadão só por si não tem meios para fazer a triagem.Eu penso que nós realmente temos de nos proteger contra as empresas. Como contra os maus jornalistas, os maus médicos, os maus políticos, e os nossos próprios protectores. Qual o primeiro nível? Auto-protecção.
Quem é que regula a veracidade da informação que as empresas fornecem ao público, quem é que garante que as empresas não vão pôr no mercado produtos com efeitos perniciosos? A resposta é um processo impessoal que se chama o mercado. A concorrência. Se aparece uma empresa com um medicamento para o fígado mas que não faz bem ao fígado, vai aparecer outra com outro medicamento que esse sim resolve o problema, e vai anunciá-lo em oposição ao outro. Se as pessoas não forem estúpidas, mudam para o segundo.
E até aparecer o medicamento bom, se aparecer e for mesmo bom, quantas pessoas é que foram prejudicadas pelo primeiro?Não se pode saber. É um risco. Mas há as organizações de consumidores para fazer a filtragem, existem os médicos, os farmacêuticos...
Que podem ser comprados. Aliás você defende que o Estado não devia ter o exclusivo da formação dos médicos e qualquer pessoa devia poder exercer a medicina.Veja: se eu quiser ser médico e não tiver clientes, vou à falência. Mas se houver pessoas que vêem em mim um curandeiro...
E se não curar nada, lá morre mais meia dúzia de desgraçados para que o resto do mundo perceba que você afinal não presta. E os familiares pôem-me uma acção em tribunal.
E você diz que não tem culpa nenhuma se viram em si um curandeiro, que nunca apresentou qualquer prova de o ser e se tinham acreditado em si era problema deles. Pagavam com a vida a regulação do mercado. Que espírito de sacrifício admirável.Veja o que se passa agora. Veja o caso do Hospital de Évora [caso dos hemodializados]. Veja quantos casos há de médicos em tribunal..
|| f., 17:21
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Mas tratemos agora de coisas sérias
Manuel Falcão
mostra o crescimento do investimento publicitário na internet, nos EUA. Diz que os montantes já atingem os 22 mil milhões de dólares (37 por cento do bolo total da publicidade), prevendo-se que em 2010 sejam o dobro (44 mil milhões de dólares, 39 por cento do bolo). Segundo os estudos que cita, em 2010 os media dos EUA captarão 17 mil milhões de dólares em publicidade
online.
Se bem entendo: vai crescendo o consumo de internet. E, como tal, aumenta a colocação de publicidade. É assim nos EUA e também está a ser assim por cá, embora, como de costume, mais lentamente, com muito menos dinheiro envolvido, com menos visibilidade - e sobretudo com muita desconfiança.
Chegado aqui, transito para a questão do jornalismo. É esse o meu negócio, o jornalismo. Não é o papel. E quero poder fazê-lo - uma vez na vida, pelo menos - num sítio rentável. A mim tanto se me faz fazer jornalismo num jornal como num produto online (ou em ambos, de preferência, ou, melhor ainda, num deles "falando" para o outro, articuladamente).
O que digo é que uma exploração inteligente - que não vejo em Portugal - dos produtos online associados aos media tradicionais poderá reverter a favor da sobrevivência desses próprios medias tradicionais, nos seus suportes de sempre. Em linguagem belmiriana, é questão de transformar os online em hipermercados e os jornais (é sobretudo destes que falo) na respectiva charcutaria fina.
Enquanto os media portugueses tradicionais continuarem a tratar os seus produtos online da forma amadora como tratam - caramba, não há sequer um produto informativo online em Portugal que saiba usar a porcaria do hipertexto, ferramenta usada já por milhares de blogueiros nacionais - é a própria rentabilidade das empresas que os suportam que está posta em causa.
Quanto ao mais, acrescento que tudo isto que acabei de escrever já tinha sido dito antes, curiosamente por
mim. Faço notar, além do mais, que
dois posts abaixo foi colocada uma sensacional entrevista realizada em 1990 e troca o passo pela srª drª Fernanda Câncio ao sr. dr. Pedro Arroja.
|| JPH, 11:50
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Respeitoso apelo a quem de direito
Resolvam lá essa merda da greve do Metro, foda-se!
|| JPH, 10:57
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segunda-feira, setembro 25
arrojadamente, com arrojo, etc
tenho andado um bocado distraída com estas coisas da blogosfera mas parece que o economista pedro arroja se juntou aos restantes
blasfemos. vai daí, lembrei-me, ajudada pelo
extremamente inestimável maradona, de uma entrevista que lhe fiz, para a grande reportagem. foi há mais que séculos, lá para 1990 e troca o passo, creio eu de que em 1993 ou 94. nenhum de nós (com um bocado de sorte -- e de azar, também) será hoje o mesmo, mas lá que a entrevista é divertida -- no mínimo -- é. lembro-me que a seguir à publicação recebi dois géneros de cartas e telefonemas: insultos por ter 'dado tempo de antena' a 'um racista/fascista/doido' e sei lá mais o quê, e insultos por ter 'destratado' (e tratado 'por você', num dos casos) um 'génio/brilhante/fabuloso' e por aí fora.
ENTREVISTA
PEDRO ARROJA
O governo devia ser uma empresa, os votos deviam ser comprados, o norte devia ter um partido, Pinto da Costa a dirigir. Economista, 40 anos, faz carreira nos jornais como extremista liberal: o mercado ao poder, que o dinheiro já lá está. Jura pela América, crê no futuro do Ocidente, não tem depressões nem angústias. Diz-se individualista ferrenho, académico puro, alérgico a partidos e sem ambições políticas. Só quer formar opinião. Chamam-lhe excêntrico, ele responde que não podia estar mais a sério. E existe.Antes de mais, quem é?Pedro Arroja, académico. É a minha profissão. Sou economista, daqueles economistas que fazem muita matemática. Tenho 40 anos, nasci em Lisboa, sou casado, quatro filhos, vivo no Porto.
Estudou na escola Veiga Beirão, teve uma bolsa... Como foi isso? Não era preciso ter conhecimentos, dar garantias políticas?A primeira bolsa era do Instituto de Obras Sociais, criado pelo antigo regime para ajudar os estudantes mais carecidos. Eu não tinha família com influências políticas — o meu pai era técnico de contas —, nem sequer fui da Mocidade Portuguesa: tive a bolsa porque necessitava, candidatei-me e obtive-a. Era um estudante, como dizê-lo.... excepcional.
O 25 de Abril apanhou-o com 20 anos... Onde estava?No segundo ano da Faculdade, aqui no Porto. Em 72 só havia duas Faculdades de Economia, esta aqui do Porto e a ISCEF em Lisboa. Vim para cá com uma bolsa da Gulbenkian.
Andou nos movimentos estudantis?Nunca andei envolvido na política.
Era perigoso, podia perder a bolsa...Não me podia permitir esse risco. E nessa altura ainda podia ir parar à tropa.
Portanto você é um produto do Estado: se não existisse Universidade gratuita e bolsas estatais, não estava onde está.Estava. Estava com certeza. Nem que tivesse sempre a trabalhar e a estudar.
É impossível saber.É impossível saber. Mas eu estou convencido que as pessoas que são realmente determinadas chegam onde querem. Se as Universidades não fossem gratuitas havia alternativas. Na América do Norte, onde eu vivi e assisti, os estudantes vão ao banco pedir um empréstimo, mostram as notas e os bancos dão. E há bolsas privadas, Fundações, etc.. A nossa tradição de estatizar tudo inviabiliza as soluções adoptadas por outros países, como o Canadá, os E.U.A.. Mas pronto, eu posso dizer que estudei à conta do contribuinte. Qual era a alternativa? Logo que me pude libertar disso, libertei-me.
Tornou-se notório ultimamente por ter defendido a criação de um Partido do Norte, a "Força Norte". Qual é a ideia? Imitar a Itália?Não, tanto que eu sugeri isso muito antes de Berlusconi ter aparecido na Itália. Fui buscar a inspiração ao Canadá francês, que estava muito dependente dos favores da Federação Canadiana. Foi aí fundado um partido para lutar pelos interesses regionais, o Quebequois, que teve enorme sucesso. Através das crónicas que escrevo para o Jornal de Notícias tenho chamado a atenção para a situação de desfavor em que está o Norte do país.
Desfavor em que sentido?Em primeiro lugar, a nível de rendimento. O PIB per capita em Lisboa é cerca de 1.560 contos por pessoa, aqui no Norte é 980. O nível de vida do cidadão do Norte é cerca de dois terços do nível de vida do de Lisboa. No Alentejo é metade e na região centro, menos ainda. Há dois factores: em primeiro lugar uma transferência fiscal. Todos pagamos impostos sujeitos às mesmas leis para fornecer os serviços públicos: saúde, ensino, estradas, etc. A população do norte é 35% do total do país, era de prever que aqui no norte estivessem 35% das estradas, das escolas, dos hospitais... Está tudo menos. É um déficit de cerca de 8%. Fiz alguns cálculos que até à data não foram contestados: em cada ano a região norte faz para Lisboa uma transferência de 500 milhões contos. O suficiente para passar o nível de vida no norte, que é de 83% da média do continente, para a média do continente. Ainda ficava inferior à de Lisboa. Depois, os Fundos Comunitários vieram agravar estas coisas. São para os países que tenham um PIB per capita inferior a 80% da média comunitária, Portugal tem 60%. Mas Lisboa tem 82%. Portanto, se se cumprissem os critérios, Lisboa não receberia. Mas 32% das verbas regionalizáveis e provavelmente boa parte das verbas não regionalizáveis vão lá parar.
Para não falar da Expo... Por essa ordem de ideias, o melhor é dividir o país em partidos: do norte, do centro, do sul, de Lisboa...Talvez a melhor alternativa, a mais abrangente, fosse fazer um partido de cariz regionalista.
E qualquer dia estamos no separatismo.Vai-se cair no separatismo se não se efectua a regionalização, que é o que está a causar grande tensão entre as regiões. É que então, se houvesse problemas, os nortenhos só teriam de se queixar de si próprios: o problema era do governo regional, que tinha competência para os resolver. Mesmo que seja uma mudança para pior, o problema é ético. É o seguinte: as pessoas adultas têm direito a auto-governar-se e a chamarem a si as decisões que dizem respeito à sua vida, aprender com os erros. Mas atenção, eu não sou a favor de desmembrar a nação: o governo central teria competências no domínio da política externa, defesa nacional, manutenção da ordem pública, etc. O resto pode ser feito localmente.
A exemplo da maior parte dos presidentes de Câmara com mandatos consecutivos, que cuidaram muito bem dos interesses das populações e do país. Dar-lhes mais poder seria um desastre a nível nacional. Basta ver o exemplo da Madeira.
Não vou discutir a Madeira, mas não me parece que as pessoas se queixem. De qualquer modo esse é um raciocínio colonialista, a desculpa que foi sempre dada para não deixar as pesoas viver.
Não lhe parece que, só para dar um exemplo, os recursos ambientais têm de ser geridos numa perspectiva nacional? Uma zona tem muita água, outra não tem água nenhuma. O que é que se faz? Umas morrem à sede e outras esbanjam?Ao contrário, olhe o caso do rio Ave. Em Lisboa há muita gente que nunca viu o Ave. Devemos esperar que seja tratado, despoluído? Necessariamente que não.
Um óptimo exemplo: o rio Ave foi poluído por quem? Pelos industriais da zona, pelas pessoas que lá vivem. Se a entidade responsável pelos produtos naturais estivesse aqui no norte, é claro que a pressão das pessoas que se sentem afectadas pelo estado do rio teria muito mais efeito sobre os governantes.
Se as pessoas da zona manifestassem preocupação... Mas adiante. O problema das regiões não é o do sistema eleitoral e da representatividade não efectiva? Um partido regional vem escamotear a questão.Mas os partidos políticos não querem isso! O statu quo interessa-lhes. Não são responsabilizados perante a população, têm uma vida santa, perdem-se naquelas tricas da vírgula... Num país que é um dos mais pobres da Europa Ocidental. Eles só mudarão se pressionados por uma opinião pública poderosíssima. E um dos vectores do meu trabalho tem sido precisamente criar opinião. Se calhar vou dizer uma frase bombástica, mas acho que estou a contribuir para alterar isto. Porque Portugal tem uma cultura autoritária, pensa-se que a única forma de mudar as coisas é ir para o governo.
Isso é um pouco contraditório com a ideia de criar um partido. A menos que não estivesse nos planos ganhar eleições. Até porque depois tinha de se mudar a capital para o Porto.A capital do norte nunca devia ser o Porto, devia ser assim uma cidade como Vila Real. A capital deve ser sempre uma cidade pequena, como aconteceu nos EUA. É um bom principio separar a capitalidade política da económica.
Então e separar a política do futebol, não é um bom princípio?Também é. O que aconteceu aqui, deixe-me explicar, foi que quando se deu aqui a questão do futebol, da penhora do estádio, as pessoas começaram todas a dizer que estavam a ser exploradas. Gerou-se um clima emocional em que havia uma base irracional para conquistar... Os adeptos do FCP são cidadãos nortenhos. Mas não há partido nenhum...
Sugeriu que se formasse, e indicou Pinto da Costa para presidente...Tem de ser uma pessoa com capacidade conflitual.
E popularidade...E popularidade. Repare, para trazer o dinheiro de volta não se pode ir pedir de mão estendida, que eles não dão. Se quisessem dar, já tinham dado. Tem de se exigir!
Precisa-se então de um rufia.Exactam... Bem, não chamo ao senhor rufia... Precisa-se de uma pessoa com capacidade conflitual e ele tem. Agora já começam a aparecer outros. Por exemplo, o Ludgero Marques...
Quando se fala em formar um partido começam logo a aparecer protagonistas. Você defende que os políticos não devem ter formação académica...Os países governados por gente com tradição académica são países pobres. Portugal, a Grécia, a Itália... Povos do Sul da Europa, com influência predominantemente católica, que precisam de uns senhores "que sabem" para lhes dizer como hão-de fazer.
Convém é que essas pessoas sem formação tenham académicos para os aconselhar...É verdade, mas só conselheiros.
Qual é a sua relação com o presidente do FCP?Já estive com ele. Mas não posso dizer que sou um amigo do peito.
E um conselheiro?Não. Não. Em toda a minha vida estive com ele duas vezes.
E que papel reservaria para si na eventual formação do partido do norte?Nenhum. Sou um académico, vivo felicíssimo com aquilo que faço. É ler, pensar e escrever...
Portanto qual seria em seu entender o intuito do partido do Norte? Defender sistematica e unicamente os interesses do norte do país?Forçar a regionalização. E defender sistematica e intransigentemente os interesses regionais. Mas sabe que é proibido pela Constituição? Eles sabiam muito bem o que estavam a fazer. O que não é proibido é um partido de cariz regionalista., cuja função é defender as regiões: ou só uma, ou várias. Assim dá-se a volta à lei. A ideia é levar à AR o que de facto é relevante para os cidadãos.
Do género "a minha terra tem um buraco no meio da rua principal"?Exacto.
Passa-se de um tipo de ninharia para outro e deixa-se de fora o fundamental.Que é o que eles querem discutir lá e nunca discutem. No parlamento inglês, por exemplo, discutem-se essas coisas. Mas aqui não, acha-se isso indigno do Parlamento. Querem discutir as grandes questões nacionais, que dizendo respeito a todos não dizem respeito a ninguém. E assim este país vai à falência.
Os políticos servem para gastar dinheiro, resumindo. Portanto os partidos devem-se organizar como empresas, viver de dinheiro privado, e em última análise os votos compram-se e vendem-se. Explique lá isso.É muito fácil. Julgo que esse será o futuro da democracia. O que é que se passa agora? Os partidos políticos são financiados pelo Estado, portanto por mim, que não gosto de nenhum e tenho de pagar por todos. A ideia começa então por um financiamento privado dos partidos e não é assim tão tola porque entretanto em Itália já pegaram nisso.
Portanto só quem tem dinheiro é que pode ter um partido...A menos que haja um partido que me queira mesmo que eu não tenha dinheiro. Mas é precisamente a pensar nos pobres que eu punha a questão da transacção do voto. Se uma pessoa tem direito a um voto mas não quer usá-lo, tem de o deitar fora. Noutro sistema, poderá vendê-lo a alguém que queira votar várias vezes. Já viu quantos pobrezinhos ficavam beneficiados?
Se há quem venda sangue, deve haver muito quem queira vender votos... O problema era depois encontrar quem não quisesse vender. O chamado voto em consciência passava à História.O voto em consciência tem produzido estes partidos...
E o que é que produzia o voto vendido?Produzia votos esses sim em consciência, porque eu para comprar três votos para um partido tinha de ter grande apreço por ele.
Para quê intermediários? O partido comprava directamente os votos. Poupava-se tempo e despesa. Um partido para comprar votos tem de ter dinheiro, financiamentos privados. E para as pessoas ou as empresas lhe darem dinheiro, têm de ter a certeza de que vai governar bem...
O
u no interesse delas.Claro. Por isso é que eu acho que a Constituição devia seguir o exemplo da americana, que diz o que o Estado não deve fazer, ao invés de dizer, como a nossa, o que ele deve fazer. A ideia é limitar os poderes do Estado, que é para prestar serviços gerais à população, como a defesa. Não é para andar a tratar da vida de toda a gente, a dar saúde, emprego, etc. Isso cada um trata da sua vida.
E quando não trata paciência. Isso é verdade. Mas considere-se o contrário, que é a filosofia portuguesa, que é ficar à espera que o Estado venha e resolva tudo.
Você escreve que quem recebe subsídios não tem respeito por si mesmo. Que auto-estima têm as pessoas que morrem de fome?Existem mecanismos correctivos noutros países, organizações espontâneas de cidadãos que ajudam os pobres. A igreja, por exemplo. O Estado é que não resolveu. Temos ministérios para tudo, está tudo cada vez pior. Agricultura, indústria, desenvolvimento regional, cultura... Temos tudo em crise porque criámos ministérios. Um ministério do Emprego, mas o desemprego não cessa de subir; um ministértio da Segurança Social, mas os pobres são cada vez mais...
O desemprego e a pobreza estão a aumentar em todo o lado, com ministérios ou sem eles. Nos Estados Unidos, por exemplo.Isso é um mito que se criou. O país que tem menos pobres, em termos proporcionais, são os americanos. É o país com o nível de vida médio mais elevado do mundo.
Pois olhe, eles estão muito preocupados com o aumento do desemprego, da pobreza e dos homeless. O Clinton também foi eleito por isso...Eu não digo que não haja, mas sabe, eles têm há muito programas de combate à pobreza, com uma enorme burocracia, pessoas altamente pagas, etc. E no dia que eles disserem que o problema está resolvido, que já não há pobres, zás, fecha-se a loja. A pobreza é um fenómeno relativo.
A quê? Ao número de ricos?Exactamente. Nos Estados Unidos uma família pobre é uma família que tem um rendimento de 200 contos para 4 pessoas.
Está-se a falar de gente que nem casa tem.Sempre houve, haverá sempre.
E há cada vez mais. Basta ir à América, estão por todo o lado.Existem alguns. Mas as estatísticas não dizem isso. Isso encontra-se em todos os países. A questão é que nós não podemos lançar um programa estatal para tratar uns fulanos que estão na rua, às vezes porque gostam de andar na rua. Às vezes, não quer dizer que sejam todos. Mas o que é importante é saber qual a melhor forma de acabar com a pobreza. Ou o Estado se ocupa do assunto, ou se dá uma margem maior a cada pessoa para que se ocupe dos seus problemas, e para que haja instituições que possam ajudar.
Portanto o Estado funciona sempre mal. E o capitalismo, sempre bem.O capitalismo funciona menos mal.
Nos EUA, no fim do século passado e início deste, o capitalismo não tinha restrições praticamente nenhumas. E veja como funcionava bem. O desemprego era avassalador, a miséria grassava, a exploração da mão de obra, incluindo a infantil, era tremenda. E o Estado foi forçado a intervir, com o New Deal, introduzindo regras...O que faltou provar foi se o Estado não tivesse intervido, se o crescimento económico e o retrocesso da pobreza não teriam sido mais acelerados.
Isso só deus, não é?Os economistas têm métodos de simulação. Não são perfeitos, mas posso-lhe dizer que o crescimento médio da economia americana do New Deal para cá foi em média muito inferior ao crescimento antes do New Deal.
Não admira, com as crianças a trabalhar quinze horas por dia amarradas às máquinas e a ganhar três tostões...Até há cerca de dois séculos a fatalidade delas era trabalhar desde a mais tenra idade. Só os filhos dos nobres eram a excepção. Após a revolução industrial, com a subida do nível de vida, um número crescente de famílias pôde retirar os seus filhos ao trabalho e mandá-los para a escola. O problema do trabalho infantil para mim é saber qual o tipo de sociedade que permite evitá-lo. E é a americana, que é a que enriqueceu mais rapidamente. O que toda a gente hoje em dia está a fazer é a imitar os americanos, que ensinaram ao mundo como tirar o homem da miséria. Agora a humanidade só vive na miséria se não quiser aprender.
Mas o que você defende não é seguir o exemplo da América, é ultrapassá-la. Vender votos, pôr empresas a governar os países... Por falar na Itália, só falta ver a Mafia a comprar votos ao quilo.Bem, nós cá temos a Maçonaria, a Igreja, que é um lobby poderosíssimo...
Está a chamar Mafia à Igreja?Num certo sentido é. Quer dizer, não no sentido de andar para aí a matar pessoas ou a vender droga. Agora que sempre ambicionou controlar o poder... Aliás, é curioso que a Mafia tenha nascido num país predominantemente católicas, como a Itália. É, penso eu, uma herança intelectual da igreja: a associação de um pequeno grupo que quer dominar.
Que se deu lindamente num país protestante, como os EUA... Outro assunto: é a favor da liberalização da droga. Em que moldes? Vendida por quem?Vendida pelos especialistas de droga, os farmacêuticos. Em embalagens rotuladas, com dosagens prescritas. As pessoas acabarão por compreender que a única solução para um problema é encará-lo de frente.
Como ao crime. Você é adepto da pena de morte.Não, eu tenho escrito que os economistas americanos provaram que quando uma pessoa é executada os criminosos potenciais retraem-se, porque têm medo. O que se concluiu é que por cada pessoa executada na cadeira eléctrica havia sete crimes que deixavam de ser cometidos. Então o que é que é desumano?
Nem vale a pena averiguar como é que eles chegaram a esse número...Através de técnicas de simulação, com modelos econométricos. E comparando entre estados com pena capital e os que não a têm. A metodologia não é complicada.
Mas a realidade é. E como existem outros números e dados que dizem que para se ser condenado à morte nos EUA é preciso ser-se pobre e de preferência negro, estamos conversados. É natural que sendo pobres tenham mais tendência a cometer crimes...
E sendo negros tenham mais tendência a ser mortos.Posso-lhe dizer que não há país do mundo onde os negros vivam tão bem como na América.
Costumava ouvir-se isso em relação à Àfrica do Sul...E com verdade. Era o país com o mais alto nível de vida para os negros em África, mas agora vai cair.
Claro que estamos a falar de valores económicos. Sim. Repare, eu acho que eles têm todo o direito à liberdade, é a terra deles. Agora não se esqueça que os negros americanos não estão na sua própria terra.
Ah não? E quem é que os levou para lá?Foram eles que foram. Atraídos pelo nível de vida que não têm em mais parte nenhuma do mundo.
Para começar a terra era dos Indios. E está-se a esquecer do pequeno pormenor da escravatura.Alguns foram levados como escravos. Mas ainda hoje há gente a emigrar para lá, negros. E deixe-me dizer-lhe uma coisa. O homem que ganhou o prémio Nobel, este ano, Robert Fogel, provou que se o sistema da escravatura era politicamente inaceitável, em termos económicos, para os negros, era um sistema muito eficaz. Mais: que o trabalhador negro da época, escravo, vivia melhor que o trabalhador médio branco. Certamente que a conclusão é surpreendente, é por isso que ganhou um prémio nobel. Mas documentou extraordinariamente bem...
O escravo vivia melhor em que sentido? Existe a ideia de que o escravo trabalhava e dava tudo ao senhor. Não. O senhor branco ficava no máximo com dez por cento. Em segundo lugar, o trabalhador escravo negro era duas vezes mais produtivo que o trabalhador negro.
E já se perguntou porque é que ele seria duas vezes mais produtivo?Diz-se que os negros não trabalham, não sei quê, e isto vem provar o contrário: mesmo sob condições de adversidade, a escravatura, os negros eram duplamente mais produtivos que os brancos. E os estados do sul, onde eles estavam concentrados, prosperaram muito mais do que os do Norte. Fantástico.
Fantástico? Se não trabalhassem o dobro apanhavam. Eram chicoteados, mortos, vendidos para a frente e para trás. Eu não quero dizer que a escravatura era aceitável, mas não foi má para os negros em termos económicos.
Em termos económicos, pois claro.Sabe, não há nenhum prémio Nobel da economia a sair dos países católicos do sul da Europa, e é porque a pretensão é chocante. Estou aqui a falar de estudos documentados, prémios Nobel, e as pessoas riem-se, porque não é aceitável. Eu acho admirável a capacidade de levar a razão humana a este ponto.
Mas tem de admitir que dá vontade de rir. Outro assunto: na sua cruzada pela liberalização você defende que não devia haver controle dos medicamentos que entram no mercado, que mesmo a Food and Drug Administration do EUA devia desaparecer. E dá o exemplo da lixívia, que é uma coisa altamente perigosa mas com a qual toda a gente sabe lidar... Claro. Porque me deram a liberdade, a mim e aos meus antepassados, de aprender lidar com lixívia.
Portanto você propõe que as pessoas tirem cursos acelerados de Quimíca e Biologia, e se munam de um microscópio electrónico, um laboratório e uma gaiola de cobaias...Não. Eu também não sou especialista em tecidos e compro calças, sei distinguir... E há os farmacêuticos, para me informarem.
E como é que eles sabem? Fazem experiências na família? A sua máxima é que "nenhuma empresa prospera a matar pessoas." A História recente está cheia de exemplos contrários... E só das que foram apanhadas.Dê-me exemplos.
Nunca mais acabava. Lembra-se da talidomida? E o mais interessante é que a maioria dos medicamentos e outros produtos, como pesticidas, que são "chumbados" pela Health and Food Administration dos EUA, são depois postos à venda noutros países, geralmente do Terceiro Mundo, incluindo Portugal. O que é que chama às empresas que o fazem?Não ponha a questão assim, porque todo o medicamento tem efeitos negativos. Tudo na vida tem benefícios e custos... O que é importante é saber quem está mais habilitado para reconhecer o que prepondera, se é uma burocracia distante do Estado ou o cidadão.
O objectivo das empresas é o lucro, o do Estado é presumivelmente o bem público. E o cidadão só por si não tem meios para fazer a triagem.Eu penso que nós realmente temos de nos proteger contra as empresas. Como contra os maus jornalistas, os maus médicos, os maus políticos, e os nossos próprios protectores. Qual o primeiro nível? Auto-protecção.
Quem é que regula a veracidade da informação que as empresas fornecem ao público, quem é que garante que as empresas não vão pôr no mercado produtos com efeitos perniciosos? A resposta é um processo impessoal que se chama o mercado. A concorrência. Se aparece uma empresa com um medicamento para o fígado mas que não faz bem ao fígado, vai aparecer outra com outro medicamento que esse sim resolve o problema, e vai anunciá-lo em oposição ao outro. Se as pessoas não forem estúpidas, mudam para o segundo.
E até aparecer o medicamento bom, se aparecer e for mesmo bom, quantas pessoas é que foram prejudicadas pelo primeiro?Não se pode saber. É um risco. Mas há as organizações de consumidores para fazer a filtragem, existem os médicos, os farmacêuticos...
Que podem ser comprados. Aliás você defende que o Estado não devia ter o exclusivo da formação dos médicos e qualquer pessoa devia poder exercer a medicina.Veja: se eu quiser ser médico e não tiver clientes, vou à falência. Mas se houver pessoas que vêem em mim um curandeiro...
E se não curar nada, lá morre mais meia dúzia de desgraçados para que o resto do mundo perceba que você afinal não presta. E os familiares pôem-me uma acção em tribunal.
E você diz que não tem culpa nenhuma se viram em si um curandeiro, que nunca apresentou qualquer prova de o ser e se tinham acreditado em si era problema deles. Pagavam com a vida a regulação do mercado. Que espírito de sacrifício admirável.Veja o que se passa agora. Veja o caso do Hospital de Évora [
caso dos hemodializados]. Veja quantos casos há de médicos em tribunal..
Isso está mal mas é outro assunto. Para si, parece que o Estado é a raiz de todos os males. Falemos de capitalistas. Dos empresários portugueses. Da saúde, por exemplo. As clínicas privadas não têm equipamento. Se há problema vai-se de escantilhão para o hospital mais próximo... O dono da clínica sabe que as pessoas precisarem de uma coisa complicada não vão ali, vão ao hospital público. Não pode investir se sabe que vai ter prejuízo.
Há clínicas que nem um aparelho de electrocardiograma em condições têm. Lucros está bem, despesa e responsabilidade está quieto. E no sector têxtil: não sei quantos milhões de contos em subsídios de modernização e veja o resultado. Tudo culpa do Estado, evidentemente.Com a tributação que há, metade dos lucros vão para o Estado...
Isso era se não se fugisse aos impostos.É verdade. Mas depois vem o ministro da Indústria e subsidia uma empresa como a Coelima, que está falida. O que é que os outros pensam? Que o melhor é levar a empresa à falência e pedir subsídios ao Estado. E quando mos derem não os meto na empresa. Compro Ferraris e casas, que é o que eles fazem. Posso criticá-los por isso? O que eu costumo dizer é que a solução não violenta para rebentar com um país é enchê-lo de subsídios.
E contar com o laxismo dos empresários. Até onde iria na privatização dos serviços?Deixava as funções do guarda nocturno. A polícia, as forças armadas... E mesmo a polícia... Não me chateia a ideia de toda a polícia ser privada. Mesmo nada.
O que é que impede uma polícia privada de se transformar numa associação de criminosos a soldo?As outras polícias.
Portanto teriamos uma guerra de polícias para ver quem ganhava. O que é que privatizava mais?A justiça, talvez. Há várias correntes hoje nesse sentido. Porque não tribunais privados? Só conseguiriam atrair clientes se julgassem bem, rapidamente, com isenção e com justiça. Haveria os maus, com certeza, mas quem é que os escolhia?
De novo o mesmo problema. Mas há outros: e se os tribunais, como os bancos fizeram a com o multibanco, se unissem em cartel?O que é importante é que não existem leis que impeçam a entrada no sector, o que não acontece em Portugal com os bancos. Em qualquer sector, o que impede os cartéis é a concorrência verdadeira.
Privatização da distribuição da água, por exemplo: como é?Muito fácil. Faz-se um concurso e quem pagar mais explora o serviço. Se for em regime de monopólio, o Estado deve negociar os preços ao consumidor.
Quem é que garante a qualidade?Se for em regime de monopólio, a câmara municipal. Se não, a concorrência. Se a água de uma for má, mudo para a outra.
Tem o problema das infraestruturas e a água é um bem público... Nada fácil. Adiante: num Estado reduzido ao mínimo quem é que paga as forças armadas?Os impostos, que obviamente seriam mais baixos.
A saúde pública acabava. As pessoas sem dinheiro como é que faziam?Há sempre associações de solidariedade... E se não se conta com o Estado para estas coisas, cada um de nós é muito mais prudente. Passar-se-ía a ter poupanças de lado para gastos de saúde, para a reforma, para a hipóteses de desemprego...
E as pessoas que ganham para viver e não têm por onde poupar, paciência, ganhassem mais. Aliás, é contra o salário mínimo...Claro. Um grande número de economistas é dessa opinião. Os Estados Unidos não têm, por exemplo. Porque esse estabelecido inviabiliza todos os postos de trabalho que poderiam existir abaixo dele.
É nessa perspectiva que diz que os sindicatos fomentam a discriminação.Porque as principais vítimas são os trabalhadores que eles procuravam proteger: os indiferenciados. Que seriam empregados abaixo do salário mínimo e assim não são.
Se uma empresa decide discriminar as mulheres, o que é que deve ser feito?Nada. O sector privado tem o direito de impôr as regras que quiser. Se o público se sentir indignado, pode cancelar as suas contas.
Trabalho infantil: diz que às vezes mais vale isso que a escola.Com o sistema escolar vigente perdeu-se o ensinamento de comportamentos essenciais: obedecer à hierarquia, habituarmo-nos a cumprir compromissos... Agora o que quer que o menino faça chega ao final do ano e passa. Tem de chegar ao nono ano...
Acabava com a escolaridade obrigatória, portanto.Claro. Eles tornam-se uns pequenos selvagens nessa idade crítica, que é dos seis aos quinze. Depois é muito difícil mudá-los...
Não deve existir legislação contra o trabalho infantil?Não. Se a criança vai ou não trabalhar, é com os pais.
Não deve haver regras extra-família que definam os limites das relações entre pais e filhos? Como prevenir abusos, como precaver regimes de semi-escravatura?É como nos casos de abuso físico: a criança vai parar ao hospital, enfim. A polícia participa.
A criança tem de ir parar ao hospital?Não, se a criança aparece batida indevidamente, qualquer professor ou outra pessoa pode ir participar. Mas considere a alternativa, que era ao mínimo indício a polícia entrar pela casa dentro. Há com certeza vítimas, mas na alternativa haveria mais: destruia-se a civilização.
Você define a sociedade capitalista como "uma sociedade feita de homens morais e responsáveis, portanto livre e próspera". Que moral é esta?Não é a moralidade cristã, decerto. A liberdade individual é o princípio da responsabilidade, e a sociedade onde se deu a maior esfera de acção aos homens para entrarem livremente em contrato uns com os outros foi a capitalista. E foi essa a que mais prosperou.
Já pensou que nome daria ao sistema do voto comprado? Democracia já não pegava...Não pensei nenhum nome. É um assunto acerca do qual penso escrever mais.
Espera que o levem a sério com isso?Eu estou absolutamente a sério! Sou uma pessoa muito realista.
Sem dúvida, já que defende que tudo se compra e se vende.Sempre foi assim, até com os sentimentos.
"O Estado Providência acaba na violência e na miséria" , diz você. Sempre gostava de ver como acabaria o estado-empresa... E há sempre os motins de LA para mostrar que não é só o Estado Providência que acaba em violência e miséria. O que é que acha que aconteceu em LA?Isso é outra questão, que tem a ver com o problema negro. Que é basicamente um problema de família. De ética sexual. Os negros não são capazes de constituir família como tendência geral, como nós constituimos. Têm muitas mulheres. E a pobreza americana, hoje, como nos outros países desenvolvidos, é sobretudo a mulher sozinha com filhos. E a maior parte das famílias negras acabam assim.
Há mães solteiras em todo o lado.Mas comparado com as negras, nem imagina. Em 1950, o rendimento médio dos negros era metade do rendimento médio dos brancos. Agora é 75%.
Porque é que será.Pode haver discriminação, mas também é ética do trabalho. Uma ética de família menos propícia ao trabalho. Sabe o que é? Vá a África e veja porque é que eles não trabalham. Gostam muito de sexo; nós também gostamos, mas se estivessemos o dia todo na cama não faziamos mais nada.
Você tem muita fé no Ocidente, não tem?Tenho, tenho. Apesar de tudo, é a menos má de todas as civilizações que até agora existiram, e a primeira a conseguir tirar o homem, em massa, da miséria. E para mim a América é a campeã. Tenho muita fé na América. Não houve nada melhor para a humanidade que o nascimento, há dois séculos, daquela nação. Não sou nada céptico em relação ao futuro.
Vê-se. Ora imagine que se punha em prática o sistema dos votos comprados. Os movimentos fascistas estão a ressurgir na Europa, poder-se-ía dar o caso de arranjarem dinheiro suficiente para comprar o maior número de votos. Então nesse país o fascismo seria o produto político com mais valor.
E portanto segundo a lógica do mercado o fascismo vencerá. Já venceu outras vezes... E sempre após períodos de declínio da democracia.
Qual o valor que preza mais?A liberdade de julgar as circunstâncias da minha vida segundo os meus próprios critérios.
Qual a pior coisa que lhe podia acontecer?Morrer.
Quem é a sua bête noire?O pior de todos, a fonte de todos os males: Rosseau. Que quis transformar a nossa vida em sociedade num projecto colectivo.
O que é que é sagrado para si?Nada. Nada.
Tem angústias?Eu? Nunca na minha vida! Nem angústias nem depressões.
Tem a certeza de que existe?Com certeza.
|| f., 18:59
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sábado, setembro 23
infidelidades
acabaram os figos (lágrimas, suspiros). chegaram os diospiros.
|| f., 01:36
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and now for something completely eatable
depois de quase um ano a gastar dinheiro com carne de vaca biológica made in spain e embalada em papel prata (era a única carne bio que se vendia nas amoreiras e no corte inglês), tenho o gosto de anunciar que o borrego bio e a vaca bio portugueses (ou como tal anunciados) que se vendem nas amoreiras são óptimos e o porto preto (e o frango) bio do corte inglês também (desses não afianço provveniência). ainda alguém me há-de explicar porque é que os produtores pecuários portugueses levaram tanto tempo a colocar carne bio nas grandes superfícies.
isto dito, eu, carnívora, juro que me envergonho (ou m'avergonho, como diz o outro), de não me ter convertido ainda ao vegetarianismo.
|| f., 01:02
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e nao nos podiamos estar mais nas tintas
jph, baby, não podias ter escolhido fazer essa comparação num dia em que alguém deste blogue tivesse postado nem que fosse uma vírgula? é que assim nem chegámos aos nossos habituais mil, mil e qualquer coisa. caramba, que mau aspecto. assim até parece que nos importamos com as audiências.
|| f., 00:53
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sexta-feira, setembro 22
Engrelope 9 - o trocadilho possível
Depois
desta tornei-me um fan Krieken.
|| JPH, 19:12
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Breaking News
Envelope 9: Ministério Público acusa dois jornalistas do 24 Horas de crime de acesso indevido a dados pessoais. O funcionário da PT que pôs na disquete o que não devia ter posto não foi acusado porque o crime já está prescrito.
|| JPH, 17:54
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Top ten
O Glória Fácil tem o prazer de anunciar que as suas
audiências - embora ranhosas - são superiores às
audiências digitais do arquitecto Saraiva. E para já não falar da banhada que damos nos manos Portas. Quanto ao prof. Marcelo e à srª dª Margarida Rebelo Pinto recusamos qualquer comentário: não competimos com literatura light.
|| JPH, 14:45
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quarta-feira, setembro 20
e ainda por cima gira, acrescento eu
boas perguntas do eduardo pitta. a resposta é capaz de ser a do costume: porque tem coragem.porque escrever de longe e alto não lhe chegava. porque é turca e quer acabar com inanidades como aquela de que é vítima.
|| f., 21:13
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ena ena
isto hoje teve direito a postagem de toda a gente, até do nuno-ficheirossecretos-simas. foi lindo. tou comovida, até. ainda acabo a tirar a carta, ou assim.
|| f., 21:08
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A poesia... estrada fora!
Pode o Código da Estrada ser poético? A resposta é sim.
(Ler e seguir as instruções mais abaixo)
"No sistema de circulação rodoviário intervêm três factores ou elementos:
A via - é o cenário onde o trânsito se desenrola;
O Homem - é o protagonistaque actua na via desempenhando, fundamentalmente, dois papéis: como condutor e como peão; sendo o elemento principal do sistema, pois é do seu comportamento que dependente, em grande medida, a segurança rodiviária;
O veículo - é o elo de ligação entre o condutor e a via."(...)
In "O Código da Estrada... conduz o teu futuro", Edições Segurança Rodoviária, "Capítulo 1 - O sistema de circulação rodoviário" Agora leiam de novo, em voz alta, a imitar o tom de voz da actriz São José Lapa ou do actor João Villaret e aguardem pelos comentários dos amigos à vossa volta...
|| portugalclassificado, 20:25
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Boa memória
Mais uma série de
Vasco Barreto: A fazer horas para jantar com os amigos. Ai a do enfado
|| asl, 18:46
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|| asl, 18:25
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não resisto, prontoS
o gordon foi um ganda flash
|| f., 17:04
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e se em vez de refresco fosse uma caipirinha? pago eu
|| f., 16:41
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Refresco de menta
No meu caso, demiti-me do sindicato há vários anos, muitos antes de vossas excelências e na me apetece contar porquê (coisas da minha vida pessoal)
|| asl, 16:34
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reabilitação da baixa, sim, mas é mais conferências de imprensa
há cerca de um mês, quando voltei de férias, constatei que havia uma série de buracos no passeio da minha rua e de pilaretes derrubados. melhor dizendo: reconstatei, já que os buracos já lá estavam há séculos e os pilaretes faltavam há milénios, mas há no regresso de férias aquela cena energética de 'agora é que vou resolver as coisas que ando a arrastar há que tempos'. liguei para a linha azul do lisboeta e 'fiz queixa'. pedi, obviamente, que reparassem o passeio e recolocassem os pilaretes. perguntei, obviamente também, quando tal seria feito. do outro lado, uma senhora muito (ou, como dira o maradona, 'extremamente') simpática e atenciosa assegurou-me que era impossível responder à pergunta.
passado um mês, os buracos continuam alegremente no sítio onde estavam e dos pilaretes desaparecidos, nem rasto. estou esclarecida sobre as potencialidades da linha azul do lisboeta e dos triliões de pessoal que a câmara de lisboa para lá tem, para além daquilo que há a esperar das intenções reabilitadoras dos gabinetes especiais para a baixa pombalina e zonas adjacentes. resta dizer que a junta de freguesia do bairro é na mesma rua dos buracos, assim como o ministério das obras públicas. que bela chalaça, este país.
|| f., 16:28
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o labirinto deles
o luís (naves) e o villalobos (joão) têm um blogue novo (quer dizer, não tão novo assim, mas só descobri agora mesmo). percam-se por
lá . (mas voltem, que precisamos de vocês todos para termos audiências que deixem outros blogues irritados, invejosos e mesmo obcecados)
repenicadamente, subscrevo-me
|| f., 16:25
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Alívio
E, já agora: A minha
massa corporal é 26,7. Estou na categoria do "overweight". Ainda não cheguei ao "obese". Posso continuar a enfardar. Uff!
|| JPH, 15:44
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querido jph, that was exactly my point
|| f., 15:44
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tira-teimas
o meu índice de massa corporal, diz
aqui, é 19. estou, portanto, meio ponto acima de ser barrada nas cibelles.
|| f., 15:38
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O sindicato, a f., eu e mais não sei o quê
Conclusão, querida f.: tu deixaste o sindicato quando eles lá tomaram uma posição que pessoalmente
te atingiu; eu demito-me ao sentir que uma posição deles
me atinge. Procedemos exactamente da mesma maneira.
|| JPH, 15:34
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Gordon
Eles lá nos Açores até devem até ter achado uma certa graça a uma intempérie que se faz anunciar com dias de antecedência. Não estão acostumados e, se bem os conheço devem ter achado o Gordon um bocadinho, sei lá, rabichola. Imagino-os sentados em frente à televisão divertindo-se loucamente com o frenesim da SIC (e também imagino a malta da SIC chateadíssima com um Gordon que desmaiou antes de fazer dano). Lá nos Açores eles sabem de uma coisa: quando for a sério não estarão lá jornalistas à espera. Os pesadelos daquele arquipélago não têm por hábito avisar que estão a caminho.
|| JPH, 15:03
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o sindicato, eu, o jph e os outros
o jph diz que vai mandar o sindicato àquela parte. a razão é a anabela fino, que creio não conhecer a não ser por um texto ou dois que li na blogosfera (
um deles citado no caderno de verão pelo nuno ramos de almeida) e que me pareceram, além de enormemente disparatados, bastante insultuosos para a inteligência em geral e para os jornalistas que não concordam com ela em particular, já que basicamente acusa toda a gente que acredita que foi a malta do bin laden a mandar as torres gémeas abaixo de manipulada e comprada (é o que eu leio quando ela escreve que 'obedecem à voz do dono').
sucede, porém, que nada disto é novo para mim (nem devia ser novo para ninguém): em tempos que já vão (mais exactamente há cerca de um ano), o presidente do conselho deontológico do sindicato, por acaso membro de uma organização confessional (onde, suponho, há uma hieraquia e um dever de obediência e lealdade -- mas longe de mim falar em 'vozes de donos'), teve ocasião de fazer publicamente, a meu respeito, versando a minha capacidade de independência e isenção versus as minhas supostas relações pessoais, afirmações que não só eram inaceitáveis do ponto de vista deontológico como insultuosas e que nunca foram publicamente abjuradas. dizia ele que eu, dadas essas alegadas relações, teria de fazer 'prova' da minha capacidade jornalística. provar, presumo eu, lendo pela cartilha de anabela fino, que não obedeço à 'voz do dono'.
exigi, por escrito, ao sindicato e ao conselho deontológico públicas desculpas e retratação em relação a estas afirmações, assim como uma clarificação sobre as novas exigências deontológicas que o sindicato entenderia, pelos vistos, fazer aos jornalistas (considerando, por exemplo, mais importantes e prejudiciais para o desempenho 'impoluto' da sua actividade as suas relações pessoais que, por exemplo, filiações partidárias -- como a que o presidente do sindicato ostenta -- ou pertenças a organizações como a igreja católica, como é o caso do presidente do conselho deontológico) e também sobre quem tem a incumbência de apreciar a actuação do presidente do conselho deontológico quando, no exercício das suas funções enquanto tal e falando como 'autoridade moral dos jornalistas', incorre em faltas deontológicas fixadas no código existente(comentando a vida privada de uma pessoa e lançando suspeitas difamantes sobre as suas capacidades profissionais com base nesses comentários). ainda estou à espera. ou seja, não estou: desvinculei-me do sindicato desde dezembro de 2005.
congratulo-me por haver quem tenha agora chegado às mesmas conclusões, com passagem por nova iorque e pela selva colombiana. lá diz o outro: pimenta no rabo dos outros é refresco.
|| f., 14:47
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"Voz do dono"
O meu querido
director adjunto no seu melhor.
|| JPH, 13:21
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A minha demissão do Sindicato dos Jornalistas
Está na altura de explicar porque decidi demitir-me do Sindicato dos Jornalistas (SJ), onde estou filiado desde 1991 - e cuja direcção até integrei, em tempos, sob a presidência do António Matos (e com o actual presidente, Alfredo Maia, na direcção).
A decisão prende-se, evidentemente, com os textos que Anabela Fino, "jornalista" do "Avante!" e dirigente do SJ, escreveu no seu jornal sobre as
FARC e sobre o
11 de Setembro.
No texto sobre as FARC, Anabela Fino acusou os que referiram a presença desta organização terrorista na festa do "Avante!" de terem "raízes fundas no passado fascista em que militaram de corpo e alma" e do qual são "descendentes disfarçados de modernidade serôdia e muito cotão na entretela". Sinto-me evidentemente atingido por esta cretinice até porque fui dos que escreveu sobre o caso, no
DN, dando eco, nomeadamente, à indignação que percorria uma parte importante da blogosfera.
Já no do 11 de Setembro acusou basicamente todos os que não têm paciência para teses conspiracionistas - e sou um deles - de serem "a voz do dono" (isto é, a voz do Bush).
Desculpem mas não admito que uma "jornalista" militante de um partido e, além do mais,
funcionária desse partido, me venha dizer que sou a voz do dono. Eu? E ela, cujas contas são pagas por um partido, é a voz de quem?
Nãzo tenho nada contra - pelo contrário - jornalistas que assumem a sua família ideológica. Podem até, se isso não implicar conflitos de interesses, militar num partido (e tanto me faz que seja o PCP como noutro qualquer). Agora é para mim claríssimo que ninguém se pode considerar jornalista (sem aspas) trabalhando no "Avante!" (ou noutro jornal partidário qualquer). E muito menos ser dirigente do sindicato que me representa. E muito menos ainda acusar os que não concordam com ela de serem a "voz do dono".
Um sindicato dirigido por gente assim não vai a lado nenhum. E eu não vou a lado nenhum sendo filiado num sindicato dirigido por gente assim. Não é o meu sindicato, é o deles. Que ninguém me tente demover porque não vale a pena. Assim que a minha brutal inércia mo permitir comunicarei oficialmente ao SJ a minha demissão.
|| JPH, 11:55
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esclarecimento, 1
li o texto integral da alocução de bento xvi disponível na agência ecclesia,
aqui). não encontrei lá nenhuma fórmula de demarcação em relação à frase de manuel II citada. a versão que li, em inglês, limita-se a apelidar a forma como o imperador falou com o seu interlocutor como de 'startling brusqueness'. não sei se isto é, em alguma parte do mundo, uma 'demarcação'. dizer que o imperador foi surpreendentemente rude com o seu interlocutor não quer dizer que não tenha razão no que disse. atendendo a que o papa estava a usar essa citação como parte de um argumentário em que recusava a relação entre religião e violência, parece-me que poderia e deveria ter frisado que o monopólio da violência em nome da religião está longe de ser assacável em exclusivo ao islamismo. sendo a citação do século xiv, entre as cruzadas e a inquisição, é talvez um pouco infeliz passar tudo isso em branco. dir-se-á que o antecessor de bento pediu desculpa por tudo isso, portanto ça va sans dire. precisamente, 'dire' é uma escolha, e não creio que o actual papa, cuja inteligência nos foi tão louvada, seja um ingénuo, como alguns aventaram.
finalmente, surpreende-me que haja tanta gente a confundir esta discussão com uma discussão sobre a liberdade. é claro que não deve estar em causa a liberdade de ter opiniões menos simpáticas sobre a religião muçulmana, a sua história e os seus efeitos -- como não deve estar em causa ter opiniões menos simpáticas sobre a religião católica e a instituição que a defende e representa. simplesmente, não foi há muito que ouvimos essa mesma instituição admoestar os que exprimiam essas opiniões no caso dos cartoons, explicitando a necessidade de 'respeitar o sentimento dos fiéis' e não acicatar os ânimos. era bom que frei tomás fizesse o que diz, de vez em quando. é que, por mais que eu me esforce, não vejo nenhuma diferença entre a utilização da frase do imperador bizantino e aquele cartoon da cabeça do maomé transformada em bomba. a não ser que ao cartoonista ninguém, entre os muitos que se ergueram para defender bento xvi, deu a hipótese de dizer que estava a ser mal interpretado.
|| f., 11:16
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esclarecimento, 543
segundo acabo de ouvir na tsf, o papa disse outra vez que lamenta ter sido mal interpretado. que não pensa nada de parecido com o que pensava o imperador bizantino que citou. e reafirmou o seu 'respeito pelas principais religiões' (ou seria 'pelas religiões mais importantes'?).
|| f., 11:13
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a quem possa interessar
isto é um blogue, not real life. fazer análises psicológicas, emocionais e relacionais a partir daqui é capaz de não resultar. mas divirtam-se, anyway.
|| f., 11:06
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terça-feira, setembro 19
depois não digam que não avisei
daqui a trinta minutos vai começar um debate no instituto franco-português sobre homofobia. aqueles dos portugueses que costumam dar pancada em pessoas porque vos parecem 'paneleiras'; que acham de truz alguém poder interessar-se sexualmente por alguém do mesmo sexo; que acham que qualquer pessoa que fale urbanamente das pessoas que se interessam sexualmente por pessoas do mesmo sexo ou é do 'clube' ou é pago a peso de ouro ou chocolates ou lá o que é, estão convidados a vir ouvir quão anormais são.
|| f., 17:04
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à autoridade nacional dos fenómenos paranormais
houve mais um avistamento do nuno simas, aqui
|| f., 17:03
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Contra-resposta a f. (e a quase toda a gente)
Nos blogs, pior do que na vida, nunca ninguém nos lê como gostaríamos
|| asl, 16:57
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actualização solar, depois de um telefonema do jerónimo
não sei se fui mal interpretada (é o mais certo) mas não pensem que lá porque não gostei do sol não gosto dos meus amigos que lá moirejam, como o meu querido jerónimo pimentel, de quem sinto uma falta tão horrível aqui no dn que vai-se a ver grande parte da minha má vontade em relação ao dito semanário é mesmo porque mo roubou. mas para provar que mesmo quando tenho um parti pris (ou mesmo dois, neste caso) sou capaz de parecer não ter, passo a dizer, perante as cerca de mil testemunhas que habitualmente aqui confluem diariamente, que apreciei o texto de paulo portas sobre o novo filme de sophie copolla.
agora não me peçam mais generosidade e imparcialidade durante uns dias, ok? é que vou ter de ir comprar mais.
|| f., 16:31
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resposta à ana que me respondia a mim
olha lá, essa de puxar os galões, tipo eu já andava na blogosfera ainda tu não sabias o que isso era portanto compreende que estás na fase de experimentar o brinquedo enquanto eu já não tenho pachorra, magoa-me tão mais profundamente quão é absolutamente verdade. mas sabes como são as crianças: gostam de companhia para brincar, para ir à água, para comprar gelados. e odeiam que lhes digam que os brinquedos delas não prestam. daqui a nada estou a fazer birra.
|| f., 16:27
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Ó Catatau!
Andei à procura e não encontrei o livro sobre o código [da estrada], de João Catatau, esse verdadeiro clássico.
|| portugalclassificado, 16:03
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Resposta a f.
O blog era um brinquedo. Adorei brincar quando mo deram, novinho, acabado de sair da fábrica. Foi tão bom.
|| asl, 12:50
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depois de brad pitt, joaquim manuel magalhaes
belo texto de joaquim manuel magalhães no actual do expresso (a propos, será que um texto destes podia sair no sol? estou só a perguntar -- podem sempre provar que a pergunta é uma ignomínia, vá), felizmente citado pelo eduardo pitta (http://daliteratura.blogspot.com/2006/09/citao-46.html), que me poupou assim o trabalho de o transcrever (isto de me pouparem o trabalho ultimamente acontece-me muito, já repararam?).
lembrei-me, ao ler este texto, do que pensei e sobretudo do que senti quando no outro dia fui ao salão de cabeleireiro de um amigo e vi lá vários senhores de cinquenta e tais ou mesmo sessentas -- sim, sei que é um cliché e que estas coisas resultam foleiras, mas eram claramente, como dizer, eu que detesto estas asserções, gays. nem todas as pessoas que amam alguém do mesmo sexo têm vinte anos e boa cara para viver tragédias. nem todas as pessoas que amam alguém do mesmo sexo são do BE e usam missangas e tatuagens e piercings. algumas têm sessenta anos, setenta, e medo de tudo aquilo de que se tem medo toda a vida e mais, muito mais, nessa altura. algumas têm idade para ser pais e avós dos idiotas que andam para aí a dar porrada em pessoas porque lhes parecem 'paneleiros' (leiam o dn de terça, quer dizer, hoje). algumas já não têm tempo para esperar por que todas as questões 'prioritárias' da sociedade portuguesa lhes passem à frente.
um dia falaremos do tempo em que as coisas eram assim como da escravatura.
|| f., 00:45
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pré-aviso
hoje entreguei o pré-aviso à ana. não sei bem se há-de ser de despedimento dela com justa causa ou meu, já que ainda estou para perceber quem é que aqui detém a autoridade patronal. mas que isto não pode continuar assim, não pode. o jph safou-se à justa porque me garantiu que estava a pensar num post. e o nuno, enfim, é o nuno: uma entidade abstracta, da qual de quando em vez (muito muito de vez em quando) há avistamentos.
|| f., 00:37
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segunda-feira, setembro 18
se me é lícito acrescentar algo, porém...
fiquei sem perceber se a secção opus dei mais notória da revista tabu, aquela reportagem sobre uma família, com antetítulo 'famílias numerosas', em que uma senhora teve dez filhos e as filhas e as noras resolveram também ter muitos filhos e 'não trabalhar para cuidar deles' -- parece que uma delas nem se interessava pela escola porque, explica, 'já sabia que não ia trabalhar' (creio que ela queria dizer que não ia ter um emprego remunerado e portanto lhe parecia não precisar de educação) -- é fixa ou flutuante. se vamos ter para a semana uma inesperada 'reportagem' sobre as delícias da abstinência e para a outra uma viagem ao fascinante mundo dos ciliciados (isto diz-se?), passando por uma série de visitas a casas de acolhimento de mães solteiras daquelas que foram 'salvas' do aborto pelas obreiras e obreiros da obra, passando por uma biografia do monsenhor escrivá. aguardemos com serenidade e em recolhimento a resposta, pois.
também não percebi por que motivo resolveram dizer que o aya, aberto em 1992, é o 'primeiro restaurante japonês tradicional de lisboa'. compreende-se que haja na tabu quem prefira coiratos ou tenha descoberto que o sushi 'é o máximo' há 3 meses, mas qualquer pesquisa mínima permite apurar que há restaurantes japoneses em lisboa desde a década de oitenta. o pioneiro, o kamikaze, fechou há muito, mas o bonsai, na rua da rosa, existe pelo menos desde 1984 (foi lá, nesse ano, que experimentei a medo o meu primeiro sashimi).
percebo que os magníficos fundadores do sol, que nos foram apresentados em bastas fotos e textos epicamente comemorativos (porém não assinados -- será o tabu a que refere o nome da revista?) do seu feito sem igual, tenham resolvido gastar até ao último tostão em cores e vírgulas. mas não podiam ter guardado alguma coisa para notícias?
graças a deus nosso senhor à virgem e aos pastorinhos, o irmão lúcia (ver posta anterior) já me poupou a maçada de comentar o primeiro caderno e o de economia (que nem me lembro de ter folheado). basicamente, aquilo pareceu-me um bocado o correio da manhã em semanário (o que, para quem apreciar o correio da manhã e almejar a sua base social de apoio, é capaz de ser até um elogio). bem sei que não é uma opinião original, mas foi o que arranjou.
ah, é verdade: é normal escrever-se, numa peça de análise a uma sondagem, que não sei quem (mário soares, creio) 'se safa melhor como primeiro ministro que como presidente da república'? safa indeed. olhem, já agora, vão ao valedealmeida.blogspot.com ler o miguel sobre outras questões de terminologia bem pouco solar do sol.
|| f., 23:57
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sol-ilóquio
estou para aqui desde sábado a ganhar fôlego para postar sobre o dito cujo novo semanário (ai que canseira) mas eis que dei com a santa análise do nosso irmão e zás, achei que em vez de ter trabalho mando-vos lá. ide, ide, e colhei tão puro fruto da iluminação pastorinha. (http://irmaolucia.blogspot.com/2006/09/o-sol-visto-pelas-minhas-lentes-2.html)
|| f., 23:53
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Ayatolas do serviço público
A intolerância que leva
alguns a dizer que a RTP fez um mau serviço ao transmitir o documentário conspiracionista anti-Bush
Loose Change não é muito diferente, na substância, daquela que levou multidões de fanáticos a atacarem embaixadas por causa de uns cartoons imbecis publicados algures num jornal dinamarquês. É a intolerância face ao desvio, à opinião fora do pensamento único autorizado, face à diferença. Não vi o documentário mas acredito piamente que seja uma cretinice pegada do princípio ao fim. Mas é nisso mesmo que reside a superioridade moral da nossa civilização: aqui podem dizer-se disparates, defender-se o impensável, concordar e discordar, expor o que pensamos ao escrutínio público. A RTP fez muito bem em transmitir o documentário: assim ficamos a saber até que ponto pode ir o delírio.
|| JPH, 20:39
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Retratos do trabalho em São Paulo
|| asl, 16:53
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sábado, setembro 16
over and over
You look so fine
I want to break your heart
And give you mine
You're taking me over
It's so insane
You've got me tethered and chained
I hear your name
And I'm falling over
I'm not like all the other girls
I can't take it like the other girls
I won't share it like the other girls
That you used to know
You look so fine
Knocked down
Cried out
Been down just to find out
I'm through
Bleeding for you
I'm open wide
I want to take you home
We'll waste some time
You're the only one for me
You look so fine
I'm like the desert tonight
Leave her behind
If you want to show me
I'm not like all the other girls
I won't take it like the other girls
I won't fake it like the other girls
That you used to know
You're taking me over
Over and over
I'm falling over
Over and over
You're taking me over
Drown in me one more time
Hide inside me tonight
Do what you want to do
Just pretend happy end
Let me know let it show
Ending with letting go [3x]
Let's pretend, happy end [4x]
(u look so fine, garbage)
|| f., 00:17
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sexta-feira, setembro 15
lesbigay e assim
começa hoje o festival de cinema gay. parece que o brad e a angelina não conseguiram vir. parece que eu vou por lá andar, num debate sobre... adivinharam: homofobia.
é assim a vida: uma pessoa escreve três artigos e para aí uns vinte (vá, mil e cinquenta) posts sobre o assunto e fica elevada à categoria de especialista, para não falar da de activista. eu não tenho a certeza, não sei, ignoro, etc, mas é capaz de ser DERIVADO DE haver tão pouca gente a falar disso fora daquilo a que se convencionou chamar a 'comunidade gay' (seja lá isso que for).
mas também NÃO VOU DE ENCONTRO A ISSO.
|| f., 19:42
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Alocução às massas
Depois disto, creio ter chegado a altura de deixar o Sindicato dos Jornalistas.
|| JPH, 18:47
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Aviso às redacções
Não confundir a Oriana Fallaci com a Paula Bobone.
|| JPH, 18:41
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Para mim é mais do que evidente
A funcionar tão mal, a deixar tanta gente pendurada, a dever tanto a tanta gente, não posso deixar de concluir: a Air Luxor é uma empresa estatal, não é?
|| JPH, 11:46
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quando ela esteve em cuba
ler o relato da abrunho, no contemplamento (http://contemplamento.blogspot.com/2006/09/quando-eu-estive-em-cuba.html)
|| f., 00:53
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quinta-feira, setembro 14
tempo de antena solar
olha. a judite de sousa, tão querida, está a colaborar no marketing de um novo semanário que vai aparecer esta semana. 'o que é que vai aparecer nas primeiras páginas do seu jornal?', pergunta a amável entrevistadora, como quem questiona um fabricante de detergente sobre as potencialidades tenso-activas (ou lá o que é) do dito na lavagem da roupa.
'os jornalistas são seres que têm de assumir uma grande responsabilidade perante a sociedade', diz o arquitecto, que explica que quer ter por isso 'uma redacção de homens livres', que por acaso, rectifica, até são sobretudo mulheres. (eh lá! isto quer dizer o quê? que são tão livres que até são mulheres? que eram homens e agora são mulheres? ou, o costume, que os soldados rasos são mulheres e a direcção, como de costume, é só homens? hum?).
muito boa também a prelecção sobre a falta de dignidade a que são submetidas as pessoas nos talks shows da sic -- mais um bocado e ainda ouvíamos o ex-director do expresso dizer que a sic tem muito tele-lixo, por acaso uma das afirmações que salvo erro o terão levado a despedir um colunista chamado joão carreira-bom.
enfim, a malta ter uma certa idade tem este problema da memória. o resto ou se tem ou não. mas que o tempo de antena estava muito bem feito e até parecia uma entrevista normal, estava.
|| f., 21:30
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foi o bairro alto meus amores
anda para aí uma grande conversa sobre o bairro alto, o que foi e o que é, no
da literatura,
no portugal dos pequeninos e em mais alguns sítios, como o
corta-fitas, pelo joão villalobos.
concordo com os joões, gonçalves e villalobos, e com o eduardo pitta: as ruas estão com péssimo aspecto, cada vez mais riscadas por gente que acha que aquela poluição é graffiti e arte e expressão de liberdade e mais não sei o quê quando é só mesmo um nojo. concordo que as calçadas dão a ideia de não verem uma mangueira e uma escova há anos e que o conjunto geral não é atraente. mas, tendo começado a frequentar o bairro alto no início dos anos 80, não recordo um lugar muito mais asseado -- à excepção do estado das paredes.
quanto ao resto -- quem lá está e quem lá anda -- parece-me evidente que quem tem agora 40 ou mais anos (como é o meu caso) tenderá a justapôr a memória dos seus 'anos de ouro' ao cenário em que eles decorreram e soçobrar um bocadinho à melancolia.
achei muita graça
a ler o joão gonçalves e a sua resposta a um crítico uma vintena de anos mais novo que vinha
em defesa do 'seu' bairro alto. 'quando você for vivo', dizia o joão ao outro (que bem merece um puxão de orelhas por insinuações torpes) , e eu sorri. mas um dos problemas, se calhar, é que hoje, quando passamos no bairro alto a caminho do casa nostra ou do pap'açorda, nos sentimos um bocado menos vivos que a memória que temos de nós, há 20 anos, de cabelo em pé espetado com sabão e hot pants e meias de rede e saltos agulha rumo ao frágil (e ao casa nostra e ao pap'açorda e ao pile ou face e ao arroz doce).
diz o jovem crítico que 'hoje os olhares são diferentes', e, creio, diz também que a sedução é diferente. diz o joão gonçalves que as bebidas eram melhores e mais baratas (e, acrescento eu, as drogas piores, mais raras e mais caras)e se bebiam em copos de vidro. agora os copos são de plástico e os líquidos são caipirinhas em vez de vodka puro (ai o que o meu fígado sofreu)e os olhares parecem-me o que sempre me pareceram: iguais ou diferentes conforme quem os ostenta, como a sedução.
ok, nós fomos os primeiros, fizemos história (que por acaso está por contar). mas não ficou para nós nenhum tapete vermelho, e vénias, só as de cada um para si (muito saudáveis).
ah, e o livro, eduardo, é a idade da prata e não a geração de prata.
[adenda de sexta feira: afinal quem diz aquilo das bebidas é o joão villalobos -- ai, esta pobre cabeça, quase tão sacrificada como o fígado. as minhas repenicadas desculpas]
|| f., 20:33
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é d'homem
desde aquela já longínqua aparição no thelma and louise, o road movie feminista do ridley scott, que a malta ficou pelo beicinho. mas não querem lá ver que além de ser,
como a cris diz, podre de bom, é bom mesmo?
|| f., 17:47
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afinal há esperança (pouca, muito pouca, mas alguma)
é bom saber que os tais parvalhões não são assim tão parvalhões que não tenham percebido
ser eles os parvalhões. já é alguma coisa. as minhas desculpas a seja quem for que não sendo mesmo nada parvalhão teve a extravagante lembrança de se afigurar por mim como tal classificado (o que, quer-me parecer, significa ter-me em conta de parvalhona, mas prontoS, eu desculpo). quanto a
seja quem for que queira tomar o meu partido, o dos sempre contra os parvalhões, faça favor de não andar para aí a chamar parvalhões em defesa da minha honra
a gente muito estimável e nada parvalhona.
apre, que estou farta da palavra. agora vamos usar topete, hermengarda e tergiversar, ok?
|| f., 15:09
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remorÇos e tremoSSos, again
the plot thickens: então não é que anda aí um cavaleiro/a andante a invectivar outrem em meu suposto benefício (vão lá à causafoimodificada.blogspot.com e deleitem-se)? ai, be still, my heart. e eu, que, como a diane fossey, até gosto de gorilas e tudo.
|| f., 11:39
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os remorÇos dos tremoSSos
ai, era ironia, era, e para uns parvalhões muito específicos que não honro com a provável curiosidade (e, logo, as audiências) dos leitores do glória fácil. mas era mesmo só o que faltava era eu querer apoquentar pessoas como o excelso maradona, sobretudo dando-se o caso de ter dado ainda que meio ouvido a elogios à minha pessoa e ter engordado a ler textos da gr nos tempos muito idos em que eu lá enchia páginas a fio. (para quem não faça a mínima do que eu estou a falar, como parece ser costume em grandes fatias do eleitorado, aqui vai o linque à mão, que o meu mac, como estou saturada de repetir, não os faz: http://acausafoimodificada.blogspot.com/).
|| f., 00:31
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quarta-feira, setembro 13
never never never
do elvis (mas costello) gosto mais do shipbuilding. mas
this is sooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo true
|| f., 16:50
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e chicletes?
parece que não me fiz entender. paciência. já estou habituada (esta cena da ironia tem destes percalços). mas cumprimentos, na mesma.
|| f., 16:31
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Por acaso...
...também reparei. Achei estranho. Faço minhas as
palavras do Simas.
|| JPH, 11:29
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"Cartune" do dia
|| portugalclassificado, 11:02
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"Constatacinha" (com um dia de atraso devido a folga)
Ia caindo o carmo e a trindade quando o Governo mandou (e bem) retirar os crucifixos das escolas.
Agora, convidam-se (como, aliás, é hábito!) os padres para as inaugureação de escolas e outras instalações do Estado.
O chefe do Governo vai à cerimónia e lá se benzeu depois das palavras do humilde representante terreno do divino (um padre franciscano) - a SIC focou em grande plano José Sócrates a levar a mão à testa e ao peito.
Enfim, atiram os crucifixos pela janela e deixam entrar os padres pela porta!
|| portugalclassificado, 10:49
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terça-feira, setembro 12
as minhas desculpas também, ainda que não as do costume
aos ilustres leitores que se têm vindo a interrogar (e a mim também, via mail) sobre o/os destinatário/os de algumas postas recentes, devo informar que o/os destinatário/os sabem que é com eles (mesmo e sobretudo quando estão muito ocupados a fingir que não, a assobiar para o lado e assim). e, para o caso, atendo-me ao estatuto editorial deste blogue (que, como aqueles arrozes malandrinhos das tascas, 'sai ao momento'), é mesmo o que me interessa. sorry, sóli, desculpem lá. os ataques ad hominem com nomes e fotografias dos bois para gozo do respeitável público seguem dentro de momentos.
|| f., 19:37
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A desculpa do costume
Sim, Câncio, tens toda a razão, estou em falta, eu sei. Mas olha, hoje não, que estou com dor de cabeça.
|| JPH, 13:47
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isto é um blogue colectivo ou quê?
lá porque eu tenho andado para aqui muito entretida não pensem que vou ficar eternamente a puxar o lustro ao glória enquanto vosselências ganham o vosso, alimentam a família e de um modo geral tentam tornar-se membros úteis da sociedade. as férias, que eu saiba, acabaram e com elas as desculpas tipo 'não tinha lá computador', 'não apanhava a net', 'já não acho graça à blogosfera', 'é só idiotices nos blogues', 'acho que já não tenho ponta para aquilo' e quejandas.
ana, fazes favor descarregas aqui mais umas canções do chico. jph, estás intimado a uma análise política DAQUELAS que irritam a malta do blasfémias e assim e dão para uma semana de linques furiosos. nuno, tu, sei lá, dá o bi mensal ar da tua graça.
olhem que eu zango-me
|| f., 13:11
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baixios
dizem as leis -- da física, da moral e da observação em geral -- que quando se está no mais baixo dos baixos é razoavelmente difícil ir mais fundo. mas pode-se sempre tentar -- e conseguir.
|| f., 12:43
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segunda-feira, setembro 11
eu diria mesmo que
há gente que quando lhe toca a doer prefere o assobio.
|| f., 21:32
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true lies, 2
afinal o filipe nunes vicente
já tinha comentado a doc-conspiração. e muitas horas antes de mim, toma.
|| f., 21:18
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true lies
depois de passar os olhos por uns tantos documentários que passaram na rtp sobre a grande conspiração do 11 de setembro, com provas provadíssimas (com imagens da 'explosão das bombas' colocadas pelos serviços secretos ou lá o que é ou mesmo pela própria família bush nas torres nuns 'exercícios de segurança' que terão ocorrido nos dias anteriores ao derrube das ditas, mais revelações sobre o facto de ser impossível ligar dos aviões para terra por telemóvel, mais umas coisas do género -- confesso que às tantas eu, que até adoro teorias da conspiração, perdi o interesse), ocorreu-me, sei lá, perguntar aos conspirativos autores dos ditos por que motivo deixaram fora da picture (ou, neste caso, do doc) os atentados antes e depois do 11/9. tipo, onde é que encaixam o 11 de março e o sete de julho (só para citar os casos europeus, até porque, confesso, não me lembro das datas dos outros) nesta história? ou foi uma cena copy-cat?
enfim. toda a gente sabe que os americanos têm, de um modo geral, a ideia de que o mundo e tudo o que nele interessa se resume à américa, mesmo quando estão a tratar de refutar a existência e a acção de uma organização terrorista global. o curioso é que há muita gente não americana e até anti-americana que, neste caso específico, padece de americanice no mais agudo grau.
para quem está a esta hora a tentar esmifrar a labiríntica relação entre o título e a posta, aqui vem o alívio: é que ninguém me tira da cabeça que o bin laden tirou a ideia de lançar os aviões contra as torres gémeas do true lies, um filme de 1994 do james cameron com o schwarznegger e com terroristas islâmicos em que um caça entra por um arranha-céus adentro. (a menos, claro, que, de acordo com esta
cartilha cidada pelo nuno, tenha sido o george bush que, grande admirador do amigo republicano schwarzie, tirou daí a ideia e ligou ao compincha bin para lhe 'encomendar' os atentados e quê, naquela 'agora é que eu vou pôr a américa a ferro e fogo e transformar isto numa ganda ditadura e invadir os malandros dos gajos escurinhos todos lá daquele sítio que agora não me lembra o nome e dar uso àquela cena que temos para ali para as terras do fidel e provar a toda a gente que sou o horroroso anti-cristo e anti-tudo que os gajos do avante e assim já descobriram há séculos que eu sou').
|| f., 19:02
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e remédio para o vómito, já agora
há coisas que tenho a maior dificuldade em digerir. a possibilidade, por exemplo, de notórios e mui recentes controleiros/censores clamarem por uma mais acutilante e mordaz opinião publicada tem em mim mais tóxico efeito que mil virulentas salmonelas. chiça, que certas pessoas estavam mesmo distraídas quando andaram a distribuir a vergonha. ou isso ou fizeram um reset tão bem feito na caixa dos pirolitos que esquizofrenia ao pé deles é refresco (pelo menos até serem de novo chamados, na próxima mudança das cadeiras, a assumir as funções que tão alegre e denodadamente cumpriram e, não duvido, voltarão a cumprir -- se possível com maior sanha ainda, para vingarem os tristes dias da 'mó de baixo', quando em vez de lápis azul empunhavam um blogue 'contestatário').
|| f., 18:10
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clearasil, xanax, ultra-levure, imodium, anyone?
e não é que há malta que leva mesmo a sério as audiências dos blogues, para já não falar das piadas sobre audiências de blogues? apre. às vezes até parece que o
carlos pinto coelho tem razão.
|| f., 16:33
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domingo, setembro 10
As palavras abomináveis
Missiva. Causídico. Há palavras horríveis. O censor que há em mim adorava para todo o sempre deletá-las
|| asl, 21:57
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of estupidez and desperdicio
a sic continua a passar a magnífica série of beauty and consolation entre as 2 e as 4 da manhã. tá certo que quem está acordado a essa hora a ver a sic precisa especialmente de ser consolado com beleza e outras amenidades, mas caramba. não podem antes consolar os insomnes com a floribella (assim como assim, já têm os miolos num fanico) e passar aquilo, sei lá, à uma e meia da manhã, logo depois do primeiro filme seboso de acção vandamnica ou stevensegálica ou dolflundgrinica dos sábados à noite? pensem lá nisso (se tiverem como).
|| f., 19:45
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lucia na net com lps
para além da delícia do nome e outras graças, o http://irmaolucia.blogspot.com/ tem uma colecção de capas de lps que é... olha, vão lá ver.
|| f., 19:41
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Rejuvenescer
Voltar a usar o passe social
|| asl, 17:40
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Retratos do trabalho em Portugal
Sócrates não quer acordo, Marques Mendes quer acordo, Cavaco quer, Jerónimo recusa, Louçã denuncia
|| asl, 17:37
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sábado, setembro 9
o que me leva à triste conclusão de que
acabo de ver a eva longoria, das desperate housewives, a dizer 'i'm a pretty girl. and pretty girls are never lonely'.
|| f., 03:44
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stop the press 5
eh pá, estou mesmo destreinada. escrevi uma maiúscula no post de baixo sem querer (os nomes dos estados não contam, copiei-os da net). tssss, tssss. qualquer dia, vai-se a ver, ainda apanho a doença das vírgulas, ou assim (e deixo de abrir parentesis -- e riscar traços -- por tudo e por nada).
|| f., 03:37
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para o manuel only
afinal são 50. tinhamos estes:
Alabama
Alaska
Arizona
Arkansas
California
Colorado
Florida
Georgia
Hawaii
Idaho
Illinois
Kansas
Kentucky
Louisiana
Massachusetts
Michigan
Minnesota
Mississippi
Missouri
Montana
Nebraska
Nevada
New Hampshire
New Mexico
New York
North Carolina
North Dakota
Ohio
Oklahoma
Oregon
Pennsylvania
South Carolina
South Dakota
Texas
Utah
Virginia
Washington
West Virginia
Wyoming
faltavam-nos estes:
Connecticut (tinhamos este ou não? Estou baralhada)
Delaware (eu bem dizia)
Indiana
Iowa
Maine
Maryland
New Jersey (outro)
Rhode Island
Tennessee
Vermont
Wisconsin
(sim, há quem se divirta na praia a fazer listas dos estados dos estados unidos. somos todos americanos ou quê?)
|| f., 03:18
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