...para Ana Sá Lopes (asl), Nuno Simas (ns) e João Pedro Henriques (JPH). Sobre tudo.[Correio para gfacil@gmail.com]
terça-feira, maio 31
Sobreirogate
É engraçado: influência rima com Convergência. Mas também com coincidência.
|| JPH, 14:51
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das pessoas
o mesmíssimo se passa com as 'pessoas humanas'. a pessoa humana, dizem eles. em oposição a? à pessoa inumana? à pessoa desumana? à pessoa desumanizada?
faz-me lembrar um filme com woody allen (não de), the front (ou the front man, já não sei). passa-se na altura da caça às bruxas, em hollywood. allen é um tipo a quem os argumentistas na lista negra pedem para vender aos estúdios os seus trabalhos. para não morrerem à fome. a dada altura, é chamado para responder perante a comissão. perguntam-lhe: conhece esta pessoa? e ele: até que ponto é que podemos dizer que conhecemos alguém? sim, porque no fundo, nunca conhecemos ninguém... e pessoas... quantas pessoas é que há? há muita gente, mas pessoas?
é isso e dizer que se acredita nas pessoas. ou na humanidade. meaning? que sabemos que existem? que temos fé nelas? mas fé em quê?
mas a minha favorita mesmo é aquela de humano sinónimo de bondade. heeeellllllllllooooooo? olhem outra vez.
f.
|| asl, 01:00
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há outra espanha?
fico fascinada de cada vez -- e é todos os dias, nas mais diversas formas, nos mais variados meios -- que alguém diz ou escreve 'a vizinha espanha'.
dando a entender, certificando até, que há outra espanha -- a que não é nossa vizinha.
que não é aquele país grande donde vêm os morangos enormes a saber a nada mais o resto das frutas dos hipermercados e as saladas pré-lavadas em sacos transparentes e os iogurtes e kefirs artesanais de cabra (que são a minha perdição) mais o corte inglés e a zara e a massimo dutti e a bershka e e e. e a hola e o casamento dos homossexuais e uma forma inversa de ler a mesma lei do aborto ou, como agora está na moda, os terríficos manuais de educação sexual que visam transformar as crianças em personagens do divino marquês (com sexo com animais e tudo)
a não ser que a espanha só seja nossa vizinha quando convèm. uma vizinhança, digamos, metafísica. electiva.
f.
|| asl, 00:42
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segunda-feira, maio 30
referendo
O "não" ganhou na França. Momento primordial na construção europeia. Para mim é também um momento primordial: nunca tinha escrito "na França".
|| JPH, 13:14
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sábado, maio 28
lapsos
disse-me agora a maria josé oliveira que escrevi carson mccarthy em vez de cormac. e escrevi mesmo. estava a pensar na carson mccullers, decerto, e fundi-os assim, os dois escritores do sul, ele do texas ou new mexico ou lá o que é, ela da georgia, ele o solitário cowboy que fala de cascavéis nas raras entrevistas e detesta proust e gosta de cavalos, lobos e desertos e conta terríveis histórias de liberdade, amor e morte, ela a que como num navio submerso percorreu as válvulas e artérias do coração em busca de salvados -- a menina que se apaixona por um casamento, a mulher que enlouquece por um anão, a solitária caçadora de paixões cruzadas que lhes expõe a impossível determinação.
fazem-me sentido os dois, na crueldade essencial dos seus universos, na radical solidão das personagens, no horizonte árido da escrita.
há lapsos que são mesmo freudianos
f.
|| asl, 11:03
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quinta-feira, maio 26
conspiração III
'e o que é que aconteceu? vale a pena dizê-lo, repeti-lo, sublinhá-lo, para ver se a verdade entra finalmente nos ouvidos nocivos dos profissionais da mentira (...) a afirmação veiculada por diversos intervenientes seria ridícula se não fosse redondamente estúpida (...) ao longo desta tempestuosa campanha vazia de conteúdo e atravessada de preconceitos e de ignorância, algumas entidades produziram afirmações falsas, opiniões caluniosas e informações propositada e grosseiramente erradas'
(comunicado do grupo espírito santo sobre o caso sobreiros-portucale, cuja leitura e estudo se aconselha, mais que não seja que pela veemência, tão rara no corporate speech)
f.
|| asl, 13:49
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conspiração II
a propósito do robert jr, um pequeno, comezinho, caso de estudo. o do espesso e da educação sexual nas escolas. ainda se lembram?
começou tudo há duas semanas e meia, com um artigo de página inteira, profusamente ilustrado com desenhos a preto e branco cuja origem não era assinalada (ai o copyright... e a deontologia...) mas que quem lesse o texto deduziria virem de uns tais de manuais oficiais da educação sexual.uma das ilustrações, de duas criancinhas nuas a tocar os genitais, teve honras de primeira página.
ficávamos pois a saber, pelo trabalho de três jornalistas do semanário, que: 1. havia uma programa oficial de educação sexual; 2. que o seu principal responsável seria uma associação chamada apf (associação para o planeamento da família); 3. que os pais não eram tidos nem achados quanto ao conteúdo do dito programa; 4. que do dito programa e dos manuais oficiais constavam coisas inauditas, como pôr os alunos a pensar em sinónimos de acto sexual e genitais, a falar sobre masturbação, a imaginar um país onde a maioria da população fosse homossexual ou a saber para onde vai o esperma ou o que é sexo oral.
no texto, eram citadas várias pessoas -- sobretudo pais e mães, uma pedopsiquiatra (que, entre outras coisas, dizia que a lei portuguesa não contemplava a existência de casais homossexuais. espantosa afirmação, tendo em conta que é falso -- há uma coisa chamada a lei das uniões de facto -- mas sobretudo porque não se descortina em que é que isso interessa para o caso da educação sexual e do ponto de vista da psiquiatria), o presidente da confederação das associações de pais e, salvo erro, uma psicóloga.
um dos pais citados afirmava-se autor de um estudo sobre "o programa oficial da educação sexual" e de conferências feitas pelo país fora sobre o assunto.
no texto publicado, não havia qualquer tentativa de esclarecimento do assunto junto do ministério da educação ou da apf.
os nomes dos "manuais oficiais" e respectiva autoria, assim como dos "textos de apoio", nunca era referida.
também não era explicado como se leccionaria a educação sexual nas escolas, nem quem seria responsável por tal.
na semana seguinte à da publicação do texto, a associação juntos pela vida fez um comunicado em que, baseando-se na 'investigação' efectuada pelas três jornalistas, exigia o fim imediato do programa de educação sexual, a investigação do mesmo e a identificação de seus autores e 'cúmplices', assim como de todos os alunos a ele 'expostos' e um pedido de desculpas 'a cada um' dos respectivos pais, para além de demandar o esclarecimento sobre as relações da apf com o ministério, a existência de protocolos entre a dita e o dito, o montante dos mesmos, etc. a associação portuguesa das famílias numerosas pôs a circular uma petição no mesmo sentido.
colunas de opinião, aqui a ali, começaram a surgir, a maioria das quais tomando como certo o que o espesso dizia e manifestando repúdio pelo 'programa oficial de educação sexual'. na maioria dos jornais, as notícias reproduziram os termos do comunicado e da petição, a reacção da apf, que negava a aplicação da maioria dos exemplos citados no texto e do ministério, que negava a existência de "um programa oficial de educação sexual". entretanto, soube-se que o pai autor do tal estudo citado no espesso era um membro do movimento juntos pela vida.
por outro lado, quem se debruçasse minimamente sobre o assunto descobriria que a educação sexual é parte da área transversal de educação para a saúde, que inclui por exemplo a prevenção de consumos de substâncias nocivas, a educação alimentar, etc, cujo programa é decidido em cada escola; que a apf é uma entre 3 associações que assinam regularmente protocolos com o ministério da educação, no sentido de efectuar acções de formação nas escolas, a professores e alunos -- as outras são o movimento de defesa da vida e a fundação comunidade contra a sida. e que a educação para a saúde está sem coordenação desde janeiro de 2003, e que o número de escolas que em dois inquéritos elaborados pelo ministério assumiram leccionar educação sexual anda em menos de 50%. e que, finalmente, devido à inexistência de coordenação e de investimento na área, não se sabe realmente que tipo de conteúdos estão a ser veiculados e como. ou, já agora, se a obrigatoriedade de veicular ensinamentos sobre educação sexual em todas as escolas está a ser cumprida e se não, porquê.
apesar destes desmentidos e interessantes revelações, o espesso voltava, uma semana depois, à carga, com um editorial sobre o assunto e uma coluna de henrique monteiro, a pegar no assunto nos termos do artigo referido, enquanto na mesma edição as jornalistas que assinaram a peça assinavam um esclarecimento, que confesso não ter lido e sobre o qual não posso portanto pronunciar-me.
na semana a seguir, continuaram as colunas de opinião sobre "o programa oficial de educação sexual".
Na quarta feira (ontem) o ministério exarou finalmente um comunicado sobre o assunto, em que acusa o espesso de ter feito uma notícia deturpada (ou coisa que o valha, não me lembro do termo exacto) e reitera a inexistência de um programa oficial de educação sexual, esclarecendo também que as imagens publicadas no espesso e a maioria dos exemplos pedagógicos citados são de livros espanhóis relacionados com o programa de educação sexual do governo das canárias, livros esses que não são utilizados em portugal nem fazem parte dos materiais recomendados pelo ministério.
exercício do dia: ver quantos media passam esta informação.
e, já agora, pensar como é fácil (e barato -- não sei é se dá milhões, é conforme) lançar uma campanha em portugal.
quem melhor para desinformar que quem tem o dever de informar? robert jr, és capaz de não ser completamente maluco.
f.
|| asl, 12:26
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quarta-feira, maio 25
conspiração
na vanity fair de maio, um dos kennedys que sobram, o robert f. jr, num excerto de um livro a sair (crimes against nature) faz, sob o título 'the disinformation society', um libelo contra aquilo que em termos mediáticos está a suceder na américa -- a forma como, diz ele, a maioria dos media 'passam' o catecismo da direita, que chegaria a ser cozinhado numa reunião semanal para ser difundido país fora, via cronistas, comentadores e talk show hosts arregimentados, a maioria, assevera, de direita (onde é que já vimos isto?).
diz o robert f. kennedy que, ao contrário do que passa como verdade, os media não são 'progressistas' mas 'conservadores', e essa será, para ele, a razão pela qual, num gigantesco esforço propagandístico, se cozinhou a vitória de bush.
uma verdadeira teoria da constipação. mas quando ele dá o exemplo lewinsky, e de como com um caso extra-conjugal se discutiu o impeachment de clinton, alegando que mentira, quando as mentiras de bush relacionadas com as armas de destruição maciça do iraque passaram de fininho, confesso que parei para pensar.
para pensar, sobretudo, por que motivo nunca me ocorrera a comparação.
f.
|| asl, 02:50
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fétiche lux
gostei da ideia. gostei do canhenho, das citações, da mae west. fez-me lembrar um tempo, a long long time ago, quando era sempre assim, quando levávamos dias a pensar no que vestir nas festas, em investidas no guarda-vestidos, nas modistas, nas retrosarias, na madame bettencourt, no sótão. na laca, no sabão, no cabelo.
agora é mais anahory, claro. encontrei o vasco, o meu vizinho, na rua da prata, ontem, e disse-me que ia alugar uma cena de padre. 60 euros, ou lá o que era. tipo baile de máscaras. imagino que não era bem isso que o manel (reis) imaginava. imagino que -- não sei, claro, e não lhe perguntei -- o que ele imaginaria era algo tipo aquilo de há vinte anos (há vinte anos era o frágil, e o frágil, para quem se lembra, é espantoso, quase irrepetível). ou sou eu que imagino que ele imagina.
não sei. de qualquer maneira, não fui. imaginei aquelas marés de gente do costume e estafei-me só de imaginar. além disso, já vi a von teese. nada de muito especial. tem graça, claro. mas pronto, já vi.
é isto, creio, o discurso geracional. tipo: no meu tempo... que noja. gosto de acreditar que não é isso. mas, mais tarde ou mais cedo, vai dar no tempo. na malícia do tempo.
e pronto, não fui.
que pena. apetecia-me dançar. apetecia-me um lugar para dançar. apetecia-me música que me fizesse apetecer dançar.
apetecia-me ter vontade e ganas de me perder. apetecia-me aquela energia altiva, suicidária e imperial que faz cruzar a noite com o dia e de repente olhar para trás e perceber, sobre o rio, a tonalidade cinza da aurora, a procurar os óculos escuros, a maldizer os pés e a pensar: e agora como é que eu amanhã, que é hoje, daqui a bocado, faço seja o que for?
apetecia-me dizer e fazer e ser, outra e outra vez, a encarnação da frase. when i'm good, i'm very good. but when i'm bad, i'm even better. cabedal, renda, olhos, as coisas todas que rimam com isto.
apetecia-me que me apetecesse o suficiente. mas não.
o que é, segundo o meu amigo rui, um luxo: o luxo de não apetecer. mas não estou certa que não seja uma desculpa.
paciência.
f.
|| asl, 02:14
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carson
what he loved in horses was what he loved in men, the blood and the heat of the blood that ran them. All his reverence and all his fondness and all the leanings of his life were for the ardenthearted and they would always be so and never be otherwise.
(sras e srs, carson mccarthy. all the pretty horses. belos cavalos, na tradução portuguesa. primeiro volume da trilogia da fronteira)
f.
|| asl, 02:07
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terça-feira, maio 24
Autodeterminação: por ex, os braços
Lamentavelmente, as camisas de manga curta tornaram-se "demodé".
Nós, as que somos pela autodeterminação dos braços, sentimos um q.b. de nostalgia.
|| asl, 21:17
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slogan de hoje
whatever u do, don't let them sons of bitches see u cry
(billie holliday)
never ever, acrescento eu. kill'em first
f.
|| asl, 16:37
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Sobre a cobardia
Quando
alguém que está escondidinho atrás de um anonimato merdoso diz de outra pessoa ele é "mau,
cobarde, incompetente e tíbio", eu levo a sério. Pelo menos quanto ao "cobarde". Percebe-se logo que é uma autoridade na matéria.
|| JPH, 15:49
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segunda-feira, maio 23
Revelação mundial: quem ganhou a II Guerra Mundial foi a URSS (II)
Leia-se um excerto ("O Militante", pág. 44): “É uma exigência da luta contra as omissões e falsificações da historiografia burguesa e, sobretudo, contra as tentativas da reacção e do imperialismo para, tirando partido das derrotas do socialismo na URSS e nos países do Leste da Europa, reescrever a História em função dos seus interesses e objectivos de exploração e domínio planetário”. Não está mal para quem esquece uns quantos factos básicos.
Depois, entra-se no domínio do “confronto ideológico” e causas da II Guerra Mundial “ e a sua natureza imperialista e anticomunista”. “(…) A URSS socialista, o Exército Vermelho e o povo soviético como factor determinante de vitória são questões tão importantes que a sua assimilação em termos de verdade histórica e do seu profundo conhecimento ideológico, é indispensável aos comunistas para as suas batalhas do presente”.
Albano Nunes lembra, com justiça, os 20 milhões de russos mortos durante a guerra (dos três aliados, a União Soviética foi o país que sofreu maior número de baixas), mas não recorda os milhares americanos mortos no desembarque da Normandia ou nas batalhas na França.
Os dois aliados da URSS são mencionados, sim, mas por outras razões. A Grã-Bretanha é referida por Albano Nunes quando recorda que “a escalada de Hitler [na Alemanha] só foi possível, primeiro com a complacência e a colaboração da Grã-Bretanha, França e outras democracias burguesas, e depois pela cobardia e traição das burguesias nacionais.”
À luz do "conhecimento ideológico" para as "as batalhas do presente" dos comunistas, os Estados Unidos são um mau exemplo - neste particular Mário Soares e outras esquerdas radicais mais suaves até estarão de acordo: "Há um sistemático recuo/alinhamento das democracias europeias diante da arrogância agressiva dos EUA" ("O Militante", pág. 2).
Porque assinalar os 60 anos do fim da II Guerra Mundial não é apenas uma efeméride. O texto de abertura do dossier esclarece "O Militante" : "Vivemos hoje uma situação que apresenta inquietantes similitudes com as que conduziram à II Guerra Mundial, com o imperialismo norte-americano e os sectores mais reaccionários do grande capital conduzindo uma violenta ofensiva de exploração, militarismo e guerra" ("O Militante", pág. 2).
|| portugalclassificado, 21:44
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distracções
adorei ouvir a manuela ferreira leite a dizer que não estava nada surpreendida com o tamanho do défice. ah, valente. assim é que eu gosto: gente séria. e a avisar, de dedo em riste, com aquele tom de mestre escola: não nos podemos distrair. nem um milímetro.
porque ela nunca se distraiu. nem um pontinho percentual lhe passou despercebido. ah, ganda mulher. ela sempre soube. tudo.
até tou à espera de a ouvir dizer que o défice foi SEMPRE de 7%. Ou 6,83 ou lá o que é.
ou pior, tipo 10%, e melhorou estes três anos graças aos denodados e férreos esforços dela. que guardou tudo para si, viveu com este peso (tal foi o esforço que teve de sair, esgotada, ela e o durão, e entregar o testemunho a santana e bagão, que fizeram ainda melhor: disseram que já estava quase resolvido, que se via a luz ao fundo do túnel), para não nos enervar.
e agora vem o dr constâncio e despeja-nos isto em cima. que falta de atenção. de educação, até. não podiam guardar isto pra eles? não vêem que isto nos deixa em baixo?
caramba.
f.
|| asl, 20:13
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autodeterminação
e os meninos?
autodeterminem esses corpos, já! JÁ! queremos esses biceps ao ar. essas omoplatas e esses peitorais esculpidos nas tshirts brancas.
e esses glúteos. esses glúteos e essas coxas bem altivos e reluzentes, tensos sob as gangas e as sarjas.
e fico por aqui.
sim. imaginem. nós, as meninas, as gajas, também gostamos.
e não é já, é desde sempre.
f.
|| asl, 19:59
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Autodeterminação
Vem o calor e parece que os corpos das meninas começam a pedir a autodeterminação. Eu sou pela autodeterminação. Desde Timor-Leste que sou pela autodeterminação (para já não falar no Saara Ocidental).
|| JPH, 18:07
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Défice: de tanga em tanga...
Ficámos hoje, finalmente, a saber o valor do défice orçamental. O ministro Mário Lino já se descaiu, há dias no Parlamento: 7% é o número. Afinal, é 6,83%.
O défice, esse tema que reentrou para o debate político no ocaso do guterrismo, lá por 2000, quando se continuava a prometer mundos e fundos e as receitas não cresciam, vai "andar por aí" nos próximos dias. Semanas. Meses.
José Sócrates deve andar tentado a pedir emprestado o discurso da tanga ao actual presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, que, enquanto governou o país, em conúbio* com o CDS de Paulo Portas, de 2002 a 2004, fez do combate ao défice a "mãe de todas as batalhas". Com a ajuda da ministra Manuela Ferreira Leite, que saiu de cena assim que viu entrar Pedro Santana Lopes em São Bento e previu que o homem queria era abrir os cordões aos cofres do Estado para ganhar as eleições.
O certo é que os anos passaram, os governos também e de um défice de cinco e tal por cento estamos agora em sete por cento. Os governos continuaram a bramar contra o défice, a dizer que combatê-lo é uma prioridade.
Comparando 2002, quando o Governo PSD/CDS se queixava do défice de Guterres, a 2005, quando o Governo Sócrates se queixa do défice da dupla Durão/Santana, o filme é o mesmo. Agora, como há três anos, há uma comissão independente para avaliar as contas. Durante a campanha, Sócrates prometeu confiança, atenção ao social - o PS diz-se um partido de esquerda. Agora, com tanto "buraco", José Sócrates parece condenado a um caminho: adiar promessas, sacrificar o seu "estado de graça" e tomar "medidas duras".
Mário Soares, o líder histórico do PS, que nos últimos dez anos retirou o socialismo da gaveta, onde o havia guardado nos anos 80, e andou agora a passeá-lo por alguns fora anti-globalização, já deu a receita: sacrificar promessas eleitorais, justificando esse sacrifício com a grave situação do País. Foi o que fez Durão.
A história repete-se! Será?
Post Scriptum: Isto de défice e de "buracos nas contas" já vem de longe. Para a história ficará aquela frase de Jorge Coelho, em 1995, que se queixou dos "buracos" nas contas que os Governos do professor Cavaco deixaram a António Guterres. Uma linguagem de "cavador e mineiro" de Jorge Coelho que Sousa Franco, ministro das contas de Guterres, não gostou de ouvir. Enfim, estórias.
* Ide, ide consultar o dicionário se ignorais o significado da palavra...
|| portugalclassificado, 17:41
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os incríveis hulks
(olha! de repente tenho acentos. como terá isto sucedido? foste tu, jph?)
acabei de passar outra vez no metro por aqueles rapazes (e raparigas) que distribuem papéis. de escolas de inglês, de explicações, do professor karamba ou mamadu ou catrapimba, de internet grátis, de restaurantes, de oportunidade de ganhar mil euros sem sair de casa, de emagrecer em três dias a banha do inverno, de encontrar o grande amor pagando apenas 25 euros. esses papéis.
é fascinante: está uma destas pessoas na entrada do metro e o resto do túnel é um mar de papéis. aqueles papelitos que a pessoa está a distribuir, e que os passantes arrebanham maquinais e despejam a seguir no chão. agarram neles, muito simpáticos, para não deixarem a pessoa ali de mão estendida, e zás, pumba, no chão, três passos à frente. a juntar aos bilhetes abandonados, ao jornal do metro, aos palitos dos dentes, às bandeletes, aos sapatos desirmanados, às peúgas (agora estou a exagerar, isso é na rua, no metro é mais papéis). uma instalação artística ao acaso, a testemunhar a incrível hulkice desta gente. acham o quê, que o metro, a rua, o mundo, é o seu caixote de lixo privativo? custa muito pôr as merdas naqueles recipientes que existem para, exactamente, pôr as merdas?
tenho uma ideia de reportagem. punha-se alguém a distribuir os papelitos. os papelitos diziam: não me deite para o chão. se me deitar para o chão é um ganda porco. e depois ia-se atrás das pessoas. a ver o que faziam. hulkavam ou não?
f.
|| asl, 17:40
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nuninho, tás vivo!
não há fome que não dê em fartura, dizem eles, e neste caso confirma-se: após uma calada e comprida ausência, ns regressa em força. foi o benfica, nuno? foi? estava já a pensar em torturar o exemplar hitchensiano que lá te representa em casa (actualmente está sobre o sofá, a descansar, à espera que digas onde, quando, etc) para confessar o teu paradeiro, e eis-te impante (nojo, esta palavra, não é?) e retumbante. glória ao nuno nas alturas e paz na blogosfera para os da facilidade. (sim, é um trocadalho parolo, mas foi o que saiu).
Quanto à pfeiffer, sim, concordo. won-der-fucking-ful. e o bridges (jeff, que o beau naõ faz o meu estilo) e o cão. gosto muito do cão. a dizer a verdade, gosto sempre mais do cão, se bem que neste caso entre o cão cão e o cão jeff fico dividida. ficava com os dois, to tell u the truth (o jeff de preferência na versão american heart, de cabelo comprido e barba white trash, mesmo se até agora, na porta no chão, aos cinquentas e muitos e de pelota a tomar duche no quintal (estou a avisar, para o caso de lhes ter passado despercebido) ou de djelaba, está de ananases.
prontoS, nuno. é só pra dizer que senti a tua falta.
f.
|| asl, 17:40
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Revelação mundial: quem ganhou a II Guerra Mundial foi a URSS
“O Militante” é uma revista, doutrinária, que, abaixo do título, proclama: “PCP - Reflexão e Prática“. É um complemento ao Avante!, esse farol do comunismo português, para quem quer seguir, sem o mínimo de "desvios", a “linha oficial" do partido.
No seu mais recente número, de Maio/Junho, “O Militante” assinala os 60 anos da vitória dos Aliados sobre o “nazi-fascismo”.
Lendo os dois artigos, um não assinado outro de Albano Nunes [histórico membro da Comissão Política e do Secretariado do Comité Central do PCP e um dos porta-vozes do partido em relações internacionais], a Alemanha nazi de Hitler, a Itália de Mussolini foram derrotados pelo... Exército Vermelho e pela União Soviética! ! ! !
Exactamente. É uma cacha mundial, embora só agora, 60 anos depois, o PCP divulgue! ! ! !
Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha nem mexeram uma palha. Nem uma! Ná! Apenas Estaline (que o Avante! relembrou há dias de forma entusiástica…) esteve na Conferência de Yalta. O sr. Churchill e o sr. Roosevelt estavam lá sim, mas apenas para servir cafés…
O facto é este: para Albano Nunes e “O Militante“ os aliados nunca existiram. A revista do PCP faz aquilo de que acusa os outros: reescreve a história.
O mínimo exigível, mesmo tratando-se de uma revista de um partido, é que não omitisse os factos.
|| portugalclassificado, 16:01
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A melhor cena de piano no cinema
Este fim-de-semana, a RTP repetiu (felizmente pela 20ª vez...)
Os Fabulosos Irmãos Baker - um filme que é uma homenagem à paixão pela música. Pelo jazz. D
'Os Fabulosos Irmãos Baker guardo na memória aquela cena simplesmente sublime de Michelle Pfeifer, de vestido vermelho, cantando e dançando
Mankin' Whoopi em cima de um piano de cauda, negro. Jeff Bridges interpreta o pianista de jazz falhado, obrigado a tocar em bares de hotel para ganhar umas massas.
A cena do piano é estupenda. É eterna. Claro que o facto de a Pfeifer ser bonita ajuda…
A música do filme é óptima, apesar de ser soft jazz... ou chamem-lhe o que quiserem. E vale a pena ficar sentado a ver a ficha técnica: Michelle Pfeifer canta (ela aprendeu mesmo a cantar)
My Funny Valentine.
|| portugalclassificado, 13:54
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Resposta (atrasada) a F.
F., deslocalizei a minha produção aqui para Benfica (ando muito luso), mas estou atento ao Hitchens.
Há mais uns artigos da sinistra figura (
a la italiana) numas revistas pouco recomendáveis (o Jorge Dabliu não as lê, por exemplo). Depois aviso.
|| portugalclassificado, 13:51
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Défice: era 11...
- O défice é sete?
- Então não era há 11 anos que o Benfica não ganhava o campeonato?
|| portugalclassificado, 12:22
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ganda manica
(lá está esta porcaria a falhar os acentos. q nervos! era 'ganda mánica', claro)
não há nada como a verdade, não é verdade? é verdade. verdade verdadinha. pois, pois. perguntem ao comendador monteiro. ele é que a sabe. toda. tem lá em casa uma máquina, uma mánica, para produzir verdades. das boas, das fidedignas, ou não viessem plasmadas nesse monstro de credibilidade que dá p'lo nome de espesso.
este fim de semana lá vinha mais uma verdade, esta por acaso já não muito fresca (já vinha da outra semana, daí o sabor um pouco requentado, o perfume não propriamente a flores). a verdade do horror, do pavor, do escândalo, da abominação, do aiaiai acudam da educação (ai, que me custa dizer esta palavra) se-xu-al nas escolas. se-xu-al e escolas, abrenúncio, tudo na mesma frase, como isto me escalda o céu da boca! horrorhorrorhorror.
pois. então o comendador lá vinha pôr os pontos nos iiiiiiiiii (sim, que é pra isso que serve um monstro de credibilidade, e pró caso de não chegar o comendador, o arquitecto reforçava a ideia, num distintíssimo e paragrafadíssimo editorial, que isto há gente distraída e nunca é de mais repetir as ver-da-des).
então o comendador (e o arquitecto) bradavam contra essa coisa horrorosa que o monstro de credibilidade tinha investigado e exposto na semana anterior, num artigo assinado por 3-jornalistas-3: o programa oficial de educação (ai) sexual nas escolas.
isto, e porque o comendador e o arquitecto sabem muito bem do que falam e não se deixam desviar do seu direitíssimo caminho por ninguém, olha olha, depois de o próprio ministério da educação ter dito que não há nenhum programa oficial de educação (ai) sexual nas escolas. o comendador e o arquitecto sabem muito bem, olha olha, que há, e pronto. e sabem que a ideia é transformar as crianças, desde a mais tenra idade, em seres lúbricos, sempre com a ideia (e as mãos, como na ilustração que o espesso publicou na primeira página, de dois petizes a mexer naquilo) no, ai, sexo.
olha olha. vem o ministério dizer que as ilustrações que o espesso publicou e apresentou como fazendo parte dos "manuais oficiais" são todas de dois livros do governo das canárias que nem estão traduzidos em português e figuram numa bibliografia comentada, com dezenas de outros livros, no final de uma publicação sobre a filosofia da educação (ai) sexual em meio escolar? era lindo, era, que o monstro de credibilidade fosse numa dessas. olha olha. querias.
diz o ministério que os exemplos de actividades citadas no espesso vêm em parte da mesma fonte? ora, ora. então e aquela ideia (as coisas com que eles -- ELES -- sonham, diz o comendador, e realmente) de pôr os miúdos a imaginar que vão de férias para um país onde a maioria da população é homossexual? já imaginaram que ridículo? é quase como pôr os miúdos a imaginar que há países em que a maioria da população é negra. eheheh, que disparate. daqui a pouco ainda põem os miúdos a imaginar que a terra é redonda, ou assim. a verdade é só uma, por amor de de de!!!!
e que mal tem que uma das fontes do artigo de investigação do espesso, sobre o qual, umas semana depois, comendador e arquitecto se baseiam para as suas admoestações, seja, além de pai de 4 crianças e professor universitário e "autor de um estudo sobre o programa oficial de educação sexual", membro do movimento juntos pela vida? e que mal tem que essa última informação não tivesse sido objecto de interesse do espesso? e que mal tem que o movimento juntos pela vida tenha feito um comunicado, baseado na notícia do espesso e no "estudo sobre o programa oficial de educação sexual" exigindo o fim imediato do "programa oficial de educação sexual" (o tal que por acaso não existe)? e que mal tem que o espesso não tivesse falado com ninguém do ministério da educação, nem da tal associação que com ele, diz o espesso, anda mancomunada a perverter as criancinhas, a associação para o, ai, planeamento da família? que mal tem, hã?
era o que faltava, o que faltava, que agora andassem médicos de centros de saúde, como contou, muito indignada, ao espesso, uma mãe (MÃE, ouviram?) a explicar aos míúdos de 9 a 12 anos o que é o ai, sexo, ai, oral e pra onde vai, ai, o esperma. era o que faltava que a médica se justificasse dizendo que estava só (SÓ!!!!!!) a responder a perguntas dos miúdos. alguém acredita que miúdos dos 9 aos 12 perguntem nojeiras destas? e se perguntarem, alguém tem de lhes responder? têm a mãe (MÃE, ouviram?)! e o pai (PAI, ouviram?)! e os avós! e os primos! e os colegas! e as revistas! e os filmes! e as telenovelas! e a internet! e os jogos de computador! e o sexy hot! e as coisas escritas na casa de banho!
que nojo. que abominação. uma pessoa até fica fora de si. (não é de si, é de mim)
a verdade é só uma, e o comendador e o arquitecto é que a sabem. vem lá da máquina. da mánica. e só eles é que a têm. é, é. olha olha.
e quem não acreditar é porque está do lado d'ELES. dos outros. dos do, aiaiai acudam, sexo. dos que fazem leis a dizer que tem de haver educação, ai, sexual, nas escolas. dos que votaram essas horrorosas leis há 20 anos e dos que, imagine-se, acham que elas devem ser cumpridas. por amor de de de! toda a gente sabe que essa lei só existe para quando se discute o aborto se poder dizer que primeiro tem de se cumprir essa lei! e que o resto do tempo tem de se fazer com que essa lei não seja cumprida! para depois se poder dizer que primeiro tem de ser cumprida! e assim em diante.
e quem não estiver de acordo, quem não acreditar, quem não se indignar é porque está do lado d'ELES. e ELES têm de acabar. investiguem-nos, como dizem os juntos pela vida. persigam-nos. apontem-nos. ostracizem-nos. julguem-nos. prendam-nos. cortem-lhes os subsídios. cortem-nos. escortanhem-nos. risquem-nos. queimem-nos.
mas não lhes façam mal (é só pra assustar)
f.
|| asl, 12:16
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sábado, maio 21
Educação sexual
Talvez o problema da educação sexual nas escolas se resolvesse se o decálogo do
Miguel Vale de Almeida fosse de distribuição obrigatória. Depois, idealmente, haveria um médico ou um biólogo com quem se podiam tirar de vez em quando umas dúvidas. Quanto ao resto, é capaz de não ser preciso haver muita conversa. Numa aula de liceu, também
preferia não o fazer (pronto, f. responde lá a este meu conservadorismo atávico minhoto e granítico)
Decálogo de educação sexual.
1. Os rapazes e as raparigas têm os mesmos direitos e deveres, são capazes das mesmas coisas e não há coisas de rapazes e coisas de raparigas.
2. O sexo é natural e bom.
3. Masturbar-se é normal.
4. Há quem se sinta mais atraído por pessoas de sexo diferente.
5. Há quem se sinta mais atraído por pessoas do mesmo sexo.
6. Ninguém tem o direito de fazer sexo connosco se não quisermos.
7. Não temos o direito de fazer sexo com alguém que não queira.
8. Há como evitar a gravidez. É assim: ...
9. Há como evitar doenças sexualmente transmissíveis. É assim: ...
10. Ninguém tem o direito de nos assustar em relação ao sexo, de dizer que é feio ou mau, que só serve para ter filhos, e tão-pouco que é a coisa mais importante do mundo.
Ide e sede felizes.
|| asl, 21:33
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sexta-feira, maio 20
Que bom que é estar na praia
|| asl, 20:53
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O questionário atrasado
O meu querido Miguel, da
Cibertúlia sempre embevecida com a Scarlett Johansson, enviou-me aquele questionário que anda praí a circular, mas por, enfim, talvez preguiça (como o JMF) tardei a responder.
Mas vamos lá:
-
Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro querias ser?Um qualquer da biblioteca de Pepe Carvalho
-
Já alguma vez ficaste apanhadinha(o) por um personagem de ficção?Muitas vezes. Por ordem de entrada em cena: Strapontam, um taxista; Calamity Jane, vista por Morris; Tintim e Tchang em Xangai; Luc Orient, porque era giro; Buddy Longway, idem idem; Corto Maltese e Pandora (sei lá porquê); Álvaro de Campos. Jules, Jim e Cathérine (no livro de Henri-Pierre Troyat, mas depois de ver o filme de Truffaut). Pepe Carvalho. Alexandra Alpha.
(agora vou dar um salto no tempo, porque se não já não saía daqui...)
Mais recentemente, o cientista engatatão do Lodge, nos "Pensamentos Secretos"
Qual foi o último livro que compraste?Blues for Mary Jane, de Manuel de Freitas
Qual o último livro que leste?Russendisko, de Wladimir Kaminer
Que livros estás a ler?"Os Invisíveis", de Ana Paula Inácio
"Portugal Contemporâneo", de António Costa Pinto (coordenação)
e ainda meia-dúzia de páginas de "Morrem mais de mágoa", de Saul Bellow
Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?Com esse destino e esse limite, havia de ter um ataque de agorafobia dentro da livraria
A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?Perdoem o umbiguismo, mas ao resto da malta do Glória Fácil, NS, JPH. e F. A ver se escrevem.
|| asl, 17:48
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Deste eu sou groupie há 25 anos
Volto lá sempre. Uns meses mais, outros menos. Houve alguns anos em que andei por aí, mais longe dele do que devia. Mas voltei. O marido da rapariga com quem ele foi encontrado na praia de Ipanema disse ter percebido o impulso irresistível do momento. Perfeitamente.
Basta um dia (Chico Buarque 1975)
Pra mimBasta um diaNão mais que um diaUm meio diaMe dáSó um diaE eu faço desatarA minha fantasiaSó umBelo diaPois se jura, se esconjuraSe ama e se torturaSe tritura, se atura e se curaA dorNa orgiaDa luz do diaÉ sóO que eu pediaUm dia pra aplacarMinha agoniaToda a sangriaTodo o venenoDe um pequeno dia
Só umSanto diaPois se beija, se maltrataSe come e se mata Se arremata, se acata e se trataA dorNa orgiaDa luz do diaÉ sóO que eu pedia, viuUm dia pra aplacarMinha agoniaToda a sangriaTodo o venenoDe um pequeno dia
|| asl, 17:21
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quinta-feira, maio 19
Défice
Quando sair o novo número do défice vou querer saber que parte corresponde aos últimos seis meses de 2004. Para saber qual a culpa de Santana? Não. Para saber a culpa de quem lá o pôs.
|| JPH, 20:48
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Referendo
- Votas "sim" ou "não"?
- Voto "não".
- Porquê?
- Porque sim.
|| JPH, 19:10
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Perfil presidencial (II)
Jorge Sampaio vai deixar uma marca mais funda do que se pensa. Seguindo este princípio, eu até as eleições presidenciais dispensava. Poupava-se tempo e dinheiro. Por mim, juntava os candidatos e punha-os a chorar. O que chorasse melhor ganhava.
|| JPH, 12:00
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Prognósticos (II)
|| JPH, 11:44
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aburquê?
pois bem: ontem li numa carta de um leitor (ou foi hoje?) do dn que sou uma abortófila. creio que isto, desconstruído, dá "amiga do aborto". diz o tal senhor, que por acaso ou não tem o apelido de "pio", que os abortófilos são os que querem o "aborto livre". assim uma espécie de tudo ao molho (mas, obviamente, sem fé em deus). gentinha a atropelar-se às portas dos hospitais num frenesim abortivo, ou abortista, ou lá o que eles lhe chamam, num desvairamento maléfico, tudo louco para se livrar das pessoas humanas que, em forma de meia dúzia de células, se acoitam nos seus ventres. e eu e os como eu a incitar a chacina: vá, abortem, que vão ver que é o máximo! quem nunca abortou não sabe o que é bom! e por aí fora.
obviamente, sr pio, não devia sequer perder uma vírgula consigo (e nem sei porque perco, para dizer a verdade: deve-me estar a dar para a bondade, hoje). mas vejo-o tão convicto de que o povo português rejeita em massa essa calamidade que tanto o revolta, que não entendo o seu problema. então acha que gente tão pia, tão incapaz de um tal acto, iria cometê-lo só porque uma lei o permite? que falta de fé nas gentes o sr revela, e que espantosa capacidade de persuasão nos imputa a nós, os temíveis abortófilos.
o maior horror, sr pio, e que o sr piamente ignora, é que, mesmo que o aborto seja "livre", como diz, só aborta quem quer -- ou seja, para além de quem, tendo meios e estatuto para isso, já aborta agora, aquelas que nas actuais condições não logram fazê-lo por falta de dinheiro ou de acesso. justiça social, já ouviu falar? (ou, se quiser, para rimar consigo, piedade).
claro que não é essa só a questão, e aí tem o caro sr pio toda a razão. é também uma questão de liberdade. de respeito. de direitos. o direito que não lhe dou -- atreva-se! -- a querer decidir por mim da minha vida. o direito que não lhe dou de querer decidir da vida de quem quer que seja.
é da liberdade que eu sou amiga, sr pio. invente-me uma palavra para isso.
f.
|| asl, 11:26
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quarta-feira, maio 18
in silence
há 25 anos. há 25 anos o ian curtis pendurou-se do tecto da casa até morrer (to be hang by the neck until you die, era assim que se dizia nos tribunais). no filme 24hour party people, estava a dar desenhos animados na tv.
há 25 anos, quando o ouvi pela primeira vez, estava morto. ouvi até primeiro os new order, ceremony, a balada fúnebre que ele se escreveu. tive uma paixão assolapada e absoluta, instantânea, pela canção, pela banda, e depois por ele. comprei os discos todos, o livro dos poemas, e li todos os textos que encontrei sobre ele e a banda e as canções e mais tarde, quando conheci um dos dirigentes da factory, em vilar de mouros, passei o tempo todo a fazer-lhe perguntas sobre os joy division. sobre o ian curtis. é isto, creio, uma fã, ou uma groupie, coisa que eu era com alguma facilidade há 25 anos (é fazer as contas).
depois passei anos sem querer ouvir joy division -- guardei os vinis religiosamente, o ep de atmosphere, o closer, o still. as cassetes em que gravava a minha banda sonora directamente do som da frente (o programa do antónio sérgio, na rádio comercial, que passava à uma da manhã, num tempo em que os discos bons não se vendiam cá, num tempo em que portugal estava longe, muito longe do mundo, num tempo em que os gostos eram tão exclusivos que se selavam amizades com uma menção a uma canção ou a uma banda) ficaram para trás, num caixote qualquer de uma qualquer mudança. guardei os vinis até não ter gira-discos. depois comprei cds dos meus vinis e voltei a ouvi-lo. atmosphere. don't walk away -- in silence (i didn't walk away). she's lost control again (again and again and again). love will tear us apart (always).
e o meu favorito: decades. here are the young men, a weight on their sholders... where have they been?
we've been around (como diz o outro: por aí). de vez em quando, não demasiadas vezes porque há coisas que não podem fazer demasiadas vezes, voltamos. eu volto.
f.
|| asl, 20:55
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Perfis presidenciais
1. O perfil de Jorge Sampaio vai deixar marcas mais fundas do que se pensa. Um dia destes Cavaco almoçou com ex-governadores civis. À entrada passou meia-hora a dizer que estava "muito preocupado" com o país.
2. À saída de uma audiência com o Presidente, Vitor Constâncio, governador do Banco de Portugal, passou meia hora a falar sem dizer nada. Não percebo como o seu nome não aparece melhor colocado no "top" dos presidenciáveis. Repito: o perfil de Jorge Sampaio vai deixar marcas mais profundas do que se pensa.
3. (Estou a brincar).
|| JPH, 17:30
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Prognóstico
Vão ganhar. Até posso dizer como: a doze minutos do fim, estando o jogo 0-0, o Barbosa pegará na bola no meio-campo do Sporting. Depois, a passo, irá progredindo até à grande àrea do CSKA, progressão que durará aproxidamente 12 minutos, tirando todos os adversários do caminho - que nunca recorrerão à falta porque não lhes passará pela cabeça que aquela jogada possa levar a algum lado. Barbosa acompanhará os seus movimentos de furtivos olhares para o relógio, para evitar que o árbitro dê o apito final antes da jogada acabar. Será uma jogada à Maradona - mas em velocidade (e perigosidade aparente) infinitamente mais lenta do que aquela com que o craque argentino embasbacou o mundo há não sei quantos anos. Depois a bola irá ao centro. E segundos depois o soará o apito final. Digo-vos eu.
Agora a sério: segundo soube, as chefias dos jornais desportivos até estão aliviadas com a lesão do Pinilla. Imaginem o que seria o Sporting ganhar com um golo do Pinilla e outro do Tello. Que trocadilhos não se sentiriam obrigados a fazer nas manchetes?
|| JPH, 13:45
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terça-feira, maio 17
o nuno pa
nem me deste tempo para devolver o hitchens. fazes favor dizes onde e quando
f.
|| asl, 11:00
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segunda-feira, maio 16
terrorismo da igreja
roubo o título da crónica da ana, roubo (ganda título, ganda crónica). também já não há daquilo (cu) para aturar esta conversa de que "não confundamos a igreja católica com o padre que disse que era mais grave matar 'uma criança' no útero que uma criança com cinco anos". um padre que disse isto mesmo na missa por alma da criança de cinco anos assassinada, portanto dentro de uma igreja e no exercício das suas funções. um padre que faz parte de uma hierarquia, que foi ordenado e nomeado por ela para aquela paróquia e que dela recebe um salário, salário esse que paga também o sermão com que mimoseou a criança morta.
confusão seria não confundir este padre com a igreja -- ele é a igreja. e se a igreja não se quer confundir com ele, tem bom remédio: castigue-o, expulse-o, excomungue-o como faz e fez tantas vezes, nomeadamente com padres cujas ideias (teologia da libertação, lembram-se?) não batem certo com o catecismo oficial.
confusão seria ignorar que o catecismo da igreja, expresso por exemplo nas encíclicas do anterior papa (e nos textos do actual, enquanto cardeal ratzinger), gastou rios de tinta a condenar o aborto e nem uma linha a falar do abuso sexual de crianças por clérigos. certamente porque as crianças abusadas por padres podem queixar-se, chorar, quiçá até defender-se.
confusão seria esquecer que ao vaticano não ocorreu pedir perdão por esses crimes cometidos por padres (como o tempo da igreja e dos homens anda desfasado, daqui a uns três séculos, quando formos todos -- incluindo as vítimas dos abusos e os abusadores -- pó, lá virá um muito aplaudido pedido de desculpas), mas não perde uma ocasião (e todas são boas) para apresentar o aborto como o maior dos pecados.
confusão é não ver que o que o padre de lordelo disse é a tradução fiel da ideologia de uma igreja que diz que um embrião de uma semana é uma pessoa. tão pessoa como a criança de cinco anos que a avó e o pai espancaram e escaldaram com água a ferver, tão pessoa como qualquer de nós.
a única diferença é que o padre de lordelo resolveu exemplificar, concretizar a ideia. dar a ver o terrorismo.
o padre de lordelo é, citando clara ferreira alves, uma besta. mas é, ao menos, uma besta honesta.
f.
|| asl, 17:50
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não há cu
juro: se volto a ouvir ou a ler a teoria das gravidades relativas das violações "homossexuais" e "heterossexuais" a propósito do artigo 175 e da decisão do tribunal constitucional sobre a sua inconstitucionalidade sou bem capaz de ir por aí fora a desferir golpes de código penal, de preferência bem anotado. a última foi naquele programa da sic notícias que, julgo, dá pelo nome de eixo do mal, onde josé júdice e pedro mexia soltaram, com ar de grande gravidade e reflexão, considerações sobre "ser pior uma violação homossexual que uma violação heterossexual" e ser isso que "está também em causa no artigo 175". ARRE.
meus caríssimos senhores, que nem tenho por débeis mentais: informem-se antes de serem filmados a opinar sobre tudo e mais alguma coisa (suponho que a produção do programa poderá mandar umas fotocópias de artigos de jornal e, já agora, do próprio CP, para preparação das vossas doutas mas sempre displicentes reflexões). violação, caso não saibam, é um crime que dá precisamente por esse nome. abuso, caso não saibam, também é um crime que dá, imaginem, pelo nome de abuso. e o artigo 175, imaginem, não dá por nenhum desses nomes por uma simples razão: é que não tem nada a ver com violação e com abuso. tem a ver, como aliás o vosso colega de eixo daniel oliveira vos explicou, com a idade do consentimento. e com o facto de o nosso ordenamento jurídico determinar que um/a jovem entre 14 e 16 anos pode ter maturidade para decidir ter uma relação com um adulto doutro sexo, mas não com um adulto do mesmo sexo. ok?
ah, e só mais uma coisa. o josé júdice não sabe como é uma menor pode ser abusada por uma muher adulta. foi ele que disse.
f.
|| asl, 17:21
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sábado, maio 14
slogan do dia
|| asl, 16:09
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sexta-feira, maio 13
Big blogger is watching you
E não há mais nada para fazer em Washington?
|| asl, 20:24
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Benfica
Há onze anos (faz amanhã) o Benfica ganhou pela última vez o campeonato. O meu filho tinha vinte dias. Não nos lembramos de nada, os dois. O meu benfiquismo sempre foi não-praticante. O dele, desde muito cedo, fervoroso. Há o "peso" familiar, o pai, o avô, o tio. Sim, mas foi o único, naquela turma da infantil, que não se passou para o Sporting quando Alvalade quebrou o jejum de muitos anos. Nos últimos tempos, passei a olhar com mais atenção para a tabela das classificações. E este ano é a doer. Temos um estandarte enorme na parede, iremos para a rua de certeza. O meu benfiquismo é um estranho orgulho de mãe.
|| asl, 19:45
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Margarida
Entre a Margarida Dutra e a Margarida Dulmo há uma relação, digamos, geométrica - de geometria passional. O avô de Margarida andou com Nemésio no liceu da Horta e com uma Margarida, que rejeitou Dutra e ficou com Nemésio (porque um homem que escreve é sempre alto, bonito e loiro). Dutra, moído, roído, autocondoído, casou com a primeira Margarida que lhe passou à frente na Sociedade Amor da Pátria - o lugar onde, no Faial da época, aos altos quadros os amores passavam à frente.
É dessa linhagem a Margarida Dutra. Há dois anos, passei com ela pelo Faial, onde por pouco não encontrámos
André Bonirre (Bonirre não quis, acho eu). E, no entanto, o Eternuridade jura tê-los visto a andar num veleiro.
À Margarida Dutra falta-lhe imensa
Educação Sentimental. Talvez por isso vomite, aos solavancos, a pé ou de carro (pela janela). Vem daí o meu interesse pela psicopatologia do vómito.
A Margarida é muito bonita (demasiado) quando a escreve o
Luís. Muito frágil quando a escrevia o
André. Aventurosa nas mãos do
Luisinho. Oh, e tão misteriosa de
Datsun na Terceira....
(E se não houvesse blogs, como é que isto acontecia?)
|| asl, 18:40
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artigo 175
há um artigo no código penal português que estipula o seguinte: se um adulto (maior de 18, inclusive) praticar "acto sexual de relevo" com um jovem do mesmo sexo entre os 14 e os 16 anos, comete SEMPRE um crime. não está em causa o uso de violência ou nem sequer o crime de "abuso da inexperiência", que é contemplado no artigo imediatamente anterior do código penal (o 174º -- acto sexual com adolescente) e que, concluiu-se, só pode acontecer entre um homem e uma rapariga ou uma mulher e um rapaz. não: no artigo 175º do código penal só está em causa a existência de um acto sexual entre pessoas do mesmo sexo, e o que o artigo diz claramente é que a um jovem, rapaz ou rapariga, entre os 14 e os 16 anos, o ordenamento jurídico português não reconhece o direito de decidir ter sexo com um adulto do mesmo sexo, apesar de reconhecer, ao mesmo jovem da mesma idade, a capacidade de decidir se quer ou não praticar o mesmo acto sexual de relevo com um adulto do chamado sexo "oposto".
qualquer pessoa que saiba português -- não é preciso ter conhecimentos de direito -- percebe que isto corresponde ao último resquício da criminalização da homossexualidade (que, recorde-se, foi crime, mesmo entre entre adultos, até 1982). e que é uma discriminação cujo fundamento só pode encontrar-se na ideia de que um acto sexual entre duas pessoas do mesmo sexo não é a mesma coisa que um acto sexual entre pessoas de sexo oposto. há certamente muita gente que pensa assim -- sucede que há uma coisa chamada constitituição que diz que isso está errado e que é inaceitável.
vir-se agora a este propósito falar de "orientação sexual do pédófilo" e "trauma de rapaz abusado sexualmente" e de "vítima" para sustentar a manutenção e razão de ser de um artigo/crime que o tribunal constitucional afirmou não estar de acordo com a constituição é no mínimo extraordinário. primeiro, e peço desculpa por ter de me repetir, não está em causa no artigo 175 qualquer abuso sexual. a existência de violência ou de abuso da inexperiência são situações já abrangidas por outros artigos do código, sendo crimes autónomos. depois porque falar de pedofilia a propósito do artigo 175 é pura e simplesmente estultícia: o pedófilo é, como todos os manuais de sexologia explicam, aquele que sente inclinação sexual por crianças. a natureza da parafilia é precisamente essa: sentir inclinação sexual por corpos nos quais não estão presentes os sinais da maturação sexual. e ter sexo com crianças -- que o nosso ordenamento estipula serem os menores de 14 anos -- é um crime previsto no artigo 172º — abuso sexual de crianças (que diz:"quem praticar acto sexual de relevo com ou em menor de 14 anos, ou o levar a praticá-lo consigo ou com outra pessoa, é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos". a pena é agravada — 3 a 10 anos — se o acto implicar cópula, coito anal ou coito oral).
do exposto resulta que quem defenda a manutenção do artigo 175 só pode fazê-lo por ignorância (e nesse caso vá-se informar, há códigos penais à venda em qualquer livraria) ou por preconceito. o segundo costuma derivar da primeira, mas também há casos, parece, em que a primeira deriva do segundo. ou seja: há quem deliberada (ou inconscientemente?) se esqueça do que tem obrigação de saber para melhor servir o preconceito. a isso chama-se, em toda acepção do senso comum, má fé. e, para usar uma expressão muito utilizada, desonestidade intelectual. se é ou não premeditada, é coisa que não me interessa a mim, nem deve interessar a ninguém.
f.
|| asl, 15:49
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quinta-feira, maio 12
bem e mal
A igreja católica portuguesa, tão tagarela a propósito de alguns assuntos internos (ou externos) de outros países, guardou um quietíssimo silêncio durante os 18 (ou 19?) dias da crise timorense. E quem diz a hierarquia católica portuguesa diz a chefia suprema – o vaticano. Hellooo, papa bento! Anybody there? Foi (é?) só uma tentativa, por parte da hieraquia da igreja de um país (por acaso encravado numa zona maioritariamente muçulmana, onde os católicos se queixam de perseguição) de tomar o poder. O poder à séria: não lhes chegam as almas, parece. Dizia aliás o bispo de baucau, basílio do nascimento -- pessoa de quem todos os que o conhecem desenham um retrato formidável, de sensatez e cultura -- numa entrevista à lusa, que o objectivo do movimento era afastar o primeiro-ministro (que é muçulmano, por acaso). E tudo isto porquê? Porque o homem é um tirano? Porque escraviza o povo? Porque manda prender os opositores políticos? Não. Ao que se sabe, nada disso se passa em timor (embora se passe e tenha passado noutros lados, sem que na maioria deles se tenha visto semelhante manifestação de repúdio por parte da hieraquia católica). Passou-se que, em cumprimento dos princípios laicos da constituição, o governo decidiu retirar o carácter obrigatório às aulas de religião e moral. E zás, o bom do d. basílio mais os colegas decidiram que o governo tinha de cair. E toca de acicatar o povo, de organizar – dizem os relatos – tribunais populares em casa do d. ximenes, e sabe-se lá mais o quê. Sabe-se lá, precisamente, que notícias não houve muitas: não dei conta de nenhum órgão de comunicação social português ter enviado para lá nenhum repórter, para averiguar in loco o estado das coisas. Nós agora é mais enterros (e casamentos, e baptizados – daqui a uns meses nasce o rebento do felipe e da letizia, olé!).
A hierarquia católica portuguesa, diga-se, queixou-se disso mesmo: falta de informação. Não se sabem as razões profundas daquilo, disseram-me dois altos prelados (que, no entanto, se mostraram desagradados com a situação, que consideraram ‘exagerada’ – embora frisassem que o governo também não teria andado bem, e coisa e tal). Um deles disse-me até que os bispos portugueses ainda não tinham conseguido falar com os bispos timorenses. Outro garantiu-me que, pelo contrário, havia ‘conversações atrás das cortinas’ no sentido de se chegar a um acordo. Mas o facto é que, repetiam, ‘não havia ainda informação suficiente’.
Não sei com vocês, mas isto a mim lembra-me aquele paleio do pc sobre a urss. As informações deles eram sempre outras, ou insuficientes – aquelas estadas de meses e anos dos dirigentes portugueses por lá não tinham chegado para recolher informação fidedigna (perfeccionistas, eles).
Acontece que, por vezes – se calhar muitas vezes, talvez a maioria das vezes – o que parece é. Um regime tirânico é um regime tirânico e um putch teocrático é um putch teocrático. E, pasme-se, há bem e há mal – como a igreja católica não se cansa de dizer. Em timor e noutro lado qualquer (e, geralmente, num lugar qualquer perto, muito perto de nós).
f.
|| asl, 20:47
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Memória selectiva (II)
Caro Rodrigo (*),
1. Desculpas por não "linkar". Não é culpa minha - é incompetência do computador.
2. Penso que não há volta a dar. Provei, com exemplos, que a actuação, ontem, perante Abel Pinheiro, não é inédita em Portugal.
3. Censurei essa conduta da investigação: "Há a porcaria do costume. É mau - mas não é novo. É mais do mesmo." O facto de não ser inédita não diminui a gravidade do "número" televisionado pela SIC.
4. Com estes "números" a investigação judicial descredibiliza-se. Mas o mal já está feito: por mais absolvido que venha a ser, nunca mais Abel Pinheiro se livrará da má imagem que aqueles breves segundos televisivos lhe trouxeram.
5. O problema não é a televisão. A televisão fez o que tinha fazer. O problema é de quem deu à dica.
6. Acredito - é uma mera opinião - que estas "fugas" acontecem quando a investigação decide que é altura de parar de investigar; agora todos os visados (ou potenciais visados) deixarão de falar ao telemóvel; toda a papelada que tiver que ser destruída estará a ser destruída; Dificilmente a PJ/MP encontrarão mais o que quer que seja.
7. E assim qualquer "busca" que venha ainda ser feita sê-lo-á apenas para efeitos de "show off" televisivo, para mostrar "trabalho". Nada mais. Depois, o processo seguirá. E se, no final, nada de relevante se vier a provar - nunca vi ninguém condenado em Portugal por tráfico de influências -, a investigação (PJ, MP) dirá que é por culpa dos múltiplos artifícios que os advogados de defesa usarão para defender os seus clientes. Como se fosse um crime ser defendido por alguém competente!
(*) - Para quem não se tenha apercebido, isto é uma resposta a um 'post' de Rodrigo Moita de Deus n'O Acidental intitulado "Olhai o dedo que aponta".
|| JPH, 19:20
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quarta-feira, maio 11
Memória selectiva
Rodrigo Moita de Deus escreveu isto n'O Acidental:
"Com à vontade de quem está longe e independentemente da culpa ou não culpa dos envolvidos, queria daqui saudar a justiça portuguesa. Acima de tudo pela celeridade do processo, uma vez que é inédito um caso desta natureza ser despachado em apenas dois meses. Mas também pela gestão mediática do dossier. Em vez do habitual circo de câmaras e fotógrafos pela primeira vez as gargantas fundas negoceiam exclusivos…certamente para proteger os direitos dos inquiridos."
Ai a memória, a puta da memória, é de facto um inferno, a memória. Lembro-me, no processo Casa Pia, de uma televisão a acompanhar a detenção do "Bibi"; lembro-me também de uma televisão seguindo no Parlamento o juiz Rui Teixeira quando ele lá foi entregar uma intimação referente a Paulo Pedroso.
Portanto, não há aqui "primeira vez" nenhuma. Há a porcaria do costume: é mau - mas não é novo. É mais do mesmo.
|| JPH, 14:16
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terça-feira, maio 10
f.,
Fiquei com vergonha da Fernanda ter ficado a saber a minha "password". Oh, é tão ridícula e não faz agora nenhum sentido. Para coisas duráveis como "passwords" de blogs devíamos recorrer aos clássicos, como o beje nas paredes ou os cortinados das ramagens.
Uma "password" que não envergonhasse ninguém dois anos depois. Uma "password" que não fosse passageira.
|| asl, 21:31
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f.
O José Eduardo Moniz Que Há Em Mim (JEMQHEM) pede encarecidamente à drª Fernanda Câncio que se digne à gentileza de continuar a "postar" - em qualidade e quantidade. As audiências subiram muito razoavelmente com a sua adesão e o JEMQHEM entusiasma-se com estas coisas. Seja muito bem vinda, drª Fernanda Câncio!
|| JPH, 13:00
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segunda-feira, maio 9
Parabéns,
parabéns, parabéns, parabéns ao pessoal do
Mar Salgado, a quem daqui parabenizo pelo segundo ano de vida num 'post' em que, se repararem bem, evitei todo o tipo de metáforas náuticas ("tripulação", "nau", etc).
|| JPH, 19:46
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Isto tira-me do sério...
...e portanto pergunto: há alguma porcaria de
Technorati que funcione? Emailizem-me a resposta,
if you please. Está no canto superior esquerdo. Tks.
|| JPH, 19:43
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haiku do dia
mantém o começo prosseguindo
(maria gabriela llansol)
f.
|| asl, 10:07
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minusculas
Isto das minúsculas, para começar (dois dias depois, é certo, mas juro que não estive a pensar nisso - estava sem internet). Sempre embirrei com maiúsculas e sobretudo com textos carregados de maiúsculas, de vénias e reverências. Não percebo porque é que país há-de ser com caixa alta, ou ministro, ou presidente. Ou governo. Nomes próprios, de sítios e pessoas, ainda vá. Mas cargos, conceitos, denominações gerais de instituições? Sabe-me a livros da quarta classe, àqueles livros da quarta classe em que tudo - família, pátria, padre, fé - era com maiúscula. Tanta maiúscula dá-me dor de costas de tanto curvar a cerviz.
Pode-se dizer muito sobre alguém pelas maiúsculas que escolhe ou não pôr num texto. Quem escreve num jornal, porém, é na maior parte das vezes coagido a seguir 'o estilo'. O estilo que, por exemplo, quer obrigar um ateu ou um agnóstico a curvar-se perante deus com d grande. Ou a pôr p grande em papa, quando mullah ou ayatollah vão corridos a minúsculas (mas não o dalai lama, porque é simpático). E pronto, chega: daqui a nada ainda começo a falar do discurso de Jorge Sampaio no 25 de Abril e na 'eminência reverentíssima' com que mimoseou o cardeal Policarpo. Em maiúsculas, presume-se.
f.
|| asl, 10:00
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sexta-feira, maio 6
João Pedro Henriques, chegou a Fernanda
O Simas que me desculpe. Eu hoje estou feliz porque o JPH escreveu uma das coisas mais bonitas que eu tenho andado a ler na blogosfera. Hoje vou render-me ao umbiguismo serôdio. O "cabrón" é bom. O "cabrón" é um sacana de um talentoso de um raio. Isto às vezes é o raio. E, como quase sempre que falo com o JPH, só me ocorre dizer.
- Atão, pá.
E ainda:
- Atão, pá, chegou a Fernanda.
E ainda:
- Agora é que isto vai ser.
(a Fernanda, enquanto tu não lhe arranjares password, que só tu sabes fazer, vai assinar com a minha. E o nick blogosférico vai ser f.. Assim, com minúscula)
|| asl, 22:11
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post em branco
mentiram-me. isto não é fácil. vou dormir (e jantar) sobre o assunto.
f.
|| asl, 22:06
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Fernanda Câncio
A Fernanda Câncio vai ser agora coberta de glória. Fácil. Benvinda e abençoada.
|| asl, 22:02
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Big blogger is watching you
Os blogues têm disto: é impossível morrer sem que ninguém saiba disso. Alguém há-de sempre contar: a morte do pai, do filho, da mãe, do tipo que morreu ao nosso lado no cinema ou na FNAC do Norteshopping.
É impossível não saber: uma morte, um nascimento, uma traição conjugal, o começo de um amor, um acidente de automóvel, de quem é a culpa e de quem não é, uma bebedeira inconveniente, uma mijadela numa caixa de correio. Alguém há-de ver, alguém há-de escrever. Para toda a gente saber.
Um dia, daqui a uns anos, todos os cidadãos terão computador; E, logo, um blogue. Todos poderão contar tudo a toda a gente - anonimamente ou não. Big blogger is watching you.
Estamos a criar um monstro. O mais monstruoso de todos os monstros: inorgânico, popular, ingénuo, finalmente a voz ao povo - um idiota útil de massas. Aproveitemos, portanto, enquanto a coisa não é assim. Tenho uma certeza: quando for será demasiado tarde. E quando for não nos aperceberemos - por isso é que será demasiado tarde.
|| JPH, 18:05
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Abrupto
A culpa não foi de José Pacheco Pereira. A culpa foi da Maria José Oliveira. Foi ela que me apresentou à blogosfera. Eu, como de costume, reagi mal - também reagi mal à Internet quando ela se generalizou na minha redacção. Nem vos digo o que disse da blogosfera: uma ordinarice (pronto, vou dizer. Foi assim: "Blogues? Isso soa-me a peidos na banheira!"). Mas, enfim, foi-me apresentada a blogosfera e acho (tenho quase a certeza) que foi o Abrupto o primeiro blogue que li.
O autor não me era estranho; cruzamo-nos na Assembleia, ele como vice-presidente da sua bancada parlamentar, depois presidente, eu como jornalista. Foi nos tempos da esplendorosa decadência cavaquista, com os casos Duarte Lima e Nuno Delerue a (como se costuma dizer em jornalistiquês) dominarem a actualidade. Foi um tempo único, que recordo com muita saudade (mais saudades do que esse tempo só mesmo de 1997, com Marques Mendes a dar sucessivos nós cegos em Jorge Lacão, na revisão constitucional que abriu caminho aos referendos ao aborto e à regionalização).
Voltando a 94/95: os tempos eram mesmo divertidos; o PSD tinha uma maioria absolutamente esmagadora (muito maior do que a actual); mas estava de tal forma esfrangalhado que conseguiram perder uma votação de uma lei vinda da Defesa, lei que exigia apenas maioria+1 para ser aprovada. Não conseguiram; e o interessante foi que a lei tinha sido feita pelo então líder do partido, Fernando Nogueira. Nessa altura - ressalve-se - José Pacheco Pereira já não liderava a bancada (tinha-se demitido alegando "facadas nas costas" por parte de Nogueira por causa das chamadas "leis da transparência"), a função estava a cargo de Silva Marques. Foi a cereja no topo do bolo do processo de implosão da segunda maioria cavaquista - uma história que, aliás, está para ser contada.
Quanto ao Abrupto, é muito simples: comecei a lê-lo. Depois foi também muito importante o Terras do Nunca e o Pipi. E rapidamente nos apercebemos de quão fácil era fazer um blogue. Nasceu esta espécie de coisa chamada Glória Fácil - que lá para Agosto também celebrará o seu segundo aniversário. Aconteceu comigo e aconteceu com dezenas de pessoas pelo país fora. Leio o Abrupto atentamente, claro. E, evidentemente, o que me interessa são as notas políticas (acho aliás que é isto o que interessa à maior parte dos visitantes do blogue).
Aqui, no Glória Fácil, temos sido muito preguiçosos a parabenizar outros blogues. Uma preguiça que se pode parecer arrogância ou mesmo má-educação - mas é mesmo só isso, preguiça. Contudo, o Abrupto foi para mim (e para a blogosfera toda) demasiado importante para o poder ignorar. Diverte-me recordar, a propósito de JPP, coisas que vivi de muito perto no Parlamento.
|| JPH, 12:00
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6h38m
São 6h38m. Nunca tinha escrito um post às 6h38m. Pronto, já está. Um destes dias converto-me ao "early morning blogging"
|| asl, 06:38
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quinta-feira, maio 5
Vómitos (2)
Conheci uma rapariga que quando ouvia a palavra vómito, vomitava. Não era sugestão, era mesmo nojo.
|| asl, 23:48
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terça-feira, maio 3
Flatland
Flatland, de Patrícia Portela, na Zé dos Bois. Com Anton, maravilhoso Anton. E se a ficção se tornar, de repente, realidade? Sim, é inimaginável a Flatland. A não perder.
|| asl, 21:06
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Vómitos
Interessa-me o vómito. Há longos anos que me dedico aplicadamente ao estudo da psicobiologia do vómito, à sociologia do vómito, à antropologia do vómito, à semiótica, incluso à estatística do vómito. São estudos parcelares, inacabados, repugnantes como o vómito. Depois do que vi e li, sei que aquele que vomita, vomita menos algo do que alguém.
E é o choro, que não me interessa nada, que dá literatura.
|| asl, 19:24
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