...para Ana Sá Lopes (asl), Nuno Simas (ns) e João Pedro Henriques (JPH). Sobre tudo.[Correio para gfacil@gmail.com]
domingo, agosto 31
À nossa!
O Bruno Sena Martins, do
Avatares de Desejo, conta uma história de um encontro que teve com um "blogger" que acabou com uma piada que o pôs em suspenso: "Paga-me um fino que amanhã cito-te". O Bruno começou a pensar na "mercadorização" da blogosfera e desabafa que "já chega o mundo lá fora". Mas é possível acreditar em alguma espécie de bondade intrínseca à blogosfera? O "cá dentro" e o "lá fora" correspondem-se nos seus vícios e virtudes. O "cá dentro" é forçosamente "lá fora". O resto são rituais de tribo e pouco mais.
|| asl, 19:52
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Contribuições para uma geografia cultural da blogosfera
Ontem, no Hipermercado Continente do Colombo, peguei no primeiro volume do "Em Busca do Tempo Perdido" e meti-o dentro do cesto.
|| asl, 11:45
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Tchékhov
Uma das melhores dádivas editoriais dos últimos anos foi a edição, em três volumes, dos contos de Tchékhov. Bendita Relógio D´Água que, para além das obras do Javier Marías (o-maior-escritor-vivo-já-li-tudo-em-português-e-espanhol-sou-fanática-pronto), ainda nos deu o autor russo traduzido pela dupla Nina e Filipe Guerra. De vez em quando releio alguns contos. Ando com os livros sempre por perto e o regresso a algumas passagens acontece como uma espécie de interlúdio de outras leituras: um respirar mais tranquilo e sossegado.
Este trecho serve um novo fôlego: "Compreendi que, ao amarmos, temos de reflectir sobre o amor numa base mais elevada, mais importante do que a felicidade ou a infelicidade, o pecado ou a virtude no seu sentido corrente, ou então não vale a pena, sequer, reflectir sobre ele".
O conto intitula-se "Sobre o amor" e está incluído no volume III.
|| Anônimo, 01:43
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Post sem vergonha
Há pouco, quando li o “post” do
FNV sobre os blogues fascistas, sorri. Como sempre acontece, aliás, quando leio os seus comentários. Felizmente, há jornalistas que não utilizam o mesmo tipo de linguagem para a extrema-esquerda e a extrema-direita. Nem, por assim dizer, a mesma “atmosfera” para enquadrar os respectivos blogues. FNV fala em "insulto pessoal"? Não me responsabilizo por quem enfia a carapuça. “Virulência boçal”? O grau de toxicidade só não foi maior por falta de espaço, mas sei que FVN é imune ao contágio. “Ódio, puro e simples”? Admito e assumo publicamente.
Em seguida, FVN dá mais um ar da sua graça: “Querem (mais) um exemplo da auréola desses meninos democratas e alter-globalizantes?”. Mas depois faz uma uma referência ao
Muro Sem Vergonha e eu fiquei um pouco baralhada. A pergunta é para eu responder ou não?
|| Anônimo, 00:26
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sábado, agosto 30
Surda?
Isto deve ser do cansaço provocado pela audição de um discurso loooongo do presidente da República, durante esta tarde. Talvez esteja a ficar ensurdecida, mas pareceu-me ouvir o primeiro-ministro dizer "catarse" quando na verdade falava em "catástrofe" (sobre os incêndios), apelando depois a uma maioria nas próximas eleições. Não ouvi bem, pois não?
|| Anônimo, 22:54
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Um soneto para sábado
E porque hoje é sábado, aqui vai um soneto dedicado a toda a blogosfera em geral e aos camaradas do Mar Salgado em particular, por motivos óbvios. (Ai como esta palavra camarada fere como um punhal). Ainda por cima de Manuel Alegre, um poeta "demodé" e esquerdalho.
Segue-se o primeiro soneto de Miguel Corte Real
Eu não sabia ainda o que era o mar:
sei agora este amor como um navio
meu Regimento do Astrolábio e do Quadrante
meu Tratado da Esfera e da Arte de Marear.
Passarei como Gil Eanes além da espuma
morrerei com Magalhães na praia de Mazaguá
navegarei em busca de Gaspar
o que chegou à América e não voltou.
Eu não sabia ainda o que era o mar
Sei agora este amor: teu corpo azul
sobre o lençol dos dias. Partirei
para o teu continente ó minha Atlântida.
Dizei a Vasqueanes meu irmão
que também eu não voltarei
|| asl, 18:55
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sexta-feira, agosto 29
O solteirão
Logo à noite vou expulsar o solteirão lá de casa. Não me desgosta o solteirão, mas já passou demasiado tempo.
O solteirão – ou melhor, uma caricatura de solteirão – acampa por ali mal a criatura pequena sai. Os perecíveis perecem porque ninguém faz o jantar. A casa perde dona, convertendo-se numa crua tenda de abrigo para sono e insónias. O solteirão não faz bolos. O solteirão come fora e, se calha, vai noites seguidas para o Bairro Alto. O solteirão não vigia a ordem doméstica, não compra flores, não se preocupa se há sopa ou como vai o andamento da roupa para engomar. O solteirão lê e maneja o comando de televisão e fresco, fresco, só tem coca-cola no frigorífico. Mas logo à noite, quando a criatura pequena regressar das férias, o solteirão irá para a rua.
A maternidade salva.
|| asl, 17:11
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Fontes bem informadas garantem que...
Isto também é uma nova rubrica. Consiste na divulgação aqui de factos rigorosamente verdadeiros de que tomámos conhecimento mas que, pela sua inverosimilhança, parecem rumores. Fazêmo-lo aqui assumindo todos os riscos que isso implica (porque, como já terão reparado, este blogue não é anónimo). Por outras palavras, o Glória Fácil vai dar um passo que mais ninguém deu na luso-blogosfera: pôr "rumores" a circular num blogue de autoria assumida.
1. Foi por pouco, muito pouco, que
JPP não escreveu no seu blogue "
os eleitores do Abrupto" em vez de "os leitores do Abrupto". Quem o salvou de tamanha desgraça foi o seu amigo Vasco Graça Moura (VGM). Só à terceira leitura prévia à postagem da "Tradução inédita de Petrarca por Vasco Graça Moura" é que VGM reparou no erro, o que aconteceu fracções de segundo antes de JPP fazer o "republish your blog". JPP teve uma insónia só de pensar nas consequências devastadoras para o seu prestígio (e legitimidade) bloguística que um erro destes poderia implicar, mesmo que o post só tivesse meia dúzia de horas "no ar". Só ao fim de algumas horas de conversa é que VGM conseguiu convencer JPP que este erro não poderia ser tomado como um acto falhado ou emergência do inconsciente.
2. Nas suas já famosas sardinhadas da Zambujeira,
Pedro Rolo Duarte usa aquelas luvas que se usam na construção civil para acartar tijolos. Para não sujar nem queimar os dedos, que são, no fundo, o seu ganha-pão. Acontece que PRD usa as luvas para virar as sardinhas, quando elas estão a assar. Com isto amassa-as bastante, tirando-lhes metade da graça. Os amigos queixam-se, em surdina. Ao próprio PRD não dizem nada porque ele é muito influente.
|| JPH, 15:16
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Expressões que um dia usaremos (I)
Iniciamos agora uma nova série no Glória Fácil dedicado às "expressões que um dia usaremos", assim que surgir uma oportunidade. As duas expressões que inaugurarão esta série nascem do verbo "postar", que é a arte/técnica/o-que-se-queira de fazer "posts" (ou "postas", como aqui lhes chamamos, às vezes). Eis as ditas expressões:
1. "
Faz que posta mas não posta"
2. "
Não posta nem sai de cima"
Nota final: Estamos, como sempre, abertos a sugestões, para o nosso correio electrónico, que está ali no canto superior esquerdo.
|| JPH, 15:04
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Deus, isto agora é conTigo
Meu caro Deus,
Sabes uma coisa, começo a acreditar em Ti. É verdade, juro por Deus! (quer dizer, por Ti, desculpa-me estes lapsos, afinal é a primeira vez que Te escrevo).
Escrevo-Te porque verifiquei que, afinal, és como grande parte dos políticos que conheço. Eles, como saberás – sabes? quer dizer: existes e logo sabes? – são muito sensíveis àquelas colunas nos jornais de “
sobe & desce”. Sobretudo, naturalmente, quando os colocamos no “
desce”. E digo naturalmente porque nunca vi um político a olhar para o seu retrato num “
sobe” e gritar:
-
Eu? A subir? Estes gajos estão doidos! Ele há coisas que só à estalada!
Mas adiante. Eles (alguns políticos) funcionam numa lógica do “
quanto mais me bates mais eu gosto de ti [do jornalista que lhe bate]”. Parece-me que conTigo as coisas também funcionam assim. E passo a explicar.
Na passada terça-feira, dia 26, assinei aqui no Glória Fácil (GF) uma coluna de “
sobe & desce” intitulada “
Dalto Abaixo” (ainda está consultável, podes verificar, a morada é, caso não a tenhas colocado nos teus “
favorites”, é
gloriafacil.blogspot.com). Coloquei-te a descer “
por todas as razões, as nacionais e as internacionais”, sendo que, quanto às “
nacionais”, se lia no “
subtexto” (EPC
dixit) que o problema eram os incêndios, a vaga de calor, as suas consequências, etc. No fim desse “
desce” lia-se: “
Ele [ou seja, Tu] não está autorizado a falhar os compromissos perante zilhões de seres humanos. Se exigimos tudo dos políticos, porque não exigir d’Ele também?”
Qual não foi o meu espanto quando, no dia seguinte, verifiquei que tinha começado a chover. E no dia seguinte ainda mais. Eu, que não acredito em coincidências, não pude deixar de associar o meu “
desce” às chuvadas. Foi nessa altura que comecei a acreditar na Tua possível existência. E aliás, pensando bem, só o facto de Te estar a escrever já deve significar que existes, não é? Ou estarei a escrever para o boneco? Bem, aqui na blogosfera não seria a primeira vez…
Peço-Te, portanto, um sinal que me esclareça – e, já agora, a mim e aos meus amigos do GF, para eles não pensarem que endoideci de vez (porque já pensam um bocadinho isso). Se não te importares, claro.
Saudações bloguísticas do,
JPH
PS. Permite-me apenas mais uma confidência, que resulta da minha experiência pessoal. Às vezes parece-me que a Tua existência é como os rumores com que tantas vezes me cruzo. Muitas vezes a maior parte desses rumores apontam para notícias completamente falsas. Mas só a existência do rumor já é um facto em si mesmo – algo que indubitavelmente existe, para lá do seu próprio conteúdo. Quem inventa um rumor sabe disto. Quem o espalha também. Se me queres crente em Ti jura-me, por favor, que não foi deste processo que Tu nasceste.
PS2. Só mais uma coisinha: Tiveste alguma coisa a ver com aquilo do FC Porto jogar com o Real Madrid na 1ª eliminatória da Liga dos Campeões? Foste Tu? Foste?! Sim?! És grande, meu caro, muito grande!
|| JPH, 14:33
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Covarde
Aconselharam-me a escrever covarde e a escrita inteligente respondeu. Já mandei um segundo SMS. Cumpriu-se a mensagem, mas, ao ser repetida, com mais um adjectivo, duas horas depois, o receptor pensará que ando um bocadinho obcecada com a personagem X. Nenhuma mensagem é perfeita.
|| asl, 13:09
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SMS
De manhã, enviei um SMS a um amigo, misto de queixa e lamento. Apetecia-me dizer que X era cabotino e cobarde. Mas a escrita inteligente, rápida a escrever cabotino, não consegue facilmente digitalizar o cobarde. Acabei por arquivar o cobarde. Ficou só o cabotino. O meio é a mensagem.
|| asl, 12:18
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quinta-feira, agosto 28
Kieslowski e o electricista
Ainda não percebi muito bem quais os critérios de escolha dos filmes desta semana da RTP2. Um dia ainda têm de nos explicar as selecções aleatórias que fazem de vez em quando.
De qualquer forma, é de saudar a película escolhida para hoje: "Pessoal", de Krzystof Kieslowski, realizador do belíssimo "A Dupla Vida de Véronique" e da série televisiva “Decálogo”, que chegou a ser emitida há uns anos atrás.
As alusões a Kieslowski lembram-me sempre um momento noticiado na data da sua morte, há cerca de sete anos. Escreveram algures, não me lembro onde, que a Polónia sentiu com profunda tristeza esta perda e, na recolha de testemunhos sobre o realizador e a sua obra, citaram as declarações de um electricista anónimo, conhecedor de toda a filmografia de Kieslowski. Estas coisas só podiam acontecer lá, no “outro lado”
|| Anônimo, 21:06
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"Associação de presidentes-de-associações"
A
Aba de Heisenberg insurgiu-se contra o Glória Fácil (e outros blogues de uma "dita primeira divisão" da blogosfera) porque nos interpelou e nós não lhe respondemos.
Corrijam-me se estiver enganado, mas a única referência ao GF que li no Aba foi de concordância com um texto aqui escrito. Portanto, naturalmente, não houve resposta. A existir seria algo do género "sim, sim, concordo inteiramente, e como eu próprio dizia com inteira razão, acho que isto e mais aquilo e mais aqueloutro".
Que fique claro: em meu entender não há na blogosfera nenhuma "primeira divisão". Há blogues que gostamos mais, outros que gostamos menos, outros que não gostamos nada, e outros, a esmagadora maioria, cuja existência desconhecemos de todo. A primeira, a segunda, a terceira divisão estão todas na nossa cabeça.
|| JPH, 20:15
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“Inquietações de um luso-papagaio bruto”
Acabadinho de chegar à blogosfera (o Glória Fácil tem apenas duas semanas, mais coisas menos coisa), descubro, todos os dias, às vezes quase hora a hora, as vantagens da blogosfera. E partilho-as com os leitores deste blogue, se achar (e se eles acharem) que é caso disso.
Uma dessas vantagens, que milhões de habitantes deste novo planeta já constataram antes de mim, é a de ninguém poder arrogar-se o direito de ser o dono da bola, o árbitro que decide quando é que o jogo acaba. E isto por mais autoridade própria (no sentido de qualidade própria) que legitimamente tenha obtido no mundo exterior à blogosfera, antes daqui chegar. Ou por mais reforço dessa mesma autoridade própria que por aqui tenha (ou não) conseguido. As não-regras deste planeta tornam a arrogância ainda mais caricata e patética do que ela já é na “vida real”.
Aqui ninguém manda, pelo menos por enquanto. É divertido e maravilhosamente estimulante conhecer um “mundo” (este, o da blogosfera) que funciona assim. Creio mesmo que é o único “sítio” onde é possível que isso aconteça. Aliás, para que não restem dúvidas nenhumas (sou tudo menos anarquista), acho mesmo que isso de ninguém mandar só deve acontecer aqui.
Servem estas reflexões para afirmar que, felizmente, as polémicas/conversas/debates continuam por aqui independentemente de quem as queira (ou não queira) continuar. Eu, neste caso, até quero. E felizmente há
quem também o queira, tendo-me feito várias perguntas, que passo a responder.
P.
Porque não escrevi eu que é “rigorosamente impossível” a paz no conflito israelo-palestiniano com Arafat mantendo-se como figura de primeira grandeza?
R. Gostaria, sinceramente, de poder escrever isso. Infelizmente verifico que, após o atentado de Jerusalém, os EUA pediram a Arafat que travasse os terroristas do Hamas (e sim, acho que o Hamas, independentemente do seu poderio sócio-cultural, é, acima de tudo, uma organização terrorista). Por outras palavras: pelas mesmas razões que defendo a democrática eliminação (sublinho: democrática) de Sharon, também acho que é necessária a eliminação política (sublinho: política) de Arafat. Porque isso pode implicar (embora não seja uma certeza, reconheço) a introdução de factores de moderação/racionalidade/inteligência no “processo de paz”. Infelizmente é a administração Bush quem agora legitima Arafat. Quem diria?
P. “
O Hamas, a Jihad, os Mártires atacam mas onde estão as condenações? Onde estão as prisões? Onde está, por mais ínfimo que seja, o eco do que poderá ser um futuro Estado de Direito palestiniano – um Estado que condene judicialmente os assassinos e as organizações terroristas?”
R. Esse “eco” não está em lado nenhum. Por outras palavras: dou-lhe inteiríssima razão. Significa isto que, tentando manter uma posição moderada face a esta questão, não posso deixar de admitir que estou mais próximo de um dos lados. Esse lado é o democrático. Ou seja, o de Israel, que não só é um país democrático como é, acima de tudo, o
único país democrático da região. Mas uma coisa é sentir-me mais próximo de Israel (até por razões civilizacionais e de profundo respeito pelo sofrimento milenar do seu povo) e a outra é sentir-me próximo do actual governo israelita. Aí volto ao mesmo: era importante que saísse de cena.
P.
Têm sido os israelitas a atirar sempre a primeira pedra?
R. Não. Nem o contrário. A resposta para essa pergunta perde-se no fim dos séculos. Seguir essa pista, face a este problema, é entrar pelo pior caminho possível.
Bem, meu caro MacGuffin, é, para já, tudo o que tenho para dizer. Mas esteja à vontade para continuar. Ou para não continuar. Um forte abraço.
|| JPH, 15:48
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Usos alternativos da blogosfera (III)
1. No primeiro episódio dos "usos alternativos da blogosfera" constatei que podia servir para arranjar namoro. Agora, sob a forma de pergunta, dou o passo seguinte: pode servir também para
fazer filhos?
Falando a sério: Desses amores blogosféricos, nascido entre pessoas que se conheceram neste (e por causa) deste universo, já nasceu alguma criança? Ou estará em gestação? Ou em preparação? Para quando o primeiro blogobebé? Gostávamos de dar essa notícia.
Não tenho que identificar nem a criança nem os pais nem coisa nenhuma. Quero apenas tentar confirmar se aqui, na blogosfera, se criou mais um espaço possível para o amor. E para uma das suas evoluções possíveis, o amor em forma de gente, na pessoa de um bebé. Eu, que sou bruto (ASL dixit), comovo-me com estas coisas. A sério.
2. Na blogosfera também se podem criar
consultórios médicos. Mas não é eticamente aconselhável (e muito menos rentável). O
médico que explica medicina a intelectuais está farto de pedir para que não usem o blogue dele (por sinal um dos mais interessantes que por aqui navegam) como consultório. Vá lá, atendam-lhe as súplicas. À falta de médico próximo, e em caso de urgência, dirigam-se antes ao prof. Marcelo Rebelo de Sousa, que sabe tudo.
|| JPH, 13:53
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Teatro
Joel Neto acusa-me de fazer leituras "apressadas, superficiais e incompetentes". Está no seu direito. Devolve-me aquilo que cheguei a pensar quando li os seus comentários sobre a dramaturgia nacional. Contudo, costumo ser cautelosa nas palavras e evito sempre ultrapassar a barreira da ofensa pessoal. Adiante.
Escreve que não responsabilizou os actores dos Artistas Unidos pelo "calvário" que têm vindo a sofrer. Mas alguns dias antes escreveu: "Suponho que a fraca qualidade dos actores portugueses -- deixem-me ser definitivo: a fraquíssima qualidade de uma das mais débeis e incapazes classes profissionais portuguesas, que é a dos actores -- contribua para o calvário dos Artistas Unidos".
Não sei onde é que leu que exijo exclusivamente ao Estado a sobrevivência do teatro português. Penso que se precipitou ao julgar que responsabilizo unicamente o Ministério da Cultura (MC) pela ausência de salas e de subsídios. Se é verdade que o país está pejado de antigos teatros e de espaços degradados que podiam ser convertidos em salas de espectáculos, é também certo que a classe teatral sofre de alguma inércia. Muitos estão sempre à espera que caia qualquer coisa do céu. Acredito que cabe também aos actores arranjar subsídios alternativos aos apoios do Ministério da Cultura. Alguns esforçam-se por isso, outros não. Contudo, não é possível chamar mais espectadores para o teatro se não existirem as condições necessárias para esse acolhimento. Se não existir oferta teatral não existe público.
|| Anônimo, 13:30
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A Maria José, que é tímida, pediu-me para lhe solicitar o seguinte: manda foto!
|| JPH, 12:13
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O mal de Guterres
Um dos diagnósticos mais brutais que alguma vez li sobre António Guterres vem hoje no
PÚBLICO, pela pena de Eduardo Prado Coelho. Passo a citar:
"
Os consensos de Guterres são sempre entre interesses, nunca são a síntese acima dos interesses."
Resposta oficial: Fónix!
|| JPH, 11:59
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quarta-feira, agosto 27
Mais agradecimentos
O atraso é enorme. Peço desculpa à
Natureza do Mal (um blogue de leitura obrigatória), ao
foi um ar que se lhe deu, (que contribui para contrabalançar o peso excessivo da direita na blogosfera), e ainda à
Pegada na Areia, por só agora aparecer a agradecer as referências muitíssimo simpáticas a esta equipa.
|| asl, 22:13
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Esbagaçado de Mação
O leitor Celestino Pinheiro contou-nos, por mail, que em Mação também se usa a palavra "esbagaçado" que eu tinha aqui anotado como expressão terceirense. Celestino Pinheiro diz que sempre a ouviu à mãe e à avó e que ainda hoje a usa. Pronto, Mação, para lá de ser a terra do
Ânimo do António Colaço (viva!), do Maggiolo e dos incêndios, também é terra do "esbagaçado".
A semântica e a morfologia serão iguais. Mas, ó Deus, falta a fonética!
|| asl, 22:01
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Sobre a TSF
O
Abrupto anunciou o fim do Flashback da TSF. É uma má notícia, independentemente do programa que (eventualmente) lhe suceder. Mas mais não digo, por enquanto, porque JPP prometeu voltar a falar sobre o assunto. Em falando direi alguma coisa, se for caso disso.
|| JPH, 21:34
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Dúvida
De volta à questão dos usos alternativos da blogosfera, particularmente à nota do
Desejo Casar :
então e ainda têm namoradas(os)?
|| Anônimo, 21:09
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Chatice
Afinal, o
Umbigo é um bronco.
|| asl, 20:53
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Aí vai ela
O
Joel Neto foge da dramaturgia nacional (está certo, se não sabe do que fala é melhor calar-se) e desafia-me a comentar a classe teatral. Vamos por partes (prometo concisão):
1. Joel Neto fala na "fraquíssima qualidade de uma das mais débeis classes profissionais portuguesas". Não explica porquê, admitindo apenas que todos os actores acabam por ir parar às telenovelas (justificação redutora) e que só vê peças estrangeiras. Percebe-se a crítica, não? Joel Neto não vê teatro português, logo não pode julgar a qualidade dos actores.
2. Descobriu agora Harold Pinter, que os Artistas Unidos (AU) já encenam há mais de três anos. Muito bem. Agradece à companhia por lhe terem revelado o autor britânico, mas logo a seguir culpabiliza, uma vez mais, os actores pelo "calvário" do grupo. Caro Joel Neto, penso que terá acompanhado a saga dos AU através dos jornais, pelo que a redundante acusação que faz aos actores é dispensável. Foi através do seu belíssimo trabalho que pode agora ler Pinter em português (sim, as traduções foram feitas pelos actores); foi a partir do seu incansável empenho que os AU não acabaram. De "débil" o grupo não tem nada.
3. Acusa os actores de falta de versatilidade, se bem entendi, dividindo a classe entre os shakespearianos e os que fazem telenovelas. Felizmente, a classe é bem mais abrangente, algo que será fácil de constatar quando ficar a par do que vai acontecendo nos palcos portugueses.
4. Joel Neto considera que os actores que são "alguma coisa", não conseguem ser mais "coisa nenhuma", optando por (em busca de trabalho) ser "outra coisa". "No que borra a pintura toda", acrescenta. É verdade que a classe vive em compasso de espera, as propostas de trabalho nem sempre aparecem e, em alguns casos, os actores são obrigados a recorrer a outros cenários. Tudo isto é o resultado de uma série de factores (ausência de salas, de financiamento, etc). Não me parece que o facto de muitos encontrarem uma bóia de salvação na televisão deva ser objecto de crítica. Todos têm legitimidade para o fazer e, em muitos casos, defendem honestamente a sua profissão.
Portugal tem inúmeros actores que são muito mais do que "alguma coisa", que conseguem ainda ser mais "coisa alguma" e não se envergonham por ser "outra coisa".
|| Anônimo, 20:43
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Já tenho password
Embora, neste momento, nada tenha a dizer, acabei de me tornar proprietária de uma password, deixando assim de depender do JPH. Isto é um teste.
|| asl, 18:48
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Usos alternativos da blogosfera (II)
Sobre os usos alternativos da blogosfera ontem aqui propostos, reparei em três referências.
1. A primeira no
Desejo Casar, assinada por LFB, que consta no seguinte:"
Quando este blog foi criado, há quase 3 meses, além dos 2 casados todos os membros da equipa tinham namoradas(o)."
Resposta oficial: Sim.
2. Outra através de um email recebido do
Avatares de Um Desejo: "
A possibilidade da blogosfera servir para a realização de terapias de grupo parece-me deveras interessante. Vislumbro algumas alguns temas fortes capazes de agregar essa necessidade de partilha redentora, uma catarse orientada por blogues temáticos: "ela deixou-me", "ele deixou-me", "votei neste governo", "o pipi usou-me", "o Bush nunca mais ataca a Síria" "este calor mata-me", "um outro mundo é possível" (e é!)," Leio a Clara Ferreira Aves", etc. Como diria alguém, o sucesso ou insucessos desta funcionalidade depende da capacidade de cada um reconhecer as suas ansiedades, receios e frustrações."
Resposta oficial: Pois.
3. Indirectamente o
Blogue dos Marretas também falou do assunto, ao propor a utilização da blogosfera como espaço para lançamento de campanhas de caridade. Eis o texto, assinado por Pedro Lomba e Statler: "
A Flor de Obsessão e o Blogue dos Marretas lançam uma iniciativa de solidariedade para ajudar um companheiro a quem a desgraça bateu à porta.
Pedro Mexia tem o seu computador avariado e não pode postar (e fazer outras coisas) com a devida privacidade que as várias ocasiões exigem.
Por isso, pedimos a toda a blogosfera a ajuda indispensável para alguém que sofre.
Para esta causa, pedimos a cada bloguer um pequena contribuição de 1 € (por pessoa, não por blogue). Para os bloguers eurodeputados a contribuição será de 2,5 € e para assistentes universitários e outras profissões mal pagas haverá uma redução de 50%.
Com os cerca de mil blogues existentes, seria maravilhoso que ainda antes do fim do mês pudéssemos devolver a Pedro Mexia a alegria do seu pequeno mundo virtual."
Resposta oficial: 'Tá bem, abelha!
|| JPH, 14:33
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As causas na blogosfera – Size matters?
Quando eu andava na minha gritaria sobre a
TSF (assunto que não esqueci),
JPP defendeu (embora sem referir especificamente aquela rádio) mais ou menos isto: a blogosfera serve para agitar “mini-causas” mas já não é um espaço indicado para grandes causas. Fiquei sem perceber se achava a TSF uma “mini-causa” ou não. E porquê?
Por um problema simples de medição das causas. Quem as mede? Como se medem? Não faço a mínima ideia, confesso. Mas provavelmente ajudará alguma coisa tentar solucionar o problema começando exactamente pelo princípio – que é o Verbo, como decerto ainda vos lembrarais. Ou seja: vamos dar um nome às coisas.
RAMO TÉCNICO
Causómetro - Aparelho medidor de causas.
Causómetrista - Técnico qualificado que manuseia o causómetro.
Causómetria - A técnica pela qual se medem as causas.
RAMO CIENTÍFICO
Causologia – A ciência que estuda as causas.
Causólogo – O cientista que estuda as causas.
RAMO “OFF SHORE”
Causídicos – São os advogados. Não têm nada a ver com isto.
Pergunta: Quem se oferece para causómetrista da blogosfera? Há por aí alguém disponível? Aceitam-se propostas e candidaturas.
|| JPH, 14:04
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TSF e outros assuntos
Para quem acha que a TSF não é rentável e que, por isso, são necessárias "reestruturações", "rescisões amigáveis" e outros eufemismos para despedimentos, é importante ler esta
notícia.
Para quem acha que trabalhadores sujeitos a processos de despedimento deixaram de ter uma palavra sobre o seu próprio destino, é importante ler
esta.
|| JPH, 13:51
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terça-feira, agosto 26
A dramaturgia nacional existe!
O Joel Neto (
naoesperemnadademim) respondeu a um tal "homohomo" e deu a sua opinião sobre os actores portugueses. Não partilho as suas teorias (o assunto ficará para outro post), mas foram as referências que fez à dramaturgia nacional que mais me deixaram intrigada. Joel Neto começa por insinuar que não existem dramaturgos em Portugal, apontando depois dois exemplos "positivos" de autores que abordaram o género: Jacinto Lucas Pires e Jose Luis Peixoto. Conheço os trabalhos dramáticos de ambos, aplaudo a sua "coragem", mas sobejam fragilidades nas suas obras. Joel Neto aprecia, provavelmente, o teatro dos dois escritores, mas demonstrou que está distante daquilo que se tem feito em Portugal. E admite-o ao dizer que a última vez que foi ao teatro foi para ver uma encenação de Peter Brook. Infelizmente, há muito público assim, que considera que só vale a pena ir ao teatro para ver as peças do Stein ou do Wilson. Mas existem ainda muitas pessoas que conhecem e gostam da dramaturgia portuguesa, sem cair no erro de achar que a coisa acabou em Gil Vicente. Eventualmente, Joel Neto anda distraído, mas se quiser escrever sobre os autores dramáticos nacionais aconselho-o a ler as obras destes: Jorge Silva Melo, José Maria Vieira Mendes, Graca P. Correa, Rui Guilherme Lopes, Pedro Eiras, Carlos Alberto Machado, Jorge Louraco Figueira, Joaquim Paulo Nogueira, António Ferreira, Jaime Rocha e Abel Neves. Há mais, mas estes são os nomes que agora recordo. Verá que existe uma dramaturgia nacional, emergente, que continua ser alvo da atenção dos círculos teatrais europeus. Só lhe é indiferente quem não sabe do que fala.
|| Anônimo, 23:02
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Usos alternativos da blogosfera
Por um problema qualquer que não me atrevo a diagnosticar (só pode ser boicote!) fui forçado a retirar a linha a “posta” sobre os usos alternativos da blogosfera. Recordo que era uma espécie de resposta ao
Aviz, que afirmou que eu só me meti com ele porque
“queria conversa”. Nisto dou-lhe inteira razão. Mas pergunto: não estamos aqui todos pelo mesmo? Seja como for, a coisa pôs-me a pensar em usos alternativos da blogosfera, para além de querer
“meter conversa”. Eis alguns:
Ganhar dinheiro: É, confesso, o meu propósito único com a criação do Glória Fácil (percebem o nome, agora?). Só aqui estou pela narta. Dou um exemplo: quando iniciei a gritaria sobre a TSF visava apenas que a PT pusesse aqui, no GF, um anúncio. Eles põem e eu calo-me. É tiro e queda.
Página de classificados: Em vez de ir a um jornal, que é chato e caro, cria-se um blogue. Numa urgência familiar cheguei a ponderar usar o GF para esse propósito. Eis o texto: “
Emprega-se ama eslava, loira e de olhos claros, entre os 18 e os 25 anos, dentro das medidas regulamentares, para ama de bebé. Exige-se foto de corpo inteiro, mas não necessariamente em bikini”.
Arranjar namoro: A julgar exclusivamente pelos nomes, parece ser esse o objectivo do
Desejo Casar (embora só em parte) e do
Procuro Marido. É legítimo. Como é o processo inverso: usar a blogosfera para efeitos de guerrilha conjugal – embora aqui se aconselhe anonimato, dado que pode ser usado contra o(a) autor(a) em caso de divórcio litigioso. Nomes possíveis: Quero o Divórcio ou Detesto o Meu Marido. Acredito que a blogosfera já está a ser usada para estes efeitos.
Espionagem: É uma variante da “página de classificados”. A blogosfera pode ser usada por espiões para efeitos de trocas de senhas e contra-senha, marcações de encontros, etc. Os jornais já foram usados (e provavelmente continuam a ser) para isto.
É, de momento, o que me ocorre. Aceitamos sugestões, via correio electrónico. Publicaremos se for caso disso.
|| JPH, 16:59
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Dalto Abaixo
Aqui há uma eternidade (mais de uma semana) foi anunciada no Glória Fácil uma coluna de “sobe & desce” alternativo. Depois, porque havia mais que fazer, adiamos. Mas agora, como o prometido é de vidro (isto é: transparente), ei-lo. Sem ofensa.
A SUBIR
Vítor Baía - Sim, a subir. Primeiro, na grande área, para chutar a bola. Depois esta, na volta do correio, a subir por cima dele, em direcção à baliza. E ele, Baía, elegantíssimo, a subir às arrecuas para a bola, mas lamentavelmente sem a conseguir apanhar. Agora a sério: há momentos assim, que nos reconciliam com o pontapé na bola. A frangalhada de Baía no jogo com o Estrela foi um deles. Bem haja, grande Baía!
José Mourinho - Foi exemplar a sua reacção ao frango de Baía. Prometeu-nos que haverá mais. Mourinho prova que lhe interessa a reconciliação dos portugueses com o mundo da bola. É de homem. Os amigos já lhe chamam, carinhosamente, o “Salvador do Baía”.
A DESCER
Deus - Sim, Ele mesmo, Deus – o dos católicos, dos muçulmanos, de todas as religiões. Por todas as razões, as nacionais e as internacionais. Porque, das três uma: ou não existe, ou está de férias ou está em muito má forma. Seja como for, Ele não está autorizado a falhar os compromissos perante zilhões de seres humanos. Se exigimos tudo dos políticos, porque não exigir d’Ele também?
Carvalho da Silva - Tem andado sumido. E se não é ele a defender os trabalhadores, quem será? O Glória Fácil investigou o sumiço e descobriu que o líder da CGTP tem um novo passatempo. Pois, esse: criou um blogue. Está
aqui.
|| JPH, 16:24
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Para que fosses nosso, ó mar...
V. Exa.,
N.M.P., não é paranóico, tenho a certeza. Penso que foi injusto, mas é a vida. V. Exa. não falou em conspiração, mas sim em imitação. A palavra conspiração é minha, e também aí está "posta" pela via da ironia. Encontrar-nos-emos em Eugénio de Andrade, mas também em Pessoa.
ASL
|| JPH, 16:12
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E este deve ou não ir para o Iraque?
Leitora fiel de "O Diabo", acabei agora o artigo do jornalista da SIC-Notícias Mário Crespo sobre o caso Maggiolo Gouveia, que não resisto a partilhar com a blogosfera. Mário Crespo "confia" que "
a participação do ministro de Estado e da Defesa na homenagem póstuma ao tenente-coronel Maggiolo Gouveia marque o princípio do fim de um complexo de culpa sinistramente induzido na nossa consciência colectiva por sucessivas ditaduras mediáticas de uma esquerda que há quase três décadas tenta suprimir muitos dos nossos valores nacionais".
Mais à frente, Mário Crespo conclui que "
o exemplo" de Maggiolo Gouveia "
terá que ser sempre incómodo quando surge a comparação quer com a horda desertora de antes do 25 de Abril quer com o arrivismo ideológico pós-revolucionário". Assim, segundo Crespo, "
o que a homenagem do Estado Português tão bem concretizada pelo Ministro Paulo Sacadura Cabral Portas ao Tenente-Coronel Maggiolo Gouveia vem dizer é que não é desonra nenhuma acreditar que houve povos que gostariam de ter continuado portugueses, que defender essa pretensão era uma honra para qualquer português e que sacrificar a vida na defesa do território nacional é um acto sublime que não pode ser ignorado". Assim, e para remate, "
o reconhecimento da excelência da conduta de um militar como Maggiolo Gouveia começa assim a devolver-nos as referências que como Nação precisamos e que tantos tentaram tão empenhadamente fazer desaparecer nos últimos 30 anos".
Pessoalmente, comove-me a expressão "
horda desertora de antes do 25 de Abril". Deixo o debate à blogosfera: deve ou não Mário Crespo ir como enviado especial para o Iraque?
ASL
|| JPH, 15:56
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Resposta ao Aviz
Meu caro Francisco José Viegas,
Nem sei bem por onde começar. Bem, talvez por te dizer que andei quatro dias fora e só agora te respondo porque só agora tenho acesso a um computador. Mas vamos ao que interessa.
Lendo agora o teu
“Riso” constatei uma evidência: a agressividade. Ou, por outras palavras, o tom azedo da coisa. Mas sabes, se há uma coisa que me aborrece aqui (na blogosfera) ou na sociedade portuguesa em geral é a mania de que as polémicas nunca podem azedar. Tem de ser tudo tratado com paninhos quentes, não vá ninguém ofender-se, e é muito fácil as pessoas dizerem-se ofendidas e insultadas e por aí adiante, como se fossemos todos florzinhas de estufa. Faz-me lembrar os inúmeros debates parlamentares a que já assisti, em que por tudo e por nada se invoca a “defesa da honra”. É só um estratagema argumentativo, tudo menos genuíno. Serve isto para te dizer que não me sinto insultado por me teres chamado o que chamaste. Foi uma resposta ao que eu escrevi sobre os teus “posts” pós atentados de Bagdad e Jerusalém. É natural, encaro-o assim.
E o que eu escrevi resultou de um único texto teu, “postado” a 19 de Agosto (dia dos atentados) contra “
os que se riem a cada atentado, os covardes de todas as tendências e relativismos e idiotas úteis em quase todas as circunstâncias, chorarão em público — mas, intimamente, sorrirão e terão os sarcasmos do costume. Sorriram a propósito da devastação que os «heróis fedayin» lançam nos poços de petróleo e nos oleodutos; sorriram a propósito de cada soldado americano morto; tal como sorriem a cada vítima dos seus heróis armados e preparados para morrer e matar.”
Eu enfiei a carapuça! Pois é! Porque, em parte, já esperava que tu lançasses este argumento perante todos os que afirmassem – e eu só o fiz face ao atentado de Bagdad, não ao de Jerusalém – que o que aconteceu na capital iraquiana era previsível e resultava de uma evidência: a coligação foi eficaz a fazer a guerra mas não o está a ser a controlar o país.
Ora, isto chateia-me! Chateia-me porque é injusto. Quem tenta ser moderado nesta questão é logo chamado de “
idiota útil”, “
covarde”, e mais uma série de alarvidades. Não era de mim que falavas? Admito. Mas eu, à mesma, enfiei a carapuça. E respondi, à letra. Aquela do “
luso-papagaios” é bruta? Pois é! E a reincidência também? Sim. Mas o que queres? Não gosto de me sentir chamado de “
idiota útil” e “
cobarde”
and so on, and so on.
Porque, como também já escrevi no Glória Fácil (GF), numa suave polémica com o
Mar Salgado, a impossibilidade de ser moderado face ao problema do Médio Oriente representa, para mim, a impossibilidade da inteligência e da racionalidade. Eu quero muito, neste assunto, ser moderado. Recuso que a minha moderação me leve a ser sempre considerado um apoiante do terrorismo.
No teu “Riso” recordaste textos teus no JN críticos de Sharon. Escreveste, por exemplo, que ele é uma das “
peças do mal que anda à solta no Médio Oriente” e “
uma das figuras que não ajudará muito a estabelecer a paz no Médio Oriente”.
Mas agora pergunto-te: Alguma vez escreveste que é rigorosamente impossível a paz no Médio Oriente com Sharon a primeiro-ministro de Israel? Ou que a paz no Médio Oriente passa, necessariamente, pela democrática eliminação de Sharon como figura de primeira grandeza em Israel? Ou seja: as tuas críticas a Sharon são absolutamente inconsequentes. E, sendo assim, é como se não existissem.
Queixas-te por só me ter dirigido a ti e não a outros blogues por onde o mesmo género de argumento passou. Fi-lo porque te conheço e conheço os teus argumentos, precisamente das nossas discussões no sítio do costume, ali à esquerda de quem desce e à direita de quem sobe. E, sendo nós, como tu disseste, “bons camaradas”, temos sempre a possibilidade de, cara a cara, nos recompormos dos abalos desta polémica, sob o alto-patrocínio, por exemplo, dos senhores Justerini e Brooks.
Saudações bloguísticas do JPH
PS – Disseste ainda que só me dirigi a ti por “
querer conversa”. Noutra “posta” responderei.
|| JPH, 14:12
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Confesso
No fim-de-semana fui fazer um trabalho ao Algarve. Antes de Portimao, uma paragem em Evora. E depois um trajecto por uma estrada que atravessava a vasta planicie alentejana. As arvores pareciam dancar naquela imensidao de amarelo-sol. Estava tudo no seu lugar.
A descoberta ainda esta nos meus olhos. Por isso, e tao dificil escrever sobre o que vi.
Sob prejuizo de vir a ser eternamente alvo de chacota (o que ja aconteceu na redaccao), confesso que nunca tinha viajado para la de Evora (onde fui quando era ainda crianca), nao conheco o Alentejo, nao conheco o Algarve. Mas regressarei assim que puder. Pronto, ja disse.
|| Anônimo, 01:50
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Agradecimentos
Apesar de ja lhes ter agradecido pessoalmente, devo tambem aqui escrever que fiquei lisonjeada com as palavras do Ze Mario (blog-de-esquerda) e do Pedro (paisrelativo). Dois amigos que, diga-se a verdade, exageraram um bocadinho nos elogios. Podemos depois conversar sobre o assunto. Obrigada.
Agradeco tambem ao Tito (entrepedraspalavras) por recordar o tempo em que discutiamos muito e frequentavamos pouco as aulas na Escola Superior de Jornalismo. As vezes, tenho saudades dessa epoca.
|| Anônimo, 00:57
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Teclado do outro mundo
A ausencia de acentos e provaveis erros deve-se ao facto de estar a teclar num portatil cujo teclado me e totalmente estranho. Desculpem. Obrigada
|| Anônimo, 00:42
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Para Pedro Lomba
Nao consegui esconder a tristeza quando a minha amiga Ana me disse que o Pedro Lomba anunciou ontem a sua despedida. Lamento que o tenha feito, porque 'e uma das pessoas que melhor escreve na blogosfera (e nao so). Espero que, tal como aconteceu quando acabou a Coluna Infame, reconsidere o seu regresso para breve. Fazes muita falta Pedro.
Sei que gostas do Juan Luis Panero (dos seus belos poemas traduzidos pelo Joaquim Manuel Magalhaes). 'E para ti este pequeno excerto: "derrotados arranhoes, uns olhos apagados, / o absurdo de tudo, enigmas e despedidas".
|| Anônimo, 00:38
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segunda-feira, agosto 25
Ó mar salgado quanto do teu sal...
O NMP, do
Mar Salgado, "postou" esta tarde contra os supostos jornalistas de "investigação" (detestável palavra) que a propósito da vaga de calor e das mortes que ela causou fizeram perguntas tão corriqueiras como:
a) onde estava o ministro da Saúde?
b) O sistema de saúde está preparado para as situações de 'overdose' de calor?
c) De quem é a culpa?
Para NMP, esta conspiração só poderá ser provocada por (ele não conclui, mas dá a escolher, admitindo que não se importará que se escolham as duas opções cumulativamente)
a) preguiça
b) falta de assunto
Prosseguindo a malfadada e perversa (só hoje se sabe quanto) tradição francófona, os media tentaram então "perseguir" uma crise política em Portugal para mimetizar o que ocorreu em França na sequência do colapso no sistema de saúde e das mortes com a vaga de calor.
Ó NMP...
ASL
|| JPH, 22:04
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Post redundante, mas com implícitos
O Sean Connery faz hoje 73 anos. O Sean Connery faz hoje 73 anos. O Sean Connery faz hoje 73 anos. O Sean Connery faz hoje 73 anos. O Sean Connery faz hoje 73 anos.
ASL
|| JPH, 18:15
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domingo, agosto 24
Até já!
Sim, eu sei, estou aqui (no blogue) há tão pouco tempo e já vou de férias. Mas o calendário é assim!
Como gosto de andar contra a corrente, vou agora de férias. As hordas de veraneantes (nacionais e estrangeiros) começam a deixar as praias lusitanas mais praticáveis para o incauto cidadão que passou um Verão Quente em Lisboa (às vezes com 40º C, lembram-se?). Até já!
|| portugalclassificado, 22:07
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À atenção dos psiquiatras brutos e delicados
Porque é que as pessoas cuja profissão se resume a escrever e a ler passam os tempos livres a ler e a escrever? É neurose? Manifestação obsessivo-compulsiva? Esquizofrenia? Tara de origem difusa?
ASL
|| JPH, 19:16
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Bushnell e o fim da glória fácil
Lê-se no "Correio da Manhã" que Candace Bushnell, autora de um dos livros mais chatos do mundo, "O Sexo e a Cidade", descobriu que usar o sexo para exercer o poder sobre os homens "já não funciona". A protagonista do seu novo romance, Janey, "decidiu usar o sexo como arma e curte exercer esse poder sobre os homens. Mas o interessante é que o livro mostra que, hoje em dia, usar o sexo para exercer poder sobre os homens já não funciona". Segundo o jornal, a encantadora Bushnell dá conselhos: trabalhar no duro, ter garra, inteligência e fazer amizade com outras mulheres (???). Que seca.
ASL
|| JPH, 17:41
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Psicólogo clínico bruto
O FNV, do
Mar Salgado, enviou-nos um "mail" que obriga a uma correcção. Pensei que FNV fosse psiquiatra, mas de facto é formado em psicologia clínica. Investiga e publica na área das drogas. Ensina psicologia social. Aqui fica feita a correcção. O "bruto", como se depreendia no 'post' anterior, era uma saudação.
ASL
|| JPH, 17:16
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Verso dominical
Toda a gente passou horas/em que andou desencontrado/como à espera do combóio/na paragem do autocarro (Lá em Baixo, de Sérgio Godinho)
ASL
|| JPH, 15:41
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Psiquiatra bruto
Leiam o que FNV escreveu no
Mar Salgado a propósito da extinção do
Guerra e Pas, chorada em toda a blogosfera. Um psiquiatra bruto dá sempre jeito numa comunidade.
ASL
|| JPH, 15:37
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JPP e a mó de baixo
JPP acabou de escrever no
Abrupto que os jornalistas "batem" no PS porque gostam de "bater" em quem está "na mó de baixo". Por que será que há anos ninguém "bate" em JPP?
ASL
|| JPH, 01:03
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Da liberdade de expressão
Pergunta-nos o Alberto Arons de Carvalho se o jornal não é suficiente para a nossa "liberdade de expressão". Em si, é. A liberdade de expressão que o blogue nos traz vai muito para lá do PÚBLICO. O JPH, por exemplo, diz que nunca escreveria no jornal a expressão "esparramado". Cada um de nós procurará encontrar a diferença. Pessoalmente, não me parece que vá utilizar o "blogue" para escrever muito sobre política (que é o que faço no jornal) ou para contar as aventuras da Vanessa. O blogue pode nos deixar ser mais "umbiguistas" e mais imediatistas. Há, também, na minha embrionária relação com esta coisa um "it" qualquer adolescente que nada tem a ver com a minha relação com o PÚBLICO. Esta máquina, o blogger, está-me a infantilizar. Não sei se isto é bom se mau, mas também não é muito importante.
ASL
|| JPH, 00:13
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sábado, agosto 23
Um "mail" do Arons de Carvalho
O Glória Fácil recebeu um mail de A. Arons de Carvalho, que coloca algumas questões que nós próprios temos andado a remoer. Quando falo em nós andamos a remoer, estou a falar dos que trabalhamos aqui no PÚBLICO, eu, a MJO e o JPH e que remoemos ali juntos à hora do almoço ou quando vamos ao café. Ainda não remoí grande coisa com o Simas, do Diário de Notícias, porque raramente nos encontramos. De resto, cada um bloga (e também remói) por si.
A.A.C. começa por referir algum tom que às vezes atravessa os blogues do género 'dizes bem de mim, que eu digo bem de ti'. As trocas de galhardetes, regra geral, parecem - e são, habitualmente - pirosas. É assim em todo o lado, na política, na cultura, na imprensa escrita, no "Acontece". Nuno Mota Pinto, do Mar Salgado, falava nessa questão da blogosfera dever ser ou não pessoal, quando fez o favor de saudar a minha entrada no Glória Fácil. Não se deve dizer nada, mesmo quando nos apetece? É difícil encontrar a justa medida.
No jornal, confesso o meu pavor por essa conversa do "dizes bem de mim que eu digo bem de ti". Parece-me quase impossível andar a fazer elogios aos amigos. Penso que aí sei definir as fronteiras. Aqui, já não sei. Por exemplo: uma vez escrevi sobre blogues no PÚBLICO. Senti-me à vontade para elogiar o meu blogue preferido, o Desejo Casar, precisamente porque não conheço lá ninguém. Se o meu blogue favorito fosse o de alguém que eu conhecesse para além da sua "vida pública" tornava-se mais difícil. Sempre achei que um jornalista prezava mais a sua liberdade (a de dizer bem e a de dizer mal) quanto menos amigos pessoais tivesse na esfera pública, uma vez que a profissão nos deveria obrigar a um exercício hercúleo de frieza. Enquanto bloguista não penso para já em me preocupar muito com isto. Isto tudo ainda é demasiadamente novo para mim. A resposta ao "mail" continua em próximo "post".
ASL
|| JPH, 22:30
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Cabotino
Aquilo do insuflar das expectativas, e de ter aprendido com os políticos e do não esperem nada de mim é um bocadinho cabotino. Estou arrependida. Ainda por cima utilizei o Joel Neto, que não deveria ter sido chamado a um 'post' cabotino. Vou passar a treinar os "postes" durante mais tempo, a emendá-los, a pensar melhor neles. Não dá para lidar com isto como se fossem directos televisivos. Eu não era capaz de fazer um directo. Desculpem.
ASL
|| JPH, 18:50
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Esbagaçada
Estas férias, na ilha Terceira, comecei a usar uma nova palavra: esbagaçada. É uma expressão terceirense.
Enviei uma SMS a L., perguntando-lhe sobre a ressaca da véspera.
- Como estás tu?
- Esbagaçado.
Na véspera, tinha-me sentado em cima de um livro dele, amachucando-o um bocadinho.
- Olha que o livro já está todo esbagaçado.
A partir desse dias, fui-me esbagaçando de vez em quando. Se alguma vez antes tinha esbagaçado alguma coisa nunca tinha dado por isso.
ASL
|| JPH, 18:35
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Cibertúlia e Asceta
Peço imensa desculpa por ainda não ter agradecido as palavras muiiiiiito simpáticas (mas convenientemente exageradas) destes camaradas da blogosfera,
Cibertúlia e
Asceta. Há na blogosfera umas coisas que fazem muito bem ao ego, mas eu aprendi com os políticos que há muitos anos acompanho de perto que a pior coisa que há é o insuflar das expectativas. Parafraseando o blogue de
Joel Neto, de que sou uma consumidora habitual, não esperem nada de mim.
ASL
|| JPH, 18:15
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sexta-feira, agosto 22
Stephen Spender
Foi através do Círculo de Leitores que me chegou às mãos, há muito tempo atrás, o maravilhoso romance "O Templo", de Stephen Spender, uma recriação dos belos anos da República de Weimar. É o único livro que tenho deste autor. Voltei a encontrar o seu nome num ensaio sobre poesia (não me recordo qual, peço desculpa) e descobri esta pequena pérola:
"At first you did not love enough / And afterwards you loved too much / And you lacked the confidence to choose / And you have only yourself to blame".
|| Anônimo, 22:07
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Horovitz
No final do Verão de 1996, quanto ainda vivia no Porto, conheci o Israel Horovitz, um escritor norte-americano que visitou a cidade a convite do Teatro Plástico. Na altura, eu estava concluir o meu estágio no Público e fiz-lhe uma entrevista. Falámos sobre o seu trabalho, a sua vida e em especial sobre os anos em que viveu em Paris e conheceu Ionesco e Beckett. Desde então que mantemos uma correspondência mais ou menos regular. Há algum tempo atrás escreveu-me um mail que trazia apenas estas palavras, escritas em 1974:
"my plants are fighting for their lives / I shall soon hear their final screams / in my room or nearby on my street / where I take the air".
Israel vive em Nova Iorque. Os filhos estudavam numa escola próxima do World Trade Center. Após o 11 de Setembro, escreveu uma longa peça sobre os três dias que se seguiram aos atentados. E desistiu da poesia.
|| Anônimo, 21:43
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Fim...
O
Guerra e Pas anunciou o seu fim. Nunca sei muito bem o que dizer nos momentos de despedida, acho que caio sempre em lugares-comuns. Mas penso sinceramente que a blogosfera fica mais pobre com o seu desaparecimento. Desejo mesmo que o seu autor volte atrás na sua decisão e nos dê o prazer de continuar a ler os seus textos bloguísticos.
|| Anônimo, 21:17
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Mais um agradecimento
Em nome dos buscadores de glória fácil, agradeço ao
Quinto dos Impérios o post de boas-vindas. A Maria José Oliveira, aproveito para registar, é muito simpática não só ao telefone (embore ela não goste da palavra simpática, vá lá saber-se porquê). Eu e o Simas também somos simpáticos. O JPH é que é mais bruto. Por ser tímido, claro. Saudações bloguísticas.
ASL
|| JPH, 20:18
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Para o Francisco
O Francisco, do
Aviz, respondeu aqui ao JPH. Eu não me quero meter no assunto, muito menos defender o JPH, que aqui neste blogue é cada um por si. Só uma coisa me deixa perplexa: ó Francisco, tu foste contra a invasão do Iraque? E, já agora, porquê? Dás-me uma alegria, mas deixas-me também confrontada com a minha total incapacidade de compreender as tuas posições. E, se puderes, define melhor esse conceito de "idiota útil", já que nós, os que estivemos contra a invasão (e neste blogue fomos todos), ficámos fartos dessa expressão. Brindemos, como sempre, à independência dos Açores.
ASL
|| JPH, 17:08
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Não se mexe
Parece que o
Pedro Mexia tem o computador avariado. Imagino-o às cabeçadas, a pensar como é difícil o amor em Portugal. Viva a glória fácil.
ASL
|| JPH, 15:58
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É melhor parar com as experiências
Afinal, consegui retirar uma das versões. Mas já não me arrisco a repetir a operação para deitar fora a correcção do erro que afinal já desapareceu. Blogando e aprendendo.
ASL
|| JPH, 13:59
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Agora é o próprio "blogger" que me edita
Quando já estava a pensar na espantosa simplicidade do "blogger", acabei de enfiar aqui dois textos sem querer. Quero retirar um e não consigo. A operação diz que funciona mas não funciona. Como diria o capitão Haddock, mais do que ridículo, isto é grotesco. Um texto sobre nada com duas versões.
ASL
|| JPH, 13:55
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Isto do blogue 2
A "password" do JPH é tão absurda que me dá imensa vontade de rir cada vez que me sirvo dela para entrar aqui no "blogger". Vou mesmo ficar definitivamente com ela. Obviamente, isto nunca poderá deixar de ser uma "private joke"
ASL
|| JPH, 13:40
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Isto do blogue
Agora tenho que escrever uma "Vanessa na praia" e um comentário sobre a semana política. A sério, a sério, apetecia-me ficar por aqui a tentar "postar". Isto do blogue é muito mais difícil do que parece. Já suspeitava. Em Junho, A. perguntou-me:
- Então não tens um blogue?
E eu disse-lhe que já passava tempo demais a escrever e ele que num blogue escrevia-se qualquer coisa e pronto.
Já pensei em vários "postes" mas não consegui enfiar nenhum no "blogger". Adapto-me a isto, não me adapto? Apetece-me imenso, mas... não sei o que faça a este tonto nervosismo de iniciada.
Desculpem lá mais um "post" ó-eu-aqui-perante-o-fascinante-mundo.
ASL
|| JPH, 13:33
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quinta-feira, agosto 21
Pessoal outra vez
Durante três meses deste ano vivi em Campolide. Por uma série de razões que não vale a pena desfiar pela blogosfera adentro, gosto muito de Campolide. O café do bairro de Campolide é “A Pastorinha”. Há vinte anos, quando vim morar para Lisboa, “A Pastorinha” consolava-me em parte as angústias da provinciana-que-odeia-Lisboa-porque-ninguém-se-conhece, entre outras. Em Janeiro, de volta a Campolide, andei a conferir mudanças, em mim e na “Pastorinha”.
“A Pastorinha”, apesar de tudo, continuava amável. Num domingo, encontrei o João McDonald, que mora por lá. Tinha acabado de começar a ouvir falar de blogues. Foi o João que me explicou melhor o que eram os blogues e, num guardanapo da “Pastorinha”, escreveu alguns endereços electrónicos onde se poderia ficar a conhecer essa nova “mania”. Foi a partir daí que cheguei ao
Blog de Esquerda. O que “práqui” vai já é capaz de ser uma grande piroseira, mas é a maneira que estou a conseguir encontrar para agradecer o que o José Mário Silva “postou” sobre o Glória Fácil em geral e em particular.
Muito obrigada também ao
Desejo Casar, que continua uma paixão blogosférica.
ASL
|| JPH, 22:48
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Com a devida vénia...
...a
Pedro Lomba conto uma
piquena história que me ocorreu hoje. Meto-me na viatura com o bebé sentadinho no banco de atrás e arranco para Lisboa. Estou com alguma pressa. Na estrada de saída da vila apanho dois carros à frente. Vão a trinta (juro! olhei para o conta-quilómetros na altura). Buzino. Sem reparar que a viatura que causa aquela pastelice é da GNR. O senhor agente não gosta da buzinadela, que só o incomoda a ele porque ali não vive nem trabalha ninguém. Manda-me parar na berma, sendo impossível escolher uma sombra porque não há. O bebé transpira abundantemente e começa a ficar agitado, o que mostro ao senhor agente. Ele não se atrapalha. Passa 20 minutos a analisar-me os documentos. E outros dez a preencher uma papeleta que me intima a resolver numa semana uma série de falhas (falta um retrovisor, falta o selo, a morada na carta é antiga e falta a inspecção que sei que não falta porque o carro só tem três anos).
Anda um homem a tentar ser mais reaccionário e acontece-lhe isto!
|| JPH, 22:06
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Para mim também...
Isto aqui está giro. Confesso candidamente o meu fascínio por teorias da conspiração e sou imediatamente encostado a uma parede, vendado, algemado e impiedosamente fuzilado com uma rajada de juízos morais, por este carrasco
aqui (cuja verdadeira identidade é desconhecida, procedimento aliás habitual nos carrascos, que assim evitam constrangimentos na sua vida social). Eis a rajada, tiro a tiro:
"
Tenho pena que existam jornalistas que confessam sentir "fascínio" por teorias da conspiração. Um jornalista não deveria ficar fascinado, mas sim triste por elas existirem.
Quando há uma teoria da conspiração, isso significa que existem perguntas que os jornalistas não conseguiram investigar até descobrirem uma resposta cabal, aquela que acabasse com as dúvidas. Também é triste saber que as teorias de conspiração existem porque elas provam que as conspirações só resultam quando a Imprensa é controlada e não faz perguntas.
Por exemplo, a Imprensa "engoliu" logo a história oficial de que foi Bin Laden o autor do 11 de Setembro. Porque não perguntaram por autores alternativos? Alguém se lembrou, por exemplo, de pensar que aquilo até poderia ser uma vingança pela morte de Timothy Mc Veigh, o suposto autor do atentado ao edifício federal de Oklahoma? É que Mc Veight fora executado no dia 11 de Junho, exactamente três meses antes dos atentados, sensivelmente à mesma hora em que o primeiro avião bateu na primeira torre. Porque ninguém seguiu essa pista interna que culpava norte-americanos pelo sucedido? Deste modo, nunca teria havido a invasão do Afeganistão, nem a invasão do Iraque, nem Sérgio Vieira de Mello teria morrido daquela maneira.
Mas, enquanto as "teorias da conspiração" forem tratadas com 'fascínio', como uma coisa de excêntricos, então elas continuarão a servir para encobrirem precisamente aquilo que querem revelar.
Enquanto existirem jornalistas fascinados, em vez de preocupados por elas existirem, então este mundo vai continuar a pertencer a quem não deveria pertencer.
Resposta do morto (eu): olhe meu caro (ou minha cara, sabe-se lá), quanto a esta sua teoria, para mim, francamente, tanto faz.
|| JPH, 21:03
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Pessoal
Tal como o Nuno Mota Pinto, do
Mar Salgado,(com quem o João Pedro mantém neste momento uma excelente polémica), também não acho que a blogosfera tenha que ser impessoal. Daí a minha alegria radical com o seu "post" de boas vindas. Gosto de Nuno Mota Pinto e do Mar Salgado, embora também, regra geral, não concorde com as suas análises. Acredito que nos encontraremos algures na maravilhosa "naiveté" do poema de Eugénio de Andrade, que esta tarde o Nuno "postou": "(...) é urgente permanecer".
O JMF, do
Terras do Nunca, passou-se. O seu "passanço" encheu-me... de glória fácil, acho eu.
Agradeço ao Francisco, do
Aviz, ao Nuno "Statler" do
Blogue dos Marretas, ao
Serra Mãe, ao
Venham Mais Cinco,
ao Maranhão, e, como é óbvio, aos restantes motores de busca de glória fácil, Nuno Simas, Maria José Oliveira, João Pedro Henriques.
ASL
|| JPH, 18:05
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Sigamos a polémica!
"
Ora, como é possível ser moderado se se está submetido a ideologias fundamentalistas e a ditadores sem escrúpulos que usam a religião para seu proveito pessoal ?", perguntou Nuno Mota Pinto, do
Mar Salgado , em resposta ao "Luso-papagaios" que produzi aqui no Glória Fácil (GF). Respondo: é difícil ou mesmo praticamente impossível, além de imensamente arriscado.
Mas aqui - ou nos EUA ou no Reino Unido ou em Israel - é possível, precisamente porque não se tratam de regimes sujeitos "
a ideologias fundamentalistas e a ditadores sem escrúpulos que usam a religião para seu proveito pessoal". Aqui (designação genérica para o mundo livre e democrático) é possivel (e urgente) a moderação, e o mesmo é dizer a inteligência e a racionalidade. No "Luso-papagaios" não tratei dos problemas de fundo mas sim do discurso dos radicais que defendem as posições de Sharon e Bush acusando os moderados de terroristas, idiotas úteis, etc, etc, como o
Aviz faz. Fiz-me entender?
O Mar Salgado afirmou também que "
para muita gente, no entanto, não é fácil apoiar os americanos. Uns porque não gostam de Bush (confundindo um político com toda uma nação e sociedade). Outros porque, pura e simplesmente, não gostam da América e dos valores da liberdade política, económica e cultural que representa (resquícios pré-queda do Muro de Berlim). Outros ainda, graças a um cinismo militante que desconfia de todos os actos e de todas as intenções.
O discurso artificialmente ingénuo e de auto-vitimização do post de JPH é, na prática, um claro representante desta última tendência. Não se preocupe: está muito mais acompanhado do que possa pensar.
Esta também tem uma resposta simples: há cada vez mais razões para desconfiar "
de todos os actos de de todas as intenções". A mim (e ao mundo em geral) a coligação Bush/Blair afirmou que a invasão do Iraque visava destruir armas de destruição massiça (ADM) que Saddam possuía. A posse dessas armas - que poderiam ser utilizadas pelo próprio regime iraquiano ou por organizações terroristas por ele apoiadas - seria um perigo para a liberdade do mundo ocidental. Muito bem, admito a justificação. Acontece que ADM, nicles! Não há maneira de serem encontradas. Aliás, não encontram nada: nem as ADM nem o Saddam nem o Bin Laden, nada. Ora isto é muito chato. Porque, como uma vez ouvi a um jornalista da Skynews, esta foi a primeira guerra que acabou antes de ser encontrado o motivo pelo qual se iniciou.
Sem ironia: a invasão assentou numa mentira. Por muitíssimo menos - uma mentira conjugal e rigorosamente apolítica - Bill Clinton foi sujeito a um processo de "impeachment". Há todas as razões para todos (inclusivamente os que ainda apoiam actuação de Washington) se sentirem cada vez mais desconfiados.
Quanto ao meu "
cinismo militante", à minha pose "
artificialmente ingénua" e à minha tendência para a "
auto-vitimização", ficam sem resposta. Obviamente que não me sinto insultado. Mas são qualificativos que não passam de processos de intenções. Não enfio a carapuça.
|| JPH, 16:14
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A Alegria da Corte
Falta aqui manifestar o meu contentamento por ela ter aderido ao Glória Fácil. Bem-vinda Ana!
Agora podemos comemorar a "alegria da corte" (influências de Montalbán, desculpem lá)
|| Anônimo, 14:18
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O incrível mundo do Diário da República
Deu-me para isto: ler o Diário da República (DR). Deve ser o efeito do Verão.
Fico maravilhado com a quantidade de Portarias do Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas que criam zonas de caça de estirpe vária. Só no n.º 187, de 14 de Agosto (I série B), são oito. Há nomes fantásticos: zona de caça de Maria do Ciso (não confundir com siso...) é um deles. Fátima, terra de fé, também tem a sua zona de caça, fique a saber. A 11 de Agosto, são ainda mais as portarias: 26. Outros nomes de zonas de caça: Chança, Junça, Tapeus, Talefe. Registe também que há uma zona de caça na freguesia de Alcaria Ruiva, Mértola, que é gerida pelo Grupo Desportivo de Caçadores e Pescadores «Os Patos Bravos». Conclusão: a caça deve ser um novo conceito de Desenvolvimento Rural.
Mas há mais coisas espantosas nesse DR de 14 de Agosto. Passemos à I série A. Saiba que, através dos Avisos do Ministério dos Negócios Estrangeiros n.os 194 e 195, se «torna público» que a Bielorrússia e a Costa do Martim depositaram «o seu instrumento de adesão à Convenção de Espécies Migratórias Selvagens (CSM)». A adesão é recente, mas a convenção tem 24 anos, data de Junho de 1979. Assim vai o mundo das leis.
|| portugalclassificado, 14:13
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Bem vinda
Deixem-me saudar a magnífica contratação de Ana Sá Lopes. Agora é que nada ficará como dantes!
|| portugalclassificado, 13:39
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Um bocadinho de O'Neill
E agora apetece-me citar Alexandre O’Neill.
Uma pitada de lusopessimismo vem sempre a calhar e é saudável.
De «Portugal»
in «Feira Cabisbaixa», Sá da Costa, 1979:
Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso de todos nós...
|| portugalclassificado, 13:25
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Lusos e Papagaios
Caro JPH:
É certo que a «posta» vem com umas horitas de atraso, mas já sabes como é!?
Tens razão em «Lusopapagaios». I can’t agree more!
Confesso que já me incomodava, antes e durante a II Guerra do Golfo, que muitos
opinion makers usassem e abusassem daquela tese: quem não está com o senhor Jorge Dabliu (a favor da guerra) está a defender o facínora Saddam!
Já agora, dá um salto a esta notícia do
estadão
|| portugalclassificado, 13:20
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quarta-feira, agosto 20
O outro bruto
A blogosfera está atulhada de referências e "links" para o blogue de José Pacheco Pereira. Para os aficcionados, vale a pena dar uma volta por
aqui ASL
|| JPH, 23:21
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Casablanca
O "Casablanca" fez 60 anos. Como quase toda a gente, também gosto muito do "Casablanca". Como quase toda a gente, também já o vi várias vezes. Eu gosto do "Casablanca" porque tem um final feliz, que é a Ingrid Bergman ficar com o Vitor Lazlo. Não podia ser de outra maneira, para não espatifar Paris.
ASL
|| JPH, 22:38
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O nosso blogue
Há imensas coisas que gosto de fazer sozinha (andar na rua, tomar café, ver televisão, ir ao supermercado). Não me importo de ir ao cinema sozinha. Já gostei de viajar sozinha. Não sou capaz de entrar num bar sozinha. Nunca seria capaz de fazer um blogue sozinha. Comecei a rondar o João Pedro Henriques e a Maria José Oliveira e eles perceberam. Hoje já chamei ao blogue deles "o nosso blogue". Como disse uma vez o ex-líder do PSD Fernando Nogueira, "não sei se serei capaz". Mas isso logo se vê.
ASL
|| JPH, 21:59
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A novidade (confirmação) !
Sim, é ela, ela mesmo, a Sá Lopes, Ana Sá Lopes! Depois de lhe pagarmos vários jantares aceitou juntar-se ao Glória Fácil. E brevemente começará a "postar". Boicotes técnicos de origem variada fazem com os posts não sejam, para já, assinados por ela. Mas brevemente resolveremos o problema. Saudações bloguísticas!
|| JPH, 21:38
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Uma palavrinha mais...
Sobre o atentado de ontem em Bagdad o
Avatares De Um Desejo declara, em resposta ao
Jaquinzinhos, que há "
um pensamento maniqueísta" segundo o qual ou "
se está com o terrorismo ou se está com o "roteiro da Paz" americano". E acrescenta:
"Na verdade o mais provável é que os dois lados subsistam nessa estranha relação de interdependência."
E agora acrescento eu. O Avatares só peca por excesso de elegância. Para mim essa "
estranha relação de interdependência" entre os dois lados da guerra é, na verdade,
uma aliança objectiva. Mas calma! Não estou a dizer que esse entendimento seja secretamente assumido por ambas as partes. Não há aqui nenhuma teoria da conspiração, por mais que elas me fascinem. Estou a dizer que os atentados de ontem reforçam
objectivamente as alas mais militaristas (os chamados falcões) tanto na administração Bush como na de Sharon. À violência responde-se com mais violência e a mais violência responde-se com mais violência ainda e por aí adiante - o velho e infernal círculo vicioso do olho-por-olho-dente-por-dente. Este clima é obviamente do agrado dos falcões de todos os lados desta guerra. E, sobretudo, dos interesses que os alimentam. Está dito.
|| JPH, 20:39
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Novidade!
Sensacional contratação a caminho do Glória Fácil! Processo atribuladíssimo (jantares em Barcelona, almoços na Marateca, encontros secretos na área de serviço das Vendas Novas) mas em vias de se confirmar. Novidades para breve! Venham aqui de hora a hora. Faz bem ao nosso "site meter".
PS - Mediante uma mão cheia de euros (ou até uma simples garrafa de Famous Grouse) providenciamos fugas de informação para outros blogues. Contacto via correio electrónico.
|| JPH, 15:41
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Isto sim, é uma honraria!
Aqui há uns dias o Glória Fácil (GF) recebeu um mail do
Pipi. Ora, isto sim é uma honraria! E digo-o sem desprimor para todos os outros blogonautas que saudaram o nascimento do GF, ou nos seus blogs ou por simples "emails".
O Pipi escreveu-me porque eu o "acusei" de ser este
senhor. Um texto muito cortês, para cuja divulgação não me foi pedida segredo. Ei-lo:
"Caro JPH,
Escrevo-lhe a propósito do seu post em que diz, e cito: "Teorias da conspiração (III) Acho que o Pipi é este senhor."
Tal afirmação merece-me uma pergunta e um comentário. A pergunta é: "Que fiz eu para que me relacionasse com tal fanchono?" O comentário é: "O meu amigo merecia que um moçambicano lhe fosse à bufa..."
E é tudo. Receba, à laia de cumprimento, um forte chuto nos colhões do seu
Pipi"
Faz-me feliz saber que o Pipi passou aqui pelo GF. Porque para mim ele (ou ela, why not?) representa a excelência na escrita em português. Não brinco. Aquilo é verdadeiramente muito bom, do melhor que se pode ler em português, actualmente. E, além do mais, move-se nos terrenos, extremamente movediços, da escrita humorística. Sonho há anos com uma revista de humor em português (que não teria de ser
só de humor mas seria
sobretudo de humor). E esse sonho nasceu de algo tristemente objectivo: a paisagem da escrita humorística de imprensa em Portugal é um deserto. E isto por contraponto com a que se faz para a televisão, onde as coisas parecem estar a levantar vôo (há momentos de génio no "Levanta-te e ri", da SIC, e quem os protagoniza são desconhecidos). Sonho com esta revista e o Pipi teria lugar cativo na sua lista de colaboradores para escrever o que escreve no seu blog e até, possivelmente, acompanhado de ilustrações (ele decidiria).
Agrada-me imaginar que o Pipi não é nenhum produtor de humor já devidamente encartado e consagrado. Isto é, que se trata de alguém verdadeiramente novo, revelado agora na blogosfera, cujo imenso talento para a escrita ainda não foi posto a render - mas que merece ser.
Agrada-me, aliás, pensar o mesmo de quem escreve
aqui, cuja identidade também desconheço. Tem lá um texto parodiando os editoriais de alguém associado à
casa onde trabalho (a Laurinda Alves, directora da "X") e eu não resisto, com a devida vénia, a transcrevê-lo, na íntegra.
"Editorial
No passado fim-de-semana, teve lugar em Sintra mais um encontro anual da Cabacinha-Associação dos Pais e Amigos das Crianças Sem Cabeça. Desde há muito que me convidam para dizer umas palavras nestas reuniões da Cabacinha e saio de lá todos os anos fascinada com a alquimia que nasce numa plateia de crianças sem cabeça, os amigos delas, e os pais também.
Com a tremenda falta de apoios do Estado, não é fácil em Portugal ser pai de uma criança sem cabeça. Pior mesmo é ser uma criança sem cabeça, mas essa não nota. Os muitos pais que me escrevem e procuram (e a quem sou incapaz de dizer “não”) contam-me histórias assustadoras de discriminação e falta de afectos. Falei longamente com eles, tentei gracejar sem êxito dizendo que já deviam estar de cabeça perdida, mas fui incapaz de vencer o amargo desencanto que vi estampado nos rostos de alguns pais de crianças sem cabeça. Há excepções, claro. Algumas crianças sem cabeça são histórias de sucesso: conheço quatro que se licenciaram e têm os seus empregos (em circos) e uma delas, o João, está a fazer o MBA em Londres. A Cabacinha é mais um exemplo de como, mesmo sem subsídios, é possível construir uma vida melhor. Só é preciso acreditar. Carpe Diem. Os pais dizem-me que têm aproveitado para poupar naquilo que não precisam para os seus filhos (óculos, auriculares, bonés, chapéus, bandeletes) e estão a angariar fundos para construir a nova sede da Cabacinha. A Câmara de Loures já cedeu o terreno. Se puder, não deixe de dar o seu contributo.
Nas páginas desta revista, encontrará o depoimento de uma criança sem cabeça. E ainda, como sempre, artigos light «para gajas»: um sobre feng-shui e a importância dos fluidos das pedras nas salas de estar, um texto maravilhoso com o título «A tranquilidade interior» e as nossas inevitáveis sugestões de compras e presentes acima de € 500. Espero que goste de mais este número que preparámos para si."
Uma pérola entre várias outras.
|| JPH, 13:46
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Luso-papagaios
O óbvio revelado em toda a sua brutalidade: a coligação EUA/Reino Unido soube preparar e concretizar a invasão do Iraque mas não soube nem preparar nem concretizar o pós-guerra (aliás, duvido que se possa falar em "pós-guerra", os factos recentes provam que se continua em guerra).
Disto isto, nem era preciso apostar que esta constatação seria interpretada pelos
defensores da invasão como uma manifestação de alegria pelo horror que os atentados provocaram. Para esses, pessoas como eu estão neste preciso momento, secretamente, a celebrar em várias casas do país, num estado de felicidade suprema - mas silenciosa, para os vizinhos não acharem suspeito - as mortes de Bagdad e Israel. Porque somos da esquerda pindérica, só bebemos SuperBock e Raposeira. Alimentamo-nos de "pistachios" importados do Irão. Whisky é proibído. Só do irlandês, por respeito ao IRA.
E agora pergunto eu: não será possível falar sobre o que se passou ontem – e sobre as suas razões – com uma pontinha de sensatez? Será possível, pergunto eu, fazer, sem ser acusado de terrorista, um raciocínio suficientemente dinâmico que admita os três seguintes pensamentos, a saber:
1º – A culpa absoluta dos atentados de ontem é dos terroristas que os perpretaram;
2º – A coligação soube fazer a guerra mas não está a conseguir a paz.
3º - Estava na cara que isto iria acontecer, pela pressa imensa que os EUA mostraram nos preparativos da guerra.
Ou seja: o que é que eu preciso de dizer e fazer para, ao fazer estas constatações, não ser acusado de terrorista ou idiota útil ou cobarde ou tudo-ao-mesmo-tempo? Será possível ser um moderado? Porque é que as pessoas que mais audivelmente defendem, em Portugal, as posições de Israel e dos EUA, só o fazem por adesão cega à extrema-direita dos respectivos regimes políticos? Enfim: porque não se dão ao trabalho de ser algo mais do que luso-papagaios pavlovianos dos actuais governos de Telavive e Washington?
|| JPH, 01:57
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Regresso (II)
Domingo à tarde, praia.
Tento concentrar-me no Montalbán ("Erec e Enide") que estou quase a terminar, mas duas adolescentes que já levam sobre mim um avanço tremendo em relação ao bronze (e não só, refira-se, o que me leva a pensar que quando eu tinha a idade delas só pensava em andar de bicicleta, em brincar na rua às escondidas e à apanhada e em tocar às campaínhas) teimam em tornar audíveis as suas conversas. Para mim, que sempre me habituei a ler e a estudar nos cafés (que saudades do meu Ceuta, no Porto), o barulho nem é muito incomodativo. Até que, em certo momento, parece-me ouvir aquela que se transformou na palavra mais usada (e vulgarizada) em Portugal: pedófilo.
Num movimento involuntário, olho para trás, recomponho-me e e fico à escuta:
"- Não me apetece ficar aqui [aqui estava uma senhora mais velha, talvez a avó de uma delas ou de ambas]. Podemos jogar às cartas mas temos de procurar outro lugar. Olha, porque é que não vamos para ali [ali era uma zona da praia só com duas ou três pessoas]?
- P'ráli não vou!
- Porquê? É melhor...
- Está ali um pedófilo!
- Ah, pois é..."
N.B.: "Pedófilo" aqui significa homem sozinho na praia, a apanhar sol enquanto lê um livro.
|| Anônimo, 01:06
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Regresso
Aproveito os dias de folga para regressar a casa dos meus pais, em Buarcos (Figueira da Foz): faço uma ronda de visitas por alguns familiares, leio todos os números atrasados dos jornais regionais e chateio a minha mãe com o interrogatório de sempre - se alguém morreu, se já nasceu o bébé daquela moça que andou comigo na escola primária, se a loja dos chineses já abriu, se a mãe da Olívia ainda está doente...
Menos de 48 horas depois da minha chegada, invariavelmente ouço esta pergunta: "Zé, importas-te de te calar um bocadinho?"
É tão bom voltar a casa.
|| Anônimo, 00:33
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Para Acabar de Vez Com os Lamentos do JPH
O JPH tem andado a lamentar-se: que não pode ser só ele a alimentar o blogue, que um dia destes publica um ultimato, etc, etc.
Os tempos solitários acabaram. O NS regressou e eu também estou de volta depois de um fim-de-semana prolongado.
Pronto, JPH, agora podes parar de me telefonar?
|| Anônimo, 00:02
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terça-feira, agosto 19
Spínola
Pensei que a posta sobre o Guenter Wallraff não fosse interessar ninguém. Enganei-me. Recebi, por exemplo, de
paramimtantofaz um comentário. Diz:
Spínola foi "atirado" para fora de Portugal. E agora pergunto ainda: Se ele mordeu o isco de Wallraff foi porque a "Stasi" assim o quis, ou porque houve quem não quisesse evitar que assim sucedesse? É que a "Stasi", apesar de algumas "boas qualidades", também não era assim tão perfeita... Traição. Esta sempre foi a palavra que rodeou Spínola. E a traição, recorde-se, só acontece quando quem nós confiámos nos deixa em maus lençóis. Não quando aqueles que são os nossos inimigos fazem o que é suposto fazer.
Agradeço e, com atraso, comento. A história contemporânea fascina-me. Spínola morreu e não deixou, que se saiba, testemunho das suas memórias. E há muito por contar. Por exemplo, o que se passou
verdadeiramente na cimeira das Lajes, nos Açores, em 1974, entre Spínola e Richard Nixon.
|| portugalclassificado, 22:42
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Back by popular demand
I´m back! Isto do blogue é muito exigente. Quem não «bloga», desaparece. E arrisco-me a ficar sem «emprego» na blogosfera... Volto já, dentro de segundos, para outra «posta»
|| portugalclassificado, 22:32
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A TSF
Lá por estar há uns dias sem "postar" sobre a
TSF, não pensem que deixei cair o assunto. Não deixei, nem deixarei.
Reparei que se chegou na blogosfera à questão central: o que fazer. É sempre a questão central. Acho que a acção pertence, em primeiríssima linha, aos trabalhadores/colaboradores da estação. Eles estão no centro do furacão. Se acharem que o que está em causa é grave, compete-lhes a eles definir acções concretas de luta (não receio a linguagem sindical).
Quanto à blogosfera - onde "reside" parte da comunidade ouvinte da rádio - volto a defender a necessidade de se criar um "clamor" suficientemente alto para que os tubarões da PT o oiçam. A organização da blogosfera é não ter organização nenhuma e assim deve permanecer, na minha modesta opinião. Mas nada nos impede de, cada um por si, falar da TSF, discutir a TSF, fazer-lhe declarações de amor (ou de ódio), denunciar o que se prepara, etc, etc, etc.
Por outras palavras:
é preciso fazer barulho! Para que a PT perceba, mas também para que os próprios trabalhadores/colaboradores da rádio percebem que não estão sós nesta guerra. A PT move-se no mundo bolsista. Odeia barulho à sua volta, isso incomoda. Obviamente só admitirá mudar de ideias quanto à TSF quando se sentir incomodada demais. É ingenuidade? Pois que seja. Mas acredito, sinceramente, que é possível travar o processo em curso de assassinato da TSF enquanto rádio-notícias.
|| JPH, 13:22
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segunda-feira, agosto 18
Não há palavras
Já me tinha acontecido em Timor, em Setembro de 1999. Levava de Lisboa, na memória, horas de imagens e rios de palavras que descreviam a destruição do território pelas milícias/tropa indonésia no pós-referendo. Mas nada me preparou para o que vi. Tudo - rigorosamente tudo - queimado, à bruta, à pressa. E quando chegou a hora de passar para a escrita, fui confrontado com a extrema dificuldade (para não dizer impossibilidade) de descrever o que via. Impotência, enfim. Resolveu-se dois meses depois, no regresso a Lisboa. Passei meses a falar do assunto, a tentar descrever (aos amigos e a quem me ouvia) a dimensão do horror que percorreu aquela metade de ilha. Ainda agora, quando o assunto vem à baila, é difícil calarem-me.
Hoje voltou a acontecer o mesmo. Vou a Mação (Santarém). E, no caminho, pela A23, percebo que nada do que li nem nada do que vi nas televisões consegue descrever o que ali aconteceu. Na vila encontro o
Colaço, que é da terra. Ele não se cala com os incêndios. Entendo-o como ninguém.
|| JPH, 21:58
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Tarde no Parlamento
Quinta-feira fui à
Assembleia, acompanhar a reunião da comissão permanente. Dou por mim, a certa altura, na bancada de imprensa, rodeado de 15 senhoras jornalistas (que às vezes chegavam quase a 20). Só senhoras - nem um senhor (exceptuo eu). Isto dá que pensar. E tem as suas consequências.
Pensamento: O princípio legal-geral das quotas por género não define (seria inconstitucional) que a quota mínima é a das mulheres. Pode não ser. Pode ser para homens, se for caso disso (e era). A bancada de imprensa encontrava-se, portanto, numa situação de flagrante inconstitucionalidade.
Consequência: De manhã tinha acordado com um jeito no pescoço. Acabei com um torcicolo.
PS - A situação entre os deputados era precisamente a inversa. Uma trintena de senhores, duas ou três senhoras. Tudo também flagrantemente inconstitucional, mas às avessas.
|| JPH, 21:41
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sexta-feira, agosto 15
Teorias da Conspiração (stand-by)
O
Avatares de Desejo e o
Alfacinha, entre outros, escreveram sobre a TSF. Por motivos imprevistos temos de adiar a continuação das Teorias da Conspiração para o início da próxima semana.
Até lá.
|| Anônimo, 17:52
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quinta-feira, agosto 14
Teorias da conspiração (III)
Acho que o Pipi é este
senhor.
|| JPH, 21:49
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Teorias da conspiração (II)
|| JPH, 21:46
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TSF (Várias e importantes referências)
O
Abrupto decidiu fazer uma "Contribuição para o debate sobre a
TSF", que me suscita alguns comentários.
1º - José Pacheco Pereira (JPP) reconhece que há na blogoesfera um "debate sobre a TSF". Fixe!
2º - JPP recorda-nos um texto seu no
PÚBLICO sobre a compra da Lusomundo pela PT. Concordo a cem por cento com o seu conteúdo e sublinho um parágrafo:
"Já ninguém é suficientemente ingénuo para pensar que a interferência do governo na comunicação social se faz por telefonemas directos dos ministros, embora ainda os haja. As formas são mais sofisticadas uma das quais são as "reestruturações" em nome da eficácia dos "negócios" que condicionam carreiras, postos, compromissos e o destino de jornais e rádios. Também aí há alguém a premiar quem se porta bem e quem se porta mal e esse alguém está no governo, ou depende do governo.” Na altura o Governo era do PS. Hoje é de quem é. Mas o raciocínio permanece actualíssimo.
3º - Dá para perceber da "posta" de JPP que ele também acha que está em causa
"o fim da TSF como emissora noticiosa", como ando aqui a berrar de há uns dias para cá (e outros já tinham berrado antes).
4º - Não dá para perceber se o lamenta - só acreditando eu que não pode deixar de o lamentar. E se acha que alguma coisa pode ser feita para evitar
"o fim da estação como emissora noticiosa", tanto pelos trabalhadores/colaboradores (sendo ele um deles) da estação como também por aqueles que, cá fora, a acham importante para a saúde do regime.
5º - A
"raiz do problema" foi, de facto, a tal compra do grupo Lusomundo pela PT, concordo inteiramente. Mas sublinho a segunda parte da expressão:
"Problema". Ele existe. E acho que é importante tentar evitar que se desenvolva da forma que eu acho que se vai desenvolver:
"O fim da estação como emissora noticiosa".
6º - Mas, enfim, pode ser que esta tenha sido apenas a primeira contribuição de JPP para o debate sobre a TSF. Era bom.
Verifiquei, na blogoesfera, outras importantes referências sobre o problema. Duas de excelentissimo calibre no
Guerra e Pas. Mas, insisto, a questão na TSF não é económica. O Estado - está mais que provado - não se importa nada de deter empresas que dêem prejuízo (e a TSF não dá) desde que isso seja do seu interesse. A questão é política: não dá jeito nenhum a este Governo (ou a qualquer outro) ter uma estação que possui um poder imenso (e incontrolável) no
agenda setting político. Por isso, decapite-se a coisa! Foi o que começou a ser feito com o processo que levou à demissão da direcção de informação. Mas vai continuar. E sob a capa de ilusórias "refundações".
O
Desesperada Esperança também "postou" sobre a TSF. Desesperada esperança é o que eu sinto sobre este problema.
Último ponto: Não consigo, por várias razões, ler tudo o que se vai escrevendo na blogoesfera sobre este problema. "Emailizem" para a Glória Fácil as vossas postas. Daremos delas conta, na medida das possibilidades.
|| JPH, 20:47
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quarta-feira, agosto 13
Teorias da conspiração
As teorias da conspiração têm uma vantagem e uma desvantagem. Vantagem: partem sempre do princípio que as verdades oficiais merecem absoluta desconfiança. Desvantagem: são impossíveis de confirmar. Está
aqui uma verdade oficial. Quer dizer: o problema da
TSF é tudo menos económico. A questão económica é, do ponto de vista da PT, meramente instrumental. A estação é rentável e as audiências têm crescido. Se o problema fosse económico não se iria convidar para "refundar" a estação alguém (Emídio Rangel) que a deixou com um passivo de três milhões de contos. O problema é, portanto - no meu modesto entender - exclusivamente político. Quanto menos informação melhor.
Esta já não é uma verdade oficial. É algo mais sustentado do que isso. Mas, seja como for, insisto: a TSF tem viabilidade e os últimos resultados económicos (e de audiências) divulgados comprovam-no. O Alfacinha tem razão num ponto: a forma como "gritei" no Glória Fácil contra o silêncio blogoesférico sobre a TSF pode levar os leitores a pensarem que os acho estúpidos. Não acho. Ponham isto somente à conta de uma furiosa indignação. Porque de uma coisa tenho a certeza: pretende-se mesmo acabar com a TSF enquanto rádio-notícias. Assino por baixo esta convicção, como têm reparado. E podem crer que João Pedro Henriques não é um pseudónimo de outro alguém.
|| JPH, 20:52
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"Dalto Abaixo"
A partir da próxima sexta-feira, o Glória Fácil passará a publicar a coluna "Dalto Abaixo", uma espécie de "Sobe e Desce" alternativo.
Aceitam-se sugestões, comentários e por aí fora. Já sabem para onde enviar um mail.
|| Anônimo, 20:37
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Psst, está aí alguém?
Silêncio sobre a
TSF. Total e absoluto. MAS SERÁ QUE NINGUÉM PERCEBE O QUE ESTÁ EM CAUSA?
|| JPH, 15:59
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terça-feira, agosto 12
A folga
i) Isto de estar de folga é como a Coca-Cola. Primeiro estranha-se, depois entranha-se. Estou entre a primeira fase e a segunda - sinto falta da adrenalina, mas também começo a gostar da inactividade! Inactividade, não é bem assim. Agora com o blog, ando sempre à procura de um Internet Point. É o que dá não ter computador em casa!
ii) A folga dá-me para tomar atenção a pequenas notícias; pequenas notícias como a que vem no DN, na página 44. Guenter Wallraff, autor de uma investigação que resultou num livro sobre as relações do Marechal Spínola com a extrema-direita europeia, nos anos quentes de 1975, era, afinal, colaborador da STASI, a «secreta» da ex-RDA. Os spínolistas, que sempre tiveram teses conspirativas contra Wallraff, devem sentir-se reconfortados. Com um senão: Spínola mordeu o «isco» de Wallraff
|| portugalclassificado, 20:00
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TSF (A polémica continua)
Vamos por pontos
1. A provocação resultou. Carlos Vaz Marques explicou no seu
Outro,Eu porque não quer comentar a situação da TSF na blogoesfera. Não o compreendo - mas não tenho outro remédio se não aceitar.
No final da sua "posta" disse que entrei pelos "territórios do insulto" ao afirmar que a sua estratégia sobre a rádio quando dela falou na blogoesfera representava, para todos os efeitos, um "valente frete à PT". Lamento que se tenha sentido insultado, não era essa a minha intenção, procurei apenas (e com sucesso, reconheça-se) provocá-lo e levá-lo a falar da sua rádio no seu blog.
Posso, se quiser, suavizar a expressão, dizendo que a forma como CVM desviou para questões laterais o debate que neste universo decorria sobre a TSF concorre, objectivamente, com a processo de destruição da estação (enquanto rádio exclusivamente de notícias) iniciado pela PT.
Porque é isto que está em causa: o assassinato final da TSF. Digo-o com inteira certeza. O projecto é, para já, reduzir custos, para embaratecer o preço da estação, porque ao seu preço actual ninguém a compra. E, depois, vendê-la, pura e simplesmente - provavelmente a um qualquer empresário-pop.
Dramatizo o asssunto? Claro! O desaparecimento da TSF (repito: enquanto rádio exclusivamente de notícias)representará um sério abalo democrático. Um ataque frontal ao pluralismo informativo português. Porque é completamente diferente ter três estações nacionais com informação ou ter só duas - sendo, ainda por cima, uma do Estado e outra da Igreja. Faço-me entender? É isto que está em causa! Para já não falar, é claro, do sofrimento humano que representará para os trabalhadores da rádio, para os que conseguirem ficar mas sobretudo para os que forem postos no olho da rua.
Insisto: é isto que está em causa. E portanto custa-me o profundo silêncio que se abateu sobre a questão TSF ou então só se falar da rádio lateralmente, discutindo o sexo dos anjos (se a estação é ou não de esquerda). Esse silêncio (ou esse não-silêncio-sobre-o-que-agora-não-interessa) ajuda a estratégia de quem (a PT) quer destruir a TSF. A PT só se assustará se perceber que se criou na opinião pública (de que a blogoesfera é uma componente) um clamor contra as suas intenções. Um conselho: estudem a forma como os trabalhadores do DN conseguiram travar o projecto de mudar o jornal de sede. Ganharam a guerra? Não se sabe. Mas a primeira batalha venceram-na. E podem explicar como.
2. Posto isto lamento também que a única intervenção de Pacheco Pereira sobre a TSF no seu
blog tenha sido, exclusivamente - pelo menos até agora - apenas sobre o seu próprio programa. Gostava de saber melhor o que ele pensa do assunto - e alguma coisa deve pensar, de certeza. O peso da sua sabedoria e inteligência faz muita falta a este debate.
3.O essencial do que penso sobre a TSF está resumido numa "posta" recente do
Avatares De Um Desejo. Só não concordo com a parte referende a Timor. Acho que nessa altura a TSF (mas não só, claro) foi muito para lá do jornalismo. Transformou-se em "jornalismo de causa", coisa que detesto - a expressão "jornalismo de causas" é, aliás, contraditória nos termos. (Mas sobre isto, juro, não vou polemizar com CVM).
4. Detesto "jornalismo de causas" mas não detesto causas em si mesmas. Por isso nasceu este blog. Para, entre outras coisas, ter um espaço onde defenda causas - as "mini-causas" de que JPP fala, e a TSF pode (e deve) ser uma delas.
|| JPH, 17:11
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A primeira vez
É o primeiro post. É sempre uma responsabilidade enorme. Não há segunda oportunidade para causar uma primeira boa impressão, não é?!(Onde já ouvi isto?). É a minha estreia e deixo já uma promessa: os meus posts serão curtos, de leitura rápida. De verbo forte e incisivo. Sempre que possível e assim as musas ajudem. Nos meus posts, confesso, vão pairar alguns «fantasmas»: um deles é o de LFV (Luis Fernando Veríssimo, filho de Erico Veríssimo, devem conhecê-lo das páginas do Expresso...) Outro, de Fialho de Almeida. Viva a polémica!!!!
IRRITAÇÃO I: Começo a achar profundamente irritante este falso espírito de união nacional (a contenção) dos políticos em discutir a vaga de incêndios. Têm medo? Talvez se perceba. Quase todos os partidos passaram pelo Governo e, por isso, têm responsabilidades ou «pés de barro». Mas fazer apelos para não se discutir, com o argumento de evitar a «baixa política» é ridículo. Assim como é ridículo um responsável político aceitar essa limitação. Essa discussão já demora. O Parlamento existe para alguma coisa. E é ridículo ouvir um ministro dizer que tínhamos meios suficientes para combater as chamas quando bastava ver os telejornais para provar o contrário. Já agora expliquem-se. Todos. É uma questão de responsabilidade. De todos. De quem está e quem esteve no Governo. Se a discussão azedar e resultar em «baixa política», azar! É a vida, como dizia o outro. É isso que há de irritante em Portugal: a tendência, a virose lusitana, de fugir às explicações, às responsabilidades.
NS
Post Scriptum: Um agradecimento às mensagens de boas vindas à blogosfera. Como MJO, que saúdo via Internet, também estou de folga. Mais longe dos computadores. Mas volto já. Depois digo como é estar de folga, tá?
|| JPH, 15:37
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segunda-feira, agosto 11
Palavras que nunca escrevi (I)
Sou operário da escrita, por via do jornalismo. Escrever palavras é uma das minhas funções. Às vezes chego a uma e espanto-me:
- É a primeira vez que te escrevo.
e fico a olhá-la no computador, para ver se fica bem, se outra não estaria ali melhor. Pergunto-me:
- Por onde tens andado?
Mas há outras palavras que uso todos os dias, ao falar, e que tenho quase a certeza que nunca escreverei, pelo menos num jornal.
Esparramado é uma delas. No outro dia apareceu-me. De manhã. Foi depois de dar biberon ao meu bébé mais pequeno, o que faço sentado na cama, com as costas encostadas à parede fria, para arrefecer a temperatura do corpo. Depois do biberon deito-o ao meu lado, na minha cama. E ficamos os dois ali,
esparramados, a olhar para coisa nenhuma, até que o sono nos tome outra vez, tranquilo e morno, durante mais um ou duas horas. É das melhores horas do dia.
|| JPH, 18:13
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TSF - Um agradecimento e uma provocação
Primeiro o agradecimento, ao
Alfacinha, pelo mail que nos mandou. Avisou-nos também que ele próprio já tinha "postado" sobre a TSF nos termos em que ontem eu o fiz. Está
aqui e não custa nada recordar.
Agora a provocação. O Carlos Vaz Marques, jornalista da TSF e autor do
Outro, Eu mandou-me um mail muito cortês pedindo-me "compreensão" para o facto de existirem "assuntos para discussão interna" na sua rádio que não quer trazer para a blogoesfera. Lamento mas não compreendo. Era o que faltava agora um trabalhador da rádio não poder discutir publicamente o que alguém (a PT, através de Rangel) quer fazer dessa mesma rádio. E, ainda mais, quando existem fortíssimas suspeitas de que a intenção é destruir a estação enquando rádio-notícias! Caramba, é do futuro da emissão - e dos que a fazem - que se trata! Trata-se do que milhares de pessoas ouvem todos os dias. Não é algo que se possa reservar, em exclusivo, para uma "discussão interna". Esse argumento - ou deixar apenas para o espaço público questões laterais, como o carácter alegadamente esquerdista da rádio - só serve, objectivamente, a estratégia de quem quer acabar com a TSF. Para ser completamente bruto: é, embora inconscientemente (admito-o), um valente frete à PT!
Para desanuviar: admito que a culpa do silêncio seja das férias. Mas custa-me, sinceramente.
|| JPH, 16:08
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Pré-Aviso de Folga
Inaugurámos o blogue há menos de 24 horas e, entre ontem à noite e esta tarde, já ouvi mais de 200 vezes: "Então? Ainda não escreveste nada!".
Parece piada.
É assim: estou há mais de sete dias a trabalhar (escrevendo, escrevendo, escrevendo) e PRECISO DE UMA FOLGA!
Desculpem o desabafo. Até amanhã.
P.S. Agradeço a todos os amigos, colegas e alguns anónimos que nos têm enviado mails de boas-vindas. Peço desculpa por não enumerar um a um.
|| Anônimo, 15:32
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domingo, agosto 10
Agradecimentos
Por duas referências simpáticas de que já demos conta. Uma no
Aviz e outra no
Blogue dos Marretas. Muitos obrigados!
|| JPH, 20:26
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Jogo aberto
O Glória Fácil tem mais um "dono": é o Nuno Simas (NS), jornalista do DN. E para tudo fique claríssimo: o JPH é o João Pedro Henriques e a MJO é a Maria José Oliveira - ambos do PÚBLICO.
|| JPH, 20:12
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Primeira "posta": a TSF
Regressado de férias corro para os blogues. Quero ver, prioritariamente, como foi tratada a questão TSF (demissão da direcção, projecto Rangel, reacção dos trabalhadores, etc). Entristeço-me. Muita conversa - mas quase tudo ao lado. E tudo porque um trabalhador da casa,
Carlos Vaz Marques, decidiu responder a uma "posta" de, se não me engano,
Pedro Mexia, em que este considerava a TSF uma "rádio de esquerda".
Ligam-me à TSF profundas razões do coração. Mas também da razão. E, sendo assim, lamento que na luso-blogosfera não se tenha debatido o essencial: o que pretende a PT (via Emídio Rangel) para a TSF?
As indicações disponíveis prometem o pior. Ou seja: acabar com a estação enquanto rádio-notícias. Porquê? Para bem de quem? Como inverter este processo? Porque não usar a blogosfera para fazer chegar este debate aos tubarões da PT, fazendo-os perceber que há no corpo ouvinte da rádio quem esteja preocupado?
Lanço uma proposta concreta: que os trabalhadores da rádio preparem um documento sobre "O que deve ser e o que não deve ser a TSF". E que o preparem já, antes da divulgação na íntegra do "projecto Rangel", para que não seja demasiado contaminado por raciocínios meramente reactivos.
Darei as minhas achegas. Humildemente, como simples jornalista. Porque não sou da TSF nem nunca fiz rádio. Como - digamos assim - um ouvinte especializado.
|| JPH, 17:05
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