...para Ana Sá Lopes (asl), Nuno Simas (ns) e João Pedro Henriques (JPH). Sobre tudo.[Correio para gfacil@gmail.com]
quarta-feira, novembro 30
Atenção! Vou escrever um palavrão!
Então só eu é que trabalho neste blogue, porra??!! Fosga-se!!!!!!!!
(
Desculpem, não consegui...)
|| JPH, 23:11
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Nota aos leitores
1. Na coluna do lado esquerdo foi criada uma nova rubrica, a que dei o originalissimo nome de Novidades. Ali serão colocadas novas ligações, temporárias, que passarão também a constar, para sempre, na rubrica Serviço Público.2. O novo serviço foi inaugurado com uma ligação ao Arquivo Humberto Delgado, que começou a funcionar como uma espécie de portal de acesso a todos os arquivos onde conste matéria sobre o general.3. Por ser um tipo altamente sugestionável - daqueles que depois de um episódio dos "Sopranos" não resiste a ir cozinhar tortellinis com alho e tomate -, vou actualizando com uma velocidade evidentemente excessiva para a crise em vigor o post Está na altura de começar a pedir prendinhas ao Pai Natal. Por culpa deste post e do respectivo autor acrescentei mais um livro à lista, roubando-lhe aliás a imagem. Vem logo a seguir aos dois CDs de música clássica.
|| JPH, 11:26
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Cunhal: o livro e a resposta
|| portugalclassificado, 01:12
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terça-feira, novembro 29
Cunhal: o livro e o silêncio
Confesso que começo a achar estranho.
Um dos aspectos mais polémicos do terceiro volume da "Biografia Política de Álvaro Cunhal - O Prisioneiro", de José Pacheco Pereira, é a questão dos alegados (cuidado de jornalista) assassinatos dentro do Comité Central. Por causa das traições. Apesar de já ter sido publicada um excerto no DN (sem link).
O tema é muito sensível dentro (e fora) do PCP e o assunto foi recebido com silêncio. Até na blogosfera.
(Apenas estou a registar o silêncio. Mais nada).
|| portugalclassificado, 17:45
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Comentários? Não, não vale a pena...
"
Explique-nos o Plano Tecnológico 'como se fôssemos muito burros'."
(
Pergunta do Expresso ao ministro da Economia, Manuel Pinho, edição de sábado passado, 26 de Novembro)
|| JPH, 10:17
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segunda-feira, novembro 28
Há muito tempo que o gajo não aparecia neste blog
Mesmo que os romances sejam falsos como o nosso
são bonitas
não importa
são bonitas
as canções
Mesmo sendo errados os amantes
Seus amores serão bons(Choro Bandido, Chico Buarque/Edu Lobo, 1985)
|| asl, 20:01
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Esclarecimento
Já disse que não votarei em ninguém, nas presidenciais. Mantenho. E acrescento: na primeira volta não votarei em ninguém. Na (improvável) segunda, a conversa será outra.
|| JPH, 15:27
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Sondagens e jornalistas: que futuro? (II)
O Nuno já
falou do assunto. Mas volto à carga. Tivémos portanto, na semana passada, no PÚBLICO e no DN, no mesmo dia, duas sondagens presidenciais feitas:
1. Com métodos diferentes e que
2. deram resultados contraditórios
3. Mas se tivessem feito com os mesmos métodos
4. Teriam dado um resultado semelhante
5. E assim não teriam provocado confusão nos leitores
6. Que é afinal o que interessa.
No mesmo dia - ou melhor, na mesma manhã - surgiu na TSF um técnico de sondagens sugerindo que os órgãos de comunicação social se deviam "concertar" para que isto não voltasse a acontecer. Têm as costas largas, os jornalistas, já o sabemos.
Ao senhor técnico de sondagens não ocorreu que deviam ser as empresas a concertar-se no modo de apurar os resultados das sondagens. Porque eles é que dispõem do saber científico para fazer as contas. Ou não é assim?
|| JPH, 14:20
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Nota aos leitores
O post
Está na altura de começar a pedir prendinhas ao Pai Natal foi actualizado. A seguir ao DVD dos Fedorentos foi acrescentado um outro DVD. E ainda dois CDs de música erudita.
|| JPH, 14:05
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Mais uma prenda a juntar ao sapatinho
Emídio Fernando, repórter luso-servo-croata-angolano de muitas guerras, lança amanhã, pelas 18h30, na Bertrand do Picoas Plaza (Lisboa) uma obra de sua autoria sobre as relações diplomáticas entre Portugal e Angola desde o início da guerra colonial até à independência. "O último adeus português" é o título - e devo dizer que já vi títulos ainda menos originais. Mas enfim, sempre é melhor do que aquele que o autor tinha pensado, uma coisa assim do género:
Portugal - AngolaDo catraponga à mazangala do xungunéou lá o que era.
A apresentação caberá a uma importante figura da luso-angolanidade, Emídio Rangel. Por mim, prometo ler. O tema interessa-me. O autor é meu amigo. Farei silêncio se não gostar, é tudo o que posso prometer.
|| JPH, 13:09
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domingo, novembro 27
A cavilha do PCP, a RTP e o 25 de Novembro
Há um documento notável na cobertura noticiosa do 30º aniversário do 25 de Novembro, essa data que é a mais triste para uma certa esquerda festiva, vermelhusca e perigosamente armada em 1975, e a data mais feliz de uma certa esquerda do dr. Soares até à direita, aquela direita militar porreteira que gostava de ter ido mais além na “limpeza” da situação – a avaliar pelo que se vai lendo (e não é desmentido) nas memórias de uns quantos vencedores (e vencidos) da História desses Outono quente.
Esse documento foi publicado no último número a revista Visão e é a conversa entre um militar dos revoltosos esquerdistas, Duran Clemente, aquele que foi substituído no apelo à revolução das massas na RTP-a-preto-e-branco por um filme do tão americano Danny Kaye, e um “moderado”, Vasco Lourenço, o homem que guardará para sempre a “glória” de ter empurrado o camarada Vasco Gonçalves à demissão do Governo em Agosto de 1975 e de ter sido ele, por substituir Otelo Saraiva de Carvalho no Comando Militar de Lisboa, o "gatilho" da revolta da “esquerda militar” dos páraquedistas.
O apelo à revolta das massas de Duran foi “cortado”, em pleno directo, cerca das 20 horas, e a emissão passou para as mãos dos “moderados”, no Porto, em directo do Monte da Virgem. Antes de a emissão passar para o Danny Kaye, eis o que aconteceu, na versão de Duran Clemente:
“Começaram a fazer-me sinais atrás das câmaras. Não percebi. Já tinha dito antes «eu posso ser cortado a qualquer momento porque a antena está no poder dos Comandos». Mas havia ainda um elemento da RTP, ligado ao PCP, que tinha a cavilha no bolso e andava a fugir aos comandos. De uma cabina, telefonou a um dos meus alferes que estava na televisão e disse-lhe: «Diga ao capitão para se despachar, que não consigo aguentar a cavilha no bolso». E como esse alferes não estava a assistir ao que eu dizia, pôs-se a gesticular atrás das câmaras. O meu primeiro pensamento foi que estava qualquer coisa a arder [risos]. Fiquei desconcentrado. Só tinha uma saída: dizer às pessoas que estavam a fazer-me sinais. Perguntei ao [pivot do Telejornal] António Santos se havia problema – como quem diz: «Há fogo?» E, tau, entra o Porto com um filme do Danny Kaye.”
Não resisto à “petite histoire”.
|| portugalclassificado, 17:25
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sexta-feira, novembro 25
Nota aos leitores (a segunda do dia)
A anterior
nota aos leitores foi acrescentada de um
IMPORTANTÍSSIMO ponto
4.
|| JPH, 14:59
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Filomena, de novo
Dar razão ao
Luís implica retirar-me essa razão a mim mesmo. Sim, não li o livro (aguardo o Pai Natal). E assumo: nesta matéria sou todo preconceitos. Digo-o na esperança de que a confissão inspire piedade. É assim aqui e, segundo me dizem, nas leis gerais da República.
|| JPH, 14:27
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Chorar na cozinha
Chorar sobre o leite derramado e depois lamber o chão. Vomitar por enjoo ao cheiro do leite. Passar um pano molhado e detergente e, depois, chorar em cima do amoníaco. Atirar o que sobra do leite pela janela sem cair. Mudar para leite de soja e entornar o pacote
|| asl, 13:09
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Nota aos leitores
1. O post "Exibicionismos" - blogorevista de imprensa foi actualizado, acrescentando-se uma referência a'O Blogue do Nuno e da Chiara e fazendo notar que o Aforismos e Afins produziu vasta matéria.
2. Nem eu nem ninguém acredita que o Nuno Simas foi ao bar do Seinfeld - algo mil vezes mais importantes do que ir a Roma e ver o Papa - enquanto não virmos uma fotografia comprovando o facto. Capicce, Nunito?
3. A drª f. está de greve
4. Só um completo desmiolado como eu se poderia ter esquecido da mais importante prenda de todas, aquela que não prescindo de todo, aquela que me fará amuar durantes seis meses se não for recebida (e se for em duplicado não há problemas, mesmo em cópia pirata). Trata-se, naquela lista, do primeiro não-livro - mas, na verdade, da única obra prima (enfim, a par do livro de Filomena Mónica). Ide ao post em causa e tomai nota, por gentileza.
|| JPH, 13:05
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"Brunch" e "isso"
Descobri por uma revista de grande circulação portuguesa – não, não é a Maria – que vai estar (ou já está) na moda em Portugal o "brunch" – uma mistura de b(reakfast) com (l)unch. ‘Tão a ver aquele hábito de juntar o pequeno-almoço com o almoço (o grande, o propriamente dito) e refeiçoar ao meio-dia, ao sábado e ao domingo? É “isso”. Uma moda muito nova-iorquina, que até vem nos guias turísticos da American Express (excelentes, por sinal) que, de tão completos, aconselham cafés em Nova Iorque onde, além de comida, "servem" música ao vivo entre as 10:00 e as 15:00.
Ora, tanto quanto a minha memória me ajuda, há pelo menos uns 15 anos (desde a que fui viver sozinho) que faço "isso"! Assim que podia dormir até mais tarde, aproveitava e poupava uma refeição! Só não pensei baptizar “isso” de "brunch" ou "almocinho"…
O que os nova-iorquinos inventaram (afinal eles vivem na capital do Império, do imperalismo, que não deve confundir-se com a mania de beber imperiais…) foi o conceito. Registaram a marca e lançaram o
marketing, e tal!
Cá, segundo essa revista, estão para abrir (ou abriram) uns cafés inspirados nesse ambiente de café nova-iorquino.
O meu primeiro "brunch" com esse nome (porque já tinha feito “isso” muitas vezes) foi em Nova Iorque, claro. Foi no Tom’s Restaurant, a caminho do Harlem, na 102 Street. O serviço é péssimo, as “french fries” são gordorosas, os empregados ligeiramente mal educados e não vendem cerveja nem nada, mas como estávamos com fome.
Enfim, ao Tom’s Restaurant basta-lhe ser conhecido por ser “o café do Seinfeld” para ter filas de gente à porta… Pelo menos ao domingo.
Valeu pela fotografia e pelo passeio nas ruas do Harlem.
Uma inspiração, Nova Iorque!
|| portugalclassificado, 00:56
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Sondagens e jornalistas: que futuro?
Em dia de sondagens, que aparentemente dão para todos os gostos (esquerda e direita), é conveniente ler o que se escreve
aqui. É bom, ajuda a "desconstruir" e a relativizar as sondagens, é coisa que, por vezes, os
mass media e parentes na blogosfera nem sempre fazem.
Menos simpático para os jornalistas (ah, esses terríveis seres que simplificam tudo... para as pessoas perceberem) é este post
aqui.
O
PM criou a palavra "numeracia" para criticar os jornalistas que não sabem "ler" os números, mas vale a pena ler!
[Isto das sondagens ameaça ser um filão nesta campanha. E vão ser importantes: já imaginaram as pressões dos candidatos da esquerda para a desistência do vizinho do lado (da esquerda) se o vizinho da direita continuar a ter aqueles resultados nas sondagens? Já imaginaram o discurso da "unidade de esquerda", do voto útil à esquerda?]
A campanha presidencial está óptima! As sondagens também!
|| portugalclassificado, 00:04
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quinta-feira, novembro 24
Conservadores
Quem leu Louis Ferdinand Céline - a
Viagem, a
Viagem... -, quem se extasiou com a sua escrita, quem o acha o escritor mais revolucionário do século XX, quem sabe que foi ali, naquela escrita, que brotou o melhor Lobo Antunes (que até recebeu uma carta do génio francês, e a guardou, ó inveja, ó máxima inveja!), quem sabe isto tudo e mais alguma coisa não tem de ser anti-semita, como o velho porco genial foi (e pagou por isso e muito bem e morreu na miséria, bem feito, dá aliás para perceber na foto que o homem não envelheceu num ambiente que pudesse chamar de próspero).
Porque se o lermos, ao Céline, sabemos, acima de tudo, que só há dele um livro para ler - a
Viagem, a
Viagem, sempre a
Viagem, que até está muito bem traduzida em português e basta lê-lo num parágrafo dos originais para perceber a trabalheira gigantesca que foi a tradução. O resto que está cá traduzido (
Morte a Crédito,
Norte,
De Castelo em Castelo,
De três em pipa, que eu saiba) é paisagem, desvairio total, escrita impossivel de ser lida (o homem só usa pontos de exclamação e reticências, a certa altura deixou de usar pontos finais) . E para já não falar no que não está cá traduzido e ainda hoje continua proibido em França, como as
Bagatelas por um Massacre, um panfleto nojento anti-judeus.
Dizia eu: admirar Céline, passar uma vida inteira a proselitar a sua
Viagem, ter inclusivamente discos do homem (como eu tenho, com gravações de entrevistas suas na rádio) não é ser anti-semita - não é, não é, não é, não é.
Mas é - isso sim - ser conservador. E moralista.
Pelo que não me admira nada que o segundo maior céliniano da blogosfera (segundo porque o primeiro sou eu), alguém cujo nome até me faz lembrar, vagamente, o meu próprio nome, tenha escrito
isto sobre o
Bilhete de Identidade. Também já
aqui expressei as minhas reservas. Mas, por outro lado, até sou sensível a argumentos em sentido
absolutamente contrário. Pelo que concluo, nesta minha indecisão toda - a indecisão de um moralista que resiste a ser apenas aquilo para o qual foi educado - que estou cada vez mais banana. Atirando a toalha ao chão, concedo: o maior, o melhor - o verdadeiro! - céliniano da blogosfera é mesmo o JPG.
|| JPH, 17:58
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Está na altura de começar a pedir prendinhas ao Pai Natal
|| JPH, 13:11
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quarta-feira, novembro 23
"Exiibicionismo" - blogorevista de imprensa
Isto dava um livro - é o que é. O artigo de MST falando do caso das raparigas de Gaia suscitou inúmeros comentários na blogosfera, a começar pelo Glória Fácil (
I,
II,
III,
IV). Sem pretender ser exaustivo:
1. No
Aforismos e Afins - que dedicou vários
posts ao assunto - há uma listagem.
2. O Eduardo Pitta fez outra,
aqui.
3. No
Acidental,
Metablog e n'
O Blogue do Nuno e da Chiara também se falou do assunto.
4. E há três
posts de leitura incontornável: dois do Pedro Mexia (
I,
II) e um, estritamente jurídico, do Pedro Caeiro (
I).
5. Evidentemente não há links para blogues rascas onde gente com sentido da vergonha sai e gente sem sentido da vergonha fica. Agradecia a esses blogues rascas que ignorassem a existência do Glória Fácil. Há leitores que preferimos não ter.
|| JPH, 15:28
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Recomendação
Quando puderes lê este romance,
Luis. É que é mesmo muito bom, a sério, não estou a brincar. Ainda por cima há um pormenor interessante: o personagem principal foi inspirado
neste rapaz.
|| JPH, 14:12
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Chorar
O dispositivo decidiu que era proibido chorar. Tolera uma ligeira comoção, especialmente nas mulheres e no dr. Jorge Sampaio. Admite as lágrimas nos olhos, um lapso de voz embargada, mas determinou que o choro era impossível fora do hospício. Falo do choro convulsivo, catatónico: aquele que o faz não tem onde se meter. Na casa de banho? As portas das casas de banho estão cheias de solitários inquisidores (mesmo que seja através do espelho); a rua é um campo aberto às tentativas de auxílio inútil; em casa, aterroriza-se a família; na cama, encharca-se a almofada. O banco do jardim, por ser um clássico de cordel, é o lugar mais exposto que há. Um dos poucos lugares possíveis ao choro proibido é um banco de uma estação de metro - os outros estão de costas e a iminência permanente do comboio torna o cenário favorável à dissuasão dos olhares.
|| asl, 13:45
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terça-feira, novembro 22
Pudores
Sou dado a pudores. Basta ler o que aqui
escrevi sobre os os últimos livros de Maria Filomena Mónica e António Lobo Antunes para o confirmar. Educações, é o que é. Lá em casa não se falava de sexo. E quando isso tinha de acontecer, os adultos cochichavam em francês. Só para aí no ciclo preparatório comecei a perceber porquê. "Os Maias" estavam escondidos na prateleira mais alta da biblioteca familiar. E do "Crime do Padre Amaro" nem se fala - não existia, nem sequer tinha sido escrito. E isto não foi assim há muito tempo, trinta anos, vá lá.
Acontece que um tipo cresce. E quando cresce - cresce o mundo à volta dele. O pudor, esse, ficou, epidérmico, mas o crescer implicou domesticá-lo. Crescendo se chegou ao adorado Morrison, a "sítios" chamados Rimbaud e Verlaine, dois insuportáveis exibicionistas que se amaram a tiro.
Aprender foi também saber que no próximo dia 1 de Dezembro se poderá celebrar o 50º aniversário sobre um outro gesto ultrajante - exibicionista! - protagonizado, em Montgomery, Alabama, EUA, por uma negra farta e cansada de 42 anos chamada Rosa. Ela entrou num autocarro e sentou-se num lugar reservado a brancos. Pediram-lhe para sair e recusou - já disse: estava farta e cansada. Foi julgada e punida. Mas outros negros do seu país - como um reverendo de apenas 26 anos chamado Martin Luther King Jr. - perceberam o que estavam em causa. Foram preciso nove anos de luta para que o Civil Rights Act proibisse qualquer espécie de segregação racial no espaço público. Isto foi em 1964. Quatro anos depois o tal jovem reverendo era assassinado. Rosa morreu de velha,
há poucas semanas.
Mas muito antes disso já outros lutavam por novos direitos. Houve o caso, por exemplo, da família britânica Pankhurst (mãe e duas filhas). A mãe, Emelline, nasceu em 1858, em Manchester, fundando em 1903, com as filhas, Christabel e Sylvia, a WSPU (Women’s Social and Political Union), que exigia o direito de voto para as mulheres. Christabel (1890-1958) era a mais radical. Ela e o seu grupo acorrentavam-se às grades do Palácio de Buckingham. Iam presas e lá faziam greves de fomes e adoeciam, por isso e pela falta de condições de higiene. Depois, quando a greve de fome ia até aos limites, eram libertas. E voltam a acorrentar-se às grades e tudo se repetia. Christabel - exibicionista! - dizia: "
Se as coisas não vão a bem vão a mal!" Em 1928 a Inglaterra acabou por consagrar o voto feminino. Tarde demais para a mãe Emelline, que morrera poucos meses antes.
Volto ao princípio: sou dado a pudores. Se um casal "gay" ou lésbico se beija e apalpa à minha frente fico incomodado. Viro costas. Vou rosnar para outra freguesia. Depois passa e chego aqui e até os incentivo e lhes digo: "Vá, beijem-se mais em público, apalpem-se mais, façam o que tiver de ser feito, paradas "gay pride", o que for preciso, estou convosco." Estou, estou mesmo. Nenhum direito novo se conquista sem ultraje. Quer dizer: sem exibicionismo.
PS. - Sobre o famoso
artigo 175º do Código Penal, está aqui o
acórdão 247/2005 do Tribunal Constitucional e aqui o
acórdão 351/2005, do mesmo tribunal.
|| JPH, 13:08
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sábado, novembro 19
Morreu o Peter
Morreu o Peter. Eduardo, que aí estás, bebe lá um gin por ele e por nós.
|| asl, 16:23
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irra, continuaçao
(estou outra vez sem acentos nos títulos, sorry aos puristas)
então continuando o serviço público, e partindo do princípio de que estou a citar um código penal actualizado (recorro à versão disponível a partir aqui do glória fácil, que me parece estar up to date), aqui vão os artigos que correspondem aos crimes de abuso sexual de crianças e de menores dependentes, de actos sexuais com adolescentes e de actos homossexuais com adolescentes. aconselho, a quem queira estudar este assunto, o recurso a uma edição bem anotada do cp, que explioque a questão da idade do consentimento, que estando implícita nos artigos 174 e 175, não está explicada em nenhum lugar do cp propriamente dito.
SECÇÃO II
Crimes contra a autodeterminação sexual
Artigo 172º
Abuso sexual de crianças
1 - Quem praticar acto sexual de relevo com ou em menor de 14 anos, ou o levar a praticá-lo consigo ou com outra pessoa, é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos.
2 - Se o agente tiver cópula, coito anal ou coito oral com menor de 14 anos é punido com pena de prisão de 3 a 10 anos.
3 - Quem:
a) Praticar acto de carácter exibicionista perante menor de 14 anos; ou
b) Actuar sobre menor de 14 anos, por meio de conversa obscena ou de escrito, espectáculo ou objecto pornográficos;
c) Utilizar menor de 14 anos em fotografia, filme ou gravação pornográficos; ou
d) Exibir ou ceder a qualquer título ou por qualquer meio os materiais previstos na alínea anterior;
é punido com pena de prisão até 3 anos.
4 - Quem praticar os actos descritos no número anterior com intenção lucrativa é punido com pena de prisão de 6 meses a 5 anos.
(Redacção da Lei nº 65/98, de 2 de Setembro)
Artigo 173º
Abuso sexual de menores dependentes
1 - Quem praticar ou levar a praticar os actos descritos nos nºs 1 ou 2 do artigo 172º, relativamente a menor entre 14 e 18 anos que lhe tenha sido confiado para educação ou assistência, é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos.
2 - Quem praticar acto descrito nas alíneas do nº 3 do artigo 172º, relativamente a menor compreendido no número anterior deste artigo e nas condições aí descritas, é punido com pena de prisão até 1 ano.
3 - Quem praticar ou levar a praticar os actos descritos no número anterior com intenção lucrativa é punido com pena de prisão até 3 anos.
(Redacção da Lei nº 65/98, de 2 de Setembro)
Artigo 174º
Actos sexuais com adolescentes
Quem, sendo maior, tiver cópula, coito anal ou coito oral com menor entre 14 e 16 anos, abusando da sua inexperiência, é punido com pena de prisão até 2 anos ou com pena de multa até 240 dias.
(Redacção da Lei nº 65/98, de 2 de Setembro)
Artigo 175º
Actos homossexuais com adolescentes
Quem, sendo maior, praticar actos homossexuais de relevo com menor entre 14 e 16 anos, ou levar a que eles sejam por este praticados com outrem, é punido com pena de prisão até 2 anos ou com pena de multa até 240 dias.
(Redacção da Lei nº 65/98, de 2 de Setembro)
|| f., 14:34
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para governo de vosselencias, arre
andam aí umas gentes a discutir os méritos do artigo 175º (depois digam que não tenho paciência, ó, céus) recorrendo aos habituais argumentos que me escuso de voltar a comentar (apre, irrório, e demais exclamações de impaciência que vos ocorram, mas sem pisar o risco, hem?) e chegando ao ponto de considerar que o 175º faz muita falta, é até essencial, porque o crime de violação previsto no nosso ordenamento, dizem eles, só diz respeito a violação de mulheres por homens.
ai ai ai a paciência que eu tenho. e ainda há quem questione a minha educação, irra, irrório, apre.
pois é, senhores juristas de banco de jardim ou mesmo de paragem de autocarro: antes de começarem para aí a elocubrar sobre estas coisas certifiquem-se de que estão a recorrer a uma versão actualizada do código penal. ok? é que assim fazem ainda mais figura de ursos que o normal.
então, passem a registar, e a aproveitar, que eu não duro sempre e a minha paciência ainda menos:
Artigo 164º
Violação
1 - Quem, por meio de violência, ameaça grave, ou depois de, para esse fim, a ter tornado inconsciente ou posto na impossibilidade de resistir, constranger outra pessoa a sofrer ou a praticar, consigo ou com outrem, cópula, coito anal ou coito oral é punido com pena de prisão de 3 a 10 anos.
2 - Quem, abusando de autoridade resultante de uma relação de dependência hierárquica, económica ou de trabalho, constranger outra pessoa, por meio de ordem ou ameaça não compreendida no número anterior, a sofrer ou a praticar cópula, coito anal ou coito oral, consigo ou com outrem, é punido com pena de prisão até 3 anos.
(Redacção da Lei nº 65/98, de 2 de Setembro)
|| f., 14:16
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sexta-feira, novembro 18
a língua portuguesa, ó, essa ganda maluca, essa desaustinada, ó, ó
há
pessoas chocadíssimas com o tipo de linguagem que se usa neste blogue, tudo por minha culpa. que vergonha.
logo eu, que nunca digo palavrões a não ser quando estritamente necessário, mas que agora dei em escrevê-los feita labrega, marçana, trolha, sei lá.
se a minha mãe lesse este blogue, não me falava durante pelo menos quinze dias. o meu pai era capaz de nunca mais me falar (é mais severo).
coisa que talvez explique, psicanaliticamente, esta minha conduta amalucada: a cena da repressão dá sempre nisto, não é? (pelo menos é o que dizem)
e ainda por cima, expressões marcadas pelo sexo ou lá o que é -- que chatice, isto é capaz de ser mesmo grave. ainda tenho de me inscrever nos palavrõesosos anónimos, por este andar. ou isso ou expulsam-me da glória ou mesmo da blogosfera -- ou até do país que é tão bem comportado (de putas respeitosas, como escreveu o vpv -- e zás, já disse outro, que mania que tenho de citar gente com a língua a puxar pó chinelo).
sempre gostava de saber o que o corto maltese pensaria disto tudo (o que pensa o
outro f. já sei -- também te adoooooooooro).
|| f., 19:10
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exibicionismos
o exibicionismo, a insistência em exibir, tem vário tipo de manifestação.
há quem exiba os afectos -- ainda ontem passei por um par, por acaso composto de menino e moça, ali na avenida da liberdade, que se beijava com aparente paixão, e, imaginem, enterneci-me (mas isto sou eu, uma incurável romântica; deveria ter chamado a polícia, ou ligado ao souto moura, ou verificado se havia, na vizinhança, uma escola primária ou um infantário ou mesmo crianças soltas cuja educação sexual à moda exclusiva dos encarregados de educação pudesse de algum modo ser afrontada por aquele destemperado arroubo, que por acaso me faz lembrar uma foto de robert doisneau que para além de ter dado o nome a um
blogue é muito comum em posters,
alguns deles em gabinetes de pessoas que, constato agora, afinal se chocam com beijos e apalpões públicos - (sempre a aprender/desaprender) - há quem exiba os desafectos (que alguns defendem ser uma forma de afecto, mas travestida), há quem exiba o dinheiro, há quem exiba a sua falta, há quem exiba o poder e quem exiba a miséria, há quem exiba a sapiência e quem exiba a ignorância, e até quem não se coíba de exibir a estultícia (sempre gostei desta palavra, é uma mania antiga).
há quem exiba a coragem mas há pouco quem exiba a cobardia -- o primeiro caso, concedo, é uma forma de soberba, mas pronto, ninguém é perfeito; o segundo caso é compreensível.
e há quem, mesmo se abruptamente, exiba uma espécie de
neutralidade (gostava de saber o que pensam os neutrais, já que, obviamente, o assunto lhes não é neutro, e obviamente -- no caso-- até pensam, além de provocar).
há também quem exiba a indiferença. que era por acaso o que mais me apetecia.
isto tudo para dizer que sobre este assunto nada me apeteceria dizer, por muitas e variadas razões (estou como o manuel alegre em viseu, nesse aspecto) -- uma delas é porque sobre isto já muito disse e repetir-me é coisa que me chateia, as outras não vêm ao caso. mas já estou a dizer, e portanto que remédio: digo.
digo por exemplo que o bom gosto que alguns apregoam defender começa na exactidão e na honestidade e na boa fé. e, já agora, na escolha das palavras e das combinações -- algumas há que só para risada alvar servem ('erecção escandalizada dos mentores do politicamente correcto'?????????????!!!!!!!!!!!!!).
ao que interessa (mesmo sendo muito pouco interessante), então: portanto o exibicionismo sexual é 'um comportamento infelizmente muito típico da comunidade gay e lésbica'.
realmente, apanhamos todos os dias com o espectáculo de homens e rapazes e mulheres e raparigas enlaçadas pelas ruas, de mão dada, de braço dado, de braço no ombro, de ombro no ombro, aos beijos e (horror! horror!) aos apalpões, tipo aquelas palmadas que vá-se lá saber porquê os homens e os rapazes adoram dar nos dérrieres das mulheres e raparigas, mas em nojento, em abjecto, em porcalhoto, em vicioso, em virulento, em, em suma, exibicionista. então não se está mesmo a ver que quando os malandros dos facínoras dos porcalhões dos gays e das lésbicas fazem essas coisas as fazem não porque lhes apeteça ou porque estejam apaixonados ou porque de repente ali no meio da rua à frente de toda a gente a rua e a gente se suspendem com o mundo mas porque querem, justa e precisamente, exibir-se.
e querem exibir-se, os malandros, porque sabem muito bem que toda a gente vai olhar e comentar e arrepelar os cabelos com tanto topete porque sabem muito bem, os porcalhões, que aquilo é uma coisa anormal, que até já nem é ilegal e por acaso até já alguém conseguiu garantir constitucionalmente (num dia de grande distracção das boas almas e dos guardiães da moral), mas é para fazer no recato do lar ou das casas de maus costumes ou nos guetos lá deles, longe do olhar puro e inocente das criancinhas e dos seus igualmente puros encarregados de educação e de todos os que em geral, embora nem sempre em particular, prezam as boas maneiras e o bom gosto.
coisas da maricagem e da paneleiragem e da fressureiragem, que como se sabe é, por definição, uma categoria de gente sem elevação nem bom senso, que leva nos dentes e à desfilada o freio dos seus mais vis instintos, atropelando-se na ânsia de ir contra a plácida e evidente natureza das coisas.
logo, as 'miúdas de 14 ou 15 anos' da escola de vila nova de gaia, que por acaso até são um pouco mais crescidas, que andaram 'a exibir a sua mútua atracção' 'através de beijos e apalpões' (tem graça que ninguém, nem sequer o conselho executivo que repreendeu uma delas, alegou isso publicamente, mas deve tratar-se de mui esclarecida inside information), tão ao contrário dos seus colegas de liceu, que como se sabe nunca se dedicam a esses exibicionismos revoltantes, são um caso talvez perdido de falta de gosto (desde logo por gostarem uma da outra) e de ímpeto terrorista de afrontar os pares -- e ímpares.
enfim. um horror.
outra coisa revoltante, ao que parece, é a pedofilia homossexual.
já o disseram aqueles rapazes de cabelo muito curto e apreço pela suástica que se manifestaram há coisa de mês e tal no parque eduardo vii, e que tinham até em poder dos seus bastos neurónios um estudo cientificíssimo que provava que a maioria dos pedófilos são homossexuais (do qual, no entanto, não lembravam nome, autor ou proveniência) sobre essa categoria clínica que se designa por pedofilia e que, segundo todos os manuais de psiquiatria geralmente ao dispor (lá está, há-de haver outros, só ao dispor de certas pessoas insuspeitas de má in/formação), se caracteriza por uma atracção por corpos pré-púberes, ou seja, pré-adolescentes.
parece pois que é isso da pedofilia homossexual que está em causa no artigo 175º do código penal, 'actos homossexuais com adolescentes', mesmo se, por definição, pedofilia é coisa que não tem nada a ver com adolescentes -- concretamente, no caso do artigo em causa, com adolescentes entre os 14 e os 16 anos. mas isso agora não interessa nada: o que interessa é que por força das tais 'erecções escandalizadas' mencionadas acima e do 'silenciamento' 'terrorista' dos 'discordantes' o tribunal constitucional cá do burgo tá a um fósforo de decretar inconstitucional o dito artigo, privando de protecção legal todos os adolescentes entre 14 e 16 anos que tenham sexo com pessoas do mesmo sexo com 18 ou mais anos, a não ser que provem que a sua inexperiência foi abusada -- caso em que outro artigo do mesmo código os protege, em regime de igualdade com os adolescentes da mesma idade que tenham sexo com pessoas de 18 anos ou mais mas de sexo diferente.
é uma confusão, não é?
e ainda se torna mais confuso quando se lê o código penal, que é uma coisa que toda a gente pode fazer (até está na internet, se não quiserem gastar dinheiro, que há gente muito agarrada) e se constata que o abuso sexual de menores/crianças e a violação são crimes autónomos que dão precisamente por esses nomes e que portanto não está nem nunca esteve em causa no artigo 175º 'um miúdo ser abusado ou violado'.
donde não se trata de avaliar se 'é exactamente igual um miúdo ser abusado ou violado por uma mulher ou por um homem', ou de 'sem curar de saber qual das situações poderá causar maior abalo ou mais danos permanentes ou futuros à vítima', considerar 'que o essencial é preservar o direito à orientação sexual do abusador'.
trata-se, apenas, de estabelecer qual a idade a partir da qual um jovem tem autonomia para decidir se quer ou não ter sexo com um adulto -- no caso, alguém do mesmo sexo. e o que artigo 175º estabelece é que a idade para decidir isso é mais elevada que a idade para decidir ter sexo com adultos de sexo diferente. do que resulta que um adulto que tenha sexo com um jovem do mesmo sexo entre 14 e 16 anos comete sempre um crime, enquanto se tiver sexo com jovem entre 14 e 16 de sexo diferente só comete crime se se provar que abusou da inexperiência do jovem.
é uma chatice repetir isto tudo, sobretudo para mim, que até sou jornalista e ao contrário de outros jornalistas não tirei um curso de direito e não exerci advocacia e portanto tenho até mais desculpa se me enganar ou não me explicar bem.
é uma chatice ainda maior ter de o repetir e de me sentir instada, por várias instâncias, a fazê-lo.
mas algum dia teria de ser -- mesmo se há silêncios que se quereriam eternos.
também eu gostaria de ter a liberdade de não ter de assistir a certos exibicionismos -- mas levar com eles é o preço da democracia (e estou muito satisfeita com haver uma democracia, mesmo se muito imperfeita, obrigada). além disso exibicionistas é, hélas, coisa que sempre existiu e existirá em qualquer democracia -- por mais que se ensinem o bom gosto e as boas maneiras, e se tenham mães e pais exemplares.
portanto, jph, eu, provando ser muito mais bem mandada do que gosto de admitir, fiz o que me mandasteS fazer e reagi, como os dálmatas de pavlov, da forma esperada. happy?
|| f., 18:41
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Pulos de nervosismos
Posts publicados ontem e hoje pelo
Pulo do Lobo -
10Posts publicados ontem e hoje pelo Pulo do Lobo dedicados a Soares & Cª.-
7PS. E, já agora, um elogio - que jamais se repitirá! - a Francisco José Viegas, jornalista, escritor,
gourmet e membro da Comissão de Honra do prof. Cavaco. É, até agora, por essas bandas, o único que não pôs a inteligência entre parêntesis: "
A entrevista de Cavaco Silva na TVI tanto me faz que tivesse sido eficaz 'para quem interessa' - a mim pareceu-me fraca."
|| JPH, 17:36
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Nota aos eleitores - "mexam-se!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!"
Eduardo Pitta, do excelente Da Literatura, escreveu à f. a propósito do "mexam-se!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!". Leiam - que é uma história interessante.
|| JPH, 12:55
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O José Eduardo Moniz que há em mim...
...leva-me a assinalar que, nos últimos dias, as audiências do Glória Fácil dispararam (ide ao sitemeter e verificai). Tal deve-se, incontornavelmente, à Fernanda Câncio, que nos últimos dias nos concedeu, rigorosamente grátis, o privilégios de assinar aqui alguns 'posts' de altíssima qualidade. Sendo assim - e na senda da recomendação de
outro excelso blogger nacional - pergunto-te, cara "f.": JÁ LESTE O ARTIGO DE HOJE, NO PÚBLICO, DO MIGUEL SOUSA TAVARES? ENTÃO LÊ, PÁ, LÊ, VAIS VER QUE É INTERESSANTE, MUITO INTERESSANTE MESMO.
|| JPH, 11:28
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Quando eu ganhar o euromilhões...
...compro o Ballet Gulbenkian. Mudo-lhe o nome, claro, para Ballet Henriques, em homenagem a mim e ao tio Afonso, fundador da Pátria. Depois construo a "Casa do Ballet Henriques", de acordo com o projecto que está no canto inferior direito do desenho, da autoria de um tal de João Pedro Henriques. Que tal?
PS. São de evitar piadinhas do género 'ouve lá ó JPH, não estarás na profissão errada'? e etc.
|| JPH, 10:55
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quinta-feira, novembro 17
Subsídios para a compreensão de quão horrorosas são as mulheres nos romances de Vila-Matas
Quase todas, em todos, e também no "Paris Nunca se Acaba".
"Na manhã seguinte, Julita Grau apareceu de novo nas águas-furtadas. Que quererá de mim desta vez?, interroguei-me de imediato. Disse para comigo: ontem devia ter ido com ela para a cama. Com efeito, as mulheres só querem uma coisa, que os homens vão para a cama com elas. Mas se vamos para a cama com uma mulher, ela pode foder-nos. E se não queremos, fode-nos na mesma por não termos querido (...)"
Mas é a ironia, estúpido, aquilo que serve para revestir a realidade.
|| asl, 19:30
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pedido de esclarecimento
ó
francisco, o que é isso da esquerda metrossexual?
desculpa lá a pergunta, mas já agora podias mesmo aproveitar para explicar o que é um metrossexual. é um sexual que anda de metro? é um sexual a metro? é um metro com sexo?
é que me custa a crer que seja, como li numas revistas, um gajo que se lava, que usa perfume, não tem cabelo à foda-se nem dentes com verdete e não compra fatos na rua dos fanqueiros e vai ao ginásio -- se for assim é só o contrário de grunhobarrasaloiobarradesmazelado, não percebo por que haviam de arranjar um nome especial para isso.
(perdoar-me-ás, mas há tiques linguísticos -- e obviamente valorativos, to say the least -- que me encanitam)
|| f., 17:42
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bardamerda pó fascista
obrigada ao idiota qualquer (
sim, também eu por incrível que pareça concordo com o outro que por incrível que pareça concorda comigo, mas prometemos que é vez sem exemplo) que por via de uma caixa de comentários me deu ocasião de citar o meu querido e irrepetível almirante. e, já agora, de brindar os idiotas e os outros com isto, que o joão gundersen fez o favor de me enviar, depois de eu lhe ter citado uma estrofe de memória, e sem grande rigor:
RED HOT CHILI PEPPERS
Throw Away Your Television
Throw away your television
Time to make this clean decision ~
Master waits for it's collision now
It's a repeat of a story told
It's a repeat and it's getting old
Throw away your television
Make a break big intermission
Recreate your super vision now
It's a repeat of a story told
It's a repeat and it's getting old :
:Chorus:
Renegades with fancy gauges
Slay the plague for it's contagious
Pull the plug and take the stages
Throw away your television now
Throw away your television
Take the noose off your ambition
Reinvent your intuition now
It's a repeat of a story told
It's a repeat and it's getting old
:Chorus:
Throw away your television
Salivate to repetition
Levitate this ill condition now
It's a repeat
|| f., 17:19
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Nota aos leitores - Ota
Na coluna do lado direito, na rúbrica "Serviço Público", foi colocada uma ligação ao site da NAER que está a disponibilizar os estudos sobre a Ota. Sirvam-se.
|| JPH, 13:23
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Três casos práticos
Temos, por um lado, o caso deste senhor, Carlos Borrego, em tempos ministro do Ambiente. Um dia, era ministro, contou publicamente uma anedota javardolas que metia alentejanos e alumínio e hemodiálise.Caiu mal, claro. O ministro demitiu-se imediatamente.Uma decisão aceitável e elogiável. E teve outra vantagem, a demissão: impediu que outros colegas do governo dessem sinais públicos de embaraço, isolando-o e tornando insustentável a sua manutenção no cargo.
Depois temos este senhor, que dispensa apresentações. Já insultou meio mundo: jornalistas, Assembleia da República, imigrantes chineses,
opinion-makers, partidos da oposição madeirense, Presidentes da República, etc, etc, etc. Não lhe acontece nada e, pelo contrário, o povo até o vai reelegendo sucessivamente - o que, pelo menos, tem a virtualidade de o manter por lá, evitando que cruze o oceano até o
contenente. Pelos vistos há na blogosfera quem o ache, no campo da má educação, um exemplo a seguir.
Por último este senhor, outro que dispensa apresentações. Ainda não pediu desculpas públicas por um artigo que escreveu sobre Nuno Morais Sarmento. Depois, recentemente, recusou-se de novo a pedir desculpa a Carmona Rodrigues por ter sido mal educado com ele no fim de um debate. O povo premiou-o com um dos resultados mais vergonhosos do PS em Lisboa.
Enfim, três casos diferentes, três morais diferentes. No plano simples da boa educação - ou "boa índole", se preferirem - qual deles devemos ensinar aos nossos filhos? E qual devemos exigir aos políticos? E qual devemos impor a nós próprios?
|| JPH, 11:47
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Insultos e consequências
Há uma enorme diferença entre quem insulta dando a cara e quem o faz não dando. A diferença está nas consequências sobre o autor do insulto. Quem insulta dando a cara sofre as consequências, sociais por assim dizer - veja-se o "
caso Blasfémias". Quem insulta não dando a cara não sofre nada porque, pura e simplesmente, não existe enquanto alvo.
Os fantasmas, como se sabe, não se conseguem agarrar. Têm outra desvantagem (que para os próprios será vantagem): não se conseguem ver ao espelho. É uma impossibilidade factual. E, não se vendo, resta-lhes uma única solução: imaginam-se. Da única forma possível para sobreviverem: belos e impolutos.
|| JPH, 11:20
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A Autoridade
Já aqui escrevi vários
posts moralistas - não me assusta a palavra - sobre a blogosfera e, sobretudo, sobre a questão do anonimato - que, quando é usado para o insulto, me enfurece. Isto não quer dizer - muito pelo contrário - que defenda alguma espécie de controlo superior, mais ou menos estatizado, sobre os conteúdos que aqui se publicam. Sou completamente contra, radicalmente contra, absolutamente contra.
Este é um espaço de liberdade e, exclusivamente, de responsabilidade individual. Aplicam-se as leis já existentes, as que regulam a liberdade de expressão, e nada mais. Portanto, fica toda a gente avisada: se eu voltar a produzir
posts moralistas - e voltarei, certamente, é uma fixação como outra qualquer - não me atirem com o argumento de que quero ou estou a propor novas formas superiores de controlo de conteúdos. As decisões estão todas - devem estar - na consciência individual de cada um. Nada mais.
Capicce?
|| JPH, 10:44
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quarta-feira, novembro 16
mexam-se!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
estou furibunda com o número mísero de assinaturas que a petição a favor do casamento de pessoas do mesmo sexo obteve até agora.
duas mil e tal? pe-li-ze.
façam contas: mil pessoas a recolher cem assinaturas são 100 mil assinaturas. não há mil pessoas neste país com genica para recolher cem assinaturas? ou mesmo 50? dá assim tanto trabalho imprimir duas páginas e pedir à família, aos colegas de trabalho ou de universidade, aos amigos e aos passantes para pôr lá o nome completo e o bi?
e depois dizem que o país é atrasado, é uma merda, que os políticos não prestam, que os partidos não têm tomates, que espanha é que é bom e não sei quê?
que tristeza.
caso tenham um rebate de activismo, ainda estão a tempo de ir à
página da ilga buscar a petição e fazer um bocadinho pela vida, cambada de mandrionas e mandriões lamurientos
-----------
Cara Fernanda Câncio,
Li com interesse o seu post sobre «a petição». E vou contar uma história: no passado dia 3 (salvo erro), fui com um amigo entregar uma listagem de assinaturas. Não posso precisar se 240 ou 250. Nenhum de nós sabia que o expediente da ILGA abre às 18:00h. Quando lá chegámos passava pouco das três. Portas trancadas, nenhum receptáculo de correio à vista. Nenhum de nós podia voltar mais tarde. Com dificuldade, a listagem foi metida por baixo da porta. Quando chegou a casa, o meu amigo ligou e deixou mensagem: identificou-se, explicou que tinha deixado a listagem «por baixo da porta», agradecia um telefonema de retorno a confirmar a recepção. Até hoje. Eduardo Pitta
|| f., 19:06
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civilização
um grupo de ongs, incluindo pelo menos uma que visa lutar contra a violação dos direitos humanos na tv,
pôs um processo a propósito de um programa que inclui aquela bodega indescritível chamada cá teste de fidelidade com aquele apresentador indescritível (quer dizer, eu até o descrevia, mas vinha processo, e se calhar o senhor até o ganhava) chamado kleber. e ganharam: o programa foi suspenso 60 dias. as ongs pedem também o fim da licença da emissora -- caso ainda não decidido.
ainda há esperança, pelo menos no brasil.
cá come-se e cala-se, até porque existem severas restrições ao interpôr de acções por parte de associações. e as que existem -- para além de instituições anti-discriminação como a comissão para a igualdade e para os direitos das mulheres, que nesta matéria, como em quase todas, se tem portado como se mordida por uma mosca tsé-tsé -- têm andado um nadinha distraídas, quiçá com vergonha do ridículo, a mais poderosa das armas grunhas
|| f., 18:55
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Nota aos leitores - aborto
O post "
Aborto - a conversa continua" foi actualizado com um mail recebido do leitor Leonel Santos. Ide lá e consultai.
|| JPH, 16:06
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inconstâncias (e constâncias) presidenciais
esta coisa de as pessoas se prestarem a votar no cavaco pelas mesmíssimas razões (secura pessoal e argumentativa, pretensa predestinação salvadora, falta de sentido de humor -- e de outros sentidos --, obsessão pela economia e finanças, tabus sortidos e mania de travestir a óbvia ambição pessoal de 'acaso' -- a rodagem do carro, lembram-se?--, só para citar algumas ) por que o odiavam há 10 anos e desconsiderarem soares pelos mesmíssimos motivos (displicência, bonvivantismo, bonacheirismo, diletantismo, mania das grandezas, sentido de humor, ironia, resistência, relevo histórico) pelos quais o incensavam nunca deixará de me maravilhar.
quanto à ausência de alegre do parlamento na votação do orçamento, já não se aguenta tanta ignorância: não perceberam que o homem ficou fechado no quadrado e não encontrou a saída a horas e depois já não havia autocarros? um pouco mais de respeito, faz favor. e de boa educação, que diabo. não se acusa assim de falta de coragem uma pessoa a quem ninguém cala, só porque não apareceu no emprego
|| f., 15:49
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São de evitar os super pulos (pode-se partir a espinha)
Já deu para perceber que não se perde nada evitando a leitura dos blogues oficiosos ou semi-oficiosos-ou-lá-o-que-sejam de apoio às candidaturas presidenciais de
Cavaco Silva e
Mário Soares.
Quem estava à espera de ver no tal carácter não-oficial dos ditos blogues algum distanciamento crítico (ou seja, alguma isenção) face aos respectivos candidatos - evidentemente que se enganou (foi o meu caso). Não. Aquilo é prosa rigorosamente oficial/oficialista travestida de prosa oficiosa; prosa de barricada, clubística, na melhor tradição fundamentalista/irracional da blogosfera portuguesa nos seus debates mais acesos.
Vejam-se, por exemplo, as reacções no Pulo do Lobo à entrevista de Cavaco Silva na TVI. À falta de melhor elogia-se o facto de o candidato não ter respondido a legítimas perguntas que lhe foram feitas, ainda por cima arrogando-se o autor do
post em causa com certezas (divinas?) sobre o que interessa e o que não interessa aos eleitores.
Pergunta-se: mas agora são de elogiar os candidatos que não respondem a perguntas inteiramente legítimas (como por exemplo sobre a apreciação da dissolução parlamentar levada a cabo por Jorge Sampaio)? Elogia-se o silêncio? Elogia-se a recusa do candidato em sujeitar-se, de corpo inteiro, ao escrutínio democrático do eleitorado sobre as suas opiniões políticas? Se queremos um país cada vez mais democrático, é este o caminho?
Evidentemente que não. E, como tal, eu prefiro, se quiser estar a par de apreciações isentas do lado cavaquista, ler 'posts' de gente que, embora simpatizante da candidatura, está completamente liberta de constrangimentos e consegue ser crítica quando acha que o deve ser. Como escrevi ontem, é o caso do
David e do
Martim - sendo que o David mostrou com clareza o principal risco desta estratégia de Cavaco, o de transformar as eleições em "meros actos de fé" (doença de que os blogues oficiosos já padecem, ambos, e com gravidade).
Acrescento que, à esquerda, o panorama ainda é pior: se no lado pró-Cavaco ainda se apanham uns suspiros ligeiramente críticos, no lado dos candidatos da esquerda só sobra mesmo, com algum distanciamento crítico, que eu saiba...este que aqui se assina (mas se não for o único avisem-me).
PS - Nota extra: no lado cavaquista andam claramente a enfiar a cabeça na areia. Não vos merece nenhum comentário o facto de o professor ter dito na TVI que teria sido preferível, no Iraque, uma intervenção "feita sob a égide das Nações Unidas", recordando também que na altura manifestou "estranheza pela falta de tacto da diplomacia americana"? Reparem: está em causa a eleição de alguém que, sendo eleito, será também o Chefe Supremo das Forças Armadas. Aceitará ele o envio de tropas (ou forças de segurança) para operações conduzidas fora da égide das Nações Unidas?
|| JPH, 14:39
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Constança
A Constança Cunha e Sá é uma das melhores jornalistas políticas do país. Fez uma entrevista brilhante a Cavaco Silva, onde demonstrou saber, preparação e clareza nas perguntas nem sempre típicas no género. Alguns
apoiantes de Cavaco Silva entraram numa campanha miserável, sob um pretexto imbecil da “liberdade dos blogues”. É natural que os apoiantes não tenham gostado da entrevista que, objectivamente, correu mal ao candidato, que optou pela duvidosa estratégia de não responder a perguntas e limitar-se a expor os parágrafos constantes dos seus manifesto eleitoral e declaração de candidatura. O caso do Blasfémias é um tijolo de campanha rasca atirado no meio das presidenciais.
|| asl, 14:39
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André
O André Belo voltou. Primeiro foi à
Praia, dar dois mergulhos (na crise francesa). Depois, instalou-se na
Garedelest. É a melhor notícia dos últimos dias na blogosfera.
|| asl, 14:16
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terça-feira, novembro 15
Nota aos leitores
1. Recomenda-se, para já, vivamente, a leitura do texto da f. intitulado "émetivi". A não perder. Está dois posts abaixo.
2. Como me estou a viciar em "tunning" blogueiro, acrescentei na coluna da direita uma caixinha de pesquisa do Google. Agora já não precisa de aceder ao site. Venha directamente ao Glória Fácil e resolve-se tudo.
3. Já leu o "émetivi"?
|| JPH, 21:15
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the words
através do francisco do
mautempo, descobri
isto. lembrou-me uma canção dos tuxedomoon.
'tell me the words that mean nothing/tell me the words that mean everything'
|| f., 20:26
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émetivi
prometi que voltava a este assunto e volto (embora a caixa de correio do glória não esteja, por incrível que pareça, a abarrotar de pedidos pungentes nesse sentido).
já confessei que fui aos émetiviauórdes. com o meu amigo alexandre. e que vimos a mandona e que estava linda.
não contei foi que eu e o alexandre, que ficámos até ao fim daquela coisa interminável não sei por alma de quem (embora eu de 5 em 5 minutos sugerisse 'vamos mas é ao gambrinus comer aqueles croquetes que tou cheia da fome') e que passámos o tempo todo a, entre bocejos e risos histéricos, perguntar: quem são estes? o que é qu'ele disse? ãh? que foi aquilo? quem é esta? já acabou? falta muito?
sim, é triste.
bem sei que não temos exactamente 20 anos, mas partilhamos uma presunção de up-to-datismo e o alexandre tadito até foi, durante algum tempo, especialista residente de hip hop num programa de tv e eu usei o cabelo em pé e tudo, esticado com sabão, coisa que me dava uma trabalheira homérica e me obrigava a levantar uma hora mais cedo quando andava na faculdade, e conhecia todas as bandas mais esconsas de manchester e andávamos todos de preto e fomos dos primeiros frequentadores do bairro alto, e assim (e tudo isto há cerca de três milénios, sim, e então?). além disso temos a pretensão -- quase sempre justificada, dizemos nós -- de conseguir distinguir o bom do mau, o interessante do frouxo, e assim. e conhecemos green day, e cold play, e até sabemos quem é o snoop (aquele horroroso com cara de facínora sempre cheio de gajas seminuas a abanar-se que é uma lástima não tenha ainda sido apanhado no meio de uma troca de tiros de ak47 dos gangs lá do bairro) e o atrasado mental do piroso do robbie williams e assim. e gostamos dos the gift. e assim.
mas, porra, achamos que a maioria daqueles gajos do hip hop são não só iguais como igualmente nulos e já não aguentamos mais casacos de chinchila e mais blingues e chocalhos e gajas boazonas de bikini de pailletes a abanar a peida ao lado dos mercedes marfim ao som de líricas insuportavelmente machistas e violentas.
e rebentamos a rir quando vem um rapaz cabeludo para aí com 30 e tal anos ao micro e diz, com ar de quem descobriu a solução para os problemas da humanidade: 'civilization is a fucking failure'. eheh, compared to what, u fucking moron?
e temos dificuldade em perceber que haja quem grite indiscriminadamente pelos green day, pelos system of a down, pelas sugar babes, pelos black eyed peas e pelo robbie e pelo snoop e por um gajo que grita enjoativamente 'you're beautiful' com ar de grande sofrimento (deve DE ter levado com os pés da dita pessoa linda, coitado) cujo nome, confesso, não retive (nem me interessa). isto quando não estão a gritar portugal, que é, como dizia o almirante, que nunca me cansarei de citar, 'uma coisa que me chateia'.
quer dizer: já não há critério? agora é tudo igual? passa na mtv, logo é bom? q'horror.
ainda por cima o som era péssimo e os balcões estavam cheios de tiazada toda ataviada, toda de convite vip (nunca deixará de me maravilhar a quantidade de vips que há neste país) e ar de seca e, suspeito, com tanta fome como eu.
digo-vos: que martírio.
vi depois na tv uns miúdos à porta do pavilhão a dizer que tinham vindo da austrália e que mesmo que não conseguissem entrar iam 'pelo menos sentir o ambiente'. qual ambiente, mates?
enfim. é realmente muito triste uma pessoa ser confrontada com o seu lugar na pirâmide etária. e se calhar mais triste ainda achar graça. nós achámos.
(além disso a madonna tem 47 anos)
|| f., 19:10
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(in)constant gardener
apetece-me entregar um ramo de flores à constança. tenho até pena (tenho mesmo muita pena, por várias razões) de não ter um jardim para as colher, uma a uma, com devoção.
|| f., 16:42
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Se eles o dizem...
...quem sou eu para contrariar? O Martim e o David, assumidos simpatizantes da candidatura de Cavaco Silva, acham que o professor se saiu mal da entrevista a Constança Cunha e Sá, ontem, na TVI. O Martim foi mais categórico escrevendo: "
Constança 4 - Cavaco 0. Sem espinhas." Já o David admitiu, manifestamente contrariado, "
algumas contradições e outras tantas incoerências", lamentando que as eleições se possam tornar em "meros actos de fé".
PS-Temos entretanto, vindo das bandas cavaquistas,
um post que só merece um adjectivo: carrilho. A resposta do autor estará, como de costume, à sua altura - que é nenhuma. O
Rui também já o comentou e o
Francisco idem.
|| JPH, 13:23
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segunda-feira, novembro 14
Experiência gráfica
Isto é uma experiência gráfica. Tou a ver s'aprendo a funcionar com esta coisa do "compose" ó lá como se chama. O que eu queria era pôr ali no canto inferior direito uma foto do City Hall de Londres desenhado pelo Foster. E escrever à volta. Aqui no canto esquerdo já está o Oscar Niemeyer e a sua catedral de Brasília. Reparem: o homem é absolutamente genial na sua simplicidade. A coisa deixa-me de rastos. Desenhou uma espécie de viga com a forma de um boomerang e depois rodou-a sobre si mesma até fazer uma circunferência. Só isto: uma peça única multiplicada aí umas quinze ou vinte vezes. E com os espaços "vazios" preenchidos por vitrais. Não é de cair para o chão com tanta simplicidade? A mim, digo-vos, isto comovo-me falo a sério), e mais ainda me comoveu quando tive o hiper-privilégio de visitar a coisa. Mas agora o que eu gostava mesm
o era de conseguir pôr a imagem do tal City Hall, do Foster, exactamente onde eu quero que ela fique, que seria no canto inferior direito. Reparem: estamos perante outro génio. É de novo a simplicidade a funcionar. Um favo com um piparote que o adornou ligeiramente. Não vos espanta? A mim sim - como quando soube que o tipo que desenhou a
Ópera de Sidney se tinha inspirado nuns gomos de laranja que estavam sobre a sua mesa, ao pequeno almoço.
|| JPH, 20:56
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f, premiada com um "Arco Íris"
Se isto fosse um blog de referência já tinha noticiado que f. recebeu no sábado o prémio arco-íris, atribuído pela Ilga-Portugal. Mas não é, dá as notícias tarde e a más horas, está povoado de bloggers intermitentes, que dormem horas a mais. Eu sei lá. Além da Fernanda, foram premiados a agência de publicidade W, o sexólogo Júlio Machado Vaz, Rui Vilhena (autor do argumento da telenovela Ninguém Como Tu). O texto da ILGA, que justifica o prémio à Fernanda, vai por aí abaixo.
«Os paneleiros hádem morrer todos». A frase é de um dos elementos de uma milícia organizada que em Viseu decidiu perseguir, ameaçar e atacar homens gay – e a frase é também o título da peça com que Fernanda Câncio , Grande Repórter do Diário de Notícias, trouxe a homofobia para as primeiras páginas dos jornais portugueses. Investigar a homofobia, torná-la visível, denunciá-la: eis um trabalho fundamental de jornalismo e de cidadania.
Fernanda Câncio fê-lo em Viseu, ao procurar, descobrir e interrogar os criminosos - pondo também em evidência, afinal, a ineficácia e relutância das autoridades policiais e judiciais. Fê-lo ainda no DN, uma vez mais, a propósito de Viseu e do Dia Mundial de Luta Contra a Homofobia, num caderno abrangente dedicado à homofobia em Portugal - que incluía uma inevitável entrevista a João César das Neves e em que Fernanda Câncio desmonta bem “a discriminação que se traveste de tolerância”.
Porque a homofobia precisa de ignorância e a ignorância também precisa da homofobia, a campanha (não lhe chamemos notícia...) do Expresso contra a Educação (ai) Sexual nas escolas era transparente nos seus objectivos, mas foi Fernanda Câncio quem assumiu a responsabilidade de, com rigor, expor esse logro nas páginas do DN.
Fernanda Câncio é obviamente uma jornalista de referência – e a informação, tal como a educação, é fundamental na luta contra o preconceito homófobo. Mas se o seu trabalho jornalístico mereceria por si só a atribuição do Prémio Arco-Íris, a verdade é que estamos tod@s apaixonad@s pelos seus textos no blog “Glória Fácil”, que Fernanda Câncio assina como “f.”.
É que a jornalista Fernanda Câncio explicou também a declaração de inconstitucionalidade do artigo 175º do Código Penal, que institui uma idade do consentimento para homossexuais diferente da idade do consentimento para heterossexuais. No entanto, salvo algumas excepções notáveis (São José Almeida, José Vítor Malheiros e Daniel Oliveira), esta declaração de inconstitucionalidade veio gerar repetidas confusões nas mentes mais insuspeitas, para além, claro, das suspeitas.
Mas foi a f. que reagiu como nós gostávamos de poder reagir depois de anos de comunicados de imprensa a explicar tudo devagarinho:
não há cu
juro: se volto a ouvir ou a ler a teoria das gravidades relativas das violações "homossexuais" e "heterossexuais" a propósito do artigo 175 e da decisão do tribunal constitucional sobre a sua inconstitucionalidade sou bem capaz de ir por aí fora a desferir golpes de código penal, de preferência bem anotado. a última foi naquele programa da sic notícias que, julgo, dá pelo nome de eixo do mal, onde josé júdice e pedro mexia soltaram, com ar de grande gravidade e reflexão, considerações sobre "ser pior uma violação homossexual que uma violação heterossexual" e ser isso que "está também em causa no artigo 175". ARRE.
meus caríssimos senhores, que nem tenho por débeis mentais: informem-se antes de serem filmados a opinar sobre tudo e mais alguma coisa. violação, caso não saibam, é um crime que dá precisamente por esse nome. abuso, caso não saibam, também é um crime que dá, imaginem, pelo nome de abuso. e o artigo 175, imaginem, não dá por nenhum desses nomes por uma simples razão: é que não tem nada a ver com violação e com abuso. tem a ver, como aliás o vosso colega de eixo daniel oliveira vos explicou, com a idade do consentimento. e com o facto de o nosso ordenamento jurídico determinar que um/a jovem entre 14 e 16 anos pode ter maturidade para decidir ter uma relação com um adulto doutro sexo, mas não com um adulto do mesmo sexo. ok?
ah, e só mais uma coisa. o josé júdice não sabe como é uma menor pode ser abusada por uma mulher adulta. foi ele que disse.
Nós somos tod@s fãs da f. ProntoS. Ah, e a propósito de Zapatero, a f. disse:
com estas acções e estas palavras, zapatero colocou-se na vanguarda da civilização -- como todos os que se opõem a estas acções e palavras, de bin laden a bento xvi, passando por todos grunhos e grunhas do planeta, se remetem à barbárie.
E está dito. Em pleno Fórum do Casamento entre Pessoas de Mesmo Sexo, a caminho da vanguarda, premiamos a Fernanda Câncio... e a f.
A glória não é fácil, mas é merecida.
|| asl, 13:43
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Intimidades
Não sei, não li, se calhar estou a ser injusto, é provável, mas aqui vai: faz-me confusão a divulgação de intimidades (e contra aqui mim falo, que já caí nessa asneira, aqui no Glória Fácil). Falo a propósito das cartas de António Lobo Antunes à sua mulher (
D'este viver aqui neste papel descripto, edições D.Quixote) e do primeiro volume da autobiografia de Filomena Mónica (
Bilhete de Identidade, Alêtheia Editores). Os próprios podem jurar por tudo que nenhum exibicionismo os move - provavelmente até acreditam no que dizem. Mas só um hipócrita poderá garantir que não há voyeurismo na leitura destes dois livros. Os seus autores não podem deixar de o saber. E quem apela ao voyeurismo tem um nome - que não é só José Eduardo Moniz, também pode ser António Lobo Antunes ou Maria Filomena Mónica. Como se sabe, o voyeurismo e o seu reverso (exibicionismo) não reconhecem nem barreiras culturais nem sociais. São coisas da natureza humana.
|| JPH, 12:59
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sexta-feira, novembro 11
Aborto - a conversa continua
No DN de 4 de Novembro passado, João Miguel Tavares escreveu
isto, que por sua vez comentava um texto da Ana no PÚBLICO (não há link). A Ana e a Fernanda voltaram ao assunto, respectivamente
aqui e
aqui. Hoje, novamente no DN, o João diz de novo de sua justiça. Como não encontrei o texto na edição
on line do jornal, deixo duas frases:
"O que eu defendo, para ser mais claro, é que as mulheres que abortam não devem ser julgadas, mas que também não devem ser apoiadas pelo Estado para além dos casos já previstos na lei."
(...)
"Desconfio que Ana Sá Lopes e Fernanda Câncio desejam que o Estado apoie todas as mulheres que queiram abortar até às dez semanas - e isso é muito mais que descriminalizar; isso é, na minha opinião, perverter a essência de uma saúde pública que serve exclusivamente para curar pessoas e prevenir doenças. E, por enquanto, a gravidez ainda não é uma doença."
PS - Recebemos um mail de Leonel Santos, que publicamos, na íntegra:
Meus caro Ricardo Gross,
Já que a polémica é pública, eu gostaria também de meter a minha colherada.
Não vou dizer muitas coisas porque eu penso que estamos a falar de uma questão sem grandes dúvidas, "uma questão básica de direitos humanos" (bom, eu não lhe chamaria assim, mas é uma expressão que eu aceito.), tão óbvia que nem admitiria discussão As únicas posições que eu compreendo são as extremas: as pessoas (mulheres e homens) que são a favor do aborto, pelas razões "naturais": as pessoas que não querem ter (mais) filhos e cujas mulheres engravidaram; e as que estão contra e que só se me afigura poder ser por razões ideológicas/ religiosas. No meio estão patetices.
Tenho alguma dificuldade em compreender a polémica porque as coisas para mim são simples:
As pessoas têm relações sexuais. Muitas vezes na vida e não apenas duas ou três para ter dois ou três filhos como o tal senhor deputado; muitas vezes por ano e por mês, semana e até dia, sei lá, porque sim. Enfim, ter relações sexuais é natural e normal e faz parte da vida das pessoas, das relações das pessoas e do seu quotidiano..., ou será que algum dos contendores não pensa assim? E quando têm relações sexuais, com frequência têm relações sexuais com indivíduos do outro sexo. Acontece que por vezes as mulheres (uma das partes) engravidam. Isto apesar dos modernos meios de contracepção e apesar de todos os eventuais cuidados (eu nem quero falar de situações extremas de violações ou noutra dimensão, malformações, perante as quais a minha posição é a de considerar os militantes pró-vida defensores da vida a todo o custo, são a escória da sociedade, ou escumalha, fazendo minhas as palavras do Sr. Ministro do Interior francês).
Não é pois um problema das mulheres ou de mulheres, e disso eu discordo das feministas. É um problema dos homens e das mulheres, embora as mulheres tenham obviamente um voto de qualidade pois é na barriga delas que a coisa se dá. Mas é um problema dos homens e das mulheres e como eles fazem parte da sociedade, passa a ser um problema social, de toda a sociedade e não apenas dalguns. Então a sociedade tem de assumir o problema e deixar-se de cinismos. Faz-me confusão ouvir rapazinhos esclarecidos assobiar de lado e bater a perninha e fingir que o problema não é deles e só das mulheres que lhes apetece abortar de vez em quando e que por isso o Estado não tem nada que assumir.
Diálogo:
Madalena: "Ò Maria, hoje está mesmo a apetecer-me fazer um aborto. Não queres vir comigo?"
Maria: "Então e porque é que vais fazer o aborto?"
Maria: "Ora sei lá, ontem à noite não sei o que jantei que fiquei assim grávida. Mas vou ali ao hospital e resolvo já isto.". ou, 2ª resposta:
Maria: "Vou ver como é; a Patrícia Raquel fez um aborto a semana passada e contou-me. Foi fantástico. Vou fazer um também e depois conto-te."
Eu nasci homem. E se acho que deve ser fantástico sentir um ser nascer e crescer dentro da barriga, a simples ideia do parto dá-me vómitos. Mas penso que (poder) ser mãe deve ser fantástico e por isso não posso deixar de pensar como (ter de) fazer um aborto pode ser traumático. Se a sociedade lhe complica a vida, se persegue as mulheres, se lhes aponta o dedo em vez de as proteger, está a procurar a sua infelicidade. E por tabela dos homens.
Nenhuma mulher terá alguma vez prazer em fazer um aborto, mas pelo discurso dos reaccionários, parece que é disso que se trata: de impedir fazer aborto às mulheres porque elas gostam de o fazer. As mulheres ou as famílias que fazem abortos fazem-no porque consideram (eventualmente até erroneamente, mas é uma decisão deles) que isso é melhor para o seu equilíbrio, para a sua estabilidade, para o seu futuro. É uma questão de felicidade, mas é uma questão civilizacional porque ela não se punha na pré-história nem na idade média. Põe-se hoje, nos tempos modernos, em que os homens e as mulheres estabelecem novos acordos entre si, de igualdade de direitos e de deveres, na busca da sua realização pessoal e social e da sua felicidade. Os que não entendem isto são pessoas infelizes ou traumatizadas que põem ideologias ou concepções religiosas à frente da sua vida. Mau para eles. Mas quererem impor aos outros é pior. Eu preferia que a sociedade assumisse esta questão de vez e por isso defendo o referendo. Mas não esqueço que apesar de a moderna sociedade portuguesa ser maioritariamente a favor da despenalização do aborto, votou contra porque um idiota de um primeiro ministro pretensamente socialista resolveu mudar de ideias para fazer um favor à Opus Dei e apelou ao voto contra e infelizmente as pessoas vão com frequência atrás dos seus líderes. E por isso tenho receio que aconteça outro episódio triste e a sociedade portuguesa perca a oportunidade de eliminar uma das razões de infelicidade das pessoas e da sua própria infelicidade. Porque é disto que se trata: da felicidade das pessoas, da sua realização pessoal, da sua vida. Porque as pessoas são infelizes quando têm filhos que não desejam ou não podem sustentar, quando têm filhos de pessoas com quem tiveram relações ocasionais, porque as pessoas que têm vida interior e emoções por vezes acontece-lhes ir para a cama com pessoas que depois descobrem não ser as pessoas certas. A História fala disto, de amores à primeira vista, quantas vezes efémeros amores, mas que deixaram marcas para toda a vida. Às vezes físicas. Um filho de uma relação ocasional pode ser um drama, pode destruir uma vida. E no entanto, bastava apenas um pouco... Uma das nossas maiores poetas falava disso: "amar amar perdidamente....". As pessoas amam. E às vezes engravidam. Mas como as mulheres hoje não podem(devem) ter filhos todos os anos, a sociedade deve velar para que elas amem mas não sejam infelizes.
Não sei se o nosso amigo JMT alguma vez se apaixonou por uma noite. Se o não foi, lamento-o. Se o foi, sabe que se não teve filhos foi porque teve sorte. E se teve sorte, outros talvez não tenham tido, mas a sociedade mais justa deve velar pelos que têm sorte e os que não têm. Para que não nasçam filhos indesejados que depois andem pelas ruas a vender droga, a roubar e a incendiar carros.
Aqueles trocadilhos inanes em torno da perversão da essência da saúde pública vai no mesmo sentido dos reaccionários que acham que não deve haver escolas de artes porque fomentam a criação de batalhões de homossexuais inúteis, dos que pensam que a recuperação dos delinquentes ou dos drogados é um desperdício, etc. etc. Cuidado!
Quero crer que se trata apenas de uma questão de imaturidade.
Enfim, para quem não queria escrever muito, já me excedi. De qualquer forma estas coisas foram-me surgindo ao correr da pena e não tive tempo de as reler.
Mas apetece-me enviá-las ao meu amigo Gross que não costuma perder uma boa polémica. E aos restantes, para conhecimento.
Leonel Santos
|| JPH, 12:28
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Sobre Mário Soares
No debate das eleições presidenciais, que corre entre esfinges, combates armadilhados e tal, Mário Soares prova algo: está em boa forma política e não perdeu o “killer instinct”.
A todo o custo, tenta “provocar” Cavaco Silva, chamá-lo à arena de combate - no sentido figurado, claro! Até agora, sem êxito. E a avaliar pelos sinais de Cavaco e do seu “staff” (profissionais da política, embora não gostem do rótulo) nem tão cedo terá uma resposta. Talvez nos debates Cavaco abandone aquela fórmula de não querer ter “palavras menos respeitosas” para alguém que foi Presidente da República durante dez anos. Isso quer dizer que, se respondesse, teria “palavras menos respeitosas” para Mário Soares?
A Cavaco Silva é evidente que interessa manter a imagem de alguém que paira acima dos restantes candidatos, dos partidos, da política… Se ele já fez isso quando era primeiro-ministro e líder do PSD - as campanhas eleitorais a falar "acima" dos media. Agora é só aplicar a fórmula outra vez, mas para Presidente!
Aos 83 anos, Mário Soares – uma das personalidades que deixa a sua impressão digital na Democracia portuguesa, o que poucos podem orgulhar-se de dizer - não perdeu a combatividade e mantém o seu apuradíssimo instinto político.
Isso basta?
A Mário Soares será difícil livrar-se do “ferrete” da idade, da forma (muito partidária) como foi anunciada a sua candidatura, da imagem de alguém que já tinha dito “basta!” à política e que agora quer regressar perante o vazio de candidatos à esquerda. Regressar ao local onde já foi feliz. E fez Cavaco infeliz (pequeníssimo pormenor a ter em conta).
Mário Soares é assim, incapaz de viver sem política.
|| portugalclassificado, 02:26
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quinta-feira, novembro 10
Só uma pergunta
Há quem exiga aos titulares de responsabilidades públicas (isto é: políticos) o enunciado de alguns dos seus passatempos políticos "discretos" (por exemplo: ser membro de uma obediência maçónica).
Será de exigir então o mesmo a outros titulares de responsabilidades públicas (por exemplo: magistrados, judiciais e do MP)? E entre a lista dos passatempos políticos "discretos" a enunciar pode também constar, por exemplo, o escrever em blogues?
Ou os políticos são passíveis de censura pelos seus passatempos políticos "discretos" mas os magistrados já não?
|| JPH, 11:39
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Agora um elogio
Posso estar - e estou - 400 por cento em desacordo com o que
este senhor tem escrito sobre o processo Casa Pia. Mas honra lhe seja feita: ele dá a cara pelo que escreve e arca, com isso, as consequências, corajosamente. Todos pudessem dizer o mesmo. Não podem - não querem - e isso faz toda a diferença.
A diferença, por exemplo, entre ter autoridade ou não para exigir honradez aos outros.
|| JPH, 11:27
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Notinha extra sobre fontes anónimas no jornalismo...
...porque os cobardolas, além de cobardolas e evidentemente gente adoentada, parecem-me também, alguns, gente muito burrinha. Portanto, tentem decorar:
1. As fontes só são anónimas para os leitores das notícias;
2. As fontes
não são anónimas para os jornalistas que as consultam.
3. Portanto, ser contra o anonimato cobarde na blogosfera política - ou seja, contra a
opinião anónima - não implica ser contra a
informação anónima. São coisas totalmente diferentes - e só gente muito burra é que as confunde. Sou radicalmente contra opiniões anónimas (e mais ainda quando o anonimato é instrumental para se poder ser insultuoso, ou seja, quando é instrumento de cobardia).
4. Enfim: admito perfeitamente que no jornalismo se recorra a fontes anónimas e até acho que o melhor jornalismo (o de investigação) só se consegue dessa forma.
|| JPH, 11:14
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A cobardia pode ser considerada uma doença? Tem tratamento?
Não sei, algum psi que me informe. Pergunto isto porque quando um cobarde que assina comentários políticos na blogosfera com um pseudónimo qualquer se pergunta "mas afinal quem é X"
e sendo que o X dá a cara e o nome pelo que assina na blogosfera e a resposta à pergunta "quem é X?" é até logo a primeira quando se digita o seu nome no
Googlebem, aí, dizia eu, o caso já será patológico, de pura psiquiatria, de solução farmacológica para o tal cobardolas, ou não? E, sendo assim, só outra perguntinha: o cobardolas estará em condições de exercer funções de responsabilidade, que mexem (e muito) com a vida de terceiros e até com a sua liberdade?
|| JPH, 10:28
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terça-feira, novembro 8
"Projecto Henriques" - Faça você mesmo o seu Guggenheim
[
1. O arquitecto retira a prata de um maço de tabaco. Pouco habituado, demora algum tempo. Uma folha de alumínio serviria melhor.]
[
2. O arquitecto molda a folha de acordo com um plano mental pré-concebido - ou nem por isso]
[
3. E pronto, tá feito!
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce!]
[
4. E depois é só dar uns toquezinhos e fica assim, como o projecto de Frank Gehry para o novo Museu Guggenheim de Nova Iorque]
PS. O seu a seu dono. Por detrás de um grande arquitecto há sempre uma grande engenheira. Esta obra não teria sido possível sem a arte e a técnica da engª Diana Ralha.
|| JPH, 11:45
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Nota aos leitores
Está em preparação técnica a divulgação do sensacional "PH - Projecto Henriques" para o Parque Mayer. À atenção do prof. Carmona Rodrigues. A ideia é sensacional. E negoceia-se baratinho. Aguardem.
|| JPH, 11:38
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domingo, novembro 6
“Lascia la spina, cogli la rosa”
Opera Proibita, de Cecília Bartoli (Decca), é um disco magistral. Especialmente a aria “
Lascia la spina, cogli la rosa”, de Haendel, que exibe a Bartoli no seu melhor. Com a ajuda da Amazon oiça-se um excerto
aqui.
[Por volta de 1700, o Papa e os bispos proibiram as óperas, em Roma, em sinal de recolhimento devido ao clima de guerra na Europa. Em 1703, depois de dois sismos terem abalado a cidade sem causar vítimas, a proibição foi reforçada, em agradecimento à intervenção de Deus na protecção aos habitantes da cidade. No entanto, os bispos encomendaram - a Haendel, por exemplo - oratórios ou cantatas (mui parecidas com operas…) para ouvirem no recato dos seus palácios - isto de 1701 até 1710, aproximadamente. A Igreja tem esta tradição, já longa, de grande… coerência!]
As arias têm nomes inspiradores como
“Caldo sangue” ou
“Il Giardino di Rose”, ambas de Alessandro Scarlatti, ou
“Sparga il senso lascivo veleno”, de Antonio Caldara. Ou ainda a cantata,
“All'arme si accesi guerrieri (Aria dell Pace)”, de Scarlatti, um hino à paz.
A música é genial e a Bartoli demonstra, mais uma vez, o seu virtuosismo e excelência.
Pense-se o que se pensar da hipocrisia dos bispos, ainda bem que proibiram as operas em 1701. Lá por que, diziam eles, as operas (tão populares em Itália) corrompiam o povo, levando-o a cometer actos imorais!
A música é bela e “sobrevive” às convicções religiosas.
|| portugalclassificado, 00:01
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sábado, novembro 5
O professor de Rummidge vem a Lisboa
16 de Novembro. Outra vez: 16 de Novembro. O professor da Universidade de Rummidge vem a Lisboa, ao Teatro Nacional, falar do último romance "O Autor, o autor", traduzido para português pela Asa. David Lodge sobre Henry James, embora, provavelmente, eu vá lá à procura do Ralph Messenger (estou a brincar, a brincar).
|| asl, 17:10
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Os intelectuais e o dinheiro
Eu gosto de ler os poemas que Vasco Graça Moura escolhe para, nas páginas do Diário de Notícias, fazer a campanha do BCP. A banca, depois de ter investido no mecenato, passou a um patamar superior, contratando intelectuais para as campanhas publicitárias. Terá sido Maria João Pires, com o Banco Português de Negócios, a inaugurar a vaga. Mas a campanha do Banco Privado, assente em pastiches de alguns “vultos” das letras ou da análise política, é particularmente curiosa e presta-se a equívocos. Que me lembre, já passaram por lá Manuel Alegre, Clara Ferreira Alves, Mário Cláudio...Hoje é a vez de Pacheco Pereira ser o rosto do Banco Privado (vem na página 4 e 5 da revista do Expresso). Pacheco Pereira acha bem?
|| asl, 14:49
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sexta-feira, novembro 4
Ainda o aborto
João Miguel Tavares
escreve hoje no DN um arrazoado histérico (pardon, mas adoro devolver mimos) sobre o aborto, confundindo o que não devia ser confundido mas, infelizmente é – e sê-lo-à durante todo este ano, na longa pré-campanha para o novo referendo. JMT confunde a complexa decisão de consciência sobre um aborto com a despenalização do aborto a que, aliás, sugestivamente, chama a "liberalização do aborto". A confusão pode ser por ignorância (acontece...) ou má-fé (o que já chateia), embora valha a pena começar a habituarmo-nos. Expurgar o código penal de uma alínea que prevê a condenação a penas de prisão às mulheres que decidem abortar é – para quase todos os países europeus – uma questão básica de direitos humanos. A decisão sobre o recurso ao aborto será, provavelmente, uma das mais complexas com que alguém um dia será confrontado. O que vai ser referendado não é o recurso ao aborto – é a despenalização do recurso ao aborto. Não é um código ético, moral, de consciência – é o Código Penal. Por má-fé ou arrepiante ignorância, a confusão está instalada. Isto vai perverter todo o debate e, a avaliar pela gravura junta, não se espere terrorismo verbal apenas dos movimentos fundamentalistas católicos.
|| asl, 15:58
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liberalibelinhas
a palavra liberalização persegue-me.
para ser justa, persegue uma série de gente, temas e discursos.
nunca percebi bem porquê, mas de cada vez que se fala de certas coisas -- drogas, eutanásia, aborto, etc, lá está ela, a liberalização, batidinha.
fala-se em descriminalizar o consumo das substâncias a que se costuma chamar drogas? os adversários da medida, num clamor de fim de mundo, dizem que vem aí a liberalização.
fala-se em legalizar a venda das ditas substâncias? horror, horror, é a liberalização.
fala-se de permitir a quem está doente sem esperança optar pela 'boa morte'? ai jesus que vai de liberalizar.
e, claro, fala-se em descriminalizar/legalizar o aborto até às 10 semanas? é o aborto liberalizado, aos molhos, quando, onde, a quantas semanas e por que raio uma mulher quiser.
é certo que detenho uma abissal diferença de opinião em relação aos partidários da manutenção de uma legislação que não impede abortos mas persegue as mulheres que os fazem. mas a minha diferença em relação a quem argumenta com base em ignorâncias e/ou desonestidades é mesmo total.
sobretudo quando se arroga a pretensão de botar discurso racional sobre o assunto e desconstruir as incongruências dos outros e mais não faz que atabalhoar umas frases e zumbir umas sentenças.
será que aí no sector faltam, para além de códigos penais e tratados internacionais, uns dicionáriozitos?
|| f., 15:15
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madonna I
a ideia não era bem esta, mas até fica bem, género speechless.
prontoS, que hei-de fazer? eu gosto mesmo dela.
e estava liiiiiinnnnda.
e adorei aquela cena studio 54.
só não percebo como ocorre a alguém iniciar um show com ela. é que a seguir tudo fica uma enooooorme seca.
até o meu amigo alexandre, com quem tenho discussões sobre a ciccone há 20 anos, ficou quase convencido.
(voltarei a este assunto)
|| f., 15:12
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madonna
|| f., 15:11
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Seu Jorge
Uns foram para a Madonna, outros para o Seu Jorge. A Aula Magna estava cheia e tratou Seu Jorge a golpes carinhosos da euforia típica dos espectáculos. Mas às tantas Seu Jorge faz um discurso sobre a favela, um discurso de pobre, um discurso básico e a Aula Magna, que não devia acolher um concerto de intervenção há um ror de anos (pelo menos não estive lá para ver) levanta-se em homenagem. Seu Jorge chorou, ou esteve perto.
|| asl, 12:38
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quinta-feira, novembro 3
mau tempo
desculpa,
francisco. não sei que me deu. há actos que são verdadeiros falhanços e derivas que não se perdoam.
|| f., 17:23
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licitudes
gosto desta ideia de se fazerem buscas em casa de pessoas sobre as quais não impende suspeita de ilícito.
é giro.
pergunto-me é se será lícito proceder a esse tipo de operações só para aquecer (nem sequer tá assim tanto frio).
pelo sim pelo não, começo já por dizer que não tenho tabuleiros nenhuns de xadrez em casa, de marfim, madeira ou sequer de plástico.
mas há lá outras coisas, isso há, não vou mentir. vejam lá se lhes interessa, antes de se darem a tanta maçada e despesa
|| f., 17:16
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mccarthy, again
é verdade, já li o no country for old men, do cormac. é bom, claro -- acho que ele nunca deve ter escrito uma frase que não prestasse. entra-se de cabeça logo na primeira página, como de costume, e durante o tempo da leitura (sempre demasiado curto, no caso dois dias) vive-se ali.
mas não é a trilogia da fronteira. nem sequer o blood meridien (que já foi cá editado) ou o suttree.
é só muito bom
|| f., 17:07
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também quero
daquilo que deram ao mário. ontem na tvi estava repenicadíssimo.
e com este tempo só penso em dormir.
|| f., 17:04
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ai
|| f., 17:02
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Discutamos as metapresidenciais (II)
O principal valor acrescentado de Pacheco Pereira no panorama dos comentadores políticos nacional é - sempre foi - o distanciamento crítico face ao seu próprio partido. Foi esse distanciamento crítico, exercido até às últimas consequências (hoje JPP está fora da política activa), que lhe deu autoridade para ser crítico face a todos os principais protagonistas da política nacional, nomeadamente aos dos outros partidos que não o seu.
Agora, no entanto, deixou "arquivar" esse seu valor acrescentado, colocou-o entre parentesis - e assim tornou-se igual aos outros todos, por exemplo a Jorge Coelho, que nunca escreveu nada que não fosse pura propaganda ao "seu" PS, só intervalada por ocasionais recados pessoais destinados a manter a sua influência no partido e a evitar desvios na respectiva "linha justa".
Ora este condicionamento que detecto em JPP também detecto noutros comentadores, afectos a outras candidaturas, que me habituei a gostar de ler também pelo tal distanciamento crítico face aos partidos de que são militantes ou
compagnons de route. Por exemplo em Vital Moreira, que tentou à força ver um grande "
problema de concepção" na candidatura de Cavaco por via dos disparates presidencialistas de Rui Machete e Nuno Morais Sarmento; ou então em Medeiros Ferreira, cujo entusiasmo sectário pela candidatura de Soares tem estado por vezes quase ao nível do mais puro hooliganismo, por exemplo quando
criticou a cobertura mediática aquela anedota que foi a apresentação da Comissão Política de Soares ou quando
censurou Eanes por ter apoiado Cavaco, com o argumento - imediatamente revertível contra o seu candidato - de que "
a República precisa de reservas sérias".
Enfim, guerra é guerra, eu sei. Não se limpam armas, vale tudo menos tirar olhos, etc, etc, a neutralidade não rende, neutros são os suiços, uns pãezinhos sem sal, não há como negá-lo. E isto cada vez mais até Janeiro e pior ainda depois, se os resultados ditarem (uma improvável) segunda volta.
Verdadeiramente a situação nem me desgosta muito - não é nada que não tivesse à espera. Constato apenas que entre a fumarada da artilharia é cada vez mais difícil vislumbrar alguém que consiga parecer-se com o que era antes da guerra começar. E depois da guerra, quando tempo demorará a fumarada a assentar?
|| JPH, 12:17
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Discutamos as metapresidenciais (I)
O debate presidencial está a tornar-se cada vez mais insuportável. Muitos dos nossos melhores comentadores - alguns com página também na blogosfera - decidiram-se, legitimamente, por alinhar com uma ou outra candidatura. E já se percebe, nesses comentadores, o constrangimento por não poderem dizer o que verdadeiramente pensam, e da forma como verdadeiramente o pensam, para que isso não prejudique o seu candidato.
Veja-se, por exemplo, o caso de
José Pacheco Pereira. Hoje, no PÚBLICO, ao comentar ao polémica do "político profissional", afirma-a como "
a mais estéril das polémicas". Mas depois admite que
"de facto há elementos do discurso de Cavaco que abrem caminho para uma ambiguidade sobre o carácter da acção política em democracia"
pelo que
"aqui há de facto um choque entre duas culturas políticas, que reproduz em parte o choque com o 'eanismo'"
.
Ou seja: acaba por reconhecer que a polémica é tudo menos "estéril" porque admite a tal "ambiguidade" em Cavaco e o tal "choque entre duas culturas". Tivesse sido Paulo Portas a afirmar
"Os Portugueses sabem que não sou um político profissional e que não são as honrarias do cargo de Presidente da República que me atraem"
e Pacheco Pereira já estaria aos tiros - e com toda a razão - denunciando o evidente populismo da afirmação e o que ela representa na exploração dos sentimentos mais básicos do eleitorado face aos "políticos". "Populismo" e "demagogia" foram aliás expressões que Pacheco Pereira já não se coibiu de usar para caracterizar a referência de Soares às pensões de reforma que Cavaco recebe. Temos portanto "ambiguidade" para o seu candidato; e "populismo" e "demagogia" para o seu principal adversário. A evidência dispensa adjectivos.
[continua]
|| JPH, 11:16
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quarta-feira, novembro 2
O que eu me Rio...
...cada vez que me lembro de uma história antiga no Parlamento, história em que
um deputado do PSD tentou limitar a circulação dos jornalistas nos corredores do Parlamento. Lembrei-me dela assim que soube do novo "regulamento" que o dr. Rui Rio impôs aos jornalistas, na Câmara Municipal do Porto.
No fundo é a mesma conversa: não me apetece ser escrutinado, não me apetece dar cavaco do que faço, acho mal que o povo saiba coisas que eu não quero que o povo saiba
e portanto toca de inventar um "regulamento"
Ora bem: na tal história antiga do Parlamento o deputado do PSD deu-se mal. E deu-se mal por várias razões:
1. Os jornalistas mostraram-se unidos;
2. E mostraram-se unidos na organização de um
bloqueio informativo ao noticiário parlamentar;
3. Essa união funcionou porque os senhores jornalistas parlamentares tiveram o apoio, de facto, das respectivas direcções de informação.
4. E estas direcções de informação também se mostraram unidas.
Resumindo: o partido do deputado inspirador do dito regulamento deixou-o a falar sozinho. O "regulamento" caiu. E tudo voltou a ser como dantes porque como dantes é que estava bem. Para os jornalistas do Porto fica aqui a lembrança.
|| JPH, 19:33
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